Ainda a colecção Bonelli não terminou e já aí está mais uma colecção de Novelas Gráficas. Aqui vos deixo com os textos que escrevi para o destacável de apresentação da colecção, que volta a sair com o Público do próximo sábado.
NOVELA GRÁFICA ENTRE A ARTE, A LITERATURA E A VIDA
Numa entrevista que lhe fiz em 2001, José Muñoz, o desenhador da biografia em BD da cantora Billie Holliday que a Levoir e o PÚBLICO editaram em 2015 e um dos maiores artistas argentinos vivos, referia como, através da arte em geral e da BD em particular é possível sublimar: “a tremenda injustiça da história humana, que é uma história não ilustrável, a história de uma atracção fatal pelo sangue. A Banda Desenhada trata de separar-se da história da humanidade e melhorá-la, porque a história humana é pouco interessante. Está mal escrita! Quando fazemos BD, tentamos buscar um consolo do desastre que o ser humano protagoniza ao longo de milénios, na sua relação com o outro. Isso faz parte do aspecto terapêutico do nosso trabalho, que funciona como uma catarse e um refúgio em relação à consciência que temos, de que somos tão humanos e injustos como os outros e que, embora a história humana careça de sentido, viver é maravilhoso!”
Essa capacidade da arte e da literatura reflectirem sobre a vida e a existência humana, está presente de diferentes formas nesta nova colecção de Novelas Gráficas. Uma colecção que se inicia com o incontornável Jiro Taniguchi, desaparecido cedo demais em 2017, que nos traz, no seu formato original de leitura à japonesa, Os Guardiões do Louvre, uma ficção alegórica com uma grande dimensão autobiográfica, onde o autor assume a importância da pintura europeia no seu trabalho.
Já Aqui Mesmo, de Forest e Tardi, para além da sua dimensão surreal e metafórica, onde não faltam as piscadelas à própria BD (veja-se o livro do Mickey que Arthur se obstina em guardar até ao fim) revela sobretudo o aproveitar da liberdade que um espaço como a revista (A Suivre) oferecia aos seus autores, permitindo-lhes, nas palavras do próprio Forest: “evitar muitos dos constrangimentos impostos à BD, por razões editoriais ou económicas. Para o diabo com as histórias recortadas em episódios regulares, com finais falsos, com o número de páginas limitado, com os heróis e anti-heróis. E para o diabo sobretudo com a pior das escravaturas (por ser a mais insidiosa), a que conduz um autor a agarrar-se a um género bem definido, bem repertoriado: F.C., humor, aventura, erotismo, etc...”
O Fantasma de Gaudí, de El Torres e Jesús Alonso Iglesias, dois estreantes nestas colecções, parte de um género codificado, o romance policial, para mostrar como a arquitectura de Gaudí marca a cidade de Barcelona e os seus habitantes. Em Calipso, o seu mais recente trabalho, o suíço Cosey, galardoado com o Grande Prémio de Angoulême em 2017, escolhe a sua Suíça natal, que já tinha sido cenário de Em Busca de Peter Pan, para palco de uma história de amor crepuscular, marcada pela sombra de Hollywood.
Em O Farol e O Jogo Lúgubre, as duas histórias que assinalam o regresso do nosso bem-conhecido Paco Roca, é a homenagem à literatura que une as duas histórias. Seja a Odisseia, as Mil e Uma Noites e As Viagens de Gulliver, em O Farol, seja o Drácula de Bram Stoker, que dita a estrutura de O Jogo Lúgubre.
Já Bastien Vivès, depois da dança em Polina, opta em Uma Irmã, por um registo mais quotidiano e intimista, numa história sobre o despertar sexual de um adolescente, confirmando a grande sensualidade e eficácia do seu traço único, feito de simplicidade e elegância.
Já Pénélope Bagieu conta de forma sintética e divertida a história de 15 mulheres destemidas, em As Destemidas, livro que conheceu um incrível sucesso em França e que, depois de Zeina Abirached em 2016, assinala o regresso de uma mulher à colecção Novela Gráfica. Em Tatuagem, é um herói clássico da literatura policial, o detective Pepe Carvalho, de Manuel Vázquez Montalbán, para quem a gastronomia é também uma forma de arte, que ganha vida através da escrita de Hernán Migoya e do desenho de Bartolomé Seguí, o ilustrador de Histórias do Bairro, talvez o melhor título da colecção de 2017.
