sexta-feira, 29 de março de 2019

Batman 80 Anos 6 - Icaro

CONFRONTO DE DETECTIVES

80 Anos de Batman Vol 6
Batman: Ícaro
Argumento – Francis Manapul e Brian Bucellato
Desenhos – Francis Manapul
Quinta, 28 de Março
Por + 11,90 €
Depois de Gothópia no volume 4, a revista Detective Comics da era Novos 52 volta a estar em destaque na colecção 80 Anos de Batman, com a publicação no próximo dia 28 de Ícaro, o primeiro arco de histórias da dupla Francis Manapul/Brian Bucellato na mais antiga revista do Cavaleiro das Trevas.
Publicado originalmente em 2011, nos números 30 a 34 da revista Detective Comics, Ícaro volta a reunir o desenhador Francis Manapul e o colorista Brian Bucellato depois da sua passagem pela revista do Flash onde colaboraram pela primeira vez na escrita das histórias que Manapul desenhava e Bucellato coloria. De origem filipina e a residir em Toronto, no Canadá, Manapul não é propriamente um desconhecido do público português, pois em 2016 foi um dos convidados de honra da Comic Con Portugal, mas só agora vê o seu trabalho finalmente publicado no nosso país, com uma história de detectives perfeitamente adequada a uma revista que tem o termo “Detective” no seu nome.
Desta vez  o Batman tem de usar os seus atributos detectivescos para investigar um caso que envolve uma nova, letal e misteriosa droga que está a devastar as ruas de Gotham. Uma droga chamada Ícaro que, tal como o personagem mitológico que lhe dá nome, que morreu por se aproximar demasiado do Sol, tem o desagradável efeito secundário de provocar a combustão espontânea de quem a consome. Mas essa droga não é o único desafio que o Batman tem de enfrentar, pois entre os seus opositores nesta história, estão vários políticos corruptos, grupos criminosos rivais e… uma lula gigante. Mas grande confronto desta história acaba por ser entre dois detectives: o Batman e o Tenente Harvey Bullock que, com o Comissário Gordon na prisão - na sequência dos eventos da série Batman: Eternal, que envolveu todas as personagens do universo da série Batman – assume aqui um protagonismo pouco habitual, sendo a sua interacção com o Batman um dos pontos altos da história.
Em termos gráficos, o trabalho de Francis Manapul revela-se um dos mais originais e brilhantes da actualidade, tanto em termos de planificação e composição, como de ilustração, com destaque para articulação entre o desenho de Manapul e as cores espectaculares e inesperadas de Bucellato. Mas o aspecto em que esta dupla se revela mais forte, é precisamente na planificação, em que, alternando as duplas páginas, ou imagens de página inteira, com outras páginas que metem em diálogo  quadrados horizontais e verticais e imagens de grandes dimensões, que a divisão em quadrados transforma em planos-sequência - como acontece, por exemplo, na sequência no caís da página 53, ou com a dupla página em que Harvey Bullock trata dos seus gatos, nas páginas 58 e 59 - os autores conseguem criar imagens de grande impacto visual, mas que contribuem decisivamente para o fluir harmonioso da narrativa, que é o mais importante na Banda Desenhada, em que as imagens devem estar ao serviço da história que o autor quer contar.
Publicado originalmente no jornal Público de 23/03/2019

