segunda-feira, 30 de maio de 2011
Evocando Paul Gillon (1926 -2011)
Decididamente, este mês de Maio de 2011 está ser particularmente nefasto para os autores de BD. Depois do argumentista argentino Carlos Trillo, e do desenhador e ilustrador norte-americano Jeff Jones, eis que chegou a vez do desenhador francês Paul Gillon nos deixar.
Desaparecido no passado sábado, 21 de Maio, dez dias depois de ter completado 85 anos, Gillon mantinha-se ainda em actividade, estando a desenhar o quarto e último álbum da série “L’Ordre de Ciceron”, um triller judiciário escrito pelo advogado Richard Malka, que deverá ser terminado por François Boucq.
Nascido em 1926, Gillon teve uma carreira tão longa como produtiva, começando a trabalhar como ilustrador aos 17 anos, para nunca mais parar. A sua carreira está ligada às principais revistas e jornais franceses, como Le France Soir, onde publicou durante 13 anos, entre 1959 e 1972 a tira diária "13, Rue de L’espoir", um drama romântico que teve um sucesso estrondoso e revelou o seu talento para o desenho da figura feminina, na linha de Alex Raymond e Stan Drake.
Esteve ligado também às revistas Vaillant, onde se estreou na BD, em séries como “Le Lynx Blanc” e “Fils de Chine”, Pif Gadget, Metal Hurlant e Echo des Savanes, onde publicou “La Survivante”, uma série de ficção científica sobre a última mulher num mundo povoado por robots, que foi recentemente reeditada em França em edição integral e “Jehanne”, uma controversa biografia em BD de Joana D’Arc, que desfaz a imagem da guerreira virgem. Mas a sua obra mais marcante, é “Les Naufrages du Temps”, uma série de ficção científica, a meias com Jean-Claude Forrest, o criador de Barbarella, de que apenas foram publicados em Portugal os 3 primeiros álbuns, pela Agência Portuguesa de Revistas, nos finais dos anos 70 do século XX.
Finalmente, em 2004, os leitores portugueses tiveram um último contacto com a obra de Gillon, através da série “O Decálogo”, a saga criada por Frank Giroud, cujo oitavo volume, “Os Conjurados”, é desenhado precisamente por Gillon. Mais um mestre clássico do desenho realista, tão à vontade na ficção científica, como na BD histórica, que nos deixa, deixando mais pobre a BD franco-belga.
Versão integral do texto publicado no "Diário As Beiras" de 28/05/2011
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