Em Gente de Dublin, do espanhol Alfonso Zapico, mais uma vez a história e a literatura andam de braço dado, na bem documentada biografia em BD do escritor James Joyce. Literatura que está na origem de O Jogador de Xadrez, a sumptuosa adaptação do último romance de Stefan Zweig feita por David Sala, em que o tabuleiro é uma metáfora de outros combates bem mais sangrentos, cujas recordações levaram Zweig a pôr termo à sua vida, pouco tempo depois de ter escrito este livro.
Em O Último Recreio, obra maior da prestigiada dupla de autores argentinos, Horacio Altuna e Carlos Trillo, a ficção científica distópica serve de metáfora à crueldade do género humano, enquanto que em Novembro, obra inédita do espanhol Sebastià Cabot, a complexidade das relações humanas e os altos e baixos de uma ligação amorosa estão no centro de uma história simples, em que as referências cinematográficas e musicais pontuam a história.
REGRESSOS E ESTREIAS
As colecções de Novelas Gráficas que o PÚBLICO e a Levoir têm lançado anualmente desde 2015, têm-se caracterizado por duas filosofias complementares: por um lado, dar a descobrir finalmente aos leitores portugueses alguns dos clássicos na Nona Arte que permaneciam inéditos em Portugal, décadas após a sua publicação original; e, por outro lado, acompanhar a actualidade em termos de edição, divulgando as novas tendências e as mais recentes obras de autores que, pela singularidade do seu trabalho, souberam marcar o seu espaço no campo da Novela Gráfica.
Estão nesta primeira categoria obras intemporais, como Um Contrato com Deus, de Will Eisner, Mort Cinder, de Oesterheld e Breccia, Sharaz De, de Toppi, Em Busca de Peter Pan, de Cosey, A Garagem Hermética, de Moebius e Ronin, de Frank Miller, entre muitos outros. Enquadram-se na segunda categoria, autores como Paco Roca, Bastien Vivès, Miguelanxo Prado ou Asaf Hanuka, e livros como Histórias do Bairro, Presas Fáceis, ou O Idiota.
E é precisamente neste equilíbrio entre classicismo e modernidAqui Mesmo, um clássico incontornável da BD europeia, em colaboração com o seu amigo Jean-Claude Forest, o criador de Barbarella. Outro grande nome da BD europeia que regressa a esta colecção é o suíço Cosey, Grande Prémio de Angoulême em 2017, que surpreende os seus leitores com uma incursão pelo preto e branco em Calipso, o seu mais recente trabalho.
ade, regressos e estreias que se faz esta nova colecção de Novelas Gráficas. Uma colecção que abre justamente com Jiro Taniguchi, o mais europeu dos desenhadores japoneses e figura tutelar nestas diferentes colecções, com a excepção da colecção de 2017, o ano da sua morte. Um trágico acontecimento, que não impede que a sua obra permaneça bem viva e ainda com muito por descobrir pelos leitores portugueses. Também de regresso está Tardi, com
Igualmente presente com o seu mais recente trabalho está Bastien Vivès, o jovem prodígio da BD francesa, que nos traz Uma Irmã, uma belíssima história de iniciação sexual. Paco Roca, um dos mais importantes criadores espanhóis da actualidade, também não podia faltar, com a recuperação de O Farol e o Jogo Lúgubre, duas histórias do autor valenciano que estavam inéditas em português. O último regresso desta colecção é o do desenhador espanhol Bartolomé Seguí, o desenhador de Histórias do Bairro, que agora ilustra uma adaptação feita por Hernán Migoya de um romance de Manuel Vázquez Montalbán.
No campo das estreias, além de uma dupla de autores argentinos, Carlos Trillo e Horacio Altuna, que nos trazem o clássico O Último Recreio, temos dois criadores franceses: David Sala, com uma deslumbrante adaptação de O Jogador de Xadrez de Stefan Zweig e Pénélope Bagieu, com As Destemidas, biografias em BD de uma série de mulheres que marcaram o seu tempo. Finalmente, e como já vem sendo tradição, o maior número de estreias vem da vizinha Espanha, com autores como Jesús Alonso Iglesias e El Torres, que assinam O Fantasma de Gaudí, um triller ambientado em Barcelona, Alfonso Zapico, com Gente de Dublin, uma biografia em BD do escritor James Joyce e Sebastià Cabot, que encerra a colecção com Novembro, obra publicada nesta colecção em estreia mundial.
