tag:blogger.com,1999:blog-81424132846292070372024-03-06T03:07:23.056+00:00Por um punhado de imagensBanda Desenhada, Cinema, outras imagens... e alguns textosJMLhttp://www.blogger.com/profile/00249026308231535636noreply@blogger.comBlogger630125tag:blogger.com,1999:blog-8142413284629207037.post-60531740760360785512020-02-17T11:44:00.000+00:002020-02-17T11:44:11.614+00:00Apresentação colecção Watchmen/ Doomsday Clock<b>Como os visitantes mais regulares devem ter notado este blogue tem estado parado desde Outubro do ano passado. Regressa agora com a apresentação do nova colecção Público/Levoir dedicada ao <i>Watchmen e</i> a <i>Doomsday Clock</i>, história que integra as personagens criadas por Alan Moore e Dave Gibbons no universo dos super-heróis da DC. </b><br />
<b>Aqui vos deixo o destacável que escrevi para o <i>Público,</i> na sua versão integral, pois o texto sobre as adaptações ao cinema e à televisão acabou por não entrar no destacável por falta de espaço.</b><br />
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<b>DE WATCHMEN A DOOMSDAY CLOCK</b><br />
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Há obras que marcam profundamente um género, tornando-se um marco incontornável da sua história. É indiscutivelmente o caso de <i>Watchmen</i>, a obra-prima de <b>Alan Moore</b> e <b>Dave Gibbons</b>, não por acaso, a única BD incluída pela revista <i>Time</i> na sua lista dos <i>100 Melhores Livros de Todos os Tempos. Watchmen</i>, que está no centro desta nova colecção do Público e da Levoir. Uma colecção que inclui ainda <i>Renascer </i>e <i>Doomsday Clock</i>, de <b>Geoff Johns</b> e <b>Gary Frank</b>, saga que revisita o mundo de Watchmen integrando-o no resto do universo DC.<br />
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Nascido em Northampton em 1953, Alan Moore é uma lenda viva da BD, até pela excentricidade da imagem que cultiva e pelo afastamento total das grandes manifestações públicas, como os Festivais e as Convenções de BD, trocados pelo exílio voluntário da sua casa de Northampton, uma pequena cidade do interior de Inglaterra. A sua longa carreira, recheada de prémios e sucessos comerciais, iniciou-se em Inglaterra, nas páginas das revistas <i>2000 AD</i> e <i>Warrior</i> (onde começou a ser publicado o notável V de Vingança) mas seria em 1984, ao passar a trabalhar para o mercado americano, que o mundo pode finalmente apreciar todo o talento de Moore e a sua capacidade de insuflar uma nova vida a personagens cansados, provando que a BD também pode ser literatura. Como refere <b>Barbara Kessel</b>, editora da DC na altura em que Watchmen foi publicado, “Alan mudou o papel do argumentista nos comics. Os seus argumentos contêm mais do que uma história completa. Podes ler um argumento dele e ter o mesmo impacto de um comic completo. Com a maioria dos escritores, o argumento é uma mera descrição para o desenhador. No caso de Alan Moore ele descreve cada porção da cena com um detalhe tal, que tu acabas por visualizá-la de uma forma tão completa que ler o comic é como ver Shakespeare outra vez”.<br />
A dar vida aos argumentos incrivelmente densos e detalhados de Moore, está Dave Gibbons. Desenhador inglês nascido em 1949 com uma carreira iniciada em Inglaterra na série <i>Dan Dare</i> e na revista <i>2000 AD</i>, Gibbons estreou-se nos EUA trablhando nas revistas <i>Green Lantern</i> e <i>Flash</i> e, além de Moore, colaboraria ainda com <b>Frank Miller </b>na série <i>Martha Washington</i> e com <b>Mark Millar</b> em <i>Kingsman</i>, para além de escrever argumentos para <b>Mike Mignola, Steve Rude</b> (<i>Batman e Super-Homem: Os Melhores do Mundo</i>, já editado pelo Público e Levoir) e <b>Adam </b>e A<b>ndy Kubert</b>, entre outros.<br />
Pegando num grupo original de super-heróis inspirados em personagens da editora Charlton, cujos direitos a DC tinha adquirido, Moore constrói uma obra complexa, que além de fazer a autópsia do universo de super-heróis, explora de uma forma nunca antes vista as extraordinárias potencialidades narrativas da linguagem da BD. Como o próprio refere: “É muito fácil deduzir as nossas intenções, quando nos sentámos para produzir o primeiro número de <i>Watchmen</i>: queríamos fazer uma banda desenhada de super-heróis nova e inusitada, que nos desse a oportunidade de experimentar algumas ideias narrativas novas pelo caminho. Mas acabámos por obter algo substancialmente maior do que isso.<br />
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Nalgum ponto ao longo desse caminho, entre o material com o qual estávamos a trabalhar e as novas técnicas narrativas que estávamos a experimentar, começou a acontecer uma coisa que não tínhamos antecipado. Quanto mais olhávamos para a história, mais profundidade ela mostrava ter. Quanto maior a nossa compreensão dos detalhes subliminares que serviam de pano de fundo que estávamos a usar, mais esses detalhes se tornavam parte integrante da linha da história, agindo como uma espécie de meta continuidade que acabou por igualar-se ao guião em termos de importância para a obra acabada.”<br />
Tentar dar continuidade a uma obra com esta complexidade e importância é algo a que poucos se atreveriam, mas Geoff Johns, um dos principais arquitectos do actual Universo DC, cujo trabalho os leitores portugueses têm podido apreciar nas colecções que o Público dedicou à editora do Batman e Super-Homem, saiu-se com distinção de tão espinhosa missão, muito bem secundado pelo belíssimo traço de Gary Frank. Pegando em muitos dos elementos narrativos de <i>Watchmen</i>, desde a grelha de nove quadrados por página, a narração em voz off e os dossiers no final do capítulo; Johns cria uma história excitante e original, que homenageia a obra de Mooore e Gibbons e a história da DC, sem se sentir aprisionada por elas.<br />
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<b>QUEM SÃO OS WATCHMEN?</b><br />
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<b>HOMENS-MINUTO</b> – Primeiro grupo de super-heróis, activo entre 1939 e 1949, os Homens-minuto eram constituídos por Silhueta, Espectral, Comediante, Justiça Encapuçada, Capitão Metrópole, Coruja, Traça e Dólar. Embora a acção principal de Watchmen se passe na década de 80, a história dos Homens-Minuto é-nos contada através de flash-backs e principalmente do livro Sob o Capuz, escrito por Hollis Manson, o primeiro Coruja.<br />
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<b>COMEDIANTE</b> – Inspirado no Pacificador, um dos heróis da Charlton cujos direitos foram comprados pela DC, com elementos de Nick Fury, Edward Blake é um psicopata cínico e violento, ao serviço do governo americano. Um homem que reconhece o horror presente nas relações humanas e se refugia no humor. A sua morte espoleta a trama de Watchmen.<br />
<b><br /></b>
<b>RORSCHACH</b> - Baseado nos personagens Questão e Mr. A, da Charlton Comics, Walter Kovacs, o Rorschach, é um sociopata, considerado o terror do submundo e um fugitivo da justiça. É ele quem move o enredo e todos os personagens desde o começo da saga, ao tentar descobrir quem matou o Comediante. Em <i>Doomsday Clock</i>, já não é Walter Kovacs, mas sim um seu seguidor, quem faz da máscara de Rorschach o seu verdadeiro rosto.<br />
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<b>DR. MANHATTAN</b> – Jonathan Osterman era um cientista nuclear, acidentalmente desintegrado numa experiência. Aos poucos, a sua força de vontade faz com que os seus átomos se unam novamente e volta à vida, mas como um ser capaz de manipular a matéria, viajar no espaço, estar em vários lugares ao mesmo tempo e ver o seu, mas apenas o seu, passado e futuro simultaneamente. Inspirado no Capitão Átomo, o Dr. Manhattan é um homem-Deus, que vê a vida como apenas mais um fenómeno do cosmos, e o único herói dotado de superpoderes. Na história torna-se o grande trunfo dos Estados Unidos na área militar e tecnológica.<br />
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<b>ESPECTRAL</b> - Laurie Jupiter, é uma mulher forçada a viver à sombra do pragmatismo da sua mãe, Sally Jupiter, a primeira Espectral, que foi a primeira vigilante a explorar comercialmente a sua actividade. É ex-mulher do Dr. Manhattan e mantém com ele uma certa cumplicidade. Adaptada da Sombra da Noite, com elementos de Lady Fantasma e Canário Negro.<br />
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<b>CORUJA </b>– Inspirado no primeiro Besouro Azul (Dan Garret) o primeiro Coruja foi Hollis Mason, um polícia que se tornou um vigilante, inspirado na BD e na literatura pulp. As suas memórias estão reunidas no livro Sob o Capuz. O segundo Coruja é Dan Dreiberg, um intelectual rico, solitário e retraído. Adaptado do segundo Besouro Azul (Ted Kord) com elementos do Batman, o novo Coruja é um especialista em tecnologia avançada, muito bem equipado para combater o crime.<br />
<b><br /></b>
<b>OZYMANDIAS</b> - Adrian Veidt é um milionário excêntrico, considerado o homem mais inteligente do mundo. Exímio atleta e lutador, cientista genial e homem de negócios extraordinário, Veidt reformou-se três anos antes da lei Kenee que proibiu os vigilantes, dedicando-se à gestão das suas empresas.<br />
<b><br /></b>
<b>TRAÇA</b> – Um dos homens-Minuto originais cuja carreira de combatente do crime terminou devido a problemas mentais e ao alcoolismo, Byron Lewis tem uma participação apenas episódica em Watchmen, mas em Doomsday Clock, Geoff Johns dá-lhe um maior destaque.<br />
<b><br /></b>
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<b>MÍMICO E MARIONETA</b> – Únicos personagens criados de raiz por Johns e Frank para Doomsday Clock, Marcos Maez e Erika Manson são um casal de super-vilões capturados pelo Dr. Manhattan, que se vão revelar centrais no plano de Adrian Veldt para voltar a impedir o apocalipse nuclear.<br />
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<b>O RELÓGIO DO APOCALIPSE, OU </b><br />
<b>COMO CONTINUAMOS A VIVER SOBRE A AMEAÇA DA BOMBA</b><br />
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Publicado originalmente em 1986, num momento em que as tensões entre os EUA e a União Soviética estavam no seu ponto mais crítico, <i>Watchmen</i> reflecte o <i>zeitgeist </i>da época, em que a ameaça de um conflito nuclear entre as duas superpotências era um perigo bem real.<br />
Naturalmente, essa situação acaba por se reflectir também na ficção da época, tanto na Banda Desenhada, como no cinema. Veja-se <i>O Regresso do Cavaleiro das Trevas</i>, de <b>Frank Miller</b>, também de 1986, em que os EUA e a URRS quase entram em guerra pelo domínio da Ilha de Corto Maltese (uma óbvia homenagem de Miller a <b>Hugo Pratt</b>), ou em séries europeias como <i>Simon du Fleuv</i>e, de <b>Auclair</b>, <i>Jeremiah</i> de <b>Hermann</b>, <i>Armalite 15</i>, de <b>Michel Crespin</b>, ou <i>Hombre</i> de<b> Segura</b> e <b>Ortiz</b>, todas ambientadas num futuro pós-apocalíptico. No cinema, basta pensar na saga <i>Mad Max</i>, ou em filmes como <i>O Planeta dos Macacos</i>, cuja imagem final, poderosíssima, inspirou a série <i>Kamandi</i>, de <b>Jack Kirby.</b><br />
Um elemento que traduz bem o peso dessa ameaça de um conflito nuclear em <i>Watchmen</i>, é a presença do Relógio do Apocalipse, cujo avançar dos ponteiros em direcção à meia-noite, avisa para o momento que corresponderia à destruição da humanidade. Em <i>Watchmen</i> o que leva o Relógio do Apocalipse a aproximar-se perigosamente da meia-noite é a forma como a presença do Dr. Manhattan, que tinha permitido aos americanos vencer a guerra do Vietname, vem perturbar o equilíbrio estratégico entre as duas superpotências, levando o bloco de Leste a uma reacção desesperada, invadindo o Afeganistão (algo que aconteceria anos depois no mundo real) e o Paquistão. É precisamente para evitar que o relógio chegasse à meia-noite, que Adrian Veldt, o Ozymandias, criou um elaborado plano.<br />
É esse mesmo Relógio do Apocalipse que dá título a <i>Doomsday Clock</i> (um título cujas iniciais são as mesmas da editora DC, numa aliteração óbvia que inevitavelmente se perderia na tradução) e que, no passado dia 23 de Janeiro foi acertado para os 100 minutos para a meia-noite, assinalando o momento em que a humanidade se aproximou mais da destruição total, desde que o Relógio foi criado, em 1947. Um avançar para o abismo ditado pelas alterações climáticas e pelo risco de um conflito nuclear.<br />
Em <i>Doomsday Clock</i> tanto a dimensão onde estão os Watchmen, como a Terra onde vivem o Batman e os outros super-heróis da DC estão à beira de um conflito nuclear. E se em <i>Doomsday Clock</i>, o plano de Ozymandias e as contribuições do Dr. Manhattan e do Super-Homem chegaram para evitar o Apocalipse, no nosso mundo pode ser bem mais complicado.<br />
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<b>SABIA QUE?</b><br />
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A primeira presença dos personagens de Watchmen no Universo DC não aconteceu apenas com o especial de DC Rebirth, incluído nesta Colecção. Muito antes, em 1988, Rorschach faz uma participação espacial no nº 17 da revista <i>Question</i>, numa história intitulada <i>A Dream of Rorschach</i>, em que o herói adormece a ler o Watchmen num avião e sonha com o Rorschach. Uma homenagem, feita com o conhecimento e aprovação de Moore e Gibbons, que têm direito a um agradecimento especial na ficha técnica e que tem uma dimensão simbólica, pois Alan Moore inspirou-se precisamente no Questão para criar Rorschach.<br />
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Todas as pranchas originais de <i>Watchmen</i> foram vendidas ainda antes de serem publicadas. O desenhador Dave Gibbons tinha à época, um acordo com uma livraria especializada inglesa, que lhe deu um adiantamento pelas pranchas originais, em troca de ficar com todas as páginas dos doze números para venda à medida que o desenhador as fosse desenhando. Um acordo que, face à popularidade que a série acabou por adquirir, se revelou muito mais vantajoso para o comprador do que para o autor.<br />
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Entre o inúmero <i>merchandising </i>a que <i>Watchmen </i>deu origem, está uma torradeira que faz torradas com as manchas de Rorschach. Esse processo passa por uma placa de metal com as manchas de Rorschach recortadas colocada entre a resistência e o espaço onde entram as fatias de pão, de modo a que o calor passe pelos espaços recortados, deixando a marca nas torradas.<br />
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Os autores tinham um acordo com a DC que lhes permitia recuperar para si todos os direitos de Watchmen um ano depois da série estar esgotada. Algo que a DC contornou facilmente, reimprimindo Watchmen de cada vez que estava perto de esgotar, mantendo-a sempre disponível no mercado. Essa impossibilidade de conseguir os direitos da série que tinha criado, foi um dos motivos que levou Alan Moore a cortar relações com a DC e a exigir que o seu nome não aparecesse nas adaptações cinematográficas das obras que escreveu para a editora americana.<br />
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Alan Moore teve uma participação especial na série de animação <i>The Simpsons.</i> No sétimo episódio da temporada 19, <i>Husbands and Knives</i>, Moore, que dá voz à sua própria personagem, participa numa sessão de autógrafos em <i>Coolsville</i>, a nova livraria de BD de Springfield juntamente com <b>Art Spiegelman</b> e <b>Daniel Clowes</b>, em que Millhouse lhe pede para autografar um livro dos Watchmen Babies, chamado <i>V for Vacation</i>, numa paródia aos dois mais populares títulos que Moore fez para a DC, <i>Watchmen</i> e <b>V de Vingança.</b><br />
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<b>TEXTO INÉDITO - DA BD PARA O CINEMA… E TELEVISÃO</b></div>
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A vontade de adaptar <i>Watchmen</i> ao cinema vem de longe. Logo a seguir à publicação da mini-série original, em 1986, os produtores <b>Lawrence Gordon </b>e <b>Joel Silver </b>compraram os direitos da novela gráfica para a 20th Century Fox, encarregando <b>Sam Hamm </b>(argumentista do primeiro <i>Batman</i> de <b>Tim Burton</b>) da adaptação, depois de Moore ter recusado adaptar o livro que tinha escrito. Em 1991 a Fox deixou cair o projecto que passou para a Warner Bros (proprietária da DC) que escolheu o cineasta <b>Terry Gilliam</b>, um dos <b>Monty Python</b> e o director do filme <i>Brazil </i>para levar em frente o projecto. Um dos primeiros passos de Gilliam foi perguntar a Alan Moore como se adaptava Watchmen ao cinema. A resposta de Mooore foi simples: “não se adapta.” E Gilliam viu-se obrigado a concordar, acabando por se afastar do projecto, por considerar que Watchmen “não era filmável.”</div>
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O projecto passou depois por diversas mãos, como <b>David Hayter, Paul Greengrass, Michael Bay</b> e <b>Darren Aronofsky</b>, até que Warner, impressionada com o trabalho de <b>Zack Snyder</b> em <i>300</i>, outra adaptação de uma BD, neste caso de Frank Miller, o escolheu para levar <i>Watchmen</i> ao grande ecrã, num filme que chegou às salas de cinema em 2009. <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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Snyder disse que já ficaria contente se o seu filme funcionasse como um trailler de 2h30m que levasse as pessoas a comprar o livro de Moore e Gibbons. E, se esse objectivo foi amplamente cumprido, com as vendas do livro a dispararem, não foi o único. Apesar das mudanças no final, o filme demonstra grande respeito e admiração pela obra original e é um bom filme de acção, com cenas espectaculares e um genérico notável. </div>
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Mesmo que o <i>Director’s Cut</i> lançado apenas em DVD e BluRay, com mais meia hora de filme, a animação de <i>Contos do Cargueiro Negro</i>, (a história de piratas que um dos personagens lê no livro e que funciona como contraponto e comentário à acção principal) e o documentário <i>Sob o Capuz,</i> que conta a origem dos Minutemen, permita uma experiência imersiva ainda mais próxima da BD original, tal como chegou às salas de cinema, o Watchmen de Zack Snyder não desiludiu os fãs da novela gráfica</div>
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Em 2019, a HBO lançou uma série televisiva, dirigida por <b>Damon Lindelof</b> que prossegue a história de <i>Watchmen</i> de uma forma tão surpreendente como conseguida. Fiel ao original, mas sem medo de ir mais além, <i>Watchmen</i>, a série de TV, viu o seu último episódio ir para o ar na mesma semana em que chegou às lojas o último capítulo de <i>Doomsday Clock</i>. Uma simples coincidência, mas que une duas excelentes histórias que mostram que <i>Watchmen</i>, sendo uma obra notável, não é intocável.</div>
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<b>Textos publicados originalmente no jornal <i>Público </i>de 13/02/2019</b></div>
JMLhttp://www.blogger.com/profile/00249026308231535636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8142413284629207037.post-82380044909028738862019-10-09T22:26:00.001+01:002019-10-09T22:26:57.847+01:00Novela Gráfica V 13 - Café Budapeste<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJkTfMZT9sAKOHzLuj_oxioMC2sS9buD56OYuP124ajqvaEYXzL3ki4AH2oGyF-LzRE19Mx1p0VHtG4GyEhzJ2PF2dKR3U3SZycbjA9NmFqCGWfYtCx9FE1bITb-5CVKBepq7qPATDppw/s1600/71579159_2552220414835270_875052298970071040_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="720" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJkTfMZT9sAKOHzLuj_oxioMC2sS9buD56OYuP124ajqvaEYXzL3ki4AH2oGyF-LzRE19Mx1p0VHtG4GyEhzJ2PF2dKR3U3SZycbjA9NmFqCGWfYtCx9FE1bITb-5CVKBepq7qPATDppw/s320/71579159_2552220414835270_875052298970071040_n.jpg" width="240" /></a></div>
<b>Um pouco mais tarde do que o habitual, devido à minha ida ao Festival de Lodz (de que está prometido para aqui um punhado de imagens do evento e sobretudo, da magnífica exposição dedicada à DC Comics) aqui fica o último texto desta quinta série da colecção Novela Gráfica. só foi pena que, nos últimos dois números, o espaço disponibilizado pelo Público tenha sido tão reduzido, pois são dois livros, pois são dois livros que justificavam uma análise mais aprofundada.</b><br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTOD8tOWFIS8MbkeYAGryoG-mnR_LdOGqUQSS06j8TURd_2GP95JuX6eMEXTiOwvNRS8e6KPQBWTmjhzyVRU9pJEy0CnZdt-oAjYJZjyvnXiHUSr1dHrIDVibl-5yft7EaiXgmi7wEbas/s1600/alfonso_zapico_cafe_budapest.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="333" data-original-width="669" height="159" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTOD8tOWFIS8MbkeYAGryoG-mnR_LdOGqUQSS06j8TURd_2GP95JuX6eMEXTiOwvNRS8e6KPQBWTmjhzyVRU9pJEy0CnZdt-oAjYJZjyvnXiHUSr1dHrIDVibl-5yft7EaiXgmi7wEbas/s320/alfonso_zapico_cafe_budapest.jpg" width="320" /></a></div>
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<b>BUDAPESTE EM JERUSALÉM </b><br />
<b><br /></b>
<b>Novela Gráfica IV – Vol. 13</b><br />
<b>Café Budapeste</b><br />
<b>Argumento e Desenhos – Alfonso Zapico</b><br />
<b>Quinta-feira, 26 de Setembro</b><br />
<b>Por + 10,90€</b><br />
