sábado, 18 de agosto de 2018

Colecção 25 Anos Vertigo 1 - Hellblazer: Na Prisão

JOHN CONSTANTINE ABRE COLECÇÃO 
DEDICADA AOS 25 ANOS DA VERTIGO

25 Anos Vertigo - Vol 1
Hellblazer: Na Prisão 
Argumento – Brian Azzarello
Desenhos – Richard Corben
Sábado, 18 de Agosto
Por + 13,90 €
É já no próximo sábado que se inicia a colecção dedicada aos 25 anos da Vertigo, a linha mais adulta e literária da DC Comics, a editora de Batman e Super-Homem, que acolheu títulos tão diversos como Daytripper e V de Vingança, ou as séries Sandman e Y, O Último Homem. E, para abrir a colecção, a escolha óbvia é a série Hellblazer, o título de maior longevidade da Vertigo, com 300 números de publicados mensalmente entre Janeiro de 1988 e Fevereiro de 2013, protagonizado pelo mágico John Constantine.
Constantine surgiu pela primeira vez no número 37 da revista Swamp Thing, pelas mãos de Alan Moore. Moore tinha pegado nesta antiga série da DC e tinha-a relançado com um sucesso que ninguém esperava numa época totalmente dominada pelo comic de super-heróis. Mas Moore só criou Constantine devido à insistência dos desenhadores com que trabalhava em Swamp Thing, John Totleben e Steve Bissete - ambos eram fãs dos Police e apetecia-lhes desenhar uma personagem igual ao Sting.
Moore descreve da seguinte maneira o processo que levou ao surgimento de Constantine: “Tinha um bocado aquela ideia de que em geral os mágicos e místicos eram retratados como tipos de meia-idade ou velhos, muito “classe média”, que falavam bem, austeros, muito correctos e nada funcionais na rua e no dia-a-dia. Pareceu-me interessante dar cabo dos estereótipos todos e criar um mago que fosse mais espertalhão, classe operária, que falasse em calão, sempre a fumar, com um passado totalmente diferente do normal.” A personagem cedo ganhou uma vida própria, devido ao seu carisma muito particular. Quem começou com tudo foi finalmente Neil Gaiman, quando comentou com Moore que Constantine parecia uma personagem boa de mais para que ele a matasse nas páginas de Swamp Thing. Karen Berger, que era na altura a editora da série e viria a assumir a direcção editorial da Vertigo, foi uma das primeiras a ser conquistada pelo carisma de Constantine. Berger disse mais tarde: “Embora não tenha havido assim um momento especial em que tenhamos decidido dar-lhe o seu título regular, desde o início que se tinha tornado claro que ele era uma personagem capaz de ser a estrela de um comic.”

Esse comic foi Hellblazer, que se tornou ponto de passagem obrigatório para os autores britânicos (tanto escritores como desenhadores) a trabalhar no mercado americano, embora no caso da história que preenche este primeiro volume, tanto o argumentista como o desenhador são americanos e o próprio John Constantine troca a sua Inglaterra natal pelo desconforto de uma prisão americana de alta segurança.
Brian Azzzarello, nome bem conhecido dos leitores, foi o primeiro americano a escrever a série, entre 2000 e 2002, levando o mago britânico numa perigosa viagem pela América profunda, que começa com ele na prisão. Uma prisão de alta segurança, habitada pelos piores ladrões e assassinos, que vão descobrir à sua própria custa que não é John Constantine que está preso com eles. Eles é que estão presos com Constantine…
A dar vida a esta história sombria e violenta, está um nome maior dos comics americanos: Richard Corben. Vencedor do Grande Prémio de Angoulême em 2018, Corben estava à época praticamente afastado da BD, na sequência da falência da sua própria editora, Fantagor, em 1996. O seu trabalho em Na Prisão deu-o a conhecer a uma nova geração de leitores, que descobriu assim o seu estilo único.
Depois de Hellblazer, nas quatro semanas seguintes haverá espaço para o regresso de Neil Gaiman ao universo Sandman, com a Morte, a estreia de Sean Murphy, com Punk Rock Jesus e duas novas séries de culto que irão dar que falar: 100 Balas, o épico policial/conspirativo de Brian Azzarello e Eduardo Risso, e Preacher, a delirante saga de Garth Ennis e Steve Dillon, sobre um pregador texano com poderes especiais, que atravessa os EUA em busca de Deus, na companhia de uma assassina a soldo e de um vampiro irlandês, e que já virou série televisiva de sucesso.
Publicado originalmente no jornal Público de 11/08/2018

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