terça-feira, 6 de março de 2012

Finger Paintings: A Nova Iorque de Jorge Colombo

Radicado nos Estados unidos desde 1989, o ilustrador português Jorge Colombo viu recentemente ser editado nos EUA, um livro com as melhores ilustrações de Nova Iorque que fez utilizando a aplicação "brushes" do Iphone. O livro, editado em Setembro de 2011 pela Chronicle Books, recolhe 100 ilustrações de Colombo publicadas (sobretudo) na revista New Yorker, o que tem lógica, pois a primeira capa que Colombo publicou na revista New Yorker, em Junho de 2009 foi também a primeira imagem criada num smartphone a ser usada como capa de uma revista, o que fez dela notícia a nível internacional.
Embora, actualmente, o uso desta aplicação já esteja mais generalizado (o pintor David Hockney também é um utilizador habitual desta aplicação, tanto no Iphone, como no Ipad) o facto de Colombo ter sido o primeiro a usá-la em ilustrações comerciais, garantiu uma grande visibilidade ao seu trabalho, evidente no mini-blog dedicado às ilustrações de Colombo, que a New Yorker criou no seu site.
Uma das mais prestigiadas publicações culturais em língua inglesa, a New Yorker tem mostrado grande abertura em relação à Banda Desenhada, o que não será alheio ao facto de Françoise Mouly, a directora de arte da revista, que é mulher de Art Spiegelman (o criador de Maus) ser uma profunda conhecedora da BD, tendo aberto as páginas e a capa da New Yorker a autores como Mattotti, Loustal, Charles Burns, Chris Ware, Eric Drooker, Max, Adrien Tomine, Jacques Sempé e Daniel Clowes, entre outros grandes desenhadores europeus e americanos.
Antes de se mudar para os EUA em 1989, Jorge Colombo foi director de arte do jornal O Independente, crítico de Banda Desenhada na revista Tintin, no JL e no jornal Se7e e um dos mais conceituados ilustradores portugueses, responsável, entre muitas outras coisas, por uma série de capas memoráveis para editoras como a Teorema. Quando atravessou o Atlântico para ir viver com a sua namorada, a artista Amy Yoes, Colombo viveu em Chicago e São Francisco, antes de se radicarem finalmente em Nova Iorque, em 1998, cidade que tem retratado de forma metódica e apaixonada. Algumas das ilustrações que fez durante os primeiros 10 anos que passou nos Estados Unidos puderam ser vistas em 1999, numa exposição na Bedeteca de Lisboa, servida por um fantástico catálogo em formato de livro de bolso.
A imagem usada para o convite da exposição, que podem ver em cima, faz a ponte com as ilustrações digitais feitas no Iphone, com o traço linha clara e as ecolines sobre papel a darem lugar a uma abordagem mais impressionista, com um curioso efeito de sfumatto. Mas, como uma imagem vale mais do que mil palavras, em vez de vos falar do livro de Colombo, prefiro deixar-vos com um punhado de imagens do mesmo. Enjoy!


2 comentários:

Paulo Azevedo disse...

Um grande ilustrador que ao longo dos anos habituei-me a seguir. Infelizmente não produziu nem produz obra como autor de banda desenhada dado que a sua opção preferencial é a ilustração.

Um abraço.

JML disse...

Olá Paulo. Obrigado pela visita! O Jorge Colombo tem algumas incursões muito ocasionais pela BD. Lembro-me por exemplo de "A Virtude", uma história curta publicada no Se7e em meados dos anos 80. Mas confesso que também gostaria de o ver regressar à BD.