Na próxima quinta-feira chega ao fim a quinta série da colecção Novela Gráfica, com <i>Café Budapeste</i>, de <b>Alfonso Zapico</b>. Um fecho em beleza, com o regresso do autor de <i>Gente de Dublin</i> que, depois da biografia em BD do escritor <b>James Joyce</b>, retorna a esta colecção com uma história de ficção ancorada na criação do estado de Israel e nas raízes do conflito israelo-palestiniano.<br />
Primeiro trabalho de Zapico publicado directamente no mercado espanhol, <i>Café Budapeste</i> acompanha o destino de Yechezkel Damjanich, um jovem violinista judeu que, juntamente com a sua mãe, uma sobrevivente do Holocausto, abandona uma Budapeste devastada pela II Guerra Mundial para ir viver para Jerusalém, onde vive o seu tio Yossef. Fugindo da miséria, ambos chegam à Palestina num momento político convulsivo, pouco antes de os ingleses deixarem a região. O tio Yosef dirige o Café Budapeste, um lugar pitoresco perto da Cidade Velha, onde judeus, árabes e ocidentais coexistem ... Um oásis efémero de harmonia onde as notas do violino de Yechezkel vão dar lugar ao estrondo dos obuses de Davidka, bombas árabes, ódio e destruição.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnolMAdd7ow3wJA0Fe1BgySHxRzUEE1ZfwM3SVzbN3W03OwEnI1oA7g9e-SCcH7OEiCpjT8G8BBjqnZ__YT9-w0I7_hs_gBod39MFDO9z78tKs0-VhYCnRckGCR4vYQu-APOIK9Mt9Ye8/s1600/71709458_2552220521501926_1417675958885810176_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="960" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnolMAdd7ow3wJA0Fe1BgySHxRzUEE1ZfwM3SVzbN3W03OwEnI1oA7g9e-SCcH7OEiCpjT8G8BBjqnZ__YT9-w0I7_hs_gBod39MFDO9z78tKs0-VhYCnRckGCR4vYQu-APOIK9Mt9Ye8/s320/71709458_2552220521501926_1417675958885810176_n.jpg" width="320" /></a></div>
Neste ambiente de intolerância e violência, a paixão de Yechezkel por Yaiza, um jovem de origem árabe, enfrenta ainda maiores desafios. Mas isso não os impedirá de procurarem a felicidade, numa cidade em guerra, onde o Café Budapeste é um dos últimos espaços de paz e tolerância.<br />
Alternando de forma hábil a realidade histórica - e as questões políticas e geoestratégicas inerentes à um dos momentos mais importantes da história do Século XX, a formação do estado de Israel, cujas consequências ainda hoje se fazem sentir na região - com os dramas pessoais de Yechezkel e da sua família, Zapico constrói uma história cativante, que é um hino à tolerância e à paz entre os homens, independentemente da etnia ou credo.<br />
<b>Publicado originalmente no jornal Público de 26/09/2019</b>JMLhttp://www.blogger.com/profile/00249026308231535636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8142413284629207037.post-89638788911194340982019-09-25T20:04:00.000+01:002019-09-25T20:04:28.580+01:00Com o Lisbon Studio, no Festival de Lodz<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgP9M4hji01_uQD1h4RE7zXcf9nVLKezr83zLmNDIyGsGtOrVIacOeZkAuLEkGsExWwCc7l49MgtebjSADpAzREG9P0sM6vrknIvlZxDRBZwUDFln5353wqKd4pzx5ypFdyH172UDmILwU/s1600/69235791_10157476566772594_7382252293023858688_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="672" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgP9M4hji01_uQD1h4RE7zXcf9nVLKezr83zLmNDIyGsGtOrVIacOeZkAuLEkGsExWwCc7l49MgtebjSADpAzREG9P0sM6vrknIvlZxDRBZwUDFln5353wqKd4pzx5ypFdyH172UDmILwU/s320/69235791_10157476566772594_7382252293023858688_n.jpg" width="224" /></a></div>
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Casa de muitos autores portugueses que conseguiram dar uma dimensão internacional ao seu trabalho, o<b><i> The Lisbon Studio (TLS)</i></b> celebra essa vocação global com uma exposição inserida na edição de 2019 do Festival de BD de Lodz, que decorre de 27 a 29 de Setembro, na Polónia.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhp7Ve8BWWva19nCX2IwnVPXHUrUhkZHBlrmBSXN5TDeN72lS9_V4KYbtZscPN8hEUTj-kraguEZUAyzIP1BbYrqhsYTK-ZtgwFta_Wd6FYRm9A5-lDFvkzfzHW01qSJh01M2QpUqVjx-E/s1600/68748282_10157476566682594_2858557183690276864_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="720" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhp7Ve8BWWva19nCX2IwnVPXHUrUhkZHBlrmBSXN5TDeN72lS9_V4KYbtZscPN8hEUTj-kraguEZUAyzIP1BbYrqhsYTK-ZtgwFta_Wd6FYRm9A5-lDFvkzfzHW01qSJh01M2QpUqVjx-E/s320/68748282_10157476566682594_2858557183690276864_n.jpg" width="240" /></a></div>
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Uma mostra com produção de<b> José de Freitas</b>, curadoria de <b>Bruno Caetano</b> e textos da minha autoria, que celebra o presente, mas também o passado do TLS, centrada nos originais dos quatro artistas que estarão presentes em <b>Lodz, Marta Teives, Ricardo Cabral, João Tércio</b> e <b>Nuno Saraiva</b>, mas que inclui também arte de outros doze ilustradores portugueses que, nos últimos 10 anos passaram pelo <b><i>The Lisbon Studio</i></b>: <b>Filipe Andrade, Jorge Coelho, Nuno Plati, Ricardo Tércio, Ricardo Venâncio, Joana Afonso, Bárbara Lopes, Dileydi Florez, Patrícia Furtado, Pedro Potier, Pedro Brito </b>e <b>Nuno Lourenço Rodrigues</b>.<br />
Um total de dezasseis ilustradores para representar um país através de uma exposição que será acompanhada pela edição, por parte da editora Timoft, de uma antologia concebida especialmente para o mercado polaco, que recolhe histórias publicadas originalmente na colecção TLS Series, que a Comic Heart e G Floy têm vindo a publicar.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3sAXxVndE0to-oiANU8S9ICmH8TcbpDh8Yv8h0AJmdLn4ozS8fKBo-D5Id_QCVwU_OQaGUAaJ37f9RI3v4VcQveuF6cMKKj2AOp9FGWbto_Hj7OWN54cvJ4EkNNB9FuD1lm2XlE6x6Cc/s1600/69900103_2281981911930027_4591792932503158784_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="731" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3sAXxVndE0to-oiANU8S9ICmH8TcbpDh8Yv8h0AJmdLn4ozS8fKBo-D5Id_QCVwU_OQaGUAaJ37f9RI3v4VcQveuF6cMKKj2AOp9FGWbto_Hj7OWN54cvJ4EkNNB9FuD1lm2XlE6x6Cc/s320/69900103_2281981911930027_4591792932503158784_n.jpg" width="243" /></a></div>
Criado em 1991, o Festival de Lodz é o mais importante Festival de Banda Desenhada da Polónia e do Leste europeu. Um Festival com uma grande ligação a Portugal e à BD portuguesa, traduzida na presença regular de artistas portugueses, como foi o caso de André Lima Araújo em 2018, e em projectos como o <i>City Stories - Lodz</i>. Uma parceria entre a AmadoraBD e o Festival de Lodz, que passou pela colaboração entre artistas portugueses e polacos na realização de histórias inéditas, de que resultou um livro e uma exposição na edição de 2010, onde estiveram presentes os criadores portugueses Ricardo Cabral, Rui Lacas, Filipe Andrade e Filipe Pina que, não por acaso, passaram todos pelo TLS.<br />
Eu estarei por lá, acompanhando os autores do TLS e para apresentar uma comunicação sobre a BD portuguesa e conto trazer-vos aqui um punhado de imagens desta viagem ao Festival de Lodz.JMLhttp://www.blogger.com/profile/00249026308231535636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8142413284629207037.post-67421927006052991562019-09-24T23:26:00.000+01:002019-09-24T23:26:41.826+01:00Novela Gráfica V 12 - Neve nos Bolsos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhxgR_aES6jqcJ3ELPIy9SoSIxHIizOOcoFQnNDx-vd1ZUnvsJ-t828_0D6Kv0G1v_5UitBjywmfskzrdWpiawFnDHnicLSHLamoNznQF6j-GEbB0yEsysWkNGiidQ_xrxCiQgRTcpAwU/s1600/Capa+NEVE.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1111" data-original-width="815" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhxgR_aES6jqcJ3ELPIy9SoSIxHIizOOcoFQnNDx-vd1ZUnvsJ-t828_0D6Kv0G1v_5UitBjywmfskzrdWpiawFnDHnicLSHLamoNznQF6j-GEbB0yEsysWkNGiidQ_xrxCiQgRTcpAwU/s320/Capa+NEVE.jpg" width="234" /></a></div>
<b>UM ESPANHOL NA ALEMANHA</b><br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpJOLRaUrwwuDwrEn_yGl6kRkvYSoCLdBoW8fdTTbXbaIPwtnOQRd35PCN7d_VCANTGixUkdhr0zdB_Ipevp7URYTZvhHgo9XGqlD2DAvk6JD9pMajwdlnOEPf9S7fC9ayS6hl8nljbIY/s1600/NOVELA+JMLAMEIRAS.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="296" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpJOLRaUrwwuDwrEn_yGl6kRkvYSoCLdBoW8fdTTbXbaIPwtnOQRd35PCN7d_VCANTGixUkdhr0zdB_Ipevp7URYTZvhHgo9XGqlD2DAvk6JD9pMajwdlnOEPf9S7fC9ayS6hl8nljbIY/s320/NOVELA+JMLAMEIRAS.jpg" width="59" /></a></div>
<b><br /></b>
<b>Novela Gráfica V – Vol. 12</b><br />
<b><i>Neve nos Bolsos</i></b><br />
<b>Argumento e Desenho – Kim</b><br />
<b>Quinta-feira, 19 de Setembro</b><br />
<b>Por + 10,90€</b><br />
<b>Kim</b>, o desenhador de <i>A Arte de Voar</i> e <i>A Asa Rasgada</i>, duas magníficas novelas gráficas escritas por António Altarriba, regressa à colecção Novela Gráfica como autor completo com Neve nos Bolsos, um relato autobiográfico da sua ida para a Alemanha e das vivências de outros espanhóis que emigraram com o mesmo objectivo, ganhar a vida.<br />
Foi em outubro de 1963 que o jovem <b>Joaquim Aubert Puigarnau</b>, ainda não conhecido como Kim, deixa seus estudos em Belas Artes e aproveita o ano que tem até começar o serviço militar, para ganhar a vida na Alemanha, como tantos outros espanhóis que atravessaram a Europa à procura de trabalho. Através dos seus olhos e das suas memórias, vamos descobrir a vida desses expatriados da Espanha franquista.<br />
Como o próprio Kim referiu numa entrevista: Esta novela gráfica surgiu devido a uma série de coincidências. Primeiro, porque tinha menos trabalho na revista <i>El Jueves</i> e muitas horas livres enquanto esperava que o <b>Antonio Altarriba</b> acabasse o argumento de <i>A Asa Quebrada</i><br />
Segundo, porque numa visita a Angoulême conversei com um rapaz alemão e contei-lhe essa viagem, que praticamente não tinha contado a ninguém. Tinha-a encerrada na memória e nem os meus melhores amigos. Quando ele me disse que na Alemanha já quase ninguém se recorda desses milhares de espanhóis que imigraram, percebi que tinha de contar essa história.”<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlK8aZkWLcOPqg_tG9pk1pMoi499tRQScpMqPwyfLkCgMc3qEejeKKQFv4sCmK3sfU_kHWC1FeCQo-l7QQ-2_oXGDJy8Vt777xR85IPrm27GwsTx6FWmMkuwP6mxW1nz6Yxsa8vNgnZl0/s1600/2.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1102" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlK8aZkWLcOPqg_tG9pk1pMoi499tRQScpMqPwyfLkCgMc3qEejeKKQFv4sCmK3sfU_kHWC1FeCQo-l7QQ-2_oXGDJy8Vt777xR85IPrm27GwsTx6FWmMkuwP6mxW1nz6Yxsa8vNgnZl0/s320/2.jpg" width="220" /></a></div>
Um processo quase catártico, que lhe permitiu recuperar um período importante, mas não particularmente feliz da vida de Kim e da história de Espanha: “Recordar esse ano que estive na Alemanha foi uma espécie de terapia para mim. Comecei a escrever a história na segunda pessoa, como se não fosse eu o protagonista. Mas quando mostrei umas quantas páginas a Altarriba e ele me disse que se notava que o protagonista era eu e me perguntou porque não escrevia na primeira pessoa, decidi fazê-lo”.<br />
“Não tenho uma memória alegre. Foi um ano bastante duro, como se pode ver no livro. Ainda assim, tive a sorte de privar com um grupo de gente jovem que tentava aproveitar a vida: ríamos, fazíamos festas... Mas a gente mais velha não saia nunca, passavam o dia a trabalhar e a pensar em Espanha. Escutavam constantemente a rádio espanhola e sonhavam com poder poupar dinheiro suficiente para poderem regressar. “<br />
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<b>Publicado originalmente no jornal Público de 21/09/2019</b></div>
JMLhttp://www.blogger.com/profile/00249026308231535636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8142413284629207037.post-32790079895367173922019-09-22T23:57:00.000+01:002019-09-24T23:26:26.499+01:00Balada para Sophie - Novo livro de Melo e Cavia em 2020<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhX-EbTAz5VW6raWSPqIwy4b1aZimOWWlSwrsj-9BF0fbVC2AqXBDstgSrnTOdfUyrOXnF-JoRFxIOAs_0vt4lsWT_gW9KsdiPVn2JRWDqltKlM9r1AsN6Q34HAynIJaVdNWVTj-5O2JZ4/s1600/bps_poster_IG_B.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1280" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhX-EbTAz5VW6raWSPqIwy4b1aZimOWWlSwrsj-9BF0fbVC2AqXBDstgSrnTOdfUyrOXnF-JoRFxIOAs_0vt4lsWT_gW9KsdiPVn2JRWDqltKlM9r1AsN6Q34HAynIJaVdNWVTj-5O2JZ4/s320/bps_poster_IG_B.jpg" width="255" /></a></div>
Quem acompanha este Blog, sabe que não costumo fazer divulgação. Mas neste caso decidi abrir uma excepção para divulgar a primeira imagem/teaser de <i>Balada para Sophie</i>, o próximo livro de<b> Filipe Melo</b> e <b>Juan Cavia</b>. Um livro que tem tudo para ser o melhor livro de autores portugueses (não é erro, pois apesar de ser Argentino, o Juan Cavia adquiriu recentemente nacionalidade portuguesa) publicado em 2020.<br />
O mais ambicioso trabalho da dupla, com quase 300 páginas (a última versão que li tinha 277 e o Filipe é conhecido por ir acrescentando coisas à história) deverá estar pronto em meados do próximo ano e a versão que li, com a planificação e diálogos terminados e bem mais de 100 páginas completamente desenhadas e uma meia centena já com as cores planas, não me deixa dúvidas de que estamos perante o melhor trabalho de Filipe Melo e Juan Cavia, o que tendo em conta o alto nível de <i>Os Vampiro</i>s e de <i>Comer/Beber</i>, não é coisa pouca!<br />
Centrada na rivalidade entre dois pianistas, <i>Balada para Sophie</i> é uma história simultaneamente épica e intimista. Uma grande história sobre música, escolhas e o mais que os leitores verão em 2020.JMLhttp://www.blogger.com/profile/00249026308231535636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8142413284629207037.post-37761125038966949472019-09-12T00:14:00.000+01:002019-09-12T00:14:58.310+01:00Novela Gráfica V 11 - O número 73304-23-4153-6-96-8<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBKHpKY1vS6mhRYybjfc3LimnElKs72JtHn5rc0_ES35ezNs7j2CSYAGa5LqFCDpDK8oX5bNKfURmEabQo5azxekaKZatn0hQk6nUadBNht5dDPyw42Lkya8Uz3bOFF65ymPbCcoFNyas/s1600/ON%25C3%25BAmero-600x918.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="918" data-original-width="600" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBKHpKY1vS6mhRYybjfc3LimnElKs72JtHn5rc0_ES35ezNs7j2CSYAGa5LqFCDpDK8oX5bNKfURmEabQo5azxekaKZatn0hQk6nUadBNht5dDPyw42Lkya8Uz3bOFF65ymPbCcoFNyas/s320/ON%25C3%25BAmero-600x918.jpg" width="209" /></a></div>
<b>AS SOMBRAS DE THOMAS OTT</b><br />
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<b><br /></b>
<b>Novela Gráfica V – Vol. 11</b><br />
<b><i>O Número 73304-23-4153-6-96-8</i></b><br />
<b>Argumento e Desenhos –– Thomas Ott</b><br />
<b>Quinta-feira, 12 de Setembro</b><br />
<b>Por + 10,90€</b><br />
Em 1833, o suíço <b>Rodolphe Topfer</b>, um dos pioneiros da Banda Desenhada, definiu assim, numa carta ao seu amigo Goethe, a originalidade do trabalho que acabava de criar: “este pequeno livro é de uma natureza mista. É composto por uma série de desenhos autografados a traço. Cada um desses desenhos é acompanhado de uma ou duas linhas de texto. Os desenhos sem o texto, teriam um significado obscuro; o texto, sem os desenhos, não significaria nada. O conjunto dos dois forma uma espécie de romance, tanto mais original porque não se assemelha mais a um romance do que a qualquer outra coisa”. É justamente nessa articulação e diálogo entre o texto e o desenho que reside a força e a originalidade da linguagem da BD.<br />
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Mais de 150 anos depois, <b>Thomas Ott</b>, um compatriota de Topfer, que além de autor de BD e ilustrador é também vocalista de uma banda rock e cineasta, demonstra que é possível contar histórias em BD recorrendo apenas ao desenho. <i>O Número 73304-23-4153-6-96-8</i>, décimo primeiro volume da colheita de 2019 da colecção Novela Gráfica, utiliza o registo policial como ponto de partida de uma história estética e narrativamente estimulante, contada apenas pelo recurso às imagens, sem uma única linha de diálogo.<br />
Não que Ott tenha inventado a “BD muda” (chamemos-lhe assim por uma questão de comodidade), género com uma importante tradição que vai desde <i>The City</i> de<b> Franz Masereel</b>, até ao <i>Arzach</i> de <b>Moebius</b>, passando por títulos como <i>Gon</i> de <b>Masashi Tanaka</b>, ou a série <i>Love</i>, de<b> Frédéric Brrémaud</b> e <b>Federico Bertolucci</b>, entre (muitos) outros, mas usa-a com uma eficácia e elegância pouco habituais, muito por via da técnica do<i> scratchboard,</i> ou <i>grattage</i>, em que o desenho é raspado a branco numa folha previamente coberta de tinta-da-china, criando assim uma imagem em negativo, em que a luz rasga as sombras.<br />
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Nascido em 1996, em Berna, na Suiça, Ott estudou no Kunstgewerbeschule em Zurique, antes de começar a publicar em revistas independentes na segunda metade da década de 1980. Desde as suas primeiras histórias curtas, que o imaginário e a técnica que encontramos neste <i>O Número 73304-23-4153-6-96-8</i>, estão presentes. Como o próprio refere numa entrevista: “Desde criança, tenho pensamentos sombrios. No meu trabalho, preocupo-me com coisas que me deixam doente, que são muito sombrias. Quando vejo esboços que fiz aos dez anos, vejo as mesmas coisas: fantasmas e monstros. A temática do meu trabalho não mudou, apenas ficou mais específica.”<br />
O mesmo pode ser dito em relação à técnica da <i>grattage</i> que se tornou a sua imagem de marca e que o próprio define “como estar num quarto preto e ir deixando lentamente entrar a luz”. Dando mais uma vez a palavra a Ott: “experimentei a técnica pela primeira vez quando era estudante de arte na Escola de Design de Zurique. Pensei em fazer apenas uma história usando essa técnica, mas a verdade é que a continuo a usar.”<br />
O resultado desta obsessão são dezenas histórias sombrias, pequenos contos de crime e castigo, entre o terror e o policial, na linha da produção da mítica editora americana EC Comics, ambientados em cenários americanos típicos do filme noir. Pequenas pérolas de narrativa visual, publicadas em diversas revistas europeias e recolhidas posteriormente em livro. Livros como <i>Tales of Error</i>, <i>Hellville, Tales from the Edge</i>, ou <i>Cinema Panopticum</i>, publicados em editoras com o prestígio da <b>L’Association</b>, em França e da <b>Fantagraphics</b> nos Estados Unidos.<br />
Primeira história de fôlego feita por Thomas Ott, <i>O Número 73304-23-4153-6-96-8</i> é uma perturbadora narrativa circular que conta a história de um guarda da prisão que encontra um pequeno pedaço de papel com uma combinação de números, ao limpar a cela de um prisioneiro que foi condenado à morte e posteriormente executado. Como o guarda vive uma vida solitária e monótona, os números no papel despertam a sua curiosidade. Mas, tratando-se de uma história de Thomas Ott, esses números, que primeiro lhe vão garantir uma sorte inesperada, acabam por se revelar uma verdadeira maldição, conforme o leitor poderá ver/ler.<br />
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<b>Publicado originalmente no jornal Público de 07/09/2019</b></div>
JMLhttp://www.blogger.com/profile/00249026308231535636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8142413284629207037.post-40593346211283939172019-09-08T21:53:00.000+01:002019-09-08T21:53:31.074+01:00Novela Gráfica V 10 - As serpentes Cegas<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<b>EXILADOS EM NOVA IORQUE</b><br />
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<b>Novela Gráfica IV – Vol. 10</b><br />
<b>As Serpentes Cegas</b><br />
<b>Argumento – Felipe Hernández Cava</b><br />
<b>Desenhos – Bartolomé Segui</b><br />
<b>Quinta-feira, 29 de Agosto</b><br />
<b>Por + 10,90€</b><br />
Mais de 70 anos volvidos sobre o seu início, a Guerra Civil de Espanha deixou feridas ainda não completamente cicatrizadas. Se para muitos estrangeiros, de <b>Hemingway</b> a <b>Hugo Pratt</b>, aquela foi a “última guerra romântica”, para os espanhóis foi um momento de horror difícil de esquecer, até porque arrastaria consigo a longa ditadura franquista. Não admira, por isso, que seja um tema em destaque na Novela Gráfica espanhola contemporânea, como o provam títulos como <i>Os Trilhos do Acaso</i> e este <i>As Serpentes Cegas</i>. Vencedor do Prémio Nacional del Cómic em 2009, <i>As Serpentes Cegas </i>reúne o desenhador <b>Bartolomé Segui</b> - que os leitores do Público conhecem de <i>Histórias do Bairro </i>e da adaptação do romance <i>Tatuagem</i>, de <b>Manuel Vazqués Montalbán</b>, publicados em colecções anteriores - ao escritor <b>Filipe Hernández Cava.</b><br />
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Formado em História de Arte e tendo trabalhado como guionista para televisão e como curador de exposições, Cava é um dos nomes principais da ascensão da BD de autor em Espanha após a morte de Franco, graças à sua participação no colectivo<b> El Cubri</b>,<span style="white-space: pre;"> </span> e ao seu trabalho como director editorial de dois títulos míticos da movida madrilena, as revistas <i>Madriz </i>e <i>Médios Revueltos</i>. Como argumentista, foi responsável por obras como a trilogia dedicada a <b>Lope de Aguirre</b>, desenhada por <b>Enrique Breccia, Federico del Barrio</b> e <b>Ricard Castells</b>, <i>Las Memórias de Amorós</i>, e <i>O Artefacto Perverso,</i> que era o único título seu editado em Portugal até agora.<br />
