sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Colecção Novela Gráfica IV 12 - Novembro

LIVRO EM ESTREIA MUNDIAL DE SEBASTIÀ CABOT 
ENCERRA COLECÇÃO NOVELA GRÁFICA 
Novela Gráfica IV – Vol. 12
Novembro
Argumento e Desenho – Sebastià Cabot
Quarta-feira, 22 de Agosto
Por + 10,90€
Tal como aconteceu com a Colecção anterior, com Tomeu Pinia, também esta quarta série da Colecção Novela dá a descobrir um novo autor espanhol nos últimos números. Desta vez, o escolhido para encerrar a Colecção foi Sebastià Cabot, autor de BD e ilustrador, nascido e radicado em Palma de Maiorca, que tem nesta colecção a estreia a nível mundial de Novembro, uma Novela Gráfica que estava inédita, incluindo na sua Espanha natal.
Novembro é uma história de amor. Um amor que nasce, floresce e definha, contada de forma não linear, o que é o maior trunfo do livro, dando razão á frase de Orson Welles que abre o Novembro: “ter ou não um final feliz, depende de onde decides terminar a história”.
O protagonista principal de Novembro é Gus, um escritor novato que trabalha numa antiga loja de discos em vinil e tem problemas para estabelecer relacionamentos sérios. Tudo muda quando conhece Clara, um recém-licenciada em artes, que está a tentar assumir o controle de sua vida e parar de dormir no sofá de sua melhor amiga, Lucía, uma viciada em redes sociais, que está constantemente a mudar de namorado.
Em termos gerais, na primeira parte do livro, vemos como Gus e Clara se encontram e acabam  por se  apaixonar. A segunda parte da história é passada três anos depois, quando a sua relação se aproxima do fim. Mas na verdade não é bem assim, pois a história começa realmente num momento já terminal da relação entre Gus e Clara, para de seguida recuar alguns anos, até ao momento em que se conhecem por acaso, e Clara decide alugar um quarto no apartamento de Gus, terminando num momento em que o casal ainda acredita que o amor deles irá durar para sempre.
Novembro é uma história que tenta falar sobre separação, solidão e as dificuldades de comunicação na sociedade contemporânea, onde apesar da tecnologia que possibilita uma comunicação quase imediata, a solidão individual é cada vez maior. O registo quase monocromático usado por Cabot acentua essa dimensão de solidão, numa história contada em tons sépia e cinzentos e em que a única imagem totalmente a cores é a de uma fotografia de uma festa de Halloween, num dos raros momentos em que todos os personagens vivem um momento de felicidade.
Com um trabalho gráfico próximo do esboço, que disfarça bem o uso de referências fotográficas para os cenários e onde é perceptível a influência do italiano Gippi, Cabot, sem deslumbrar, consegue algumas sequências bastante conseguidas do ponto de vista narrativo, com destaque para a sequência muda das páginas 84 a 87, em que Clara e Gus trocam o primeiro beijo enquanto recolhem a roupa estendida.
Para além da música, em especial os temas de música jazz e os clássicos da Broadway, que vão pontuando a narrativa, funcionando como uma banda sonora mental para o leitor, outra referência muito presente em Novembro, é o cinema. Sejam filmes de realizadores como Jacques Tati, ou Woody Allen, ou o musical Top Hat, com Fred Astaire e Ginger Rogers, num bom exemplo de como a Banda Desenhada sabe dialogar com as outras artes.
Publicado originalmente no jornal Público de 18/08/2018

Sem comentários: