terça-feira, 7 de junho de 2011
Marini regressa com As Águias de Roma
Num mercado, como o da BD nacional, em que os números de vendas são tratados como segredos de Estado, a única maneira de atestar o sucesso de uma série, ou autor, é ver se a editora continua a apostar nele, lançando com regularidade os seus livros.
Por esse prisma, o desenhador suíço Enrico Marini, de quem a Asa já publicou em Portugal as séries “Rapaces”, “Gipsy” e “O Escorpião”, tem certamente leitores fieis em Portugal, como o prova a saída, com apenas um mês de diferença dos dois volumes disponíveis de “As Águias de Roma”, série que assinala a estreia de Marini, como autor completo, assinando simultaneamente o texto e os desenhos desta série ambientada no Império Romano na época do Imperador Augusto.
Protagonizada por dois jovens, Marcus, filho de um oficial romano e Ermanamer, filho de um príncipe da Germânia, levado para Roma como refém e rebaptizado Caius Julius Arminius, que são criados juntos como irmãos, a história de “As Águias de Roma” segue esses dois personagens que, é fácil de perceber desde o começo, o destino vai colocar em confronto, tendo como pano de fundo a história de Roma, reconstituída com rigor e detalhe por Marini, aqui ao seu melhor nível em termos gráficos, tanto do desenho, sempre magnífico, como da aplicação da cor.
Apesar do evidente rigor da pesquisa histórica e da reconstituição da Roma Imperial, o ambiente histórico funciona sobretudo como pano de fundo, para uma história de amizade, onde não falta a acção e o sexo.
Ao contrário de uma série como “Murena”, de Dufaux e Delaby, que procura trazer a história de Roma para primeiro plano, Marini dá primazia à acção. E a verdade é que não se sai nada mal, fazendo um trabalho eficiente como argumentista e superlativo como desenhador.
Claro que podemos sempre pensar que esta história poderia ter outra dimensão, se tivesse sido escrita por Dufaux ou Desberg, dois argumentistas com quem Marini já trabalhou (respectivamente, nas séries “Rapaces” e “O Escorpião”) mas, a verdade é que, mesmo sem surpreender, ou muito menos deslumbrar, Marini é bem capaz de contar uma história em BD, sem necessitar de um argumentista.
(“As Águias de Roma I”, de Marini, Asa, 64 pags, 16,50 €
“As Águias de Roma II”, de Marini, Asa, 64 pags, 16,50 €)
Versão integral do texto publicado no Diário As Beiras de 4/06/2011
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