Desenhado por <b>Federico del Barrio</b>, <i>O Artefacto Perverso</i> arrebatou os prémios de melhor álbum espanhol e de melhor argumento no Salão de Barcelona de 97 e foi a primeira reflexão importante de Cava sobre a Guerra Civil espanhola, embora a acção da história decorra no período imediatamente a seguir, no auge do Franquismo. Homenagem aos desenhadores da época de ouro do tebeo espanhol, e em especial a Vanó, o autor da série <i>Roberto Alcazar yY Pedrín</i>, <i>O Artefacto Perverso</i> era também uma interessante reflexão sobre a memória e uma arrojada experiência sobre o uso da BD como meta-linguagem, com o traço versátil de del Barrio a adaptar-se de forma espantosa aos diferentes níveis da história, de um autor de BD que cala aquilo que vê e esconde aquilo que sente.<br />
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Menos experimental em termos estéticos, com um tratamento gráfico e um formato que remetem para a Banda Desenhada franco-belga clássica e um tratamento narrativo próximo do policial negro americano, com o uso da clássica narração na primeira pessoa, As Serpentes Cegas é o culminar das reflexões de Cava sobre a Guerra Civil espanhola, e aquele livro em que, continuando a ter a memória como tema dominante, a guerra está presente de forma mais directa. Obra que critica de forma dura os excessos cometidos em nome das ideologias, <i>As Serpentes Cegas</i>, reflecte a própria evolução de pensamento do seu autor, que afirmou numa entrevista : “antes acreditava que a verdade era sempre revolucionária, mas agora vejo que a verdade tem muitas zonas de sombra e eu gosto de me mover nessas zonas de sombra onde muito pouca gente se atreve a transitar.“Antes, acreditava que a verdade era sempre revolucionária, mas agora vejo que a verdade tem muitas zonas cinzentas, e a mim, dá-me gozo mover-me nessas zonas de sombra, pelas quais são poucos os que se atrevem a passar.”<br />
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História de vingança entre sobreviventes espanhóis da Guerra Civil, exilados em Nova Iorque, <i>As Serpentes Cegas</i> confirma Cava como um dos maiores argumentistas da No-vela Gráfica espanhola, mas também a importância de Bartolomé Segui como um dos grandes desenhadores da sua geração. O desenhador maiorquino declarou na entrevista para o catálogo da Exposição dedicada aos 10 anos do Prémio Nacional del Cómic que: “a nossa intenção não era fazer uma Banda Desenhada da Guerra Civil, mas sim aproveitar uma situação histórica concreta para fazer um comic que nos servia para falar de outras coisas: o fracasso das utopias, os “esquecidos” da História, etc...”.<br />
Um objectivo cumprido com distinção, também muito por força da excelência do trabalho gráfico de Segui.<br />
<b>Publicado originalmente no jornal Público de 31/08/2019</b>JMLhttp://www.blogger.com/profile/00249026308231535636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8142413284629207037.post-4720509414706264482019-08-29T11:44:00.000+01:002019-08-29T11:44:04.762+01:00Novela Gráfica V 9 - Como uma Luva de Veludo Forjada em Ferro<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBEYnXRq3mY7JpfFTkjH8Hm6-FaJuyb0b8w4XWCD0l51Q09u1DLCdFjmqePgdNtU-TlQty6qjO5GQhvNOOphE4pXCCk6oU1i7KDyYbCVb6bEb4IfZxujoqnoXzW09mW0iMgQIQ8cxT1VM/s1600/Como+uma+Luva.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="867" data-original-width="577" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBEYnXRq3mY7JpfFTkjH8Hm6-FaJuyb0b8w4XWCD0l51Q09u1DLCdFjmqePgdNtU-TlQty6qjO5GQhvNOOphE4pXCCk6oU1i7KDyYbCVb6bEb4IfZxujoqnoXzW09mW0iMgQIQ8cxT1VM/s320/Como+uma+Luva.jpg" width="212" /></a></div>
<b>O ESTRANHO MUNDO DE DANIEL CLOWES</b><br />
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<b>Novela Gráfica V – Vol. 9</b><br />
<b><i>Como uma Luva de Veludo Forjada em Ferro</i></b><br />
<b>Argumento e Desenhos – Daniel Clowes</b><br />
<b>Quinta-feira, 29 de Agosto</b><br />
<b>Por + 10,90€</b><br />
Depois de <b>Marjane Satrapi </b>e S<b>chuiten e Peeters</b>, eis mais um grande nome da BD mundial que regressa ao mercado editorial nacional através da colecção Novela Gráfica. Desta vez, o nome que confirma a excepcional qualidade desta colheita de 2019 é o norte-americano<b> Daniel Clowes.</b><br />
Nascido em Cicago em 1961, Clowes cresceu no meio de uma família ecléctica, que incluía um avô professor de História Medieval; um pai carpinteiro e construtor de móveis; um irmão hippie; um padrasto, dono de uma oficina de automóveis e corredor de stock cars, que morreu num acidente de carros quando Clowes tinha apenas cinco anos; e uma mãe, dona de casa, que se viu obrigada a tomar conta da oficina, após a morte do seu segundo marido.<br />
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Leitor de comics desde a infância, com gosto e jeito para o desenho, o jovem Daniel decidiu seguir uma carreira artística, tendo-se matriculado no Pratt Institute em Brooklyn, Nova Iorque, quando acabou o liceu em 1979. Foi no Pratt que econheceu e se fez amigo do desenhador <b>Rick Altergott,</b> com quem criou a pequena editora independente Look Mood Comics. É aí que Clowes se vai estrear como autor de BD, no nº 1 da revista <i>Psycho Comics</i>, em 1981. Os seus primeiros trabalhos profissionais para a revista <i>Cracked </i>ajudaram-no a ganhar experiência e a tornar-se conhecido, abrindo-lhe caminho para a editoras com outro peso, como a Fantagraphics, de <b>Garry Groth</b> e <b>Kim Thompson</b>, que se tornaria a editora de Clowes, depois deste enviar a Groth a primeira história que fez com o personagem Lloyd Llewellyn. Após a estreia no nº 13 da revista <i>Love and Rockets</i>, dos <b>irmãos Hernandez</b>, a Fantagraphics publicou entre 1986 e 1987 os seis números da revista <i>Lloyd Llewellyn</i>, a que se seguiu em 1988 <i>The All-New Lloyd Llewellyn</i>, a revista que encerra a história do personagem.<br />
É no ano seguinte que a Fantagraphics começa a publicar o título fundamental da carreira de Clowes, a revista <i>Eightball</i>, que com diferente formatos e periodicidades, entre 1989 e 2004, serviu para pré-publicar em capítulos alguns dos mais importantes trabalhos do autor de Chicago, como <i>Ghost World/Mundo Fantasma</i>, a sua obra de estreia em Portugal, adaptada ao cinema em 2001 por Terry Zwigoff, e que lançou a carreira de uma <b>Scarlett Johansson</b> adolescente e este <i>Como uma Luva... </i>cujos dez capítulos saíram nos primeiros 10 números da Eightball, tendo sido posteriormente recolhidos em livro em 1993.<br />
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Se os títulos de Clowes têm sido frequentemente adaptados ao cinema, com o aconteceu com <i>Ghost World, Art School Confidential</i> e <i>Wilson</i> e deverá acontecer com <i>Patience</i>, a sua mais recente novela gráfica, isso não sucedeu com <i>Como uma Luva de Veludo moldada em Ferro</i>, cujo universo está bastante próximo do de cineastas como <b>David Lynch</b> e <b>David Cronemberg</b>. Mas, se isso não aconteceu até agora, é pouco provável que numa Hollywood cada vez mais infantilizada e refém do politicamente correcto, haja espaço para uma história tão perturbadora e surreal como a que Clowes criou. Uma história com personagens tão estranhos, como um bruxo que dá consultas na casa-de-banho de um cinema de filmes pornográficos; um homem com crustáceos enfiados nos globos oculares para limpar uma infecção; um culto religioso liderado por um aspirante a <b>Charles Manson</b>; um peludo cão (ou será cadela) sem quaisquer orifícios, que se alimenta de injecções de água; uma adolescente que fuma cachimbo; ou uma rapariga sem braços e pernas, fruto de uma noite de amor entre a mãe e uma criatura aquática de forma humana. Personagens surreais e delirantes, que Clay Loudermilk, o protagonista de <i>Como uma Luva de Veludo Forjada em Ferro</i> encontra na sua viagem em busca dos produtores de um filme pornográfico, em que lhe pareceu reconhecer a sua esposa, desaparecida alguns anos antes.<br />
Com esta simples premissa como ponto de partida, Daniel Clowes pegou em dois ou três sonhos seus e da ex-mulher, para construir um <i>road movie </i>cerebral, que elimina qualquer fronteira entre o pesadelo e a realidade. Estranho, divertido e inquietante, Como uma Luva de Veludo moldada em Ferro é um dos mais importantes e perturbadores livros de um dos maiores nomes dos comics alternativos americanos.<br />
<b>Publicado originalmente no jornal Público de 24/08/2019</b>JMLhttp://www.blogger.com/profile/00249026308231535636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8142413284629207037.post-3072528757872763502019-08-15T13:29:00.000+01:002019-08-15T13:29:43.884+01:00NovelaGráfica V 7 - Flex Mentallo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<b><br /></b>
<b>OS PRIMEIROS PASSOS DE UMA DUPLA GENIAL</b><br />
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<b><br /></b>
<b>Novela Gráfica V – Vol. 7 </b><br />
<b><i>Flex Mentallo</i></b><br />
<b>Argumento – Grant Morrison</b><br />
<b>Desenhos – Frank Quitely</b><br />
<b>Quinta-feira, 15 de Agosto</b><br />
<b>Por + 10,90€</b><br />
Bem conhecidos dos leitores portugueses, graças a títulos como <i>WE3</i> e <i>All Star Superman</i>, <b>Grant Morrison </b>e <b>Frank Quitely</b> estreiam-se na colecção Novela Gráfica, na próxima quinta-feira, 15 de Agosto, com aquela que foi a sua primeira colaboração, <i>Flex Mentallo</i>, um clássico da Vertigo.<br />
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Publicado originalmente como uma mini-série em quatro volumes em 1996 e republicado numa edição de luxo definitiva, recolorida por <b>Peter Doherty</b>, em 2012, que serve de base à versão portuguesa, <i>Flex Mentallo</i> é muito mais do que a primeira colaboração entre Morrison e Quitely. É um exemplo de metaficção e uma reflexão sobre a história e mitologia dos comics de super-heróis e a sua importância para o mundo real. Ou como o próprio criador de Flex Mentallo, que é uma das personagens da história (e um alter ego óbvio do autor) explica aos leitores na página 101: “Criámos os comics porque sabíamos, de alguma forma, sabíamos, que faltava algo e tentámos preencher esse vazio, com histórias acerca de deuses e de super-heróis.”<br />
Flex Mentallo nasceu durante a passagem de Morrison pela série <i>Doom Patrol</i>, um título clássico, criado um 1963 (o mesmo ano em que a Marvel lançou os Fantastic Four) e relançado em 1987, com o subtítulo “Os Mais Estranhos Super-Heróis do Mundo”, o que convinha perfeitamente a Morrison, que tomou conta da série em 1989, no número 19 e criou a sua versão da Doom Patrol. Uma versão incontornável e definitiva, que está na base da actual série televisiva, exibida em Portugal no canal por cabo da HBO, onde Flex Mentallo marca presença, interpretado pelo actor <b>Devan Chandler Long.</b><br />
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<b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjR8UWjJBXtx2-jA3chwtMOzdwMMb9qt8ETkd4M2c2FtVWQUnsHyYdFi0-O0sjHifpfMdQaOAjttJ5p2qOsHGrLKy5bpiZv3viDsWWgx3I3pj2wMUaCw7xJsinxkTDhVb9YMHvdh_QG6eg/s1600/FLEX-083.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1086" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjR8UWjJBXtx2-jA3chwtMOzdwMMb9qt8ETkd4M2c2FtVWQUnsHyYdFi0-O0sjHifpfMdQaOAjttJ5p2qOsHGrLKy5bpiZv3viDsWWgx3I3pj2wMUaCw7xJsinxkTDhVb9YMHvdh_QG6eg/s320/FLEX-083.jpg" width="217" /></a></b></div>
<br />
Mas se o “quebrar da quarta parede”, colocando os personagens em confronto com o seu criador, é algo que Morrison já tinha feito antes na série <i>Animal Man</i>, aqui vai mais longe, traçando uma verdadeira história dos comics de super-heróis, iniciando uma reflexão sobre o género que irá culminar no seu livro <i>Supergods</i>. Isso é bem visível nas capas originais da mini-série, com cada uma a evocar umas das quatro idades dos Comics. A Idade do Ouro, a Idade da Prata, a Idade Sombria - que resultou do sucesso de <i>Watchmen</i> e de <i>O Regresso do Cavaleiro das Trevas</i>, cuja capa é evocada no nº 3 da mini-série – e a Idade actual, que revisita de forma crítica e nostálgica as origens do género, reinventando-o para os leitores do século XXI.<br />
E falta falar do excelente trabalho de Quitely, que se estreou aqui no mercado americano. Mas deixemos que seja o seu conterrâneo Grant Morrison a fazê-lo: “Graças às suas fantásticas habilidades de desenho, ele é capaz de criar coisas que antes só viviam nos meus sonhos, o que eu acho fascinante. Ele consegue captar no papel a sensação exacta dos meus sonhos. Ele abordou os personagens de uma forma que os fez parecerem bastante bizarros e bastante irrealistas, e acho que isso realmente se adequou ao livro.”<br />
<b>Publicado originalmente no jornal Público de 10/07/2019</b>JMLhttp://www.blogger.com/profile/00249026308231535636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8142413284629207037.post-78599312316548306272019-08-13T00:15:00.001+01:002019-08-13T23:37:14.111+01:00Novela Gráfica V 6 - Gorazde: Zona de Segurança<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhM1kQre2FQbqkeHIvI-IcpUNNW6OERyKKlsM3VFYWPndHXDXsOs7Q80fXFHL1K5i5dgHM2Mvx_QyC6a_xOcciYRjTERN3HDon4YIcS1tE1NpKBMLxjHaU_wIQIbgDn64nzdtUxL6cjIu8/s1600/Goradze.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="712" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhM1kQre2FQbqkeHIvI-IcpUNNW6OERyKKlsM3VFYWPndHXDXsOs7Q80fXFHL1K5i5dgHM2Mvx_QyC6a_xOcciYRjTERN3HDon4YIcS1tE1NpKBMLxjHaU_wIQIbgDn64nzdtUxL6cjIu8/s320/Goradze.jpg" width="237" /></a></div>
<b>CERCADOS EM GORAZDE</b><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<b><br /></b>
<b>Novela Gráfica V – Vol. 6 </b><br />
<b><i>Gorazde: Zona de Segurança</i></b><br />
<b>Argumento e Desenhos – Joe Sacco</b><br />
<b>Quinta-feira, 08 de Agosto</b><br />
<b>Por + 10,90€</b><br />
O próximo volume da colecção Novela Gráfica assinala o regresso de <b>Joe Sacco</b>, um dos nomes maiores da reportagem de guerra em Banda Desenhada, género que praticamente inventou com <i>Palestina</i>, a sua novela gráfica de estreia, publicada em Portugal no início deste século XXI.<br />
Nascido na Ilha de Malta, mas residente em Nova Iorque, Sacco é acima de tudo um repórter que escolheu a linguagem da BD para transmitir aquilo que viu. A meio caminho entre a novela (autobio)gráfica e a reportagem pura e dura, as suas obras têm como fio condutor o próprio Joe Sacco. Ele é o narrador participante, por vezes irónico, por vezes distante, mas cuja presença se apaga gradualmente face à força dramática dos testemunhos que relata. Sacco não chega a grandes conclusões, nem apresenta soluções, limita-se a relatar o que viu. E o que viu não é nada bonito. Um retrato sem concessões, mas cheio de humanidade, dos horrores da guerra e das vidas das gentes que procuram sobreviver e encontrar alguma aparência de normalidade no meio do caos.<br />
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No cerne deste livro estão as quatro viagens que o autor fez a Gorazde, entre o final de 1995 e o início de 1996. Um pequeno enclave muçulmano em território sérvio, Gorazde foi designada pela ONU como área segura durante a Guerra da Bósnia. Uma designação optimista, pois a cidade, cercada pelas forças sérvias da Bósnia, esteve à beira da destruição por três anos e meio, com o povo de Gorazde a sofrer severas privações para manter sua cidade, enquanto o restante do leste da Bósnia era brutalmente "purificado" de sua população não-sérvia pelas tropas de Slobodan Milosevic.<br />
Se o conflito na ex-Jugoslávia que se seguiu à morte do Marechal Tito - cuja mão de ferro conseguiu manter artificialmente unida durante quase três décadas, a então República Federal Socialista da Jugoslávia, que acabaria por se dividir numa série de pequenas repúblicas, correspondentes às diferentes comunidades étnicas e religiosas, de croatas, sérvios e muçulmanos - tem sido bastante tratado na BD, esses relatos centraram-se sempre na cidade de Sarajevo. Basta pensar em <i>Fax de Sarajevo</i>, de <b>Joe Kubert</b>, publicado na colecção de 2016, ou em <i>Sarajevo-Tango</i>, de <b>Hermann</b>, ainda inédito em português. Um aspecto que vem tornar ainda mais pertinente o esforço de Sacco, que permitiu alertar o grande público para o drama vivido em Goradze.<br />
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Para além da força dos relatos e da profunda humanidade com que Sacco os transmite, o livro vive também do traço detalhado e expressionista do desenhador. Um estilo a meio caminho entre o realista e o caricatural, feito de milhares de pequenos traços, numa técnica que se aproxima da gravura e que se revela extremamente eficaz nas cenas de conjunto. Mas além de um traço muito trabalhado, Sacco é também senhor de uma boa técnica narrativa, patente na forma dinâmica como o texto se espalha pelas páginas, ou como a planificação se vai alterando de acordo com as necessidades de cada capítulo.<br />
Desde que foi publicado pela primeira vez em 2000, <i>Gorazde: Zona de Segurança</i> ganhou o Eisner de Melhor Novela Gráfica em 2001 e foi reconhecido como um dos clássicos absolutos da novela gráfica de reportagem. Um clássico que, quase vinte anos depois, chega finalmente a Portugal.<br />
<div>
<b>Publicado originalmente no jornal Público de 03/08/2019</b></div>
JMLhttp://www.blogger.com/profile/00249026308231535636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8142413284629207037.post-52481418280077919632019-08-03T12:05:00.000+01:002019-08-03T12:24:13.938+01:00Novela Gráfica V 5 - Monika<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<b>MONIKA E O DESEJO</b><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<b><br /></b>
<b>Novela Gráfica V - Vol. 5 </b><br />
<b><i>Monika</i></b><br />
<b>Argumento – Thilde Barboni </b><br />
<b>Desenho – Guillem March</b><br />
<b>Quarta-feira, 04 de Julho</b><br />
<b>Por + 10,90€</b><br />
<i>Monika</i>, o quinto volume da colecção Novela Gráfica, é um <i>triller</i> tão movimentado como sensual. Uma história de violência e desejo, com dramas familiares, máscaras, sociedades secretas, festas sadomaso, grupos terroristas, um andróide apaixonado e uma grande carga erótica, saída da imaginação da escritora belga <b>Thilde Barboni</b> e magnificamente ilustrada pelo espanhol <b>Guillem March. </b><br />
Nascido em Maiorca, em 1979, Guillem March construiu recentemente uma extensa carreira no mercado americano como ilustrador da DC Comics, a editora de Batman e Superman, onde se estreou com uma história da Hera Venenosa que os leitores portugueses puderam já ler no volume <i>Asilo do Joker</i>, (publicado na colecção <i>No Coração das Trevas DC)</i>. Ligado às séries da linha do Batman, para onde tem desenhado vários títulos, com destaque para a revista da Catwoman, March tornou-se principalmente conhecido pelas centenas de belíssimas capas que ilustrou, pondo normalmente em destaque a beleza e a sensualidade das personagens femininas do universo DC.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYz3DBlsbHC6X5xvJ24MRFESPYBgCtjpKmce9EgehApkcHD7scxJ5X0s-jPGX988cao7l0EQgYOPnbVvf0VFFLhbx6H9oAZkiaaHIdQldfujzMXEImqllwg9wuUbx4gQeA4-H3cETW-p8/s1600/N05-Monika-84.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1220" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYz3DBlsbHC6X5xvJ24MRFESPYBgCtjpKmce9EgehApkcHD7scxJ5X0s-jPGX988cao7l0EQgYOPnbVvf0VFFLhbx6H9oAZkiaaHIdQldfujzMXEImqllwg9wuUbx4gQeA4-H3cETW-p8/s320/N05-Monika-84.jpg" width="244" /></a></div>
Até pelo título (um simples nome de mulher) este <i>Monika</i> faz a ponte entre as duas grandes etapas do trabalho de March: a europeia e a americana. Antes de entrar no mercado americano, o desenhador maiorquino tinha trabalho publicado como autor completo em Espanha, com obras como a trilogia <i>Sofia, Ana y Victoria</i>, pré-publicada entre 2001 e 2004 no suplemento dominical do <i>Jornal de Mallorca</i>, e Laura, livro de 2006 que encerra esse ciclo feminino e que foi realizado entre a publicação do primeiro e do segundo volume de <i>Monika</i>. E este <i>Monika</i> combina perfeitamente a sensualidade e a dimensão humana dos álbuns maiorquinos (a acção de <i>Sofia, Ana y Victoria </i>passa-se em Maiorca, onde March nasceu e ainda vive), com a acção e espectacularidade dos comics de super-heróis, de que March se tornou um nome incontornável.<br />
<div>
<b>Publicado originalmente no jornal <i>Público</i> de 27/07/2019 </b></div>
JMLhttp://www.blogger.com/profile/00249026308231535636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8142413284629207037.post-58749773774092405402019-07-29T23:33:00.000+01:002019-07-29T23:33:11.582+01:00Novela Gráfica V 4 - No Rasto de Garcia Lorca<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIfC0D_K1o0DtOm4FwzLIUSVXiZMZTJ3-tqShu3xzAkyQIoyfOOY-bo794QeRKh7QCBDNLLQzGywfUjIsLowozdZBwNsbpVdDicjpAJyW4ufW8gyJO6eB4bsLqrIHwFjAln6s2aHdx900/s1600/O+Rasto+de+Garcia+Loca.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="837" data-original-width="692" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIfC0D_K1o0DtOm4FwzLIUSVXiZMZTJ3-tqShu3xzAkyQIoyfOOY-bo794QeRKh7QCBDNLLQzGywfUjIsLowozdZBwNsbpVdDicjpAJyW4ufW8gyJO6eB4bsLqrIHwFjAln6s2aHdx900/s320/O+Rasto+de+Garcia+Loca.jpg" width="264" /></a></div>
<b>RECORDANDO GARCÍA LORCA</b><br />
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<b><br /></b>
<b>Novela Gráfica V - Vol. 4 </b><br />
<b><i>O Rasto de García Lorca</i></b><br />
<b>Argumento – Carlos Hernández e El Torres </b><br />
<b>Desenhos – Carlos Hernández</b><br />
<b>Quinta-feira, 25 de Julho</b><br />
<b>Por + 10,90€</b><br />
