quinta-feira, 28 de junho de 2012
Colecção Heróis Marvel I - os 5 primeiros volumes
A notícia já corre há uns dias pela blogosfera e os cartazes a anunciar a colecção já estão espalhadas um pouco por todo o país. Os super-heróis da Marvel vão voltar aos quiosques nacionais em português de Portugal, já na próxima 5ª-feira, 5 de Julho, numa colecção editada pela Levoir, em colaboração com o jornal Público, que a distribui. A produção é assegurada pela antiga equipa editorial da Devir e eu tenho estado a fazer a revisão e irei traduzir um volume, além de assegurar os textos para o Público sobre a colecção. Tem sido essa a razão porque este blog tem estado mais parado, mas nos próximos tempos, entre os textos para o Público e para As Beiras e outros conteúdos feitos de propósito para o blog, não vão faltar aqui actualizações. Por hoje deixo-vos com a lista dos cinco primeiros volumes da colecção, acompanhados por imagens dos mesmos e pelas biografias dos respectivos autores, escritas para o destacável que o Público vai distribuir no sábado, mas que por questões de espaço, acabaram por não entrar.
Homem-Aranha: Integral Frank Miller
Volume 1 (5 de Julho)
Um dos mais importantes nomes dos comics americanos das últimas décadas, Frank Miller lançou-se nos inícios dos anos 80 nas páginas da revista Daredevil, da Marvel, reformulando de forma brilhante o super-herói cego em histórias notáveis. Mas seria na DC que Miller iria revolucionar os comics americanos, primeiro com Ronin, e depois com Dark Knight Returns e Batman Year One, duas obras-primas, em que Miller redefine o futuro e a origem de Batman. Entre as suas criações mais recentes, destacam-se 300 e a série que redefiniu o policial negro na BD, Sin City, ambas adaptadas ao cinema com sucesso e Holy Terror, uma controversa reflexão sobre o terrorismo islâmico, motivada pelo 11 de Setembro.
X-Men: Filhos do Átomo
Volume 2 (12 de Julho)
Prolífico argumentista norte-americano, Joe Casey trabalhou para as principais editoras americanas, como a Marvel, DC e Image, escrevendo histórias para alguns dos melhores desenhadores do mercado. É o caso dos seus colaboradores neste volume, que além do veterano Steve Rude, desenhador de grande elegância, conhecido sobretudo pela série de ficção científica Nexus, que criou com Mike Baron, incluem o americano Paul Smith, que trocou a animação pelos comics, trabalhando na Marvel desde os anos 80 e o croata Esad Ribic, extraordinário ilustrador que aqui estava a dar os primeiros passos na Marvel, bem conhecido dos leitores portugueses graças às mini-séries Loki e Silver Surfer: Requiem.
Capitão América: A Lenda Viva
Volume 3 (19 de Julho)
Um dos mais prolíficos e famosos desenhadores de super-heróis desde a década de 80, o desenhador americano (apesar de ter nascido em Inglaterra) John Byrne assinou passagens memoráveis pelas séries X-Men e Quarteto Fantástico, tendo sido igualmente responsável pela reformulação do Superman em meados da década de 80. Mas, para muitos leitores é impossível esquecer a sua breve colaboração com Roger Stern na revista do Capitão América, no início dos anos 80. Stern, que tem uma carreira de mais de 30 anos como editor, e sobretudo argumentista, tanto na Marvel como na DC, que inclui Hulk vs Superman, uma das primeiras crossovers (histórias reunindo personagens de diferentes editoras) entre DC e Marvel.
Thor: As Idades do Trovão
Volume 4 (26 de Julho)
Tendo-se estreado na BD nos inícios do século XXI, em editoras independentes, Matt Fraction cedo atraiu a atenção da Marvel que o contratou em 2005. Para além da série Invencible Iron Man, que lhe valeu um Prémio Eisner e o cargo de consultor no segundo filme do Homem de Ferro, Fraction é também o actual argumentista de Thor, responsável pela série mensal e pelas edições especiais como as que este volume reúne. Edições ilustradas por novos talentos, como Patrick Zircher, Clay Mann e Kaare Evans e veteranos, como Dan Bereton e Mike Allred. Um lote impressionante de artistas, a que se junta Cary Nord, desenhador responsável pela renovação de Conan, numa história assinada por Peter Milligan.
Homem-Aranha. A Morte dos Stacy
Volume 5 (2 de Agosto)
Argumentista de BD e de televisão Gerry Conway publicou a sua primeira história aos 16 anos, tendo trabalhado tanto para a Marvel como para a DC ao longo de uma vasta carreira. Com uma carreira de mais de 50 anos, em que trabalhou para as principais editoras americanas e até para o Tintin belga, Gil Kane (1926-2000) foi um dos mais importantes desenhadores de comics e um notável ilustrador, responsável por centenas de capas memoráveis para a Marvel e DC. Referência ainda para a arte-final de uma lenda viva da Marvel, o veterano John Romita, desenhador do Homem-Aranha durante décadas, que aqui passa a tinta com grande elegância, o traço dinâmico de Gil Kane.
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domingo, 17 de junho de 2012
Spirou: QRN sobre Bretzelburgo

