segunda-feira, 17 de junho de 2019

Get Jiro 2: Sangue e Sushi


ANTHONY BOURDAIN EXPLORA O PASSADO DE JIRO 
EM SANGUE E SUSHI

Get Jiro!: Sangue e Sushi
Argumento –Anthony Bourdain e Joel Rose
Desenho – Ale Garza
Sábado, 15 de Junho + 13,90 €
Depois do sucesso do primeiro Get Jiro! que chega precisamente hoje aos quiosques nacionais; Bourdain e Rose perceberam que ainda havia histórias para contar sobre o seu favorito Sushi Man. Foi por isso, que em 2015, decidiram lançar uma prequela, que chegará às bancas no próximo dia 15 de Junho: Get Jiro!: Sangue e Sushi.
Esta viagem ao passado de Jiro, que explica o motivo que o levou a instalar-se nos E.U.A e mostra a sua ligação à Yakuza, a Máfia japonesa, assinala o regresso de Bourdain a uma das suas paixões, a BD, agora num registo diferente.
"Eu até agora tenho tido a oportunidade de brincar com muitos brinquedos diferentes", diz Bourdain do seu trabalho em Get Jiro: Sangue e Sushi. "Ser capaz de voltar à minha adolescência e fazer uma revista de banda desenhada - especialmente uma realmente violenta, sexy e orientada para a comida - é o concretizar de um sonho inacabado."
Se no primeiro livro, Jiro era um herói misterioso, na linha do Homem Sem Nome, interpretado por Clint Eastwood que o inspirou, agora ficamos a conhecer melhor quem é Jiro. Além disso, graças a uma entrevista de Bourdain, ficamos a saber também qual a personagem real em que é baseado. Embora o nome o pareça indicar Jiro Ono, o protagonista do documentário Jiro Dream’s of Sushi, não foi a inspiração para a personagem de Jiro. Essa honra coube a Naomichi Yasuda - fundador do restaurante Sushi Yasuda em Nova Iorque e amigo de Bourdain - um homem habituado a lutar, com as mãos calejadas do Karaté, que depois de criar um dos melhores bares de sushi de Nova Iorque, decidiu regressar a Tóquio e começar tudo de novo.
Se o passado de violência aproxima Yasuda da personagem Jiro, mais uma vez a principal influência de Rose e Bourdain é o cinema. Mais concretamente o cinema de gangster japonês, os Yakuza, seja numa perspectiva ocidental, como no filme Tokio Rain, de Ridley Scott, ou na perspectiva japonesa, expressa em Battles Without Honor and Humanity, de Kinji Fukasaku (uma das principais influências de Quentin Tarantino para o filme Kill Bill) e na trilogia Kuroshakai, de Takashi Miike. Também em termos narrativos, a influência japonesa é evidente, com a narração a apostar muito mais na imagem do que nos diálogos, algo que fica bem patente nas doze páginas da sequência inicial, sem uma linha de diálogo.
Se Joel Rose continua a ajudar Bourdain a dar vida à sua história, no desenho, Langdon Foss dá agora lugar a Ale Garza, mantendo-se o espanhol José Villarubia, colaborador habitual de Alan Moore, nas cores. A mudança de desenhador foi propositada e tem a ver com o diferente tipo de história que o Bourdain queria agora contar. Como o próprio refere: “esta era mais uma história de género existente, por isso estávamos procura de um desenhador com um estilo de manga tradicional, que reflectisse a cultura pop japonesa, do que alguém capaz de criar um universo inteiro, que foi o que Langdon foi fundamental para fazer - todos os detalhes nesta LA distópica do futuro, na sua maioria eram dele. Mas esse não era o tipo de história que estávamos a fazer agora, queríamos um melodrama familiar protagonizado por jovens. Procurávamos um desenhador que pudesse encaixar perfeitamente num estilo particular de estética e de história.”
Esse desenhador é Ale Garza. Cujo estilo dinâmico e com claras influências do manga japonês, mostra facilmente porque o seu nome foi sugerido a Bourdain pelo editor Will Denis.
Última aventura de Jiro, Sangue e Sushi não seria a última incursão de Bourdain  pela novela gráfica, pois o malogrado chef e o seu cúmplice Joel Rose assinaram ainda em 2018, Anthony Bourdain's Hungry Ghosts, uma adaptação de vários contos tradicionais japoneses, por um leque de artistas de peso. Mas essa é uma outra história, que esperemos que o sucesso de Get Jiro! permita também publicar em Portugal.
Publicado originalmente no jornal Público de 08/06/2019

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