Nome maior da poesia e do teatro espanhol e figura incontornável da cultura mundial, a quem a morte trágica deu uma dimensão mítica, <b>Federico García Lorca</b> é o protagonista do quarto volume da colecção Novela Gráfica, que chega aos quiosques de todo o país no dia 25 de Julho, mas que dois dias antes será objecto de uma apresentação e lançamento na Fundação José Saramago, com a presença de <b>Pilar del Rio</b>, uma das autoras do prefácio.<br />
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Se as biografias de escritores, ou poetas são um tema bastante presente na novela gráfica espanhola contemporânea – basta pensar em Gente de Dublin, a biografia que <b>Alfonso Zapico</b> fez de <b>James Joyce</b>, publicada na colecção de 2018 – este <i>O Rasto de García Lorca</i>, para além de ser o primeiro, é diferente. Uma diferença que passa por traçar o retrato do poeta através da marca deixada por Federico Lorca em todos os que com ele conviveram - desde figuras célebres como Buñuel e Dalí, que não sai nada bem visto, até personagens bem mais anónimas, como Eládio, o criado anão do Hotel em Havana, onde Lorca se hospedou - nos locais por onde passou: pessoas que partilharam a vida e a morte do poeta, em cidades como Granada, Madrid, Havana ou Nova Iorque.<br />
O ilustrador <b>Carlos Hernández</b>, que tem aqui o seu primeiro trabalho de grande fôlego, aliou-se a <b>El Torres</b>, o premiado argumentista de <i>O Fantasma de Gaudi</i>, para traçar doze momentos da vida de Garcia Lorca. Doze peças de um puzzle que, uma vez juntas, apresentam ao leitor um retrato bastante nítido do fundador da Barraca.<br />
Embora o nome dos dois autores apareça em pé de igualdade na capa, a verdade é como refere modestamente El Torres, foi Carlos “quem comandou o barco” enquanto ele, como vem na ficha técnica se limitou a “limpar e dar brilho e esplendor” às suas ideias. Algo natural, pois Carlos Hernández é natural de Granada e, como refere numa entrevista: “como granadino, Federico García Lorca está no meu subconsciente e tem sido, desde que me lembro, o referente cultural da minha cidade, apesar das cinzas do passado e de um controverso silêncio de que a cidade ainda não se conseguiu de todo libertar. Lorca significa muito para qualquer um que tenha sensibilidade para sentir os seus passos naqueles recantos da cidade que ainda conservam o seu rasto.” Por isso, a história abre e fecha com as memórias de Alfonsito, um vizinho de Lorca, personagem inspirada no pai do próprio Carlos Hernández, que foi contemporâneo do poeta.<br />
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Dando mais uma vez a palavra a Carlos Hernández: “A premissa inicial foi de não contar a sua vida como mais uma biografia, mas antes construir diferentes relatos biográficos com uma certa independência, de que Lorca é o protagonista elíptico, muitas vezes ausente e outras não, mas sempre reflectindo, através do olhar dos seus amigos ou conhecidos, esse magnetismo, vitalidade e carismática presença que encontramos nas descrições de todos aqueles que o conheceram em vida. Por isso, escolhemos os temas em função de diversas prioridades. Por exemplo, contar algo da sua viagem a Nova Iorque, a sua estadia em La Habana, falar de sua relação com Dalí e Buñuel, a Residência de estudantes, relatar o seu dia-a-dia com a Barraca, e também mostrar a face sinistra de Granada, através do antigo soldado que se gabava de ter morto Lorca, uma história autêntica que as pessoas mais velhas da minha cidade ainda recordam.”<br />
Graficamente, Hernández, que fez um sólido trabalho de pesquisa que dá grande veracidade à sua reconstituição de época, optou por um registo a sépia, que nos remete para as fotografias antigas, com resultados extremamente evocativos e poéticos. Mas onde o seu trabalho brilha mais é em termos narrativos, em momentos como a (surreal, mas verídica) entrevista a <b>Salvador Dalí</b>, ou as memórias de <b>Luís Buñuel</b>, em 1928, em que as palavras dos dois são acompanhadas por imagens que remetem para o filme<i> Un Chien Andalou</i>, que Dalí e Buñuel realizaram.<br />
<b>Publicado originalmente no jornal <i>Público</i> de 20/07/2019</b>JMLhttp://www.blogger.com/profile/00249026308231535636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8142413284629207037.post-88243379335768372712019-07-18T23:49:00.001+01:002019-07-24T18:17:17.796+01:00Novela Gráfica V 3 - A Febre de Urbicanda<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-qnZG7XbiUiwwJ6lWudp7e2p30iWAYsdNq6YqUTKhRxFUm2M4BMdmnEDQ89xYl9DbMmbg2jTp2IXRj9PpS3lC2s7grWkajtdYiicOo6hgha0BUs_6yxsuqlEnWpcgpLyl0iauN63TzO8/s1600/FebreUbicanda-1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1205" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-qnZG7XbiUiwwJ6lWudp7e2p30iWAYsdNq6YqUTKhRxFUm2M4BMdmnEDQ89xYl9DbMmbg2jTp2IXRj9PpS3lC2s7grWkajtdYiicOo6hgha0BUs_6yxsuqlEnWpcgpLyl0iauN63TzO8/s320/FebreUbicanda-1.jpg" width="241" /></a></div>
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<b>Como acontece nos casos em que sou o autor do prefácio do livro, em vez de transcrever o texto do Público ( que podem sempre ler, carregando na imagem abaixo) aqui vos deixo o prefácio. É sempre um prazer escrever sobre <i>As Cidades Obscuras</i> e ainda mais sobre este livro, que foi o primeiro da série que comprei, em 1986, na FNAC de Les Halles, em Paris. Também por essas memórias, e pelo muito que me liga a essa série e aos seus autores, é sempre bom regressar a Urbicanda, ou a qualquer outra Cidade Obscura.</b><br />
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<b>REGRESSO A URBICANDA</b><br />
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No mesmo ano em que nos países francófonos se conclui a edição integral em quatro volumes da série <i>As Cidades Obscuras</i>, eis que finalmente é reeditado em Portugal um dos títulos fundadores do universo criado por <b>François Schuiten</b> e <b>Benoit Peeters</b>, <i>A Febre de Urbicanda.</i> Objecto de uma primeira edição nacional, no final da década de 80 do século XX, o clássico de Schuiten e Peeters regressa agora numa edição definitiva que, para além de um dossier final sobre a lenda da Estrutura, inclui também a história <i>A Última Visão de Eugen Robick</i>, feita em 1997 para o número final da revista <i>(A Suivre) </i>onde a série nasceu.<br />
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Efectivamente, tudo começou em 1983, nas páginas da revista<i> (A Suivre)</i> com Samaris, a primeira das Cidades Obscuras dada a conhecer por Schuiten e Peeters. na história <i>Les Murailles de Samaris</i>. O que era inicialmente para ser uma aventura independente, de homenagem à Arte Nova e à arquitectura em <i>trompe l’oeil</i>, viria a dar origem a uma série de histórias autónomas, passadas num mesmo universo que os próprios autores definem como sendo um reflexo deslocado da Terra, mas num tempo indefinido, parado algures na transição do século XIX para o XX.<br />
Não sendo a primeira, <i>A Febre de Urbicanda</i> é, efectivamente a história que melhor abarca o conceito de “Roman BD” – termo associado à revista <i>(A Suivre)</i> que em França designou inicialmente a Novela Gráfica – com histórias preto e branco de longo fôlego, estruturadas em capítulos e marcadas pela ausência de um limite de páginas pré-estabelecido, e que, de facto, fundou o universo da série “a posteriori”. Aspecto que fica bem patente logo nas páginas iniciais de BD, ambientadas no gabinete de Robick, cujas paredes estão decoradas com um grande mapa do Continente Obscuro, onde são visíveis nomes de cidades como Alaxis, Xhystos e Samaris. Do mesmo modo, aquando da posterior reedição em livro de <i>As Muralhas de Samaris</i>, os autores acrescentaram algumas páginas no final, em que aparece um jovem Eugen Robick, então a viver em Xhystos, criando assim uma ligação entre os dois livros, cuja acção, percebe-se então, tem lugar no mesmo universo: o universo das Cidades Obscuras (designação inventada por<b> Jean Paul Mougin</b>, director da <i>(A Suivre)</i>. Um universo que é constituído por uma série de cidades fantásticas, verdadeiros protagonistas de histórias fascinantes, que têm como pano de fundo as relações entre a arquitectura, as emoções e o poder. Histórias que procuram responder a uma questão fundamental: até que ponto as características de uma cidade podem moldar o comportamento dos seus habitantes e a evolução da própria narrativa?<br />
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Conforme refere Benoit Peeters: “o cenário, para nós não é um elemento secundário: é a partir dele que o conjunto da narrativa se organiza. Na maior parte das bandas desenhadas, o motor e o centro da narrativa é uma personagem que se reencontra, álbum após álbum. Completamente diferente é o projecto das Cidades Obscuras, em que é uma cidade que dá a cada história a sua unidade; não uma cidade real que trabalhos de localização permitissem alcançar, mas uma cidade inteiramente fictícia, fragmento de um universo paralelo cuja imagem global se desenha pouco a pouco”.<br />
Neste caso, a cidade é Urbicanda, uma utopia arquitectónica baseada no rigor do planeamento e na simetria, em que o crescimento geométrico de um misterioso cubo feito de uma matéria desconhecida, vem perturbar e transformar a vida dos seus habitantes e a imagem da própria cidade. Embora o nome de Robick, o urbitecto responsável pela imagem uniforme da cidade, remeta para o cubo de Rubik, brinquedo quebra-cabeças muito em voga nos anos 80, e a história tenha precisamente seis capítulos – tantos quanto as faces de um cubo - a principal fonte de inspiração para o urbitecto foi o próprio pai de Schuiten, <b>Robert Schuiten</b>, arquitecto de profissão, tal como as cidades construídas de raiz, como Brasília - que os autores só visitaram em 1997, ano da morte do pai de Schuiten – serviram de inspiração para Urbicanda. A mesma Brasília, traçada por <b>Óscar Neimeyer</b>, onde reencontraremos Robick, na história curta para o último número da revista <i>(A Suivre)</i> que encerra este volume.<br />
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Para além da arquitectura fascista e dos projectos utópicos de Boulée e Ledoux, expressamente citados na carta de Robick à Comissão das Altas Instâncias, que abre o livro, o universo imponente de Urbicanda é particularmente inspirado em trabalhos realizados por estudantes de arquitectura das Belas-Artes de Paris na década de 30. O que nos remete para outra das características marcantes da série, o recurso a uma ficção-científica “retro”, extrapolada a partir das utopias e dos projectos futuristas do princípio do século e de finais do século XIX.<br />
Ao contrário de um <b>Edgar P. Jacobs</b> – de quem François Schuiten é um profundo admirador, como o demonstrar o recente Blake e Mortimer que desenhou - que, quando se propôs descrever o futuro em <i>A Armadilha Diabólica</i>, acaba, em vez disso, por retratar, com poucas extrapolações, a tecnologia de 1958, a tecnologia da Exposição Universal que vira dois anos antes em Bruxelas, o universo das Cidades Obscuras está mais fora do tempo. Nas palavras de Peeters, “o universo que descrevemos é um universo ligeiramente deslocado, mas cheio de elementos tirados do nosso universo. Evoca, de facto, aquilo que teria acontecido se tivesse havido uma espécie de falha temporal, se em lugar de evoluir no sentido que nós conhecemos, a arquitectura e as técnicas tivessem ligeiramente bifurcado a partir de um certo estádio, para seguir até ao fim uma direcção que, na realidade, foi muito depressa abandonada”.<br />
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Série maior da BD franco-belga, que cedo ultrapassou os limites da própria Banda Desenhada, para dar origem a livros ilustrados, documentários, um guia de viagens, exposições, intervenções cenográficas, um congresso que teve lugar em Coimbra em 1998 – cujas actas foram recolhidas no livro <i>As Cidades Visíveis</i> - e até a Estações de Metro, em Paris e Bruxelas, as Cidades Obscuras são um marco incontornável na história da Banda Desenhada e <i>A Febre de Urbicanda</i> é um das melhores portas de entrada nesse universo fascinante.<br />
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<b>Publicado originalmente como prefácio do livro <i>A Febre de Urbicanda</i>, terceiro volume da colecção Novela Gráfica de 2019</b></div>
JMLhttp://www.blogger.com/profile/00249026308231535636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8142413284629207037.post-68240258105268143252019-07-14T22:57:00.000+01:002019-07-14T22:57:43.543+01:00Novela Gráfica V 2 - Frango com Ameixas<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<b>O HOMEM QUE SE DEIXOU MORRER</b><br />
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<b><br /></b>
<b>Novela Gráfica V - Vol 2</b><br />
<b><i>Frango com Ameixas</i></b><br />
<b>Argumento e Desenhos – Marjane Satrapi</b><br />
<b>Quinta-feira, 13 de Junho</b><br />
<b>Por + 10,90 € </b><br />
Depois de <b>Paco Roca </b>no volume inicial, a Colecção Novela Gráfica de 2019 abre as suas portas a outro grande nome da BD europeia, <b>Marjane Satrapi</b>, que se estreia no catálogo do Público e da Levoir com o seu trabalho mais consistente, <i>Frango com Ameixas</i>.<br />
Terceira mulher a assegurar presença na Colecção Novela Gráfica, depois de<b> Zeina Abirached </b>na Colecção de 2016 e <b>Pénélope Bagieu</b> na Colecção de 2018, Satrapi nasceu no Irão em 1969, no seio de uma família de esquerda com grande peso no país (o bisavô foi o último Imperador da dinastia Qajar e o avô chegou a ser Primeiro Ministro) e tinha tinha apenas dez anos quando se deu a revolução que levou ao exílio do Xá e à instauração de uma República Islâmica, tendo vivido por dentro um momento fulcral da história do seu país. Um momento que soube transpor para o papel com eficácia, sensibilidade e rigor, em <i>Persépolis</i>, o título que lhe deu fama e que a própria adaptou ao cinema, num filme de animação co-realizado com <b>Vincent Paronnaud</b>.<br />
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Se<i> Persépolis </i>tinha uma carga autobiográfica dominante - algo natural em alguém como Satrapi, que viveu acontecimentos marcantes e que, como a própria confessou numa entrevista “tenho uma excelente memória, o meu cérebro não faz qualquer selecção. Lembro-me de tudo. O que é muito bom quando queremos trabalhar, mas é muito mau quando queremos viver” - <i>Frango com Ameixas </i>parte de factos reais relacionados com a história familiar da autora, para construir uma narrativa mais rica e muito menos linear do que em <i>Persépolis</i>, sendo evidente uma evolução de Marjane enquanto contadora de histórias, bem expressa na forma como ela gere a revelação sobre o verdadeiro motivo para Nasser se deixar morrer.<br />
Actualmente a viver em França, Satrapi, que frequentou o Liceu Francês de Teerão até 1980, tem uma formação cultural muito próxima cultura francesa, incluindo no campo da BD. Também aqui as referências de Satrapi são francesas especialmente <b>David B.</b> e os autores da editora francesa L’Association, o que é natural pois para além de não existir tradição de BD no Irão, a autora partilhou o atelier com <b>Cristophe Blain</b> (o autor de “Isaac, o Pirata”, cuja namorada da altura era a melhor amiga de Marjane), <b>Emmanuel Guibert</b>, <b>Joann Sfar </b>e o próprio David B., que a encorajou a passar a sua vivência ao papel e assina a introdução do primeiro volume da edição original francesa de Persépolis. Muito longe de ter o virtuosismo de David B., um mestre do preto e branco, Satrapi defende-se ainda assim bastante bem, graças a um grafismo muito depurado e quase <i>Naif </i>mas de grande eficácia narrativa, servido por um preto e branco contrastado, que guia o olhar do leitor para o que é essencial. Um estilo que se mantém reconhecível em Frango com Ameixas, embora com evidentes melhorias em termos de utilização da perspectiva.<br />
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O livro que chegará às bancas com o Público na próxima quinta-feira e que venceu o prémio de melhor álbum no Festival de Angoulême de 2005 e foi adaptado ao cinema pela própria Satrapi em 2011, num filme com a portuguesa <b>Maria de Medeiros</b> no elenco, conta a história de Nasser Ali Khan, tio-avô de Marjane, um famoso músico que viveu no Irão de 1958. Na sequência de uma discussão familiar, o seu tar, o instrumento de que é virtuoso e que é o seu bem mais precioso, é partido. Nenhum outro tar o irá satisfazer e Nasser vai perder o gosto pela música. Tomado de uma melancolia imensa, decide deixar-se morrer, levando-nos numa viagem às suas emoções, aos seus sonhos e à sua história pessoal, que se mistura com a do seu Irão natal num período conturbado da sua história.<br />
Se em <i>Persépolis</i> a realidade histórica é o fulcro da narrativa, aqui é apenas o ponto de partida, pois como a autora confessa a propósito do tio-avô: “dele, tudo o que vi, foi uma fotografia de família em que ele tinha um ar tão romântico e evocativo e, ao mesmo, muito intenso e muito belo... e sabia que tinha sido um grande músico e tinha morrido de tristeza. Só isso.” E “isso” é o ponto de partida para uma narrativa fascinante, que mistura sonho e realidade, história e ficção, amor e sofrimento e em que cada história contém em si outras histórias.<br />
<b>Publicado originalmente no jornal Público de 06/07/2019</b>JMLhttp://www.blogger.com/profile/00249026308231535636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8142413284629207037.post-82671628974376007612019-07-11T23:17:00.000+01:002019-07-11T23:17:53.557+01:00Os Caçadores de Tesouros em destaque na apresentação da colecção Novela Gráfica<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<b>OS CAÇADORES DE TESOUROS EM DESTAQUE </b><br />
<b>NA APRESENTAÇÃO DA COLECÇÃO NOVELA GRÁFICA 2019</b><br />
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Com moderação de <b>Helena Pereira</b>, editora do <i>Público</i>, o auditório do jornal recebeu na passada quarta-feira, 3 de Julho, a apresentação da colecção Novela Gráfica de 2019. Aposta arriscada, como alguns editores concorrentes fizeram questão de referir na altura, a Novela Gráfica soube conquistar um público próprio, mais alargado do que os habituais coleccionadores de Banda Desenhada e também mais diversificado em termos de género. <br />
Foi esta história de cinco anos que, a editora da Levoir, <b>Sílvia Reig</b>, e o autor deste texto, evocaram, satisfazendo a curiosidade dos interessados quanto ao critérios de selecção das diferentes colecções que, partindo de uma lista inicial de mais de uma trintena de títulos, a que se estão sempre a juntar novos títulos, tem permitido lançar ao logo dos últimos cinco anos, colecções anuais de 12 a 15 volumes, onde clássicos incontornáveis como <i>Mort Cinder</i>, de <b>Oesterheld </b>e <b>Breccia</b>, <i>V de Vingança</i>, de <b>Alan Moore</b> e <b>David Lloyd</b>, <i>Um Contrato com Deus</i>, de <b>Will Eisner</b>, <i>Foi Assim a Guerra das Trincheiras</i>, de <b>Tardi</b>, <i>O Diário do Meu Pai</i>, de <b>Taniguchi</b>, ou <i>Sharaz’De</i>, de <b>Toppi</b>, convivem lado a lado com títulos mais recentes, de autores contemporâneos, principalmente espanhóis, que a colecção deu a conhecer aos leitores, com o sucesso que conhecemos. Mesmo autores, como <b>Paco Roca</b>, ou <b>Jiro Taniguchi</b> que objectivamente já tinham trabalho publicado em Portugal, foi através da colecção Novela Gráfica que se tornaram verdadeiramente populares junto dos leitores portugueses. Outro aspecto abordado, foi a ausência de autores portugueses a partir da segunda série, o que se deve sobretudo à inexistência de propostas inéditas de autores nacionais que se encaixem nos critérios da colecção.<br />
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Marcada pela diversidade, de formatos (respeitando sempre o formato original de publicação, algo que causou alguma estranheza inicial aos leitores, mas que foi rapidamente vencida), de temas, de registos gráficos, de nacionalidades, a colecção Novela Gráfica é um bom exemplo de liberdade e de versatilidade. Liberdade e versatilidade que a linguagem da arte sequencial permite. Arte sequencial foi um termo utilizado por Will Eisner, autor que, com <i>Contrato com Deus </i>- título que, não por acaso, inaugurou a primeira colecção, em 2015 - também ajudou a vulgarizar o termo <i>Graphic Novel</i>, que numa tradução mais literal do que exacta, deu origem à Novela Gráfica, expressão usada tanto em Portugal, como em Espanha e no Brasil.<br />
Naturalmente, esta quinta série reflecte essa aposta firme na liberdade e na diversidade, juntando clássicos como <i>Frango com Ameixas</i>,de <b>Marjane Satrapi</b>, <i>Goradze: área de Segurança</i>, de<b> Joe Sacco</b>, <i>A Febre de Urbicanda</i>, de <b>Schuiten</b> e <b>Peeters</b>, ou <i>Como uma Luva de Ferro Forjada em Aço</i>, de <b>Daniel Clowes</b>, a títulos extremamente recentes como <i>O Tesouro do Cisne Negro</i>, de Paco Roca e <b>Guillermo Corral</b>, ou <i>Neve nos Bolsos</i>, de <b>Kim</b> e obras estética e narrativamente mais arriscadas como <i>O Número 73304-23-4153-6-96-8</i>, de <b>Thomas Ott</b>, uma história inteiramente sem palavras ilustrada usando a técnica da <i>grattage</i>, que assinala a estreia em Portugal do autor suíço<br />