Trinta e cinco anos depois da sua primeira (e única) publicação em Portugal, a Asa recupera “QRN sobre Bretzelburgo”, um dos melhores álbuns de sempre da série Spirou e o álbum de Spirou de cujo argumento Greg tinha mais orgulho. Um dos mais prolíficos argumentistas da BD franco-belga, criador de “Comanche” e “Bernard Prince” (para Hermann), “Bruno Brazil” (para William Vance), entre muitos outros álbuns e séries, Greg colaborou também com Hergé e, o que nos interessa neste caso, com Franquin, O seu encontro com Franquin em 1957, altura em que começou a escrever os argumentos de Spirou, ajudando o desenhador que se sentia com cada vez menor inspiração para contar as aventuras do groom aventureiro, deu a Greg uma sólida reputação e prestígio como argumentista, para além de lhe ter permitido colaborar com um extraordinário desenhador, com quem muito aprendeu.


Versão integral do texto publicado no Diário As Beiras de 15/06/2012
sábado, 9 de junho de 2012
Sangue Violeta e outros contos de Relvas

Uma das novidades editoriais lançadas no último Festival de BD de Beja, “Sangue Violeta e outros contos” recupera, quase trinta anos depois da sua publicação original, três histórias feitas por Fernando Relvas para o Jornal “Se7e”, publicação que, após o fecho da edição portuguesa da revista “Tintin” em 1982, serviu de porto de abrigo a Relvas, que aí publicou alguns dos seus melhores trabalhos, durante a maior parte da década de 80 do século XX. Trabalhos como “Sangue Violeta”, Tax Diver” e “Sabina”, que este livro recupera para o público do século XXI e para todos aqueles que, como eu, compravam o “Se7e” por causa do Relvas e ainda guardam algures os recortes dos jornais. Publicadas originalmente entre 1983 e 1984, estas três histórias são bem o exemplo da versatilidade do trabalho de Relvas e da forma como o autor interagia com os leitores do jornal.


Versão integral do texto publicado no "Diário As Beiras" de 08/06/2012
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quinta-feira, 7 de junho de 2012
R.I.P. Ray Bradbury