DOS CLÁSSICOS ILUSTRADOS À LITERATURA DESENHADA
Se há género com grande tradição ao longo da história da Banda Desenhada, esse género é a adaptação de obras literárias, mesmo que a forma como essas adaptações são feitas tenha naturalmente evoluído.
Perante as adaptações à BD de textos literários, as opiniões tendem a dividir-se. Enquanto alguns as consideram como desajustadas, por redutoras do texto literário, outros salientam a sua importância como forma de dar a conhecer aos mais novos, ou àqueles menos atreitos à leitura, obras que de outra forma nunca conheceriam, podendo estas adaptações abrir o apetite para a leitura dos textos originais adaptados. Foi essa a abordagem dominante durante bastante tempo, tanto nos Estados Unidos, com a Colecção Classics illustrated, como na Europa. Portugal, naturalmente, não foi excepção, especialmente a partir da década de 50 do século XX, quando as Instruções sobre a Literatura Infantil, legislação que impunha sérios limites aos temas que era permitido tratar em Banda Desenhada, veio dar um impulso decisivo a este tipo de adaptações. Essa limitação veio dar origem ainda assim a trabalhos muito interessantes, como as adaptações que Eduardo Teixeira Coelho fez dos contos de Eça de Queirós, ou o Beau Geste, ou a Ilha de Tesouro, de Fernando Bento.
Apesar da indiscutível qualidade de muitas dessas adaptações mais “clássicas”, não podemos deixar de ter em conta que a literatura e a BD são duas formas de linguagem diferentes, com códigos narrativos distintos, estando a BD, enquanto linguagem visual, bastante mais próxima do cinema.
Mesmo tendo como ponto de partida uma obra literária, uma Banda Desenhada deve obedecer às suas características narrativas próprias, algo praticamente impossível quando se pretende manter inalterável o texto original. Quando isso acontece, estamos perante uma adaptação falhada, ou perante um texto ilustrado, que acaba por não ser verdadeiramente Banda Desenhada. Mantendo-nos ainda no caso português, basta comparar a adaptação que José Ruy fez dos Lusíadas, em que manteve a totalidade do texto de Camões, com resultados narrativa e esteticamente discutíveis, com a abordagem bastante mais livre de Diniz Conefrey a três textos de Herberto Helder em Os Labirintos da Água.
Um dos objectivos do formato Novela Gráfica tem sido precisamente desenvolver a dimensão literária da Banda Desenhada. Hugo Pratt, que também ele adaptou à BD obras literárias como A ilha do Tesouro, de Robert Louis Stevenson, ou Sandokan de Emílio Salgari, mais do que como BD, termo que ele achava desadequado, preferia definir o seu trabalho como “Literatura Desenhada”, para salientar a carga literária que ele pretendia trazer para as suas histórias. O nível de abstracção superior ao do cinema que o desenho permite, possibilitou a Alberto Breccia nas adaptações que fez dos contos de H. P. Lovecraft, “traduzir o intraduzível e representar o irrepresentável”, encontrando assim a tradução visual adequada para os horrores que as personagens de Lovecraft não se atreviam sequer a recordar. Do mesmo modo, se compararmos as adaptações que Breccia fez dos contos de Edgar Alan Poe, com o trabalho feito por outros autores, como Richard Corben, ou Horácio Layla a partir dos mesmos textos, verificamos que a marca autoral é importantíssima.
Resumindo, para uma adaptação bem conseguida, respeitando a obra original, cabe ao autor reinventá-la, integrando-a no seu próprio universo criativo. Depois de na primeira colecção de Novelas Gráficas termos tido a reinterpretação que Toppi fez das Mil e Uma Noites, em Sharaz De, na última colecção, tivemos mais um bom exemplo com a adaptação radical que André Diniz fez de O Idiota, em que teve coragem para praticamente abdicar do texto de Dostoiévski, numa adaptação em que a história do romance do prestigiado escritor russo era contada de forma visual.
