sábado, 18 de junho de 2016

Novela Gráfica - Série II - Apresentação da colecção


A NOVELA GRÁFICA REGRESSA AO PÚBLICO 

Os leitores pediram e o Público fez-lhes à vontade com a publicação, já a partir da próxima quinta-feira, da Série II da colecção Novela Gráfica, que chega às bancas a 16 de Junho. São quinze títulos, na sua grande maioria assinados por autores que não integraram a primeira colecção, mas onde há ainda espaço para o regresso de nomes de peso, como Jiro Taniguchi e Altarriba e Kim, os grandes vencedores dos galardões para a melhor BD estrangeira publicada em Portugal, atribuídos pelo Festival da Amadora e pela Comic Con, com O Diário do meu Pai e A Arte de Voar, respectivamente. Também de regresso, está Moebius, desta vez a solo, com A Garagem Hermética, um dos títulos marcantes de uma carreira incontornável.
Nas estreias, destaque para Zeina Abirached, a primeira mulher publicada na colecção Novela Gráfica, corrigindo uma lacuna da colecção anterior, com a Dança das Andorinhas e para o lançamento, quase em simultâneo com a edição original, de Presas Fáceis, de Miguelanxo Prado e A Asa Quebrada, de Altarriba e Kim.
Mas um dos grandes objectivos destas colecções é dar a descobrir grandes clássicos que se mantinham escandalosamente inéditos em português de Portugal. É o caso de V de Vingança, um dos melhores e mais influentes trabalhos de Alan Moore, o criador de Watchmen, que abre a colecção, ou de Fogos e Murmúrios, dois dos mais importantes trabalhos de Lorenzo Mattotti, reunidos num único livro, que dá a descobrir aos leitores portugueses o extraordinário trabalho de cor do mestre italiano.
Numa colecção em que a actualidade política e os conflitos armados estão bastante presentes, há também espaço para obras mais intimistas, como Daytripper, o premiado trabalho dos gémeos brasileiros Fábio Moon e Gabriel Bá, que conta, num registo intimista com um toque de realismo mágico sul-americano, a vida (e as mortes) de Braz de Oliva Domingos, um escritor de obituários. Num registo próximo, está A História de um Rato Mau, de Bryan Talbot, que mistura o universo fantástico da escritora e ilustradora Beatrix Potter, com a realidade nua e crua do abuso de menores, numa história tocante. Igualmente tocante é Terra de Sonhos, uma recolha de, tão belas como comoventes, histórias curtas, sobre o amor aos animais e à natureza, que confirmam à saciedade o talento e a sensibilidade de Taniguchi, o autor japonês responsável por um dos maiores sucessos da colecção anterior.

O MUNDO É UM LUGAR PERIGOSO

Embora todos os géneros sejam permitidos, uma das tendências dominantes da Novela Gráfica, tem sido a reportagem de guerra. Histórias, autobiográficas, ou não, que tentam dar uma perspectiva interna e real da forma como os conflitos que agitam este mundo, se reflectem em quem os vive, ou testemunha.
A força das imagens permite explicar mais facilmente aos leitores a complexidade de algumas situações geoestratégicas e a adopção de um ponto de vista concreto, em vez de uma visão mais global, ajuda o leitor a perceber que, por trás das estatísticas das mortes em combate e, sobretudo dos “danos colaterais”, estão pessoas como nós, que vêm a sua vida completamente destruída e são obrigadas a recomeçar noutro lugar.  
O actual drama dos refugiados sírios mostra-nos que estas situações se mantém bem presentes e alguns títulos desta colecção, ajudam-nos a perceber melhor o que é (sobre)viver no meio de uma guerra.