O escritor Ray Bradbury faleceu ontem, aos 91 anos. Sendo esse o destino natural para um homem da sua idade, não deixa de ser uma notícia triste e uma perda para a cultura mundial. Já tive ocasião de falar neste blog, da paixão de Ray Bradbury pela Banda Desenhada. Uma paixão recíproca, como o provam as inúmeras adaptações à BD dos seus contos e romances. Como é habitual nestas ocasiões, não faltam os depoimentos que evocam o homem e a obra. Aqui está o depoimento de Neil Gaiman ao jornal inglês The Guardian. Mas, para recordar o escritor das Crónicas Marcianas, que era também um homem cheio de sentido de humor, prefiro deixar-vos com este divertido vídeo (não aconselhável a ouvidos mais púdicos...) de Rachel Bloom.
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domingo, 3 de junho de 2012
O Diário de Marco Mendes
Apesar da crise, o mercado editorial da BD mantém-se activo e têm chegado ás livrarias nacionais algumas belas surpresas. A mais recente foi o “Diário Rasgado”, de Marco Mendes, numa coedição da Livraria/Galeria Mundo Fantasma, da distribuidora Turbina e do projecto A Mula, que fixa numa bela edição em capa dura, o principal da actividade de Marco Mendes no campo da BD.
Nascido em Coimbra, em 1978, mas residindo actualmente no Porto, Marco Mendes trabalha como professor na área do desenho e da Banda Desenhada, no Porto e em Guimarães. Enquanto autor de BD e ilustrador, Marco Mendes tem uma vasta produção, dispersa por fanzines e revistas - muitos deles coeditados com Miguel Carneiro, no âmbito do projecto A Mula - e principalmente pelo seu blog, Diário Rasgado, que como o próprio nome indica, funciona como um registo, entre o real e o ficcionado, do dia-a-dia do seu autor.
São precisamente esses trabalhos, publicados no seu blog, entre 2007 e 2012, e em diversos fanzines, que este livro recolhe, num todo coerente, que permite acompanhar a evolução do trabalho de Mendes. E, apesar das diferentes técnicas usadas e da notória evolução do traço, a grande coerência deste livro é a primeira surpresa, pois o embora registo inicial humorístico vá progressivamente dando lugar a um tratamento mais intimista e de grande qualidade plástica, essa evolução surge de forma natural e sem grandes descontinuidades, consequência de um trabalho de edição, que limpa algumas imagens com mais ruído, ajusta as cores para criar uma harmonia com a página do lado e reduz algumas histórias ao esquema dos quatro quadrados por página (um bom exemplo é a história “Superbacana”, inspirada numa canção de Caetano Veloso e que foi originalmente publicado no fanzine “Efeméride”, de Geraldes Lino, numa versão a preto e vermelho e com um vinheta panorâmica inicial, que é suprimida neste livro.
Mas, para mim, o melhor de Marco Mendes está nas belíssimas histórias sem palavras. Momentos contemplativos, ou de reflexão social, que revelam um perfeito domínio da narrativa e uma técnica, pictórica e de desenho, notáveis. Falo de páginas como “Alentejo”, “Saudade”, “Barcelona- Passeig de Gracia”, “Flirt”, Águas Passadas”, ou “Domingo à Noite” (esta última publicada por 3 vezes, no fanzine “Efeméride”, no catálogo da Exposição “Cartografias da Memória e do Quotidiano”, de Guimarães 2012 e neste livro, sem que, em nenhum dos casos a reprodução faça justiça ao desenho original…)
Para além da forma tocante como se expõe, em histórias em que a fronteira entre a ficção e a autobiografia é difusa, o trabalho de Marco Mendes tem o mérito suplementar de contribuir para o desfazer do mito de que os autores de BD autobiográfica não sabem desenhar. Goste-se mais do registo mais espontâneo, a marcador, ou das histórias pintadas, é inegável a qualidade do traço de um autor que (aqui fica o aviso para os leitores de Coimbra) estará na Feira do Livro de Coimbra, este domingo, 3 de Junho, pelas 17h, no stand da Livraria Dr Kartoon, a autografar este belíssimo “Diário Rasgado”.
(“Diário Rasgado”, de Marco Mendes, Mundo Fantasma/Associação Turbina/A Mula, 84 pags,15,90 €)
Versão integral do texto publicado no Diário As Beiras de 02/06/2012
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