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Aproveitando o facto de <i>O Tesouro do Cisne Negro</i>, de Paco Roca e Guillermo Corral, título que abre esta colecção, ser inspirado em factos reais, presenciados pelo próprio Corral, mais concretamente no caso verídico, cujos desenvolvimentos o Público acompanhou, da fragata espanhola <i>Nuestra Señora de las Mercedes</i>, afundada no século XVII em águas territoriais portuguesas, junto à costa algarvia, que foi saqueada pela empresa americana Odyssey, liderada pelo conhecido caçador de tesouros <b>Greg Stemm</b>, a apresentação da colecção foi pretexto para uma interessantíssima conversa sobre as ameaças ao património subaquático, com <b>Alexandre Monteiro</b>, arqueólogo e Investigador da Universidade Nova de Lisboa (que prefaciou a edição portuguesa de <i>O Tesouro do Cisne Negro</i> ) e<b> Paulo Costa</b>, Investigador do Instituto de História Contemporânea.<br />
Alexandre Monteiro explicou o método de funcionamento destas empresas de caçadores de tesouros, que quando descobrem um achado vão lá e destroem todo o contexto, aspirando literalmente os destroços, porque só lhes interessam mesmo os objectos de valor. Estas são empresas cotadas em bolsa, que mais do que dos tesouros que conseguem encontrar/pilhar, vivem do investimento dos seus accionistas - que adiantam dinheiro com mira nos lucros de tesouros fabulosos, que normalmente não passam de miragens - e que se aproveitam da fraqueza dos Estados com quem negoceiam.<br />
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A esse respeito, a situação que se passou em Cabo Verde é exemplar: “uma dessas empresas estabeleceu um protocolo como Governo, segundo o qual ficariam com todos os objectos descobertos repetidos, como moedas, mas deixando aos países a possibilidade de guardar os itens únicos. Só que, e é aqui onde está o truque, ressalvando a possibilidade de lhes cobrar a despesa de retirar esse objecto do fundo do mar. Na prática, quando no naufrágio de Passa Pau foi descoberto um astrolábio seiscentista banhado a prata e o Estado o quis guardar, apresentaram uma despesa de várias centenas de milhares de dólares. O resultado foi que o instrumento acabou vendido pela Sotheby’s, sem qualquer benefício para o país.”<br />
Como explicou Paulo Costa, no caso dos navios de guerra do século XX, afundados durante as duas Guerras Mundiais, o que interessa aos caçadores de tesouros já não é o conteúdo dos navios, mas sim o seu metal, que por estar submerso antes do início da era atómica, em 1945, não tem vestígios de radiação, o que torna esse metal mais valioso.<br />
Enquadrada com a realidade, a história contada por Roca e Corral ganha outra pertinência, até porque o que se passou com a <i>Nuestra Señora de las Mercedes</i>, ameaça repetir-se em 2019 com a nau <i>Santa Rosa</i>, uma embarcação portuguesa de 66 canhões, carregada com dezenas de toneladas de ouro, afundada em 1726, com 700 portugueses a bordo, que se encontra em águas territoriais brasileiras, ao largo do Cabo Santo Agostinho, Pernambuco. Um navio já localizado em 1998, mas que só agora, com a subida de Bolsonaro ao poder, o Governo brasileiro concedeu autorização à Odyssey, a Ithaca do Cisne Negro para operações de resgate deste navio português.<br />
Resta esperar que o Governo português mostre a mesma coragem com a <i>Santa Rosa</i> que o Governo Espanhol demonstrou com a <i>Nuestra Señora de las Mercedes</i>. Embora a situação seja bastante melhor, desde que em 1997, <b>Manuel Maria Carrilho</b> revogou a lei promulgada por <b>Santana Lopes</b>, que abria a porta à concessão de partes da costa a empresas privadas para levantar naufrágios históricos e nesse mesmo ano foi criada uma lei para a arqueologia subaquática, que permitiu a Portugal ser um dos primeiros países a aderirem à Convenção da UNESCO para Protecção do Património Cultural Subaquático, a falta de meios continua a ser gritante.<br />
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<b>Publicado originalmente no jornal Público de 11/07/2019 </b></div>
JMLhttp://www.blogger.com/profile/00249026308231535636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8142413284629207037.post-43249276170140483542019-07-08T00:21:00.001+01:002019-07-14T22:58:09.856+01:00Novela Gráfica V 1 - O Tesouro do Cisne negro<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhe78nhoaRsikCQfPqA9Kz2W7XQPrcrmAbfXlt2ZZggkWhAhSR8pAreeOyIqyLrTWSuvZELNns0DS3WR2hTGCoOwQ7q5uxEHUIEbHov9gdzUjyZK0b0b3PVNGzKZgdA9cRt7Id_5ubjc3s/s1600/O+Tesouro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="320" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhe78nhoaRsikCQfPqA9Kz2W7XQPrcrmAbfXlt2ZZggkWhAhSR8pAreeOyIqyLrTWSuvZELNns0DS3WR2hTGCoOwQ7q5uxEHUIEbHov9gdzUjyZK0b0b3PVNGzKZgdA9cRt7Id_5ubjc3s/s320/O+Tesouro.jpg" width="256" /></a></div>
<b><br /></b>
<b>PACO ROCA REGRESSA NO ARRANQUE </b><br />
<b>DA QUINTA SÉRIE DA NOVELA GRÁFICA</b><br />
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<b><br /></b>
<b>Novela Gráfica V</b><br />
<b>Vol 1</b><br />
<b><i>O Tesouro do Cisne Negro</i></b><br />
<b>Argumento - Guillermo Corral Van Damme</b><br />
<b>Desenhos – Paco Roca</b><br />
<b>Quinta-feira, 04 de Julho</b><br />
<b>Por + 10,90 €</b><br />
O Verão já está aí e, mesmo que o sol esteja ainda algo tímido, para os leitores do Público está época do ano tornou-se sinónimo de Novela Gráfica. Assim, e pelo quinto ano consecutivo as Novelas Gráficas regressam com uma nova série de treze títulos, cujo primeiro volume chega aos quiosques de todo o país já na próxima quinta-feira, 4 de Julho.<br />
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Para abrir esta quinta série não poderia haver título melhor do que <i>O Tesouro de Cisne Negro</i>, o mais recente livro de <b>Paco Roca</b>, um dos nomes maiores da novela gráfica espanhola contemporânea.<br />
Autor completo, o criador de <i>A Casa, Rugas, O Inverno do Desenhador </i>e <i>Os Trilhos do Acaso</i>, desta vez divide tarefas com o diplomata e escritor <b>Guillermo Corral</b> para contar em Banda Desenhada uma história inspirada em factos reais, presenciados pelo próprio Corral. Com efeito, a história do tesouro do navio Cisne Negro, nome que se dá aos navios afundados descobertos com a sua carga intacta, descoberto pela empresa Ithaca, dirigida por Frank Stern, um ex-agente da bolsa convertido em caçador de tesouros e da luta que o Estado espanhol travou em tribunal para recuperar esse espólio, é, como revela o arqueólogo subaquático <b>Alexandre Monteiro </b>no interessantíssimo prefácio, claramente inspirada no caso real da fragata espanhola Nuestra Señora de las Mercedes, afundada em águas territoriais portuguesas, junto à costa algarvia, que foi saqueada pela empresa americana Odyssey, liderada pelo conhecido caçador de tesouros <b>Greg Stemm</b>.<br />
Se a subtil mudança de nomes é justificada por razões legais, a identificação entre a história (muito bem) contada por Roca e os acontecimentos reais que envolveram a profanação dos destroços da Nuestra Señora de las Mercedes é perfeitamente óbvia e transparente, consistindo em mais um motivo de interesse suplementar para a leitura deste livro. Não é que o <i>Tesouro do Cisne Negro </i>precisasse disso, pois estamos perante uma história absolutamente fascinante, que se lê de um fôlego, com imenso prazer e que daria uma bela série de televisão, o que, tudo indica, irá mesmo acontecer, pois a editora Astiberri já vendeu os direitos audiovisuais a uma produtora espanhola.<br />
Em termos visuais e narrativos, Paco Roca dá mais uma demonstração do seu virtuosismo, alternando um registo mais tradicional, com imagens com mapas e esquemas que permitem uma mais fácil apreensão da informação, ou na parte em que se relatam as circunstâncias em que La Merced foi afundada pela marinha britânica, a BD dá lugar a um texto acompanhado por desenhos clássicos de página inteira, que nos remetem para os livros de aventuras do século XIX.<br />
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Mas, naturalmente, O Tesouro do Cisne Negro está longe de ser o único motivo de interesse desta colecção. Uma colecção onde há lugar para oito títulos de autores que se estreiam na colecção do Público e da Levoir. Autores incontornáveis, como <b>Marjane Satrapi</b>, com o seu<i> Frango com Ameixas</i>, <b>Daniel Clowes </b>com o surreal e “lynchiano” <i>Como uma Luva de Veludo Forjada em Ferro</i>, <b>Joe Sacco</b>, com <i>Goradze: área de Segurança</i>, <b>Grant Morrison</b> e <b>Frank Quitelly</b> com <i>Flex Mentallo</i>, <b> Schuiten </b>e <b>Peeters</b> com <i>A Febre de Urbicanda</i>, um dos títulos mais emblemáticos da série <i>As Cidades Obscuras</i> e outros menos conhecidos dos leitores portugueses, como <b>Guillem March</b> e <b>Thilde Barboni</b>, com o sensual <i>Monika</i>, <b>Thomas Ott</b> com o inovador <i>O Número 73304-23-4153-6-96-8 </i>e <b>Luís Férrer Ferrer </b>e o veterano <b>Juan Escandell</b> com <i>Dias Sombrios</i>.<br />
A par destas estreias, temos o regresso de um punhado de autores espanhóis já com presenças em colecções anteriores, como <b>Kim</b>, que depois das colaborações com <b>Antonio Altarriba</b>, surge agora como autor completo com <i>Neve nos Bolsos</i>, <b>El Torres</b>, o escritor de <i>O Fantasma de Gaudi</i>, que agora se junta ao ilustrador <b>Carlos Hernández </b>para seguir <i>O Rasto de Garcia Lorca</i> e o desenhador <b>Bartolomé Seguí</b> (<i>Histórias do Bairro</i> e <i>A Tatuagem</i>) que agora se junta a<b> Filipe Hernandéz Cava</b>, em <i>As Serpentes Cegas</i>, título vencedor do Prémio Nacional del Comic espanhol, em 2009. Em suma, treze boas razões para entre 4 de Julho e 26 de Setembro, estar bem atento aos quiosques.<br />
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<b>Publicado originalmente no jornal Público de 04/07/2019</b></div>
JMLhttp://www.blogger.com/profile/00249026308231535636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8142413284629207037.post-75152954505194786562019-07-02T13:41:00.000+01:002019-07-02T13:41:34.634+01:00Apresentação da colecção Novela Gráfica 2019<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiO1Iuuq45WvzBQhbKGTAfbTG0J9ic55Q69-uVM7G5n-6p0DBbb_cg02hpivPi-_NRfOI4gI-qaNSoCYIJWOkvuq6TRJR5wApOeB4fqrDnMznJgTvGVi0nFDHmOewk6fXBU4GFJDO6i78k/s1600/Publico+Lisboa-20190629-page-061.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1285" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiO1Iuuq45WvzBQhbKGTAfbTG0J9ic55Q69-uVM7G5n-6p0DBbb_cg02hpivPi-_NRfOI4gI-qaNSoCYIJWOkvuq6TRJR5wApOeB4fqrDnMznJgTvGVi0nFDHmOewk6fXBU4GFJDO6i78k/s320/Publico+Lisboa-20190629-page-061.jpg" width="256" /></a></div>
<b>CINCO ANOS DA NOVELA GRÁFICA NO PÚBLICO</b><br />
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Tudo começou em 2015, com a publicação pelo Público, em colaboração com a Levoir, da primeira Colecção dedicada à Novela Gráfica. Uma aposta inovadora, num estilo de Banda Desenhada com um pendor mais literário, longe das características bem codificadas das anteriores colecções de BD franco-belga e Comics de super-heróis que o jornal Publico vinha editando desde 2003.<br />
Iniciada, naturalmente, com <i>Um Contrato com Deus</i>, de <b>Will Eisner</b>, título que muitos consideram como o fundador do género, esta colecção podia ser perfeitamente definida por um único termo: liberdade. Liberdade temática, de registo gráfico, de formato, de número de páginas, numa utilização plena das imensas possibilidades da Banda Desenhada para fazer aquilo que os autores melhor sabem e querem fazer: contar histórias. Histórias que podiam ser autobiográficas, adaptações de obras literárias, biografias, de terror, de fantasia, de crítica social, de guerra, poéticas, ou profundamente humanas. Tudo dependia da vontade e do talento dos autores.<br />
Autores vindos dos quatro cantos do Planeta, numa demonstração de diversidade, que ficou bem patente logo na primeira série, que incluía americanos como <b>Eisner</b> e <b>Crumb</b>, franceses como <b>Moebius, Baudoin</b> e <b>Tardi</b>, sul-americanos como<b> Jodorowsky, Oesterheld, Breccia </b>e<b> Danilo Beiruth</b>, espanhóis como <b>Altarriba </b>e<b> Kim</b>, para além do português <b>Miguel Rocha</b>, do suíço <b>Cosey</b> e do japonês <b>Taniguchi</b>, com estes dois últimos a repetirem presença em posteriores colecções, como de resto aconteceu também com Moebius, Tardi, Altarriba e Kim.<br />
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O sucesso junto dos leitores – que não se limitou aos coleccionadores habituais de BD, ajudando a criar um novo tipo mais alargado de público com interesses culturais mais abrangentes - e o reconhecimento traduzido pelos prémios atribuídos pelos principais eventos nacionais de BD, como o Festival da Amadora e a Comic Con, mostraram que esta era uma aposta certa e com futuro. Por isso, ao longo das colecções seguintes manteve-se a aposta na diversidade e na qualidade, recuperando clássicos como <i>Mort Cinder</i>, de Orsterheld e Breccia, <i>V de Vingança</i>, de <b>Alan Moore</b> e <b>David Lloyd</b> (que esteve em Lisboa para o lançamento do livro), <i>Ronin</i>, de <b>Frank Miller</b>, <i>Aqui Mesmo</i>, de Tardi e <b>Forrest </b>e<i> O Último Recreio</i>, de <b>Altuna </b>e <b>Trillo</b>, ao mesmo tempo que se mostrava aos leitores a extraordinária pujança da actual Novela Gráfica espanhola, bem representada em autores que se tornaram recorrentes nestas colecções, como <b>Paco Roca</b>, Kim, <b>Miguelanxo Prado </b>e <b>Bartolomé Seguí.</b><br />
Mas a aposta na Novela Gráfica não se ficou por estas colecções anuais. Está também patente em títulos pontuais, como <i>A Casa</i>, de Paco Roca, ou a biografia de <b>Billie Holliday</b>, de <b>Munõz </b>e <b>Sampayo</b>, entre outros. Além disso, inspirados pelo sucesso das colecções do Público e da Levoir, a maioria das editoras generalistas, incluindo aquelas com pouca ou nenhuma tradição na edição de BD, como a Porto Editora e a Relógio de Água, começaram também a publicar Novelas Gráficas, termo que já está perfeitamente enraizado no vocabulário dos leitores.<br />
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Na colecção de 2019, onde os autores em estreia são mais do que os que regressam, mantém-se a aposta na diversidade, bem patente no facto de albergar autores de sete nacionalidades diferentes, dois dos quais são mulheres. Uma presença feminina que acontece pela segunda vez, depois de <b>Zeina Abirached</b> na Colecção de 2016. E se em termos de género há uma evidente melhoria em relação às colecções anteriores, em termos de nacionalidades, para além de diversos autores espanhóis e americanos, temos uma iraniana e uma belga, um francês, um suíço, um belga e dois escoceses.<br />
A abrir a Colecção, temos o regresso de um dos mais populares e prestigiados autores espanhóis da actualidade, que esta colecção ajudou a tornar conhecido dos leitores portugueses, Paco Roca, com o seu mais recente livro, <i>O Tesouro do Cisne Negro</i>, uma história inspirada no caso real da pilhagem dos destroços de um galeão espanhol afundado no século XVIII ao largo do Algarve. Mas Paco Roca não é o único regresso - num alinhamento onde não faltam as estreias, que serão objecto de análise num texto à parte. Também de volta está<b> El Torres</b>, o argumentista de <i>O Fantasma de Gaudí,</i> presente com <i>O Rasto de Garcia Lorca</i>, uma biografia do poeta, visto por aqueles que o conheceram e ilustrada por <b>Carlos Hernandéz</b>.<br />
Outro regresso é o de <b>Bartolomé Seguí</b>, desenhador de Histórias do Bairro e Tatuagem, que agora, ao lado do escritor <b>Felipe Hernandéz Cava</b> assina <i>As Serpentes Cegas</i>, um policial negro passado em Nova Iorque, com a Guerra Civil espanhola como pano de fundo, que valeu à dupla o Prémio Nacional del Comic em 2009. Igualmente de retorno está Kim, o desenhador de <i>A Arte de Voar </i>e <i>A Asa Quebrada</i>, mas que desta vez não conta com a presença de António Altarriba, seu cúmplice habitual, aventurando-se a solo com <i>Neve nos Bolsos</i>, um relato autobiográfico sobre a sua experiência com imigrante na Alemanha durante os anos 60.<br />
Finalmente, <b>Alfonzo Zapico</b>, o autor de <i>Gente de Dublin</i>, a biografia de <b>James Joyce</b> que foi um dos grandes sucessos da colecção de 2018, está de volta com <i>Café Budapeste</i>, uma história tocante sobre a convivência entre árabes e judeus na cidade de Jerusalém, antes e depois do reconhecimento do Estado de Israel.<br />
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<b><br /></b>
<b>AUTORES EM ESTREIA NESTA QUINTA SÉRIE</b><br />
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Se, com a honrosa excepção de <i>A Febre de Urbicanda</i> todos os restantes títulos desta quinta colecção são inéditos em Portugal, isso não invalida que alguns dos seus autores sejam velhos conhecidos dos leitores portugueses, mesmo que só agora se estreiem na colecção Novela Gráfica.<br />
É o caso da autora e realizadora <b>Marjane Satrapi</b>, bem conhecida por <i>Persépolis</i>, a sua autobiografia em BD e que chega ao catálogo da Levoir com <i>Frango com Ameixas</i>, obra baseada na história de um seu tio-avô e que, tal como <i>Persépolis</i>, também teve direito a uma adaptação cinematográfica, que contou com a portuguesa <b>Maria de Medeiros </b>como protagonista. O mesmo sucede com a dupla Schuiten e Peeters, cuja série <i>As Cidades Obscuras</i> teve a maioria dos seus títulos editados em Portugal, onde os seus autores já estiveram por diversas vezes, mas raros são os que se encontram ainda disponíveis. Não é o caso de <i>A Febre de Urbicanda</i>, um dos títulos mais emblemáticos da série, premiado em Angoulême em 1985, esgotado em Portugal há mais de 20 anos e que agora regressa numa cuidada edição definitiva, com dezoito páginas inéditas.<br />
Bem conhecidos dos leitores e com vasta presença no catálogo da Levoir, são <b>Grant Morrison </b>e <b>Frank Quitely</b>, autores de <i>WE3</i> e <i>All Star Superman</i>, que se estreiam na colecção de 2019 com <i>Flex Mentallo: Herói do Mistério</i>, uma reflexão sobre os super-heróis com um toque meta narrativo, tão característico de Morrison.<br />
Igualmente com obra publicada em Portugal, estão os americanos <b>Daniel Clowes</b> e <b>Joe Sacco</b>. O primeiro, autor do livro <i>Mundo Fantasma</i> – que deu origem a um filme protagonizado por <b>Scarlett Johansson</b> - apresenta-se nesta colecção com uma das suas obras mais emblemáticas, o surreal e “lynchiano” <i>Como uma Luva de Veludo Forjada em Ferro</i> história pré-publicada em capítulos na revista Eightball, que valeu a Clowes o Eisner de Melhor Escritor/Artista em 200 e 2002. Já o segundo, autor de Palestina, está presente com <i>Goradze: Área de Segurança</i>, mais uma das suas reportagens de guerra, género de que é claramente o nome mais representativo, desta vez sobre o conflito na ex-Jugoslávia.<br />
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Resta falar dos autores que têm a sua estreia absoluta em Portugal nesta colecção. Por ordem de entrada em cena na colecção, temos <b>Guillem March,</b> autor espanhol com trabalho publicado no mercado francês e americano, onde trabalhou em vários títulos do universo Batman, que se estreia com <i>Monika,</i> um sensual triller psicológico, escrito pela escritora belga <b>Thilde Baroni</b>, que assim entrou de forma fulgurante na BD.<br />
Estreia absoluta – em todos os sentidos – é a do suíço <b>Thomas Ott</b> com <i>O Número 73304-23-4153-6-96-8</i>, primeiro título completamente sem diálogos nestes cinco anos de história da colecção Novela Gráfica (<i>O Idiota</i>, de <b>André Diniz</b>, esteve lá perto…) e que foi também a primeira novela gráfica de fôlego de um autor especializado em histórias curtas, que é também músico e cineasta e que, utilizando a técnica de <i>grattage</i> – em que o desenho é raspado sobre uma página coberta de tinta negra, criando uma imagem em negativo - cria páginas únicas e de grande impacto visual e narrativo.<br />
Finalmente, <i>Dias Sombrios</i> assinala a estreia em Portugal de uma figura histórica da BD espanhola do século XX. O veterano <b>Juan Escandell</b>, autor com uma carreira de mais de cinquenta anos, pertencente à mítica escola da editora Bruguera – companhia que esteve em destaque no livro <i>O Inverno do Desenhador</i>, de Paco Roca- e que trabalhou com <b>Victor Mora</b> em <i>Capitan Trueno</i> e que aqui ilustra um romance do seu conterrâneo <b>Lluís Ferrer Ferrer</b>, baseado no caso real de um avião alemão abatido ao largo de Ibiza em 1944.<br />
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<b>CINCO TEMAS EM DESTAQUE</b><br />
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Nesta quinta colecção de Novelas Gráficas, são também cinco os temas em que se podem encaixar os títulos que a compoem, mesmo que essas categorias, como veremos, não sejam exactamente estanques.<br />
<b>BIOGRAFIA</b> – Nesta categoria enquadra-se, naturalmente, <i>No rasto de García Lorca</i>, de El Torres e Carlos Hernández, em que momentos-chave da vida do malogrado poeta, são narrados na perspectiva de quem os testemunhou, como peças de um puzzle que juntas, traçam a imagem de um homem singular. Também <i>Frango com Ameixas</i>, de Marjane Satrapi, para além da dimensão autobiográfica, não deixa de ser uma biografia do tio-avô da autora, o músico Nasser Ali, mesmo que se centre mais na sua morte, do que propriamente na sua vida.<br />