Nesta quarta série das Novelas Gráficas, além de uma biografia em BD do escritor James Joyce, em que a sua vida e obra se fundem e confundem, temos duas adaptações literárias distintas. O Jogador de Xadrez, em que o francês David Sala dá vida e cor à última obra de Stefan Zweig, indo beber à pintura de Gustav Klimt para criar páginas visualmente deslumbrantes, graças a um notável trabalho de aguarela. E Tatuagem, a primeira aventura do detective Pepe Carvalho, em que Hernán Migoya adaptou o romance de Montalbán, com Bartolomé Seguí, num estilo gráfico distinto ao usado em Histórias de Bairro, a dar um rosto definitivo ao detective, que até aqui vivia apenas na imaginação dos leitores.
A COLECÇÃO
1 – Os Guardiões do Louvre
06 de Junho
Argumento e Desenhos – Jiro Taniguchi
Um desenhador japonês, de passagem por Paris, decide visitar o Museu do Louvre. Uma visita que se revelará surpreendente, ao cair num limbo onírico, entre o sonho e a realidade, que lhe permite entrar em contacto com os misteriosos Guardiões do Museu, que incluem uma Vitória de Samotrácia que ganha vida, e pintores como Corot, Van Gogh e Asi Chu. Com eles, faz uma viagem pela história do Louvre, onde não podia faltar Jacques Jaujard, o director do Museu que salvou as obras de arte do Louvre da pilhagem dos nazis, durante a Segunda Guerra Mundial
Jiro Taniguchi, o único autor japonês galardoado com dois prémios no Festival de Angoulême, depois de O Diário do meu Pai e Terra de Sonhos, regressa à colecção Novela Gráfica com aquele que foi o seu último livro para o mercado francês.
2 – Aqui Mesmo
13 de Junho
Argumento – Jean-Claude Forest
Desenhos –Tardi
A história surreal e satírica de Arthur Même que mora nos muros e pretende recuperar as terras que lhe foram usurpadas pelos seus primos, é uma metáfora do mecanismo do mundo, das certezas, das dúvidas, das inquietudes e do destino. Aqui Mesmo foi um dos títulos fundadores da revista francesa (À Suivre) em 1978, tendo feito a capa do primeiro número e vencido o prémio de melhor argumento no Festival de Angoulême de 1980.
Jean-Claude Forest, foi o criador de Barbarella, a sua mais conhecida personagem, levada ao cinema por Roger Vadim e interpretada por Jane Fonda. Em 1983 foi galardoado com o Grande Prémio de Angoulême. Quanto a Tardi, depois de Foi Assim a Guerra das Trincheiras em 2015, regressa à colecção Novela Gráfica com este clássico do roman BD elaborado em perfeita cumplicidade com Forest.
3 – O Fantasma de Gaudí
20 de Junho
Argumento – El Torres
Desenhos – Jesús Alonso Iglesias
Antonia, uma empregada de supermercado salva um idoso de ser atropelado e a partir desse momento desencadeia-se uma série de terríveis acontecimentos. Nos monumentos do célebre arquitecto catalão Anton Gaudí aparecem cadáveres mutilados de forma estranha e violenta. A polícia fica perplexa, e Antonia continua a afirmar que viu o fantasma de Gaudí.
A Barcelona de Gaudí serve de pano de fundo para O Fantasma de Gaudí, thriller policial com a dose certa de intriga, terror, paixão e loucura.
Um dos mais prolíficos e prestigiados argumentistas espanhóis da actualidade, considerado como o “Mestre do terror”, El Torres tem obras publicadas em França, Alemanha, Japão e Estados Unidos. O ilustrador Jesús Alonso, licenciado em Belas Artes pela Universidade de Madrid, tem no seu percurso profissional, trabalhos em animação, publicidade e em projectos de BD para editoriais espanholas e francesas.