 A libanesa Zeina Abirached, nascida em Beirute, em 1981, viveu os primeiros dez anos da sua vida numa cidade debaixo de fogo, destruída por uma sangrenta guerra civil que provocou mais de centena e meia de milhar de mortos, mas no seu Livro, A Dança das Andorinhas, apesar da crueldade da realidade exterior, o que ressalta é a inocência da infância e a capacidade de uma comunidade se manter unida, quando tudo à sua volta desaba.
Já em Fax de Sarajevo, o norte-americano Joe Kubert relata a historia real do seu agente Ervin Rustemagic, que perdeu a casa e os seus bens, incluindo uma impressionante colecção de desenhos originais de grandes nomes da BD, durante a guerra da Bósnia Herzegóvina, quando a sua casa em Dobrinja, nos subúrbios de Sarajevo, foi bombardeada pelas tropas sérvias. Prisioneiro numa cidade sitiada, Rustemagic tinha um aparelho de fax como único meio de contacto com o exterior e foi com base nos faxes que Rustemagic lhe ia enviando, que Kubert pode contar a sua história.
Embora sejam claramente obras de ficção, tanto V de Vingança, como Presas Fáceis, mostram como a ficção se pode aproximar (perigosamente) da realidade. Distopia futurista na linha do 1984, de George Orwell, V de Vingança imagina uma Inglaterra sob domínio de uma ditadura fascista, com campos de concentração, e câmaras de televisão que vigiam todos os movimentos das pessoas. Se o próprio Alan Moore considerava o governo neoliberal de Margaret Tatcher como a concretização desse futuro totalitário imaginado em V, a actual omnipresença de câmaras de vigilância e a forma como as comunicações electrónicas são monitorizadas, mostram que, neste caso, a realidade ultrapassou a própria ficção.
Já em Presas Fáceis, é a crise financeira e os abusos do sistema bancário que estão em destaque, numa história de estrutura policial, mas que se revela um verdadeiro libelo acusatório contra a ânsia desmedida de lucro, que leva as instituições bancárias a não terem o menor escrúpulo de enganar os seus clientes, em especial aqueles que pouparam toda uma vida para ter uma reforma descansada e acabam por perder as suas poupanças, em aplicações bancárias claramente imorais e de legalidade discutível.


UM GÉNERO EM REVISTA(S)

Embora, actualmente, as novelas gráficas sejam publicadas completas, num único volume, que recolhe toda a história, durante várias décadas, a pré-publicação por capítulos em revista, era forma mais usual de publicar essas histórias pela primeira vez.
Uma solução com vantagens para o autor, que assim ia recebendo à medida que ia publicando, para além de ter um feedback mais imediato dos leitores, o que lhe permitia até fazer eventuais alterações na história durante a publicação.
Na anterior colecção, vimos o caso da revista (A Suivre), onde A Guerra das Trincheiras, de Tardi, foi pré-publicado e da sua importância na criação do conceito de “Roman BD”. Nesta segunda série, embora não tenhamos nenhum título prépublicado na (A Suivre), não faltam exemplos de histórias que surgiram primeiro nas páginas das revistas. É o caso, desde logo, de V de Vingança, cujos primeiros capítulos foram publicados originalmente em Inglaterra, entre 1982 e 1983 na revista Warrior, ou das histórias de Terra de Sonhos, de Taniguchi, que antes de serem recolhidas em livro, foram originalmente publicadas no Japão, entre 1991 e 1992, nas páginas da revista Big Comic, da editora Shogakukan.
Também Parque Chas, de Barreiro e Risso, teve uma primeira publicação na Argentina, na mítica revista Fierro, publicação dirigida pelo argumentista e teórico Juan Sasturain, que aproveitou a liberdade concedida pelo fim da ditadura militar, em meados dos anos 80, para dar espaço e inteira liberdade criativa, aos excelentes desenhadores e argumentistas que a Argentina produz.
Mas a revista mais representada nesta colecção, é a Metal Hurlant. Um sonho de liberdade criativa concretizado por um grupo de autores, que incluía Moebius e Jean-Claude Dionnet. Logo no editorial do nº1, Moebius lembra que: “uma história de BD não tem de parecer-se com uma casa, com a sua porta de entrada, as janelas para ver a paisagem e uma chaminé para o fumo… também é perfeitamente imaginável uma história em forma de elefante, de campo de trigo, ou de fogo-de-artifício.”
A Garagem Hermética, cujos episódios iam sendo inventados à medida que eram publicados, sem guião prévio, ou qualquer tentativa de continuidade, é um bom exemplo dessa atmosfera de liberdade total, enquanto Os Exércitos do Conquistador, de Dionnet e Gal, subverte as regras das histórias de Sword and Sorcery, introduzindo um toque existencialista tipicamente francês.
Finalmente, também Guido Crepax publicou as aventuras de Valentina nas principais revistas italianas, como Linus, Alter-Alter e Corto Maltese, tal como as duas histórias que compõem o volume dedicado a Mattotti saíram primeiro em revista em Itália, antes de serem publicadas em livro em França. Fogos, na revista Alter-Alter em 1984 e Murmúrios na revista La Dolce Vita, em 1987.