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<b>CRIAR NOVOS MUNDOS</b> – É o que fazem Grant Morrison e Frank Quitelly em <i>Flex Mentallo</i>, em que heróis e vilões desenhados por uma criança ganham vida num mundo distópico, mas com grandes semelhanças com o que conhecemos. Uma ligeira extrapolação também presente em <i>Monika</i>, de Tilde Barboni e Guillem March, em que problemas bem reais como o terrorismo religioso, convivem com elementos de ficção científica, como um androide que adquire consciência própria. Mas o exemplo mais óbvio dessa criação de novos mundos é <i>A Febre de Urbicanda</i>, de <b>Benoit Peeters </b>e <b>François Schuiten</b>, magnífica porta de entrada para o universo das Cidades Obscuras, mundo utópico com grandes semelhanças e pontos de passagem com o nosso, mas em versão <i>steampunk</i> e com uma série de cidades-estado em que a arquitectura condiciona a todos níveis, a própria cidade, o dia-a-dia dos seus habitantes e a evolução da própria história.<br />
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<br />
<b>BASEADO EM FACTOS REAIS</b> – O melhor exemplo possível de uma história baseada em factos reais, é <i>O Tesouro do Cisne Negro</i>, de Guillermo Corral e Paco Roca, que parte da pilhagem de um galeão espanhol, naufragado na costa portuguesa, por parte de uma empresa americana de caçadores de tesouros, para, mudando os nomes dos protagonistas e do próprio barco, contar uma história fascinante, em que, qualquer semelhança com a realidade é bem mais do que uma simples coincidência… Também <i>Dias Sombrios</i>, de Lluís Ferrer Ferrer e Juan Escandel parte de um facto histórico, o derrube de um avião alemão em frente a Portinatx, perto de Ibiza, nas Ilhas Baleares, para criar uma história de ficção que extrapola sobre o destino do seu piloto.<br />
Obviamente também baseado em factos reais é <i>Neve nos Bolsos</i> o relato autobiográfico de Kim, sobre a sua experiência pessoal como imigrante na Alemanha, que nos conta não só a sua própria vivências, mas as experiências de muitos outros imigrantes com quem se cruzou.<br />
<br />
<b>REPORTAGEM DE GUERRA</b> – Melhor exemplo possível de reportagem de guerra é <i>Goradze: Área de Segurança</i>, assinado por Joe Sacco, o maior nome a nível mundial neste registo. Embora se trate claramente de uma obra de ficção, <i>Café Budapeste</i>, de Alfonzo Zapico, pela forma rigorosa e bem documentada como descreve as tensões étnicas e religiosas que afectaram o dia-a-dia dos habitantes de Jerusalém, após o reconhecimento do estado de Israel, também se pode enquadrar nesta categoria, pois todos sabemos como esses ódios e tensões contribuíram para um estado de guerra que se mantém aceso até hoje, o mesmo sucedendo, de certo modo, com Dias Sombrios, que parte de um acontecimento real da II Guerra Mundial, para construir uma história de ficção.. <br />
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<b><br /></b>
<b>REINVENÇÃO DE GÉNEROS CLÁSSICOS</b> – Nesta colecção não faltam exemplos como um género perfeitamente codificado como o policial negro, pode ser reinventado das mais diversas maneiras. Veja-se As Serpentes Cegas, de Filipe Harnandéz Cava e Bartolomé Seguí, em que uma história de gangsters em Nova Iorque serve para falar da realidade da Guerra Civil espanhola. Também <i>Como Uma Luva de Veludo Forjada em Ferro</i>, parte de uma estrutura vagamente policial, para uma perturbadora e surreal viagem ao lado mais sombrio do ser humano. Finalmente, também <i>O Número 73304-23-4153-6-96-8</i>, de Thomas Ott utiliza o registo policial como ponto de partida de uma história estética e narrativamente inovadora.<br />
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<br />
<b>A COLECÇÃO</b><br />
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<b>1 – <i>O Tesouro do Cisne Negro</i></b><br />
<b>04 de Julho</b><br />
<b>Argumento – Guillermo Corral Van Damme</b><br />
<b>Desenhos –Paco Roca</b><br />
Maio de 2007. A principal empresa de caçadores de tesouros do mundo anuncia a descoberta, em águas do Atlântico, do maior tesouro submarino jamais encontrado. De acordo com a escassa informação difundida o tesouro provêm de um misterioso navio, o Cisne Negro.<br />
No entanto, indícios apontam para que se trate na realidade de uma fragata espanhola afundada. Começa assim uma fascinante trama jurídica e política, cujas origens remontam a acontecimentos ocorridos há muitos séculos, na qual um pequeno grupo de funcionários estatais vai lutar na defesa da história e do património.<br />
Inspirado em factos reais, presenciados pelo argumentista Gullermo Corral, o novo livro de Paco Roca é mais um exemplo do talento e versatilidade deste autor.<br />
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<b>2 – <i>Frango com Ameixas</i></b><br />
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<b><i><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVLVdQqBz6WB5BE-FNKpwN1hUCnrTGFmgYrXvBtmPz2ot2BNy4s2r1D0Q6PXMvXVA1yJfOvRWMGgvhAZlp6K3Brts8_pkkaJzxJMNYdxlPEYBEhVcDQwvQurnG4ES78K1UJiBPErgca6A/s1600/Ameixas.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="320" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVLVdQqBz6WB5BE-FNKpwN1hUCnrTGFmgYrXvBtmPz2ot2BNy4s2r1D0Q6PXMvXVA1yJfOvRWMGgvhAZlp6K3Brts8_pkkaJzxJMNYdxlPEYBEhVcDQwvQurnG4ES78K1UJiBPErgca6A/s320/Ameixas.jpg" width="256" /></a></i></b></div>
<br />
<b>11 de Julho</b><br />
<b>Argumento e Desenhos – Marjane Satapri</b><br />
Nasser Ali Khan é um famoso músico que vive no Irão de 1958. Na sequência de uma discussão familiar, o seu tar, o instrumento de que é virtuoso e que é o seu bem mais precioso, é partido. Nenhum outro tar o irá satisfazer e Nasser vai perder o gosto pela música. Tomado de uma melancolia imensa, decide deixar-se morrer, levando-nos numa viagem às suas emoções, aos seus sonhos e à sua história pessoal, que se mistura com a do seu Irão natal num período conturbado da sua história.<br />
Em Frango com Ameixas, livro vencedor do prémio de Melhor Álbum de Angoulême em 2005, Marjane Satrapi parte da história real do seu tio-avô para construir uma ficção fascinante..<br />
<br />
<b>3 – <i>A Febre de Urbicanda</i></b><br />
<b>18 de Julho</b><br />
<b>Argumento – Benoit Peeters e François Schuiten</b><br />
<b>Desenhos – François Schuiten</b><br />
Eugen Robick, o urbitecto responsável pelo plano de urbanização que pretende restituir a simetria à cidade de Urbicanda, é confrontado com a descoberta de um misterioso cubo, feito de uma matéria desconhecida, cujo crescimento geométrico vem perturbar e transformar profundamente a imagem da própria cidade e a vida dos seus habitantes.<br />
Reflexão fascinante sobre arquitectura e poder e um verdadeiro tratado sobre a narrativa sequencial, as Cidades Obscuras, de Schuiten e Peeters, são uma série incontornável da Banda Desenhada franco- belga, que tem na Febre de Urbicanda um dos seus títulos seminais, vencedor do prémio de Melhor Livro, No Festival de Angoulême de 1985.<br />
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<b>4 – <i>O Rasto de García Lorca</i></b><br />
<b>25 de Julho</b><br />
<b>Argumento – El Torres </b><br />
<b>Desenhos – Carlos Hernández</b><br />
Através de histórias reais e testemunhos sobre o genial poeta, nesta novela gráfica descobrimos a marca deixada por Federico Lorca em todos os que com ele conviveram nos locais por onde passou: cidades como Granada, Madrid, Havana ou Nova Iorque. El Torres, o premiado argumentista de O Fantasma de Gaudi, alia-se ao ilustrador Carlos Hernández para reconstruir de forma tão subtil como marcante, a figura de Lorca através do olhar de quem partilhou a vida e a morte do poeta.<br />
<br />
<b>5 –<i>Monika</i></b><br />
<b>01 de Agosto</b><br />
<b>Argumento – Thilde Barboni </b><br />
<b>Desenho – Guillem March</b><br />
Monika, uma artista visual e performer, concorda em esconder Theo, um brilhante inventor prestes a construir um cobiçado andróide. Com a ajuda do seu amigo hacker, Monika investiga o desaparecimento da sua irmã. Ela é então arrastada para o submundo das "bailes mascarados", onde conhece e seduz Christian Epson, um carismático político que foi o último homem a ver Erika, a irmã desaparecida, cujo envolvimento com um grupo terrorista vai colocar em perigo a vida de Monika. Um triller movimentado e sensual, magnificamente ilustrado por Guillem March.<br />
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<br />
<b>6 – <i>Gorazde: Zona de Segurança</i></b><br />
<b>08 de Agosto</b><br />
<b>Argumento e Desenho – Joe Sacco</b><br />
No final de 1995 e início de 1996, o repórter e autor de BD Joe Sacco viajou quatro vezes para Gorazde, uma área segura designada pela ONU durante a Guerra da Bósnia, que estava à beira da destruição por três anos e meio. Ainda cercados por forças sérvias da Bósnia, o povo maioritariamente muçulmano de Gorazde sofrera pesados ataques e severas privações para manter sua cidade, enquanto o restante do leste da Bósnia era brutalmente "purificado" de sua população não-sérvia. Desde que foi publicado pela primeira vez em 2000, Gorazde: Zona de Segurança foi reconhecido como um dos clássicos absolutos da novela gráfica de reportagem.<br />
<br />
<b>07 –<i>Flex Mentallo: Herói do Mistério</i></b><br />
<b>15 de Agosto</b><br />
<b>Argumento – Grant Morrison</b><br />
<b>Desenhos – Frank Quitely</b><br />
Antes ele era Herói da Praia ... e da Patrulha do Destino. Agora Flex Mentallo, o Homem do Mistério Muscular, regressa para investigar as relações sinistras de seu ex-companheiro, The Fact, e um misterioso astro do rock cuja conexão com Flex pode ser a chave para salvar os dois. Depois de reformular a Patrulha do Destino, na série da Vertigo que influenciou a actual série televisiva, Morrison junta-se ao seu habitual cúmplice Frank Quitelly, para explorar a história de um dos seus mais carismáticos elementos, Flex Mentallo.<br />
<br />
<b>08 – <i>Dias Sombrios</i></b><br />
<b>22 de Agosto</b><br />
<b>Argumento – Lluís Ferrer Ferrer</b><br />
<b>Desenhos – Juan Escandel</b><br />
Em 10 de janeiro de 1944, durante uma batalha aérea sobre a ilha de Ibiza, um avião britânico Bristol Beaufighter derrubou uma aeronave alemão Junkers Ju 88 que finalmente caiu na costa ao norte de Portinatx. Com base neste acontecimento real, o escritor Lluís Ferrer Ferrer construiu uma história de ficção, que anos mais tarde o veterano desenhador Juan Escandell, um dos nomes mais importantes da escola Bruguera, adaptou à Banda Desenhada nesta Novela Gráfica.<br />
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<b>09 – <i>Como uma Luva de Veludo Forjada em Ferro</i></b><br />
<b>29 de Agosto</b><br />
<b>Argumento e Desenhos – Daniel Clowes</b><br />
Clay, o protagonista de <i>Como uma Luva de Veludo moldada em Ferro</i> parte em busca de produtores de um filme pornográfico em que pensou reconhecer a sua esposa, desaparecida alguns anos antes.<br />
Com esta simples premissa como ponto de partida, Daniel Clowes constrói um road movie cerebral, que elimina qualquer fronteira entre o pesadelo e a realidade.<br />
Nesse caos nocturno, Clowes leva o leitor a vislumbrar a sombra fugidia e arrepiante de um horror íntimo e universalmente compartilhado. Um dos mais importantes e perturbadores livros de um dos nomes maiores dos comics alternativos americanos.<br />
<br />
<b>10– <i>As Serpentes Cegas</i></b><br />
<b>29 de Agosto</b><br />
<b>Argumento - Filipe Harnandéz Cava</b><br />
<b>Desenho – Bartolomé Segui</b><br />
Nova Iorque, 1939. Um homem misterioso instala-se num pequeno hotel à procura de um certo Ben Koch, um espanhol que não respeitou um pacto. O dono da pensão, Red, diz que não tem notícias de Ben, o que o homem não acredita. Decide esperar por ele, acabando por descobrir que Koch foi visto a destruir um túmulo com um martelo. Qual terá sido o motivo da fúria de Koch e onde se esconde ele? Duas perguntas para as quais o FBI também procura respostas...<br />
Uma história de vingança com a Guerra Civil espanhola e a Grande Depressão em Nova Iorque como pano de fundo, vencedora do Prémio Nacional del Comic em 2009.<br />
<br />
<b>11 – <i>O Número 73304-23-4153-6-96-8</i></b><br />
<b>12 de Setembro</b><br />
<b>Argumento e Desenho – Thomas Ott</b><br />
Ao limpar a cela de um prisioneiro que foi condenado à morte e posteriormente executado, um guarda da prisão encontra um pequeno pedaço de papel com uma combinação de números. No calor do momento, ele guarda-o no bolso. Como o guarda vive uma vida solitária e monótona, os números no papel despertam sua curiosidade.<br />
Mas esses números, que primeiro lhe vão garantir uma sorte inesperada, acabam por se revelar uma maldição que o leva à loucura e à morte. Um triller surpreendente contado apenas pelo recurso às imagens, sem uma única linha de diálogo, por um dos mais singulares criadores da BD europeia, o suíço Thomas Ott.<br />
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<br />
<b>12 – Neve nos Bolsos</b><br />
<b>19 de Setembro</b><br />
<b>Argumento e Desenhos – Kim</b><br />
Em outubro de 1963, o jovem Joaquim Aubert, ainda não conhecido como Kim, pede boleia numa estrada no sul de França. Ele deixou seus estudos em Belas Artes e tem um ano para começar o serviço militar, tempo que vai aproveitar para ganhar a vida na Alemanha. Joaquim chega a terras germânicas como tantos outros espanhóis que atravessaram a Europa à procura de trabalho. Através dos seus olhos e das suas memórias, vamos descobrir a vida desses expatriados da Espanha franquista.<br />
Kim, o desenhador de A Arte de Voar e A Asa Rasgada, traça-nos este retrato autobiográfico da sua ida para a Alemanha e das vivências de outros espanhóis que emigraram com o mesmo objectivo, ganhar a vida.<br />
<br />
<b>13 – Café Budapeste</b><br />
<b>26 de Setembro</b><br />
<b>Argumento e Desenhos – Alfonso Zapico</b><br />
Yechezkel Damjanich é um jovem violinista judeu que abandona uma Budapeste devastada pela II Guerra Mundial para ir viver para Jerusalém, onde vive o seu tio Yossef. Fugindo da miséria, ambos chegam à Palestina num momento político convulsivo, pouco antes de os ingleses deixarem a região. O Tio Yosef dirige o Café Budapeste, um lugar pitoresco perto da Cidade Velha, onde judeus, árabes, ocidentais coexistem... Um oásis efémero de harmonia onde as notas do violino de Yechezkel vão dar lugar ao estrondo dos obuses de Davidka, bombas árabes, ódio e destruição.<br />
<b>Publicado originalmente no jornal Público de 29/06/2019</b>JMLhttp://www.blogger.com/profile/00249026308231535636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8142413284629207037.post-75668617414104677172019-06-21T23:25:00.000+01:002019-06-23T21:42:26.358+01:00À Descoberta de Richard Corben<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<b>À DESCOBERTA DE RICHARD CORBEN</b><br />
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<br />
Vencedor do Grande Prémio de Angoulême, o mais importante Festival europeu de Banda Desenhada, em 2018, o americano <b>Richard Vance Corben</b> é um nome relativamente pouco conhecido em Portugal, lacuna que este artigo pretende ajudar a corrigir.<br />
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Nascido em Anderson, Missouri, em 1940, Corben fez a sua formação em Belas Artes no Kansas City Art Institute, onde se formou em 1965. Aí entrou em contacto com a cultura underground, e apesar de fazer BD desde a infância, foi na animação que começou a sua actividade profissional, depois de uma curta-metragem que realizou, ter chamado a atenção da agência de publicidade Calvin, que o contratou em 1965. Durante os nove anos que trabalhou na Calvin, assegurando diferentes aspectos da parte gráfica, desde ilustração de cartazes, storyboards e animações, Corben aproveitou o material da empresa para criar, durante os seus tempos livres, um filme chamado<i> Neverwhere</i>, misturando imagem real e animação, onde surge pela primeira vez Den, a sua personagem-fetiche, que irá recuperar para a BD. Este filme, que em 1968 lhe valeu um prémio da Japan Cultural Society, acabou por ser o seu último, pois nesta altura decidiu trocar a animação pela BD, fascinado com a liberdade permitida pelos Comics Underground, onde brilhavam nomes como Robert Crumb. Para além de publicar em diversos fanzines de outros editores, Corben decide auto-editar as suas próprias histórias na revista <b><i>Fantagor</i></b>, título que dará o nome à sua própria editora. Apesar da edição do Comic Underground ter entrado em crise em 1975, Corben foi ainda assim o desenhador Underground mais publicado, com cerca de 400 páginas produzidas entre 1970 e 1975, algumas delas assinadas com os pseudónimos Corbou e Gore, com destaque para títulos como <i>Rowlf</i>, ou <i>The Beast of Wolfton</i>, em que o seu fascínio por lobisomens e animais antropomorfizados, para além dos homens musculados e das mulheres com grandes mamas, é bem evidente.<br />
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É nessa altura que Corben publica aquela que foi uma das primeiras Novelas Gráficas de sempre. <i>Bloodstar</i>, uma adaptação de um romance de <b>Robert E. Howard</b>, o criador de Conan, publicada em 1976 pela editora Morning Star Press. Misturando de forma judiciosa o texto de Howard com as suas espectaculares imagens, Corben cria uma excelente adaptação, marcada pela tridimensionalidade e sensualidade das personagens e pela representação crua da violência. Infelizmente, por divergências com o editor, que lhe ficou com os originais, o que impede qualquer reedição, este é um trabalho quase desconhecido da maioria dos leitores, que foi editado pela última vez na Europa em meados dos anos 80.<br />
Felizmente, o mesmo não sucedeu com os seus trabalhos para a editora Warren, editora especializada em revistas de terror, que prosseguiu a herança da EC comics, a mítica editora que formou leitores como <b>Bernie Wrightson </b>e o próprio Richard Corben. Entre 1970 e 1979, num espaço de pouco mais de oito anos, Corben ilustrou quarenta histórias para as revistas <i>Eerie, Creepy</i>, e <i>Vampirella</i>, da Warren Publishing, para além de mais de uma dezena de capas. Histórias de terror, escritas por escritores como <b>Bruce Jones</b> e <b>Jan Strnad</b>, com quem Corben colaborou desde os seus tempos dos comics underground, mas que incluem também adaptações de<b> H. P. Lovecraft</b> e sobretudo, de <b>Edgar Alan Poe</b>, autores a que, como veremos, Corben regressará por diversas vezes ao longo da sua carreira.<br />
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Para além da oportunidade de publicar ao lado de grandes desenhadores como<b> Frank Frazetta, All Williamson</b>, ou Bernie Wrightson, as revistas da Warren permitiram a Corben introduzir a cor no seu trabalho. Impressas num papel quase de jornal, estas publicações não possibilitavam uma boa reprodução da cor, mas Corben resolveu o problema criando o seu próprio sistema de coloração, em que fazia manualmente a separação das cores em quatro chapas, cuja sobreposição dava origem à cor final. Um sistema demorado e trabalhoso, mas com resultados tão espectaculares como surpreendentes, que conquistou imediatamente os leitores, mas sobretudo os outros desenhadores.<br />
Entre esses desenhadores, estava o francês <b>Jean Giraud</b>, mais conhecido por <b>Moebius</b>, que não foi parco nos elogios, escrevendo: “lembro-me, eu e os meus companheiros da geração do Maio de 68, do choque que todos tivemos quando a primeira prancha de Richard Corben nos apareceu literalmente diante dos olhos… Richard “Mozart” Corben, pisou no meio de nós como um obelisco extraterrestre… ele reina desde há muito tempo sobre o campo movimentado e colorido da BD planetária como a estátua do conquistador, monólito estranho, visitante sublime, enigma solitário… Além disso, adoro as heroínas de BD dotadas de grandes mamas.”<br />
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Daí que, quando em 1975, Moebius, juntamente com<b> Druillet, Jean-Pierre Dionet</b> e<b> Bernard Farkas</b> criam a editora Humanoides Associés e a revista<b><i> Metal Hurlant</i></b>, Corben é o único autor estrangeiro a estar presente na revista desde o nº 1, primeiro com histórias do seu período Underground e, a partir do nº3, com Den, história que se tornará um dos marcos da Metal Hurlant, estando naturalmente presente no filme de animação <i>Heavy Metal</i>, que adapta algumas das histórias mais emblemáticas da revista, com Corben a colaborar com o animador <b>Jack Stokes</b> nessa sequência do filme.<br />