4 – Calipso
27 de Junho
Argumento e Desenhos – Cosey
Gus e seu amigo Pepe assistem na televisão à retransmissão de Calipso, filme mítico protagonizado pela actriz Georgia Gould. Na realidade, Georgia Gould não é outra senãooutro senão Georgette Schwitzgebel, com quem Gus viveu uma ardente paixão. Mais tarde, no jornal local, Gus descobre que a Geórgia está de volta à SuiçaSuíça, na luxuosa e discreta clínica Edelweiss, especializada no tratamento de adições. Quando a visita, Gus fica convencido de que o amor da sua juventude está completamente dependente do marido, que controla a sua fortuna. É então que ela lhe propõe que ele a rapte para exigir um resgate, que lhes permita regressar a Nova Iorque. Mas as coisas acabam por não correr como previsto…
Cosey, o criador de Jonathan e de Em Busca de Peter Pan, vencedor do Grande prémio Prémio de Angoulême de 2017, regressa à colecção Novela Gráfica com o seu mais recente trabalho, num surpreendente registo de preto e branco de alto contraste.
5 – O Farol e O Jogo Lúgubre
04 de Julho
Argumento e Desenho – Paco Roca
Francisco é um jovem soldado republicano que tenta escapar da guerra civil. Na sua fuga, ele vai chegar a um lugar isolado, apenas com o mar e a companhia do faroleiro, Telmo, que o vai guiar numa jornada iniciática pelos clássicos da aventura. O Farol é uma homenagem de Paco Roca às aventuras de sua infância, uma canção em favor da liberdade e da imaginação.
Em O Jogo Lúgubre, Jonás chega a Cadaqués (Girona) em busca de um lugar tranquilo, mas uma atmosfera de mistério envolve a pequena vila de pescadores. Os seus habitantes estão assustados com o pintor que vive na praia de Port Lligat. Salvador Deseo, o pintor surrealista catalão, que passa pelo seu estágio criativo mais excêntrico e brilhante.
Paco Roca, o premiado autor de O Inverno do Desenhador, A Casa e Os Trilhos do Acaso, regressa à colecção Novela Gráfica com duas das suas primeiras novelas gráficas, em que já era evidente todo o seu talento e sensibilidade.
6 – Uma Irmã
11 de Julho
Argumento e Desenho – Bastien Vivès
Antoine, de 13 anos, está de férias em família numa casa à beira-mar. Desenha, caça o caranguejo com seu irmão mais novo, Titi, saboreando um verão sem história, até aparecer Helen, de 16 anos, que vem passar alguns dias com a mãe dele. Entre os dois adolescentes rapidamente se vai estabelecer um lapso singular, que vai tornar estas férias verdadeiramente inesquecíveis para Antoine, cuja sexualidade vai despertar graças à sensualidade transbordante de Helen.
Bastien Vivès, o jovem prodígio da BD franco-belga, co-criador da popular série Last Man e autor de Polina, regressa à colecção Novela Gráfica com o seu mais recente trabalho, uma polémica história de iniciação amorosa.
7 – Destemidas
18 de Julho
Argumento e Desenhos – Pénélope Bagieu
Clémentine Delait, mulher barbada, Agnodice, ginecologista da Antiguidade, Delia Akeley, exploradora americana, Annette Kellerman, nadadora responsável pela introdução do fato de banho feminino, ou Leymah Gbowee, liberiana, vencedora do Prémio Nobel da Paz em 2014. Estas são algumas das quinze mulheres singulares, cuja biografia Pénélope Bagieu retrata neste livro, que começou em 2016 num blog do jornal francês Le Monde, em que todas as segundas-feiras Pénélope Bagieu colocava online a biografia de uma mulher destemida.
Pénélope Bagieu tem um bacharelato em Artes Decorativas, divide a sua actividade entre a BD, a animação e uma banda rock de que é baterista. Mas foi precisamente a sua actividade na BD, seja nos blogs ou em livro, que lhe valeu o grau de Cavaleiro de Artes e Letras, atribuído pelo Ministério da Cultura francês, em 2013.
8 – Tatuagem
25 de Julho
Argumento – Hernán Migoya (a partir do romance de Manuel Vázquez Montalbán)
Desenho – Bartolomé Seguí
Numa praia de Barcelona aparece o cadáver de um homem novo, com a cara comida pelos peixes e uma tatuagem na omoplata com a frase “Nasci para revolucionar o inferno”. Esse é o ponto de partida da primeira aventura de Pepe Carvalho, o detective galego criado pelo escritor Manuel Vázquez Montalbán, que o vai levar das ramblas de Barcelona aos canais de Amesterdão, para desvendar a identidade do misterioso homem.