terça-feira, 26 de março de 2019

Batman 80 Anos 5 - Noel

O NATAL DO CAVALEIRO DAS TREVAS 

80 Anos de Batman Vol 5
Batman: Noel - Um Conto de Natal
Argumento  e Desenhos – Lee Bermejo
Quinta, 21 de Março
Por + 11,90 €
Depois de quatro volumes dedicados ao Batman da era Novos 52, o quinto volume desta Colecção, que chegará às bancas de todo o país no próximo dia 21 de Março, é uma história intemporal, liberta de qualquer cronologia, que homenageia um clássico da literatura mundial, o Conto de Natal (A Christmas Carol, no original) de Charles Dickens, aqui adaptado ao universo do Cavaleiro das Trevas.
Obra que assinala a estreia de Lee Bermejo, o desenhador de Joker e Lex Luthor: Preconceito e Orgulho - para falar apenas de títulos já publicados pelo Público e pela Levoir em anteriores colecções dedicadas à DC Comics - como autor completo, esta peculiar versão do conto de Dickens, é uma bem conseguida homenagem à história de Batman, onde para além de Batman e do Joker, não faltam aliados como Robin, o Comissário Gordon, Catwoman e o Super-Homem e a evocação de etapas marcantes da história da personagem.
O Scrooge desta história narrada por Bob, um pequeno criminoso que cometeu o erro de trabalhar para o Joker, ao seu filho Tim, é o próprio Batman, mas, como o próprio Bermejo refere numa entrevista: “não estamos perante uma adaptação literal. A história segue a estrutura do Conto de Natal de Dickens e temos um narrador que nos está a contar essa história, na perspectiva dele, que é aberta a interpretações. Mas, visualmente, é uma história autónoma, sobre um homem bom, mas fraco, que comete o erro de se associar ao Joker e que vai pagar por isso.”
Não obstante esse carácter autónomo, a colagem ao texto clássico de Dickens, é óbvia e perfeitamente assumida. Jason Todd, o antigo Robin morto pelo Joker, desempenha um papel semelhante ao de Jacob Marley, o falecido sócio de Scrooge. O papel que os três fantasmas das diferentes épocas representam no Conto de Natal de Charles Dickens, está aqui a cargo de três figuras icónicas do universo DC: A Catwoman simboliza o fantasma do Natal Passado; o Super-Homem, o fantasma do Natal Presente,; e o Joker, o fantasma do Natal Futuro.
Conhecido pelo seu estilo sombrio e hiper-realista, o norte-americano Lee Bermejo opta aqui por um registo mais luminoso, que se adequa melhor à história que pretende contar, que é, apesar de tudo, bem mais esperançosa na bondade intrínseca do ser humano, do que o pessimismo quase niilista que encontramos nos argumentos de Brian Azzarello, com quem Bermejo colaborou em todas as suas anteriores incursões no universo do Batman e do Super-Homem.
Publicado originalmente em Novembro de 2011, bem a tempo para o Natal, como uma Novela Gráfica em capa dura, Batman: Noel foi concebido como um conto infantil, mesmo que a mulher de Lee Bermejo goze com ele a esse respeito, dizendo: “se achas que esta é uma história do Batman para crianças, claramente não conheces as crianças e torna-se perfeitamente óbvio que nós não temos filhos...”
Mas essa dimensão de fábula está patente no uso de um narrador que nos conta a história na sua perspectiva - um mecanismo narrativo semelhante ao usado por Azzarello em Joker - o que reduz bastante o número de diálogos, e no tratamento da cor, bastante mais luminosa do que o habitual em Bermejo. Para além da presença da neve, cujo manto branco ajuda a esconder a dimensão sombria de Gotham, também a colorista Barbara Ciardo - com quem Bermejo volta a trabalhar depois da história curta do Super-Homem para a revista Wednesday Comics - acentua esse lado mais luminoso de conto de fadas, através de uma paleta de cores mais clara e mais alegre, que não interfere com o estilo gráfico inconfundível que já se tornou uma imagem de marca de Bermejo. Um belo clássico, graficamente deslumbrante, que mostra que, mesmo em Gotham City, o Natal é “sempre que um homem quiser”.
Publicado originalmente no Jornal Público de 16/03/2019

