domingo, 21 de fevereiro de 2010

A Herança de Bois-Maury: Vassya


Depois das histórias de piratas em “O Diabo dos 7 Mares”, Hermann regressa à aventura histórica com “Vassya”, mais um volume de “A Herança de Bois-Maury”, escrito pelo seu filho Yves H. e que a Vitamina BD lançou em Portugal em finais de 2009.
Nascida em 1984 nas páginas da revista Circus, a série “As Torres de Bois-Maury” compreende um ciclo inicial de 10 álbuns (dos quais apenas 3 foram publicados em Portugal pela Meribérica) dedicados à gesta de Aymar de Bois Maury, cavaleiro sem terra que parte para as Cruzadas para conseguir os meios que lhe possibilitem reconquistar as terras que lhe foram roubadas e recuperar as Torres de Bois-Maury, que considera como “as mais belas da cristandade”. Terminado o primeiro ciclo com a morte de Aymar, Hermann resolveu voltar à Idade Média, para contar, em histórias autónomas, passadas em diferentes épocas, o destino de outros membros da linhagem de Bois Maury, também chamados Aymar, na série “A Herança de Bois-Maury, de que este “Vassya” é o 4º volume e o 3º publicado em Portugal (o 1º título deste novo ciclo, “Assunta”, nunca teve edição portuguesa).
Tendo como cenário as estepes da Rússia meridional, em meados do Século XVII, o argumento de “Vassya” tem como pano de fundo um episódio pouco conhecido da história da Rússia, envolvendo Grigori Otrepiev, um impostor que se vai fazer passar por Dimitri, o filho de Ivan, o Terrível, que tinha sido assassinado, e que, com o auxílio dos cossacos e do exército polaco, onde milita um descendente de Aymar de Bois-Maury, vai conseguir conquistar o poder e ser coroado Czar, entrando para a história como o “falso Dimitri”.
Mas esses acontecimentos históricos são apenas o mero pretexto para uma história de amor contrariado entre Aymar e Douniachka, uma bela russa que irá pagar caro a relação com Aymar. Mais uma vez, o argumento de Yves H., embora eficaz, está longe de entusiasmar, ou surpreender, ficando uns bons furos abaixo do que assinou para “Rodrigo”, primeiro álbum da “Herança de Bois-Maury” que escreveu.
Resta, como sempre, o notável trabalho gráfico de Hermann, igual a si próprio, em termos estéticos e narrativos, para salvar o livro. Veja-se a sequência inicial muda, em que acompanhamos um insecto pela aldeia destruída, ou a forma como contorna a monotonia da paisagem, com o tratamento espectacular dos céus, ou as pinceladas de cor que as flores silvestres dão aos campos. Mas até a esse nível, dá a ideia que a impressão do livro, demasiado escura, não faz inteira justiça ao trabalho de Hermann, sobretudo quando comparado com as páginas de apresentação do livro reproduzidas no site do autor,
“A Herança de Bois-Maury: Vassya”, de Hermann e Yves H., Vitamina BD, 48 pags, 12,50 €)
Versão integral do texto publicado no Diário As Beiras de 20/02/2010

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