A FORÇA DA NOVELA GRÁFICA ESPANHOLA

Numa colecção que inclui autores japoneses, libaneses, brasileiros, argentinos, sérvios, ingleses, franceses, italianos e americanos, a nação mais representada é a nossa vizinha Espanha, o que diz bem do momento actual da Banda Desenhada no país dos “nuestros hermanos”. Se Miguelanxo Prado cujo mais recente trabalho, Presas Fáceis, estreia em Portugal antes de ser publicado em França e quase em simultâneo com a sua publicação original em Espanha, tem praticamente toda a sua obra editada em português, o mesmo sucede com os trabalhos mais recentes de Altarriba que, depois de A Arte de Voar, sobre o pai, regressa com a Asa Quebrada, dedicado à mãe, também editado no nosso país quase em simultâneo com a edição original. Já de Paco Roca, que se estreia nesta colecção com O Inverno do Desenhador, baseado na história real de um grupo de desenhadores que, na Espanha dos anos 50, ousou desafiar a poderosa editora Bruguera, os leitores portugueses vão poder descobrir que a sua obra não se limita ao premiado Rugas.
Quantidade e qualidade que confirmam que, pelo menos no que diz respeito à novela gráfica, o ditado “de Espanha, nem bom vento, nem bom casamento”, não podia estar mais longe da realidade.


A COLECÇÃO

1 –V de Vingança 
16 de Junho
Argumento – Alan Moore 
Desenhos – David Lloyd
A Inglaterra mergulhou num regime fascista depois de uma catastrófica guerra nuclear, e todos os opositores ao poder instalado foram exterminados. Neste universo, ao mesmo tempo distópico e familiar, V, um revolucionário anarquista, vai encetar uma complexa campanha revolucionária para deitar abaixo o governo, enquanto inspira uma jovem, Evey Hammond, a continuar a sua luta.
Primeiro grande sucesso de Alan Moore, a história desenhada por David Lloyd e publicada originalmente na revista Warrior no início da década de 80, deu origem a um filme de grande sucesso, produzido pelos irmãos Wachowsky (Matrix) graças ao qual a máscara usada por V se tornou a imagem de marca do grupo Anonymous.

2  – Terra de Sonhos
23 de Junho
Argumento e Desenhos – Jiro Taniguchi
Jiro Taniguchi, o premiado autor japonês de O Diário do meu Pai, regressa à colecção Novela Gráfica com Terra de Sonhos. Livro que recolhe um punhado de relatos da felicidade e da melancolia simples da vida, como ela é.
Histórias intimistas, marcadas pela sensibilidade de Taniguchi, impregnadas da observação do quotidiano da vida moderna, que mergulham o leitor na realidade da vida e da sua emoção humana: a morte de velhice de um cão, o nascimento de uma ninhada de gatos e a dificuldade de se separar deles, a chegada de uma jovem sobrinha que fugiu de casa, os sonhos que um alpinista abandonou em troca de uma família...