sábado, 23 de março de 2019

Batman 80 Anos 4 - Gothtopia

DAS TREVAS PARA A LUZ

80 Anos de Batman Vol 4
Batman:Gothtopia
Argumento – John Layman
Desenhos – Jason Fabok e Aaron Lopresti
Quinta, 14 de Março
Por + 11,90 €
Depois de nos três primeiros números ter explorado a etapa final de Scott Snyder e Greg Capullo na revista principal do Batman, a colecção 80 Anos Batman prossegue com a apresentação de outro marco da era Novos 52: a etapa de John Layman na revista Detective Comics, que concluiu precisamente com este Gothtopia.
História em três partes, iniciada em finais de 2013 no mítico nº 27 da revista Detective Comics (recordemos que foi no nº 27 da primeira série desta revista que deu o nome à editora DC, que o Batman surgiu pela primeira vez, em 1939), um número especial de 96 páginas que contou com a presença de autores como Scott Snyder, Sean Murphy, Paul Dini, Neal Adams e Frank Miller, que ilustrou uma das capas alternativas, para além, claro, do argumentista John Layman e o artista Jason Fabok que assinaram o primeiro capítulo da estranha e inquietante história do Batman que dá nome ao volume. Nessa história, Gotham é uma utopia, livre de crime, e em que os heróis são celebrados por toda a população. O Batman é um vigilante universalmente adorado, vestido com o seu brilhante fato de Cavaleiro da Luz, e a sua companheira – e amante – não é outra senão Selina Kyle, a Catwoman, que aqui veste um uniforme novo, que é um compromisso entre o traje do Robin e o da própria Catwoman, e dá pelo nome de Asa Felina.
Uma premissa habitual na linha Elseworlds, que explora histórias alternativas do Batman e dos outros heróis do universo DC, mas que, neste caso, está perfeitamente integrada na continuidade da série.
Layman, que os leitores portugueses bem conhecem da série Tony Chu, explora, invertendo-a, a dualidade luz/trevas que marca o universo DC, bem patente na oposição entre as cidades de Superman e do Batman: a luminosa Metropolis e a sombria Gotham. Como o próprio refere numa entrevista: “Os vilões do Batman são sempre um estudo da dualidade, reflexos distorcidos do próprio Batman. E se fizéssemos o mesmo com a cidade de Gotham City? Gotham é tradicionalmente sombria e assolada pelo crime. Como seria o universo do Batman se assim não fosse, e como é que o Batman iria funcionar numa cidade como essa, onde ele está tão obviamente fora de seu elemento?
A cidade de Gotham é um personagem vivo. E como qualquer  personagem, precisa ser explorado, ajustado e atormentado. Gotham é definitivamente uma entidade dentro de Batman, tão digna de atenção quanto o resto do elenco de apoio.”
Nesta Gotham luminosa e utópica, os heróis e os vilões que conhecemos surgem em versões ligeiramente diferentes, o que possibilitou ao desenhador Jason Fabok exercitar a sua criatividade, na criação da versão luminosa da bat-família e da sua galeria de vilões, com destaque para a Hera Venenosa e o Espantalho, que estão no centro da histórias e cuja densidade psicológica é bem explorado pelo escritor.
Mais uma vez, demos a palavra a Layman: “Eu acho que todas as histórias do Batman são psicológicas, até certo ponto, porque os vilões do Batman são tão psicologicamente complexos... assim como o próprio Batman. É claro que se pode dizer que o Espantalho é um dos mais psicologicamente complexos, num elenco já muito diverso e perturbado de vilões do Batman.”!
Caberá ao leitor decidir se prefere o Cavaleiro da Luz desta Gotham utópica, ou o velho Cavaleiro das Trevas da velha cidade sombria. Mas levar o leitor a questionar-se é um dos objectivos de John Layman, como o próprio refere: “fundamentalmente, esta história é uma exploração do que faz o Batman funcionar e o que faz dele o Batman. Nesse caso, ele recebe algo que raramente tem, um grau de felicidade e um mundo que não é sombrio e feio, nem está conspurcado pela corrupção. Como ele reage? Batman funciona melhor nas sombras e na escuridão de Gotham. Como ele é sem as sombras e a escuridão?”
Mas embora seja o fulcro deste volume, Gothtopia não é a única história que o preenche. Há ainda espaço para três outras histórias, Memórias de um Delator, centrada no Comissário Gordon, Águas Agitadas em que Jason Fabok cede o lugar a Jorge Lucas como desenhador principal e Coroa do Medo, em que Kirk Langstrom, o cientista que criou a fórmula que lhe permite transformar-se no Morcego Humano se alia ao Batman para combater a ameaça da sua mulher, também ela vítima da fórmula criada por Langstron. Uma história em que Jason Fabok é substituído por Aaron Lopestri no desenho a lápis e por Art Thibert na passagem a tinta.
Publicado originalmente no jornal Público de 09/03/2019

