Torpedo 1936 – Vol. 5
Argumento – Enrique Sánchez Abulí
Desenhos – Jordi Bernet
Quinta, 01 de Março, Por + 11,90 €
Com a publicação do quinto volume, que chega aos quiosques no próximo dia 1 de Março, termina a publicação integral em Portugal da série original das aventuras de Luca Torelli. Um volume que inclui sete histórias na sua maioria publicadas directamente em álbum em Espanha - das quais apenas duas, As Sete Vidas do Gato e Era Uma Vez na Sicília, não são inéditas em Portugal - para além das biografias de Enrique Sánchez Abulí e de Jordi Bernet e de dois textos sobre a edição de Torpedo em Espanha e em Portugal. O primeiro, de Javier Méson, responsável pelo blogue Toccata y Fuga é dedicado ao percurso editorial da série em Espanha, enquanto o segundo, da autoria de Jorge Magalhães, trata da vida editorial de Torpedo em Portugal, a que Magalhães esteve ligado de forma incontornável.
Embora a data de 1936 se mantenha no título, este é um volume marcado pelos saltos temporais, que inclui recordações da infância de Luca na Sicília e histórias passadas na época da Lei Seca, instituída em 1919, como A Fachada e O Ano que Bebemos Perigosamente e que, na história O Dia da Vingança, dá um salto até à década de 50. Uma história em que Torpedo, depois de ter sido derrotado por Susan em Para Patife… Patife e Meio e A Dama dos Camelos, engendra o que parecia ser o plano perfeito para se vingar da única mulher que lhe fez frente.
Curiosamente, naquela que seria a sua última história de Torpedo, Bernet volta a desenhar Susan, a primeira mulher fatal a que deu vida na sua estreia na série, no episódio Para Patife… Patife e Meio, fechando assim um ciclo, que terminaria oficialmente meses depois, em Dezembro de 2000.
Aquilo que nem a polícia nem a Máfia tinham conseguido, pôr termo à vida do mais amoral dos heróis da BD, fizeram-no os seus próprios autores na sequência de um conflito de personalidades, que acabou por escalar de forma exponencial. Tudo começou quando o cantor espanhol Loquillo dedicou uma música a Torpedo, com letra do argumentista de BD Oscar Aibar, no seu disco Nueve Tragos, referindo na ficha do CD que o personagem era uma criação de Jordi Bernet, sem citar sequer o nome de Abulí. Ao saber que Bernet tinha tido conhecimento do facto ainda antes do disco sair, e nada fez para o alterar, Abulí, enquanto verdadeiro criador de Torpedo, veio pedir explicações a Bernet, numa conversa que, certamente terá azedado.
O escritor chegaria mesmo ao ponto de processar Bernet e Aibar em tribunal, acusando-os de conspiração para o privarem dos direitos sobre a série que tinha criado, numa decisão a que não terão sido alheias as negociações que então decorriam com um estúdio americano para levar Torpedo ao cinema. Mas as coisas não correram bem para Abulí que, além de perder o processo, perdeu a amizade de Bernet. Assim, ficava irremediavelmente desfeita uma das mais populares e eficazes duplas da BD europeia, arrastando consigo a série Torpedo que, embora já não estando no auge da sua popularidade, continuava a ser a Banda Desenhada espanhola mais traduzida em todo o mundo.
Publicado originalmente no jornal Público de 24/02/2018
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