sexta-feira, 14 de maio de 2010
Kick-Ass, da BD para o Cinema
Estreado há pouco mais de 2 semanas em Portugal e ainda em exibição em Coimbra, nos cinemas do Fórum Coimbra, “Kick-Ass” é mais uma adaptação de uma Banda Desenhada que chega ao grande ecrã. Escrita por Mark Millar (que já tinha visto outra série sua, “Wanted”, adaptada ao cinema) e desenhada por John Romita Jr. (com quem Millar já tinha colaborado em “Wolverine Enemy of the State”), “Kick-Ass”, a BD que está inédita em Portugal, aborda o que aconteceria se um adolescente normal sem quaisquer poderes, decidisse seguir o exemplo das histórias que lê nas revistas de comics e combater o crime vestido como um super-herói.
Uma premissa que não é nova, mas que é aqui tratada de uma forma diferente, simultaneamente realista (a violência tem consequências e o herói sofre-as bem na pele), mas cheia de piscadelas de olho aos leitores de comics de super-heróis. A revista, editada pela Icon, a linha da Marvel dedicada aos projectos autorais, foi um enorme sucesso de vendas, precisamente porque os leitores se identificaram com Dave, o adolescente “nerd”, que veste um fato de esqui verde e amarelo e decide combater o crime como Kick-Ass.
Tendo em conta a inacreditável violência da história, representada de forma bastante gráfica, seria difícil arranjar um estúdio disposto a produzir o filme, sem impor grandes alterações, mas também aqui Mark Millar teve sorte, pois Mattew Vaughn, o produtor dos primeiros filmes de Guy Ritchie e realizador de “Stardust”, a partir de um conto de Neil Gaiman, comprou os direitos logo depois de ter lido o argumento dos dois primeiros números. Como o próprio refere: “Estávamos a fazer o filme ao mesmo tempo que os comics iam saindo. Escrevemos o guião em três semanas e filmámos tudo em três meses”
Com Vaughn a adaptar o comic em conjunto com Jane Goldman, com quem já tinha colaborado em “Stardust” e a funcionar também como director e produtor, o filme foi produzido e financiado de forma independente, com o apoio de alguns amigos poderosos de Vaughn, como Brad Pit, que surge como produtor, e só posteriormente se procurou um Estúdio que o distribuísse, o que permitiu manter intactas as características únicas do filme, como a personagem da “Hit-Girl”, uma menina de 11 anos mais mortífera do que um exército de ninjas e com uma linguagem capaz de fazer corar um carroceiro… Se o leitor gostou do “Kill Bill” de Tarantino, irá certamente adorar esta personagem, interpretada de forma espectacular por Chloe Moretz.
Bastante fiel à BD, com excepção do final, bastante menos sangrento e mais pirotécnico no cinema, o filme conta com Nicolas Cage, fã assumido de BD que, depois do Superman de Tim Burton que nunca passou da pré-produção, e do papel principal no indigente “Ghost Rider”, tem finalmente oportunidade de concretizar o sonho de fã e entrar num bom filme baseado numa BD, desempenhando o papel de Big Daddy, um ex-polícia que, incentivado pelo exemplo de Kick-Ass, decide arranjar um fato de super-herói e combater o crime pelas próprias mãos.
Se o personagem de Kick-Ass tem o Homem-Aranha como inspiração óbvia (mas sem os grandes poderes que trazem grandes responsabilidades), já o Big Daddy é uma mistura de Punisher e Batman, aspecto que o uniforme usado no filme acentua.
Filme de fãs de BD, feito para fãs de BD, Kick-Ass é um excelente e contagiante divertimento, que tem o grande mérito de não se levar demasiado a sério. Se puderem leiam também o livro de Millar e Romita Jr, mas isso não é indispensável para poder apreciar o filme de Mattew Vaughn.
(“Kick-Ass: O Novo Super-herói”, de Mattew Vaughn, com Nicolas Cage, Aaron Johnson e Chloe Moretz, EUA/GB, cor, 117 min)
Versão integral do texto publicado no Diário As Beiras de 8/05/2010
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4 comentários:
Caro Bluum, se vir o Kill Bil Parte 1, vai ver que o nível de violência do filme de Tarantino é capaz de ser até superior ao de Kick Ass.
Acho que a ideia era mesmo essa. Surpreender o leitor (ou no caso do filme, o espectador)com uma miudinha de ar adorável capaz de chacinar um bando de homens armados. Mas, curiosamente, nos EUA, mais do que a violência, o que chocou as pessoas foi os palavrões que a Hit-Girl dizia...
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