quinta-feira, 21 de março de 2019

Batman 80 Anos 3 - Bloom

O CAPÍTULO FINAL DO BATMAN DE SNYDER E CAPULLO 

80 Anos de Batman Vol 3
Batman: Bloom
Argumento – Scott Snyder 
Desenhos – Greg Capullo, Danny Miki e Yanick Paquette
Quinta, 07 de Março
Por + 11,90 €
Com este terceiro volume, chega ao fim a etapa de Scott Snyder na revista principal do Batman, cujos capítulos anteriores os leitores puderam acompanhar na colecção dedicada ao Universo DC em 2016 e nos dois primeiros volumes desta colecção que celebra os oitenta anos do Batman.
Neste capítulo final, Bruce Wayne, que não tem memória da sua vida anterior, encontrou a mulher dos seus sonhos e trabalha num dos centros para jovens de Gotham, onde ajuda as crianças da cidade que ele adora, vai ter de escolher entre a vida feliz que entretanto construiu e a sua responsabilidade enquanto Batman, o defensor de Gotham City. Um dilema provocado pela ameaça imparável do misterioso Sr. Bloom, um vilão tão poderoso que Gordon, o novo Batman, se revela incapaz de derrotar.
O tão poderoso quanto misterioso Bloom é um dos grandes contributos de Snyder, que já nos tinha dado o mais assustador Joker de sempre, para a mitologia do Cavaleiro das Trevas. Mas deixemos que seja o próprio Snyder a explicar-nos quem é este novo e espectacular vilão e qual a sua relação com o Comissário Gordon:
“Para mim, o que é divertido no Bloom e o distingue do Joker, é que ele é quase um inverso. O Joker é uma espécie de figura mitológica, maior que a vida e icónico. Para mim, ele é tão malvado que nenhuma origem seria suficiente, e essa é uma das razões pelas quais ele não tem uma origem definida. E o mesmo se passa com o Batman. Ele tem uma origem mas é tão larger than life e icónica, que não é uma pessoa real. Tal como não há como alguém realmente ser o Batman, da mesma forma, ninguém pode ser tão vicioso e cruel quanto o Joker.
Então, de certa forma, Bloom é o Joker de Gordon, que é um Batman de uniforme negro, enquanto Joker é branco em termos de esquema de cores. E realmente, enquanto ninguém seria suficientemente cruel para ser o Joker, ninguém poderia ser suficientemente heróico e suficientemente poderoso para ser o Batman. Jim Gordon está a usar o uniforme do Batman, mas é uma pessoa real tentando ser um super-herói. Para Bloom, embora ele se torne grande e poderoso, a ideia é que qualquer pessoa pode ter um lado suficientemente sombrio para se transformar nele. Qualquer um com uma sensação de desespero e perda de fé nos seus vizinhos e em si mesmo, no governo local e na polícia e todas essas coisas, pode acabar por se transformar no Bloom. Ele pode crescer em qualquer lugar. Vem dos corpos esquecidos, das pessoas que ninguém cuidou e ninguém ouviu. Para mim, ele é a erva daninha que cresce entre as rachas duma cidade, onde tem havido sempre fossos entre comunidades e bairros e autoridades e todas essas facções.”
Terminada esta história épica, Snyder deixou a revista mensal do Batman nas mãos mais do que competentes de Tom King, para escrever outras histórias do Cavaleiro das Trevas com outros desenhadores, enquanto Capullo iniciava uma colaboração com Mark Millar na mini-série Reborn. Mas esta não foi a última colaboração da dupla Snyder/Capullo, que voltaria a pegar no Batman e nos restantes heróis da DC na saga Dark Nights: Metal. Mais do que colaboradores em perfeita sintonia, Snyder e Capullo são dois grandes amigos, pois como refere o escritor: “acho que a coisa da qual mais me orgulho, honestamente, em todo o nosso tempo no Batman, é a nossa amizade. O Greg tornou-se um irmão para mim.”
Publicado originalmente no jornal Público de 02/03/2019