Hernán Migoya, um dos mais prestigiados escritores e argumentistas espanhóis, junta-se a Bartolomé Segui Seguí (o desenhador de Histórias do Bairro) para dar vida a um dos mais carismáticos detectives da literatura policial.
09 – Gente de Dublin
01 de Agosto
Argumento e Desenhos – Alfonso Zapico
Gente de Dublin é um romance gráfico centrado na vida de James Joyce que passa pelos momentos, conversas, dificuldades e aventuras que ajudaram a construir a personalidade e a carreira de uma das grandes figuras do século XX. Fruto de um exaustivo trabalho de documentação, esta história, polvilhada com muitas anedotas, é também uma viagem cativante de comboio através de Dublin, Trieste, Paris e Zurique, as cidades por onde passou o escritor irlandês. Um percurso movimentado, onde Joyce se cruza com personalidades como Henrik Ibsen, WB Yeats, Ezra Pound, HG Wells, Bernard Shaw, TS Eliot, Virginia Woolf, Paul Valéry, Marcel Proust, Ernest Hemingway, Samuel Beckett, Sergei Eisenstein, Henri Matisse, André Gide, Le Corbusier e até Lenine.
Este trabalho valeu ao desenhador e ilustrador asturiano o Prémio Nacional del Comic, a mais elevada distinção espanhola para uma novela gráfica, no ano de 2010.
10 – O Jogador de Xadrez
08 de Agosto
Argumento – David Sala (a partir do romance de Stefan Zweig)
Desenhos – David Sala
Nos tranquilos salões de um paquete em viagem para a Argentina, o campeão do mundo de xadrez defronta numa última partida, a um aristocrata vienense cujo incrível domínio do jogo nasceu do isolamento forçado, durante o domínio nazi. Esta denúncia esmagadora e desesperada da barbárie nazi, foi o l último texto escrito por Stefan Zweig antes de se suicidar, a partir do qual David Sala realizou esta adaptação que a revista L’Express classificou como sumptuosa.
Nascido em Décines, perto de Lyon, em 1973, David Sala não é estranho às adaptações à BD de obras literárias, pois com a colaboração de Jorge Zentner, publicou a serie Nicolás Eymerich, inquisidor, uma adaptação de uma novela de Valerio Evangelisti.
11 – O Último Recreio
15 de Agosto
Argumento – Carlos Trillo
Desenhos – Horacio Altuna
Num mundo pós-apocalíptico, em que foi detonada uma bomba cujos efeitos devastadores atingem apenas aqueles que atingiram a maturidade sexual, os adultos desapareceram e os únicos sobreviventes são as crianças. Num ambiente sem outras regras para além das que se possam impor pela força e violência, aos sobreviventes resta apenas escolher se querem ser vítimas, ou executores.
Inocência e crueldade em partes iguais num ambiente sem limites, que evoca o Senhor das Moscas, de William Golding.
Carlos Trillo, um dos mais importantes argumentistas argentinos de sempre, que colaborou com os maiores desenhadores do seu país, faz com Horácio Altuna uma equipa de enorme eficácia e cumplicidade, responsável por obras-primas como este O Último Recreio, o trabalho mais prestigiado da dupla.
12 – Novembro
22 de Agosto
Argumento e Desenhos – Sebastià Cabot
Gus é um escritor novato que trabalha em uma antiga loja de discos e tem problemas para estabelecer relacionamentos sérios até conhecer Clara, uma recém-licenciada em artes, que está a tentar assumir o controle de sua vida e parar de dormir no sofá de da sua melhor amiga, Lucia, uma viciada em redes sociais que está constantemente a mudar de namorado.
Na primeira parte do livro, vemos como Gus e Clara se encontram e acabam se apaixonando. A segunda parte da história é passada três anos depois, quando a sua relação se aproxima do fim.
Novembro é uma história que tenta falar sobre separação, solidão e incomunicação na sociedade contemporânea, com um toque retro dado pelas referências ao cinema noir clássico e à música jazz.
Sebastià Cabot, autor de BD e ilustrador, nascido e radicado em Palma de Maiorca, tem nesta colecção a estreia a nível mundial de Novembro.
Publicado originalmente no jornal Público de 06/06/2018
quarta-feira, 6 de junho de 2018
Apresentação da colecção Novela Gráfica - Série IV
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