Contando a história de um rapaz que vai parar a um mundo desconhecido, Neverwhere, onde se vê no corpo - que não era o dele - de um guerreiro musculado e careca, que deambula nu por um mundo desértico, povoado por estranhas e agressivas criaturas e mulheres voluptuosas, Den é o símbolo perfeito da obra de Corben, com um estilo único e um tratamento de cor que dão um tridimensionalidade às personagens, que parecem esculpidas, o que não anda longe da verdade, pois o desenhador realiza esculturas em plasticina das principais personagens, para as poder representar melhor de qualquer ângulo e com qualquer luz. Mas melhor do que eu, o crítico espanhol <b>Manuel Garcia Quintana</b>, define assim o estilo de Corben: ”as figuras de Corben parecem desproporcionadas, grotescas e até infantis. Mas examinando-as de forma atenta, vemos que não é assim, que há uma assombrosa proporção entre todos os elementos manejados por Corben, que a desenvoltura de que faz gala converte num dos desenhadores mais prestigiados de sempre. Para além de tudo isto, Corben tem uma imaginação transbordante para construir ambientes e situações.”<br />
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Para além das obras publicadas em França na <i><b>Metal Hurlant</b></i>, nos EUA pela <i><b>Heavy Metal</b></i>, em Espanha pela editora <b>Toutain</b>, e que o próprio Corben editou em livro nos E.U.A. na sua editora Fantagor, o estilo inconfundível de Corben começa a surgir em outros sítios, como na capa do disco <i>Bat out of Hell</i>, de <b>Meat Loaf</b>, ou no cartaz do filme <i>Phantom of the Paradise</i>, de <b>Brian de Palma</b>. E nesse tipo de imagem, tal como nas capas dos seus livros e nas ilustrações que fazia para revistas, é possível ver uma mistura de técnicas que vão desde a utilização da pintura a acrílico e a óleo e aerógrafo para os fundos, com resultados espectaculares.<br />
Depois de um período de grande sucesso, evidente em livros como as continuações de Den, a versão das Mil e Uma Noites, com argumento de Jan Strnad, <i>Jeremy Brood</i>, e <i>Mutant World</i>, que dura toda a década de 80, as coisas começam a mudar nos anos 90 e em 1994 Corben é obrigado a fechar a sua editora Fantagor e vê-se numa situação financeira complicada, de que irá sair graças à venda das suas pranchas originais e através da colaboração com as grandes editoras como a DC e a Marvel. Tudo começa em 1996 com a série <i>Batman Black & White</i>, editada por <b>Mark Chiarello</b>, que contrata Corben e Strnad para escreverem uma história do Batman, que provavelmente quando este número da Bang! tiver chegado às lojas FNAC já terá saído em português pela Levoir na Colecção dedicada aos 80 anos do Batman.<br />
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Segue-se uma colaboração com <b>Brian Azzarello</b> na série<i> Hellblazer</i>, também já publicada em Portugal pela Levoir, continuada quando o editor <b>Axel Alonso</b> – que tinha juntado Corben e Azzarello em <i>Hellblazer </i>- troca a Vertigo pela Marvel, volta a juntar a dupla nas mini-séries <i>Banner </i>e <i>Cage</i>, ambas já publicadas em Portugal. Também para a Marvel, Corben ilustra <i>Punisher: The End</i>, com argumento de <b>Garth Ennis</b>, mas os seus grandes projectos para a “Casa das Ideias” foram os dois volumes da série <i>Haunt of Horror</i>, onde volta aos seus escritores de referência, Lovecraft e Poe.<br />
No caso de Poe, Corben cria novas versões de contos que já tinha ilustrado anteriormente, como é o caso de <i>The Raven</i>, optando desta vez por uma adaptação menos literal. Como o próprio refere: “gostei de adaptar os contos de Poe para as revistas da Warren, mas tenho um lado demasiado esquizofrénico. Parte de mim quer fazer uma adaptação tão fiel quanto possível ao texto original. Outra parte de mim quer descolar do texto, partindo da ideia inicial para criar uma coisa mais pessoal.”<br />
Outra vertente do trabalho mais recente de Corben, é a sua colaboração com <b>Mike Mignola</b> na série <i>Hellboy</i>, em que ilustra mais de uma dezena de histórias do herói criado por Mignola, a partir de argumentos deste. E, como podemos ver por um original do Hellboy de Corben, aqui reproduzido, os dois mundos fundem-se de forma harmoniosa. O jogo de sombras e a própria figura do Hellboy estão próximos do desenho de Mignola, enquanto que os cenários, os monstros e a vegetação, são puro Corben.<br />
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Para além de Hellboy, Corben tem publicado recentemente outros títulos na Dark Horse, como a mini-série<i> Rat God, Spirits of the Dead</i>, outra revisitação da obra de Poe, que inclui uma terceira versão de <i>The Raven</i>, com cores digitais do próximo Corben e da sua filha <b>Beth Corben Reed</b>, e <i>Ragemoor</i>, mantendo-se bastante activo apesar de estar cada vez mais perto dos 80 anos.<br />
Indivíduo bastante reservado, que raramente dá entrevistas, nem se desloca a Festivais de BD, Richard Corben não tem tido a projecção que a sua obra justifica. Algo que esperemos que venha a mudar, graças ao Grande Prémio de Angoulême, atribuído por votação dos autores com livros publicados em França e à magnífica exposição que lhe foi dedicada, de que cujo catálogo saíram a maioria das ilustrações que acompanham este artigo.<br />
<div>
<b>Publicado originalmente na revista <i>Bang!</i> nº 26, em Maio de 2019</b></div>
JMLhttp://www.blogger.com/profile/00249026308231535636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8142413284629207037.post-57647365805551167612019-06-17T00:16:00.000+01:002019-06-17T00:16:10.017+01:00Get Jiro 2: Sangue e Sushi<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8BOZnDf57e0eM03WjEHhWsvEg0J2dz_cUzVh1hKjVV1iLynXmNvMzcfOal-zOv_SowDbNXqzXE1TXeiA59O21IxNaKorYajHmV5h5I9Wn6v5hyphenhyphenbp71Cxk3m4zWvXcbwwqq9TN1TLXkhE/s1600/Get+Jiro+2+Capa_set4-page-001.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1013" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8BOZnDf57e0eM03WjEHhWsvEg0J2dz_cUzVh1hKjVV1iLynXmNvMzcfOal-zOv_SowDbNXqzXE1TXeiA59O21IxNaKorYajHmV5h5I9Wn6v5hyphenhyphenbp71Cxk3m4zWvXcbwwqq9TN1TLXkhE/s320/Get+Jiro+2+Capa_set4-page-001.jpg" width="202" /></a></div>
<b><br /></b>
<b>ANTHONY BOURDAIN EXPLORA O PASSADO DE JIRO </b><br />
<b>EM SANGUE E SUSHI</b><br />
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<b><br /></b>
<b><i>Get Jiro!: Sangue e Sushi</i></b><br />
<b>Argumento –Anthony Bourdain e Joel Rose</b><br />
<b>Desenho – Ale Garza</b><br />
<b>Sábado, 15 de Junho + 13,90 €</b><br />
Depois do sucesso do primeiro<i> Get Jiro! </i>que chega precisamente hoje aos quiosques nacionais; <b>Bourdain</b> e <b>Rose</b> perceberam que ainda havia histórias para contar sobre o seu favorito Sushi Man. Foi por isso, que em 2015, decidiram lançar uma prequela, que chegará às bancas no próximo dia 15 de Junho: <i>Get Jiro!: Sangue e Sushi.</i><br />
Esta viagem ao passado de Jiro, que explica o motivo que o levou a instalar-se nos E.U.A e mostra a sua ligação à Yakuza, a Máfia japonesa, assinala o regresso de Bourdain a uma das suas paixões, a BD, agora num registo diferente.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8VIZf8YgUrXYBq7J6Bv7oepNuuy4t9Xwu-P0Pv4L-tNZS3kSB6nksDWPo98nJnsJvYEok-FT-R0VaYKdPbFI2bE0C4NuXSTLHS2kCvBnbMhbanJnbBfMnERo5VPBA2mbGvKho5DtHrpQ/s1600/Get+Jiro+-+Sangue+e+Sushi.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1041" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8VIZf8YgUrXYBq7J6Bv7oepNuuy4t9Xwu-P0Pv4L-tNZS3kSB6nksDWPo98nJnsJvYEok-FT-R0VaYKdPbFI2bE0C4NuXSTLHS2kCvBnbMhbanJnbBfMnERo5VPBA2mbGvKho5DtHrpQ/s320/Get+Jiro+-+Sangue+e+Sushi.jpg" width="208" /></a></div>
"Eu até agora tenho tido a oportunidade de brincar com muitos brinquedos diferentes", diz Bourdain do seu trabalho em<i> Get Jiro: Sangue e Sushi.</i> "Ser capaz de voltar à minha adolescência e fazer uma revista de banda desenhada - especialmente uma realmente violenta, sexy e orientada para a comida - é o concretizar de um sonho inacabado."<br />
Se no primeiro livro, Jiro era um herói misterioso, na linha do Homem Sem Nome, interpretado por Clint Eastwood que o inspirou, agora ficamos a conhecer melhor quem é Jiro. Além disso, graças a uma entrevista de Bourdain, ficamos a saber também qual a personagem real em que é baseado. Embora o nome o pareça indicar <b>Jiro Ono</b>, o protagonista do documentário<i> Jiro Dream’s of Sushi</i>, não foi a inspiração para a personagem de Jiro. Essa honra coube a <b>Naomichi Yasuda </b>- fundador do restaurante Sushi Yasuda em Nova Iorque e amigo de Bourdain - um homem habituado a lutar, com as mãos calejadas do Karaté, que depois de criar um dos melhores bares de sushi de Nova Iorque, decidiu regressar a Tóquio e começar tudo de novo.<br />
Se o passado de violência aproxima Yasuda da personagem Jiro, mais uma vez a principal influência de Rose e Bourdain é o cinema. Mais concretamente o cinema de gangster japonês, os Yakuza, seja numa perspectiva ocidental, como no filme <i>Tokio Rain</i>, de <b>Ridley Scott</b>, ou na perspectiva japonesa, expressa em <i>Battles Without Honor and Humanity</i>, de <b>Kinji Fukasaku</b> (uma das principais influências de<b> Quentin Tarantino </b>para o filme <i>Kill Bill</i>) e na trilogia <i>Kuroshakai</i>, de <b>Takashi Miike</b>. Também em termos narrativos, a influência japonesa é evidente, com a narração a apostar muito mais na imagem do que nos diálogos, algo que fica bem patente nas doze páginas da sequência inicial, sem uma linha de diálogo.<br />
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Se Joel Rose continua a ajudar Bourdain a dar vida à sua história, no desenho, <b>Langdon Foss </b>dá agora lugar a <b>Ale Garza</b>, mantendo-se o espanhol<b> José Villarubia</b>, colaborador habitual de <b>Alan Moore</b>, nas cores. A mudança de desenhador foi propositada e tem a ver com o diferente tipo de história que o Bourdain queria agora contar. Como o próprio refere: “esta era mais uma história de género existente, por isso estávamos procura de um desenhador com um estilo de manga tradicional, que reflectisse a cultura pop japonesa, do que alguém capaz de criar um universo inteiro, que foi o que Langdon foi fundamental para fazer - todos os detalhes nesta LA distópica do futuro, na sua maioria eram dele. Mas esse não era o tipo de história que estávamos a fazer agora, queríamos um melodrama familiar protagonizado por jovens. Procurávamos um desenhador que pudesse encaixar perfeitamente num estilo particular de estética e de história.”<br />
Esse desenhador é Ale Garza. Cujo estilo dinâmico e com claras influências do manga japonês, mostra facilmente porque o seu nome foi sugerido a Bourdain pelo editor <b>Will Denis</b>.<br />
Última aventura de Jiro, <i>Sangue e Sushi</i> não seria a última incursão de Bourdain pela novela gráfica, pois o malogrado <i>chef</i> e o seu cúmplice <b>Joel Rose</b> assinaram ainda em 2018, <i>Anthony Bourdain's Hungry Ghosts</i>, uma adaptação de vários contos tradicionais japoneses, por um leque de artistas de peso. Mas essa é uma outra história, que esperemos que o sucesso de <i>Get Jiro! </i>permita também publicar em Portugal.<br />
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<b>Publicado originalmente no jornal Público de 08/06/2019</b></div>
JMLhttp://www.blogger.com/profile/00249026308231535636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8142413284629207037.post-65907018872745024682019-06-08T12:32:00.000+01:002019-06-08T14:51:40.707+01:00Get Jiro! Vol 1: Todos Querem Apanhar o Jiro<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-t7KUuC_6ehHQrVzu3oOn6aLPeVjUgaiyo00N4q2jpnuIevJt717JdezU0GerVTar3sNa1W5yM5uZo2oBhYlgOaoEOO52sTmXvelXK9cMWnGT3UsWwYQhaLz6MiMefSPZ56fTn4Owh30/s1600/Get+Jiro+1+Capa_Set6-page-001.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1017" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-t7KUuC_6ehHQrVzu3oOn6aLPeVjUgaiyo00N4q2jpnuIevJt717JdezU0GerVTar3sNa1W5yM5uZo2oBhYlgOaoEOO52sTmXvelXK9cMWnGT3UsWwYQhaLz6MiMefSPZ56fTn4Owh30/s320/Get+Jiro+1+Capa_Set6-page-001.jpg" width="203" /></a></div>
<b><br /></b>
<b>ANTHONY BOURDAIN, </b><br />
<b>UM <i>CHEF</i> QUE TAMBÉM DAVA CARTAS NA BD</b><br />
<b><br /></b>
<br />
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<b><br /></b>
<b>Get Jiro!: <i>Todos Querem Apanhar o Jiro</i></b><br />
<b>Argumento –Anthony Bourdain e Joel Rose</b><br />
<b>Desenho – Langdon Foss</b><br />
<b>Sábado, 08 de Junho + 13,90 €</b><br />
No momento em que se cumpre um ano sobre o seu falecimento, ocorrido a 8 de Junho de 2018, o Público e a Levoir evocam a memória de <b>Anthony Bourdain</b>, o famoso<i> chef</i>, viajante, escritor e realizador de programas televisivos de culinária, como <i>No Reservations </i>e<i> Viagem ao Desconhecido</i>, que o trouxeram mais de uma vez a Portugal, dando a descobrir uma faceta menos conhecida do seu talento multifacetado, a de criador de Banda Desenhada. Uma faceta que vem de longe, pois Bourdain conheceu <b>Joel Rose</b>, o co-argumentista deste livro, nos anos 80 quando o cozinheiro enviou uma BD a revista literária<i> Between C and D</i>, dirigida por Rose, história essa que foi rejeitada por Bourdain ser claramente melhor escritor do que desenhador…<br />
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E é precisamente essa faceta de Bourdain como escritor de novelas gráficas estará em destaque nos próximos dois sábados com a publicação das duas histórias protagonizadas por Jiro, o misterioso <i>sushiman</i>,<i> Get Jiro!: Todos Querem Apanhar o Jiro </i>e a sua prequela, <i>Get Jiro!: Sangue e Sushi</i>.<br />
A história de <i>Todos Querem Apanhar o Jiro</i>, livro que assinalou a estreia de Bourdain na BD e logo no prestigioso catálogo da editora Vertigo, em mais um exemplo do sentido de oportunidade da editora <b>Karen Berger</b>, resume-se num simples parágrafo. Num futuro não muito distante, numa Los Angeles obcecada com a comida e em que <i>chefs</i> poderosos governam a cidade como se fossem senhores do crime e as pessoas são capazes de literalmente matar por um lugar no seu restaurante favorito, Jiro, um <i>chef </i>de sushi renegado e implacável, chega à cidade com ideias muito próprias.<br />
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E se esta história de um herói misterioso que oferece os seus serviços a dois chefes rivais para os colocar em guerra entre si, parecer estranhamente familiar ao leitor, é porque efectivamente o é. Trata-se de um ponto de partida com enormes semelhanças com o romance <i>Red Harvest</i>, escrito por <b>Dashiell Hammett</b>, que esteve na origem de duas obras-primas do cinema mundial, <i>Yojimbo</i>, do japonês <b>Akira Kurosawa</b>, que transpôs a história para o Japão do período feudal e<i> Por um Punhado de Dólares</i>, do italiano <b>Sergio Leone</b>, o mítico <i>Western Spaguetti</i> que inaugurou a trilogia do Homem Sem Nome, protagonizado por <b>Clint Eastwood</b>. Agora, Bourdain e Rose pegaram nesta história icónica e transpuseram-na para um futuro próximo, dando origem a uma novela gráfica que é uma crítica tão divertida quanto mordaz à cultura da comida e restauração e a uma sociedade obsessiva e que, se descontarmos o lado assumidamente exagerado, caricatural e hiperviolento, não estará assim tão longe do ambiente descrito por Bourdain em<i> Kitchen Confidential</i>, o seu livro de estreia.<br />
Como o próprio declarou numa entrevista à revista <i>Men’s Journal,</i> a ideia para Get Jiro! nasceu quando Bourdain estava num restaurante de sushi de um amigo e dois idiotas ricos meteram um bocado grande de wasabi num prato de molho de soja e começaram a afogar ali as peças de sushi. Ao ver o ar desconfortável do seu amigo, Bourdain pensou: “Não era bom se lhes pudesse arrancar as cabeças à catanada? Não era bom se vivêssemos num mundo em que desrespeitar um bom sushi pudesse levar à tua morte e ninguém se ralasse com isso?”<br />
Perguntas que têm resposta cabal e afirmativa neste livro, em que Bourdain e Rose contam com o traço caricatural e detalhado de <b>Langdon Foss</b>, cujo estilo evoca<b> Geoff Darrow</b>, colaborador habitual de <b>Frank Miller</b> e director de arte da trilogia<i> Matrix. </i><br />
O sucesso de <i>Get Jiro!,</i> que em 2012 entrou rapidamente para a lista de <i>best sellers</i> do<i> New York Times,</i> levou à criação de uma prequela, <i>Get Jiro!: Sangue e Sushi</i>, que nos mostra o passado de Jiro em Tóquio. Mas sobre isso, falaremos aqui no próximo sábado.<br />
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<b>Publicado originalmente no jornal Público de 01/06/2019</b></div>
JMLhttp://www.blogger.com/profile/00249026308231535636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8142413284629207037.post-65210142796577151902019-04-25T14:26:00.000+01:002019-05-03T18:47:32.801+01:00Batman 80 Anos 10 - Batman: 80 Anos de Aventuras<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<b>DE BOB KANE A TOM KING: 80 ANOS EM 8 HISTÓRIAS</b><br />
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<b><br /></b>
<b>80 Anos de Batman Vol 10</b><br />
<b>Batman: <i>80 Anos de Aventuras</i></b><br />
<b>Argumento – Vários Autores</b><br />
<b>Desenhos – Vários Autores</b><br />
<b>Quinta, 25 de Abril</b><br />
<b>Por + 11,90 €</b><br />
A terminar com chave de ouro a colecção dedicada aos 80 anos de aventuras do Cavaleiro das Trevas, temos um volume antológico criado em exclusivo para esta colecção, que chega aos quiosques de todo o país no próximo dia 25 de Abril. Uma data simbólica para uma edição também simbólica, pelo modo como cobre o passado, presente e futuro do Homem-Morcego, em oito histórias representativas de diferentes fases da personagem.<br />
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Uma viagem no tempo, que começa com a origem do Batman pelos seus criadores originais, <b>Bob Kane</b> e <b>Bill Finger</b>, publicada em 1940 no nº 1 da revista <i>Batman</i> e prossegue pela fase de<b> Sheldon Moldoff</b>, através de <i>Robin Morre ao Amanhecer</i>, uma história escrita por Bill Finger, bem representativa do Batman dos anos 50 e 60, com intrigas mais próximas da ficção científica do que do policial e o alargar da Batfamília, aqui representada por Ace, o Batcão. A antologia continua com o regresso à dimensão mais sombria do Cavaleiro das Trevas nos anos 70, representada por duas histórias ilustradas por <b>Neal Adams</b> e <b>Jim Aparo</b>. A primeira, <i>A Casa que Assombrou Batman</i>, é escrita por<b> Len Wein</b>, o criador do Monstro do Pântano, apresentando um clima sobrenatural para uma intriga que tem uma explicação racional, mas que assenta como uma luva ao realismo heróico de Neal Adams, aqui contando com o veterano <b>Dick Giordano</b> na arte-final. Já <i>O Cadáver que se Recusava a Morrer</i>, traz-nos um dos melhores momentos da dupla <b>Bob Haney/Jim Aparo</b> na revista <i>The Brave and the Bold</i>, numa história em que um Batman em morte cerebral conta com a ajuda do Átomo para salvar uma mulher em perigo.<br />
<i>A Noite não tão Silenciosa da Harley Quinn</i> é um pequeno divertimento de Natal escrito por <b>Paul Dini</b>, o criador da Harley Quinn e (muito bem) ilustrado por Neal Adams, que assim está presente nesta antologia com duas histórias separadas por mais de 40 anos.<br />
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Quem também repete a dose é <b>Tom King</b>, o actual escritor da principal revista do Cavaleiro das Trevas. Antes de se tornar um escritor premiado, com romances na lista de best-sellers do New York Times, Tom King trabalhou como agente da CIA, como oficial de operações de contra terrorismo, tendo estado destacado no Iraque após a queda de <b>Saddam Hussein</b>, experiência que lhe serviu de inspiração para o livro <i>O Xerife da Babilónia</i>, já publicado em Portugal pela Levoir. Tendo tido a ingrata missão de substituir <b>Scott Snyder </b>como escritor da revista principal do Batman, King tem-se saído com distinção desse desafio, conquistando tanto o público como a crítica, através de histórias plenas de humanidade, como as duas que fecham o último volume desta colecção. <i>Alguns Desses Dias</i>, em que King conta com a arte de <b>Lee Weeks</b> e <b>Michael Lark</b>, é uma belíssima história de amor. O amor entre Batman e a Catwoman, desde o seu primeiro até ao último beijo. Já em <i>Força Verdadeira,</i> uma pequena pérola de apenas três páginas, King conta com o basco <b>Mikel Janin</b>, um dos desenhadores habituais da série mensal, para explicar ao leitor o que realmente faz de Batman um herói.<br />
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<b>Publicado originalmente no jornal Público de 20/04/2019</b></div>
JMLhttp://www.blogger.com/profile/00249026308231535636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8142413284629207037.post-61618464819667262792019-04-22T23:56:00.001+01:002019-04-22T23:56:48.537+01:00Batman 80 Anos 9 - O Cavaleiro das Trevas Volta a Atacar Vol 2<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcAPWh7GiE1gSUiZaVMjmhM45wLwB4vQgb2uPKcD7tvnQEBfc6OB-SOaJljd_UW3HnyhhhI5eRyNqILT9ermryxreDNGFSbFpvAQnLrRq3Mj9m_0duGQkDG8wbcGWhwBmaN8V8Tui8zIo/s1600/Batman+9.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="636" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcAPWh7GiE1gSUiZaVMjmhM45wLwB4vQgb2uPKcD7tvnQEBfc6OB-SOaJljd_UW3HnyhhhI5eRyNqILT9ermryxreDNGFSbFpvAQnLrRq3Mj9m_0duGQkDG8wbcGWhwBmaN8V8Tui8zIo/s320/Batman+9.jpg" width="212" /></a></div>
<b>QUANDO A VIDA IMITA A ARTE</b><br />
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<b><br /></b>
<b>80 Anos de Batman Vol 9</b><br />
<b>Batman: <i>O Cavaleiro das Trevas Volta a Atacar </i>Vol 2</b><br />
<b>Argumento e Desenhos – Frank Miller</b><br />
<b>Quinta, 18 de Abril</b><br />