segunda-feira, 18 de março de 2019

Um Punhado de Imagens do Coimbra BD 2019

Uma semana após o final do evento, aqui vos deixo um punhado de imagens desta quarta edição do Coimbra BD, um Festival que, apesar das limitações de orçamento e de espaço, tem sabido crescer paulatinamente e atrair cada vez mais público. Publico esse quem pelo que ouvi e  tenho lido, saiu satisfeito. Para isso muito contribuíram os convidados, tantos os portugueses como os estrangeiros. Desde a mostra colectiva dedicada às Mulheres na BD Contemporânea Nacional, à mostra de Daniel Henriques, que não pôde estar presente mas foi (bem) substituído por Jorge Coelho,  e do livro Segredos de Loulé, até à revelação de Fábio Veras, cujo trabalho surpreendeu os autores estrangeiros presentes.
Falando dos estrangeiros, Etienne Schréder, que expôs pela terceira vez em Coimbra, confirmou a sua ligação à nossa cidade, enquanto Fabio Celoni, depois de uma passagem relâmpago pelo Festival de Beja em 2018, confirmou em Coimbra toda a sua enorme simpatia, ao nível do seu imenso talento. Em conversa com amigos, comentámos que temos tido imensa sorte com os convidados estrangeiros do Coimbra BD e este ano não foi excepção. 
Também em termos comerciais, o Coimbra BD correu muito bem, pois havia novidades editoriais ligadas às exposições e, quem descobria o trabalho dos autores nas exposições, podia comprar os livros deles na área comercial. Algo lógico, mas que, por exemplo nas últimas edições do Amadora BD não tem acontecido...
Outro evento bem sucedido, foi a participação do Salão 40, com a sempre concorrida sessão de desenho ao vivo com modelo ao vivo, a que este ano se juntou uma pequena, mas bem conseguida exposição de trabalhos realizados noutras actividades do Salão. Finalmente, outro momento alto foi a sessão de cinema, com as curtas-metragens realizadas por Filipe Melo e Paulo Monteiro, a que se seguiu uma interessante conversa, moderada por Bruno Caetano. Também as conversas, este ano em menor número para não sobrecarregar o programa, foram bastante concorridas
Uma das novidades desta edição foi a extensão do MOTELX, integrada no Coimbra BD, mas num local diferente, o Convento de São Francisco, o que dificultou a vida a quem quis acompanhar as actividades nos dois espaços... Vamos a ver se em futuras edições, esta sobreposição se mantém, ou se o MOTELX Coimbra ganha um calendário autónomo.
Das diversas referências que li ao Coimbra BD 2019, a mais certeira foi a do Pedro Cleto no seu blog, que podem ler aqui. Mas antes disso, vejam algumas fotografias da Sónia Lopes, a nossa assistente de produção, tirou neste Coimbra BD.
 


Imagens da zona comercial

As concorridas sessões de autógrafos
As exposições
Outros momentos do Coimbra BD

terça-feira, 5 de março de 2019

Batman 80 Anos 2 - Peso Pesado

COMISSÁRIO GORDON É O NOVO BATMAN 

80 Anos de Batman Vol 2
Batman: Peso Pesado
Argumento – Scott Snyder 
Desenhos – Greg Capullo e Dany Miki
Quinta, 28 de Fevereiro
Por + 11,90 €
Depois do confronto épico com a Liga da Justiça e com o Joker, numa história que aprofunda a mitologia do personagem e lhe dá uma dimensão quase imortal, o percurso de Scott Snyder e Greg Capullo prossegue com Peso Pesado. Uma história mais leve do que a anterior, em que o Comissário Gordon se transforma num novo Batman, um Batman com uma armadura cibernética e com um camião TIR a substituir o Batmóvel. O volume anterior terminava com a desaparição e aparente morte do Cavaleiro das Trevas, soterrado, junto com o Joker, debaixo de toneladas de destroços, na sequência de uma batalha que obrigou o Batman a juntar aliados e inimigos numa frente comum contra a população enlouquecida pelo vírus do Joker.

Como o próprio título sugere, Jogo Final esteve para ser o derradeiro capítulo do Batman de Scott Snyder e foi planeado como tal, pois essa era a história que o escritor queria contar. Uma história iniciada com a saga de A Corte das Corujas, história publicada na colecção da DC que o Público e a Levoir publicaram em 2016 e que conclui com o derradeiro confronto entre o Batman e o seu maior inimigo. Mas entretanto, teve a ideia para o que viria a ser Peso Pesado. Como refere o próprio Snyder: “ Peso Pesado é uma história autónoma. É uma investigação profunda sobre o Batman como símbolo da justiça, quer ele esteja dentro da lei, ou fora e da lei e também é uma história profunda sobre Bruce Wayne. Se for bem aceite pelas fãs permitir-nos-á seguir um novo caminho no final.”
Claro que esta história em que o ex-comissário da polícia patrulha as ruas de Gotham City, slotmachines e fazer uma história da Hera Venenosa, ou uma história em duas partes do Clayface, prefere uma jogada de risco.” A razão é simples: “as personagens merecem uma aposta de risco e os fãs também. E também é isso que nos interessa como equipa, arriscar tudo numa história que nos interesse contar.”
envergando uma nova e poderosa armadura robotizada, tinha tudo para agradar aos fãs do Cavaleiro das Trevas, até porque introduz um novo e carismático vilão, o misterioso Sr. Bloom, que o novo Batman se mostra incapaz de derrotar, pelo menos neste volume. Mais uma vez, a aposta de Snyder deu certo, o que leva o escritor a dizer: “Por vezes, sinto-me como um viciado no jogo. Alguém que vai ao casino, aposta tudo e ganha, volta a apostar tudo e volta a ganhar e a seguir, em vez de gastar umas moedas nas slot machines e fazer uma história da Hera Venenosa, ou uma história em duas partes do Clayface, prefere uma jogada de risco.” A razão é simples: “as personagens merecem uma aposta de risco e os fãs também. E também é isso que nos interessa como equipa, arriscar tudo numa história que nos interesse contar.”

Para a equipa artística, o desenhador Greg Capullo, o arte-finalista Dany Miki e a colorista Flo Pasciencia, este novo desafio também foi bem-vindo, depois do desgaste que foi Jogo Final, uma história que testou os limites da capacidade do desenhador, algo de que Snyder só se apercebeu a posteriori, como confessa numa entrevista: “descobri que há coisas em que o desenhador vai passar muito tempo e que eu pensava que eram fáceis de desenhar e depois apercebo-me que é óbvio que não eram fáceis. Vejam as páginas com diálogos, em que por não haver acção, me parece que vão ser fáceis desenhar, mas que se revelam incrivelmente trabalhosas para o artista. É verdadeiramente fascinante porque, em conversa com o Greg Capullo, aprendi que o que me parece fácil, ou difícil não corresponde à realidade. O importante é perceber aquilo que o artista com quem trabalhas quer, o que é que ele gosta mesmo de desenhar e aquilo que lhe dá realmente trabalho. Devia ter-lhe perguntado muito antes, mas fomos acertando agulhas e a nossa colaboração melhorou graças a esse melhor conhecimento mútuo.”
Assim, Snyder criou uma história espectacular, que permitiu a Capullo desenhar armaduras, robots e cenas épicas, em que o gozo que o desenhador teve ao fazê-las, passa imediatamente para o público, com os resultados que estão à vista.
Publicado originalmente no jornal Público de 23/07/2019