<b>Por + 11,90 €</b><br />
A conclusão do regresso do Batman crepuscular de <b>Frank Miller</b>, concretiza-se neste segundo volume que chega aos quiosques de todo o país na próxima quinta-feira, 18 de Abril. Um volume final, em que a complexa intriga que envolve a maioria dos membros da Liga da Justiça e outros personagens bem mais obscuros da DC se cruza com a dura realidade do ataque terrorista às Torres Gémeas em 11 de Setembro de 2001, que chocou a América e o mundo. Um acontecimento real, que Frank Miller que tinha acabado de regressar a Nova Iorque acompanhou do seu estúdio em Manhattan e que acabou por influenciar decisivamente a evolução desta história. Uma história que começou como uma homenagem de Miller aos heróis e vilões do universo DC, para se tornar, tal como aconteceu com O Regresso do Cavaleiro das Trevas - que espelha o clima dos anos da Guerra Fria, o medo da guerra nuclear e a presidência de <b>Reagan </b>- um reflexo da época em que a história foi feita.<br />
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Como o próprio Miller refere numa entrevista à revista <i>The Comics Journal</i>, o que começou como uma paródia, acabou por se transformar numa tragédia, pelo modo como a vida imitou a arte: “este foi um livro que foi seriamente perturbado, bem a meio da história. Começou como uma brincadeira. Uma coisa do género, “vamos pegar em todos esses personagens do universo DC e construir uma paródia bem divertida”. E então aconteceu o 11 de Setembro e eu tinha acabado de desenhar uma cena em que um Batmóvel voador atravessa um arranha-céus e rebenta com a baixa de Metrópolis. Foi um choque! Não podia continuar a história sem abordar o tema. Por isso, tive de parar e recomeçar adoptando um tom mais sombrio. Não sei bem como, mas apercebi-me que, de certa maneira, em termos dramáticos, quanto mais negra é a história, mais divertida se torna, porque ao fim de algum tempo tens de te rir. Um riso nervoso, mas que não deixa de ser riso, pois é impossível analisar o horror que vivemos de uma forma racional. Então, as ideias visuais começaram a brotar, como a ideia do Batman com as orelhas da máscara partidas e só três dentes. Não resisti a fazer isso.”<br />
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Um dos contributos de Frank Miller neste livro para o universo DC foi a criação de Lana, a filha superpoderosa do Super-Homem e da Mulher-Maravilha. Resultado da união entre os dois mais poderosos heróis da DC, relação essa que se tornará canónica durante a fase dos Novos 52, a personagem de Lana irá ser uma das protagonista de <i>DKIII.: The Master Race</i> a continuação, ainda inédita em Portugal, deste <i>O Cavaleiro das Trevas Volta a Atacar</i>, que assinalou o regresso de Frank Miller após alguns anos afastamento de afastamento, motivado por doença.<br />
Obra tão controversa como incontornável, <i>O Cavaleiro das Trevas Volta a Atacar</i> confirma a vontade de arriscar, por parte de um autor que nunca descansou à sombra dos louros conquistados - e obras como <i>Ronin, 300, O Regresso do Cavaleiro das Trevas, Batman: Ano Um, Sin City</i> e <i>Demolidor: Renascido</i> já seriam mais do que suficientes para lhe assegurar um lugar no panteão dos melhores autores de comics de todos tempos - e que procurou explorar novos caminhos, mesmo que esses caminhos não sejam necessariamente aqueles que a maioria dos seus leitores esperava que ele seguisse.<br />
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<b>Publicado originalmente no jornal Público de 13/04/2019</b></div>
JMLhttp://www.blogger.com/profile/00249026308231535636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8142413284629207037.post-67434835299315382162019-04-18T00:16:00.001+01:002019-04-18T00:16:36.263+01:00Dylan Dog regressa a Portugal em dose dupla<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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Depois do lançamento no Coimbra BD, na presença do autor <b>Fábio Celoni,</b> chegou finalmente esta quarta-feira às bancas <i>O Velho que Lê</i>, primeiro volume de uma Colecção regular dedicada a Dylan Dog, o herói de culto criado por <b>Tiziano Sclavi</b>. Infelizmente, ao contrário do que estava previsto, na quarta-feira anterior já tinha sido distribuído <i>Até que a Morte vos Separ</i>e, o segundo volume desta colecção, cujo lançamento oficial vai ter lugar apenas no último fim-de-semana de Abril, nas Jornadas do Clube Tex Portugal, na presença do desenhador <b>Bruno Brindisi </b>e cuja distribuição em bancas estava prevista apenas para a segunda semana de Maio.<br />
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Ou seja, os nossos planos originais de distribuir <i>O Velho que Lê </i>na segunda semana de Março, logo após ao seu lançamento no Coimbra BD e <i>Até que A Morte vos Separe</i> dois meses depois, foram irremediavelmente alterados, primeiro por um atraso na gráfica, que só conseguiu entregar menos de 100 exemplares de cada volume a tempo do Coimbra BD e depois por um erro da VASP que distribuiu o volume 2 antes do volume 1...<br />
A razão porque vos estou a contar estes pormenores, é porque, mesmo tendo traduzido e prefaciado a maioria das anteriores edições nacionais do detective do pesadelo, publicada pela Levoir, estas edições da G Floy que inauguram a nova Colecção Aleph, dedicada à BD europeia, têm para mim um significado especial, pois é um projecto em que, tanto eu, como o <b>José de Freitas</b> e o <b>Mário João Marques</b>, que traduziu <i>O Velho que Lê</i>, investimos pessoalmente a vários níveis.<br />
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A escolha de uma história do Fábio Celoni para abrir a Colecção prendeu-se com a possibilidade de o podermos ter presente para o lançamento, o que é sempre útil em termos de divulgação e de vendas, mas a qualidade do trabalho de Celoni, um dos raros desenhadores de Dylan Dog que escreve as histórias que desenha, faziam com que ele estivesse na <i>short-list</i> dos autores a publicar. Uma lista onde estão também obviamente <b>Corrado Roi, Giampiero Casertano, Angelo Stano</b> e <b>Giovanni Freghieri.</b><br />
Tivemos a sorte de, além de um grande autor, o Fábio Celoni ser também uma pessoa adorável, de quem podemos dizer que ficámos amigos. Com um traço barroco, em que são visíveis as influências de <b>Alberto Breccia </b>(vejam-se as semelhanças fisionómicas entre Ozra, o velho que dá nome ao livro e Ezra Wiston, o narrador de <i>Mort Cinder</i> de <b>Breccia</b> e <b>Oesterheld</b>) Celoni constrói uma belíssima história sobre o amor à literatura e o drama da solidão na terceira idade, onde não faltam referências a clássicos literários como <i>Moby Dick</i>, <i>O Feiticeiro de Oz</i>, ou <i>Alice no País das Maravilhas</i>, na melhor tradição do próprio Tiziano Sclavi, que nunca se coibiu de encher as suas histórias de referências, sejam literárias ou cinematográficas.<br />
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O mesmo Sclavi que assina a par com o desenhador <b>Angelo Stano</b>, a história que completa este volume, <i>A Pequena Biblioteca de Babel</i>, um pequeno divertimento borgesiano de apenas 16 páginas, tão simples quanto genial, sobre os estranhos acontecimentos que afectam uma pequena aldeia na Cornualha, onde Dylan Dog se encontrava de férias com uma amiga.<br />
Se <i>O Velho que Lê </i>é uma historia em que o fantástico está presente, já <i>Até que a Morte vos Separe</i> é uma história em que os elementos fantásticos estão praticamente ausentes, podendo os poucos que existem ter uma explicação científica, ou não passarem de um sonho de Dylan. Uma característica comum a outra grande história de Dylan Dog, <i>Johnny Freak</i>, assinada pelos mesmos autores - <b>Mauro Marcheselli</b> na ideia original e Tiziano Sclavi no desenvolvimento - que assinaram também outra das minhas histórias preferidas do investigador do pesadelo, <i>Un Lungo Addio</i>, que espero ter oportunidade de publicar em Portugal.<br />
Episódio especial, publicado por ocasião do décimo aniversário da série, <i>Até que a Morte vos Separe</i> é uma história de amor trágico (como são as melhores histórias de amor) que nos desvenda um pouco do passado de Dylan Dog, enquanto era agente da Scotland Yard, ilustrada por <b>Bruno Brindisi</b>, no seu estilo extraordinariamente legível e eficaz, de uma elegância insuperável. Publicada originalmente a cores, optámos por publicá-la a preto e branco, não só por razões económicas, mas também por acharmos que o preto e branco permite apreciar melhor o traço de Brindisi.<br />
Dois livros com características bem diferentes, mas de grande qualidade, que dão bem ideia da diversidade da série Dylan Dog, um clássico de culto italiano, que, aos poucos, começa ter a devida divulgação em Portugal.JMLhttp://www.blogger.com/profile/00249026308231535636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8142413284629207037.post-65899017243551031892019-04-12T11:36:00.000+01:002019-04-12T11:36:12.441+01:00Batman 80 Anos 8 - O Cavaleiro das Trevas Volta a Atacar Vol 1<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh62FNjPDsgdIq6et1awkejuS-3rvt9nqKSSVmgbIX13MY0Dw_6xkZsYi_Qou8FInmVlYo2MXsGLWlk-PpCjKThJTu6BeWLMTSFKAQSyS2_44BBqTtS8BT18tISA_Sq-EhyphenhyphentZiTuamcgjw/s1600/Batman+8.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="616" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh62FNjPDsgdIq6et1awkejuS-3rvt9nqKSSVmgbIX13MY0Dw_6xkZsYi_Qou8FInmVlYo2MXsGLWlk-PpCjKThJTu6BeWLMTSFKAQSyS2_44BBqTtS8BT18tISA_Sq-EhyphenhyphentZiTuamcgjw/s320/Batman+8.jpg" width="205" /></a></div>
<b>O CAVALEIRO DAS TREVAS DE FRANK MILLER REGRESSA </b><br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQYdyujjih0kaf-OOuboeZEEh1djdN0iLV2rIGW5AKit-boS6G4_Q5f4voDft70gNXVrrsWM_1y0sKixwkasCwQBVzCF70oUUTHmD0ezJTG47xMBpN756KsdCWa7cpTJcXfGew4VEEEgw/s1600/Publico+80+Anos+Batman+9.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="868" data-original-width="1267" height="219" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQYdyujjih0kaf-OOuboeZEEh1djdN0iLV2rIGW5AKit-boS6G4_Q5f4voDft70gNXVrrsWM_1y0sKixwkasCwQBVzCF70oUUTHmD0ezJTG47xMBpN756KsdCWa7cpTJcXfGew4VEEEgw/s320/Publico+80+Anos+Batman+9.jpg" width="320" /></a></div>
<b><br /></b>
<b>80 Anos de Batman Vol 8</b><br />
<b>Batman: <i>O Cavaleiro das Trevas Volta a Atacar</i> Vol 1</b><br />
<b>Argumento e Desenhos – Frank Miller</b><br />
<b>Quinta, 11 de Abril</b><br />
<b>Por + 11,90 €</b><br />
Nos próximos dois volumes da colecção dedicada aos 80 anos de Batman, que se cumpriram precisamente no passado dia 30 de Março, vai estar em grande destaque o autor que mais contribuiu para a popularidade do Cavaleiro das Trevas, através de duas histórias absolutamente seminais, publicadas na década de 80, mas que ainda hoje se mantém como clássicos incontornáveis. Essas histórias são <i>O Regresso do Cavaleiro das Trevas </i>e <i>Batman: Ano Um </i>e o seu autor é, como já terão adivinhado, <b>Frank Miller.</b><br />
Depois de ter publicado esses dois clássicos na colecção dedicada aos 75 anos do Homem Morcego, a Levoir lança agora em dois volumes <i>O Cavaleiro das Trevas Volta a Atacar</i>, a inesperada sequela que assinala o regresso de Frank Miller ao universo distópico e futurista de um Batman envelhecido, que regressa ao activo para combater o crime.<br />
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Publicada originalmente entre 2001 e 2002, quinze anos após a publicação da saga original, como uma mini-série em três edições de luxo, <i>O Cavaleiro das Trevas Volta a Atacar </i>surpreendeu aqueles que esperavam uma continuação linear do primeiro Cavaleiro das Trevas. Embora a acção desta sequela decorra apenas três anos depois da aparente morte de Bruce Wayne, no mundo real passaram-se quinze anos. Quinze anos em que o mundo mudou e Frank Miller também, algo que é bem evidente no traço estilizado de Miller, cada vez mais longe do realismo do início da sua carreira, mas sobretudo nas cores de<b> Lynn Varley,</b> habitual colorista - e à época, casada com Frank Miller - que aqui troca as cores a aguarela, que tão bem usou em <i>Ronin</i>, <i>O Regresso do Cavaleiro das Trevas </i>e <i>300</i>, pelas cores digitais do Photoshop. Cores propositadamente artificiais, que acentuam a dimensão artificial desse mundo aparentemente perfeito, onde reina a paz e a harmonia, mas onde até o próprio Presidente dos Estados Unidos da América não passa de um holograma. É essa utopia de fachada que vai ser destruída por um regressado Batman, que vai reunir todos os seus aliados para combater a ameaça de Lex Luthor.<br />
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Outra diferença fundamental de O Cavaleiro das Trevas Volta a Atacar para o seu antecessor, é a presença alargada do panteão da DC, com personagens como Jimmy Olsen, Brainiac, Lex Luthor, Shazam, o Flash, Lanterna Verde, o Átomo, o Questão e Diana, a Mulher-Maravilha, que estiveram ausentes em <i>O Regresso do Cavaleiro das Trevas</i>, a serem fulcrais no evoluir da intriga desta história, em que a Trindade dos maiores Heróis da DC, constituída pelo Batman, Super-Homem e Mulher Maravilha, brilha a grande altura, tal como Carrie Kelley, a Robin de O Regresso do Cavaleiro das Trevas, que se mantém como braço direito do Batman, mas agora enquanto Catgirl.<br />
Se em termos gráficos, o registo escolhido pode não ser consensual, em termos narrativos, não há dúvidas quanto ao virtuosismo de Miller. Basta ver a forma como gere a presença do Batman, que permanece nas sombras durante bastante tempo, para surgir finalmente em toda a sua glória apenas no final do primeiro livro, para voltar a enfrentar o Super-Homem.<br />
<b>Publicado originalmente no jornal Público de 06/04/2019</b>JMLhttp://www.blogger.com/profile/00249026308231535636noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8142413284629207037.post-77237917315640755812019-04-04T19:37:00.000+01:002019-04-04T19:37:51.449+01:00Batman 80 Anos 7 - Batman Black & White: Os melhores Contos Noir<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQTnnAuqqFjIm0TbwM2FgSq7mdEn6HaFpADjnK3jRJU2Zlf7c3eBAHK71ajRwDu_77q1BrnlZ0ohvbUiHq1WAq8UA3x3kq4lFC9Cz5EWOWoiEi_ZSN-rZOKR75EF5RLDzm3NCz5TwAje4/s1600/Batman+7.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="652" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQTnnAuqqFjIm0TbwM2FgSq7mdEn6HaFpADjnK3jRJU2Zlf7c3eBAHK71ajRwDu_77q1BrnlZ0ohvbUiHq1WAq8UA3x3kq4lFC9Cz5EWOWoiEi_ZSN-rZOKR75EF5RLDzm3NCz5TwAje4/s320/Batman+7.jpg" width="217" /></a></div>
<b>Desde que comecei a trabalhar na Devir, em inícios da década de 2000, que me tenho batido pela edição desta série em Portugal, o que esteve quase a acontecer em 2003, no nº 6 da revista <i>Comix</i>, de que era director editorial... se esse número tivesse chegado a sair... Quase vinte anos depois, ele aqui está e eu deixo-vos com o texto que escrevi para o Público a apresentá-lo.</b><br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhR6JBbeMPhlPKWQSV1CxzyzN8zKdeD2nYgzqqgsrvisOCcFSU9bQRpBI_Hm4_YgC6JJg1V4ocWX6aY965QNuXbRASgCDLnqbif9QMM09TH6q_9qtn1w5UpDmiLt2QWWl6Rm1pSEspmu6c/s1600/Publico+80+Anos+Batman+7.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1159" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhR6JBbeMPhlPKWQSV1CxzyzN8zKdeD2nYgzqqgsrvisOCcFSU9bQRpBI_Hm4_YgC6JJg1V4ocWX6aY965QNuXbRASgCDLnqbif9QMM09TH6q_9qtn1w5UpDmiLt2QWWl6Rm1pSEspmu6c/s320/Publico+80+Anos+Batman+7.jpg" width="231" /></a></div>
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<b>UM HERÓI A PRETO E BRANCO</b><br />
<b><br /></b>
<b>80 Anos de Batman Vol 7</b><br />
<b>Batman Black & White – <i>Os Melhores Contos Noir</i></b><br />
<b>Argumento – Vários Autores</b><br />
<b>Desenhos – Vários Autores</b><br />
<b>Quinta, 4 de Abril</b><br />
<b>Por + 11,90 €</b><br />
A colecção dedicada aos 80 anos do Cavaleiro das Trevas prossegue com a publicação, na próxima quinta-feira, dia 4 de Abril, de um volume mítico, <i>Batman Black & White</i>, título perfeitamente elucidativo do conteúdo desta premiada antologia que convidou os melhores desenhadores do mundo dos comics (e não só) a explorarem as imensas possibilidades estéticas e narrativas do preto e branco em histórias de oito páginas.<br />
A ideia, tão brilhante quanto arriscada, pois à época era ponto assente no mundo da edição de comics que o preto e branco não vendia, apesar de honrosas excepções como o <i>Sin City</i>, de <b>Frank Miller</b>, partiu do editor <b>Mark Chiarello</b> que, para além de ter sido editor e director de Arte da DC até há bem pouco tempo, é também colorista e desenhador de BD, tendo assinado títulos como <i>Batman/Houdini: The Devil’s Workshop</i>, uma história da linha Elseworlds escrita por <b>Howard Chaykin</b>. Chiarello, que trabalhou durante 26 anos na DC, antes de ser afastado já em 2019, lembrou-se de criar uma antologia de histórias do Batman a preto e branco, inspirada em revistas como a <b><i>Creepy</i></b> e a <i><b>Eerie</b></i>. Estas revistas da editora Warren, que recuperaram a herança da E.C Comics, de <b>Bill Gaines</b>, publicaram durante a década de 70 alguns dos melhores trabalhos de sempre de autores como <b>Frank Frazetta, Bernie Wrightson, Ricard Corben </b>e <b>Steve Ditko</b>. Histórias incontornáveis, na sua maioria escritas e editadas pelo mítico <b>Archie Goodwin</b>, de quem Chiarello tinha sido assistente na Marvel, antes de vir trabalhar para a DC, e que assina igualmente alguma das histórias de <i>Batman Black & White</i>.<br />
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Para estar à altura dos títulos da editora de James Warren e conquistar os leitores, a antologia editada por Chiarello tinha uma estratégia simples: chamar os maiores nomes da BD de todas as latitudes, muitos dos quais nunca tido qualquer contacto com o Batman, ou com qualquer outro super-herói, para criarem a sua própria versão do Batman.<br />
O resultado foi uma mini-série de 4 números, publicados entre Junho e Setembro de 1996, recolhendo vinte contos <i>noir </i>de oito páginas cada, que inclui no argumento veteranos como <b>Dennis O’Neil</b>, <b>Archie Goodwin, Jan Strnad, Chuck Dixon</b> e <b>Neil Gaiman</b>, para além de grandes nomes da BD mundial que escrevem as próprias histórias, histórias essas que lhes dão a possibilidade de explorar, cada um à sua maneira, os diversos registos possibilitados pelo preto e branco. Em termos gráficos, o elenco é absolutamente de luxo, incluindo desenhadores habituados ao mundo dos comics de super-heróis, como <b>Joe Kubert, Bruce Timm, Howard Chaykin, Walt Simonson, Simon Bisley, Klaus Janson, Matt Wagner, Bill Sienkiewicz, Kevin Nowlan</b>, e <b>Brian Stelfreeze</b>. Artistas com um percurso mais autoral, como <b>Ted McKeever, Kent Williams, Jorge Zaffino, Ted Kristiansen, Gary Gianni</b> e<b> Richard Corben</b>, o mestre da BD <i>underground </i>e figura de proa da revista <b><i>Metal Hurlant, </i></b>que teve aqui a oportunidade de relançar a sua carreira, trabalhando com personagens que não criou, mas a que deu o seu toque pessoal, como o Batman.<br />
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Mas a grande surpresa desta antologia é a presença de autores de outras latitudes, como o japonês <b>Katshuiro Otomo</b>, o mestre da BD e animação japonesa, criador do mítico <i>Akira</i>, o italiano <b>Tanino Liberatore</b>, desenhador de <i>RanXerox</i> e o argentino <b>José Muñoz</b>, criador, com o seu compatriota <b>Carlos Sampayo</b> do detective Alack Sinner e da biografia em BD da cantora <b>Billie Holiday</b>, também já publicada em Portugal numa parceria Público/Levoir. Mas vejamos o que o prório Muñoz disse sobre essa história, numa entrevista que lhe fiz em 2001: “fui contactado por um editor da DC, Marc Chiarello, um tipo muito simpático, que me convidou a escrever e desenhar uma história curta com o Batman. Como não tinha vontade de escrever a história, disse-lhe que falassem com Archie Goodwin, que é um escritor cujo trabalho admiro, para ser ele a escrever a história. Goodwin aceitou e fez-me uma história verdadeiramente por medida! Nunca falei com ele, mas vê-se que estudou o meu trabalho. É uma história de jazz, em que Batman aparece apenas um segundo, na última vinheta.”<br />
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Além dessas vinte histórias curtas, a edição inclui ainda ilustrações de estrelas como <b>Moebius</b> – que escreveu e desenhou uma divertidíssima história, em que fazia uma análise psicanalítica do Batman, que a DC não se atreveu a publicar, tendo acabado por só sair anos depois na revista<b><i> Penthouse Comix</i></b> - <b>Frank Miller, Neal Adams, P. Craig Russel, Jim Lee, Alex Toth</b> e <b>Barry Windsor-Smith.</b><br />
A arriscada aposta de Chiarello acabou por se revelar um sucesso tremendo, ganhando dois prémios Eisner e um prémio Harvey e dando origem a mais três antologias com o mesmo título, publicadas em 2001, 2004 e 2013 e diversas vezes reeditadas. Finalmente, em 2019, os leitores portugueses vão poder descobrir este marco incontornável nas oito décadas de história do Cavaleiro das Trevas.<br />
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<b>Publicado originalmente no jornal Publico de 30/03/2019</b></div>
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