3 – Presas Fáceis
30 de Junho
Argumento e Desenhos – Miguelanxo Prado
Presas Fáceis, o mais recente trabalho de Miguelanxo Prado, um dos mais premiados autores espanhóis da actualidade, chega à colecção Novela Gráfica, quase em simultâneo com a sua publicação original em Espanha, numa edição que conta com um prefácio exclusivo do historiador e colunista do Público, Rui Tavares.
Tendo como pano de fundo a crise financeira actual, por entre as indemnizações milionárias a gestores e políticos que levaram um país à falência e o desespero dos cidadãos comuns, que sofrem as consequências da fraude bancária, uma sucessão de homicídios de banqueiros lança dois polícias numa investigação que se tornará num verdadeiro thriller. Uma muito bem urdida história de vingança que gira em torno de um tema de gritante actualidade, tanto em Portugal como em Espanha.

4  – A Dança das Andorinhas: Morrer, Partir, Regressar
07 de Julho
Argumento e Desenhos – Zeina Abirached
Primeira mulher a publicar na colecção Novela Gráfica, a libanesa Zeina Abirached, retrata em A Dança das Andorinhas, uma noite na vida das famílias que habitam um prédio na zona este de Beirute, perto da linha de demarcação, em 1984, em plena Guerra do Líbano.
Um relato sensível da realidade de uma cidade devastada pela guerra e das pessoas que tentam (sobre)viver e levar uma vida tanto quanto possível normal, contado com grande originalidade gráfica, ternura e humor por Zeina Abirached, nascida em Beirute em 1981, um ano antes da invasão do Líbano pelas tropas israelitas.

5  – A História de um Rato Mau
14 de Julho
Argumento e Desenhos – Bryan Talbot
Helen Potter, uma jovem vítima de abuso sexual, empreende uma viagem de descoberta pela Inglaterra rural, seguindo os passos da célebre autora de livros infantis, Beatrix Potter, na esperança de reencontrar a paz e a felicidade... Neste diálogo entre duas épocas e duas Potter, Helen irá descobrir a verdadeira força interior que lhe permitirá confrontar os seus demónios pessoais, numa história de heroísmo e coragem.
Um dos mais celebrados trabalhos do inglês Bryan Talbot (Grandville), galardoado com o prémio Eisner para a Melhor Novela Gráfica, aquando da sua primeira reedição, em 1996.

6 – Parque Chas
21 de Julho
Argumento – Ricardo Barreiro
Desenho – Eduardo Risso
Em cada capital do mundo, existem “Lugares Mágicos”. Locais obscuros onde, não se sabe como, forças desconhecidas exprimem a angústia e o medo. Triângulos das Bermudas do Imaginário, onde vampiros, sereias, fantasmas e personagens de BD se cruzam e reencontram, para levar o visitante para um lugar de onde não conseguirá, provavelmente, regressar… Em Buenos Aires, esse lugar é o Parque Chas.
Escrito por Ricardo Barreiro, Parque Chas, foi o primeiro grande sucesso do desenhador argentino Eduardo Risso (Batman Noir), aqui num registo gráfico diferente, que encaixa como uma luva na dimensão onírica da história.

7 – Garagem Hermética
28 de Julho
Argumento e Desenho – Moebius
O universo de bolso que o Major Grubert criou no interior do seu asteróide, contém três mundos sobrepostos, com os seus povos e civilizações. Três mundos que ignoram tudo das suas origens, mas em que alguns habitantes começam a suspeitar a verdade.
Inicialmente publicada em episódios na revista Metal Hurlant, de que Moebius foi um dos fundadores e publicado pela primeira vez no nosso país da versão original a preto e branco, a Garagem Hermética é um marco na revolução da Banda Desenhada iniciada pela revista Metal Hurlant, com Jean (Moebius) Giraud a subverter todas as convenções, ao criar uma história surreal, repleta de ideias incríveis, que eram inventadas à medida que os episódios eram publicados.

8  – Fax de Sarajevo
04 de Agosto
Argumento e Desenho – Joe Kubert
Em 1992, com o eclodir da guerra da Bósnia, o editor e agente Ervin Rustemagic, além de perder, a casa, a editora e todos os seus bens num bombardeamento, viu-se aprisionado durante mais de um ano com a sua família, na cidade sitiada de Sarajevo, sob a ameaça constante das bombas e dos snipers sérvios, tendo como único contacto com o exterior, um aparelho de fax.
Umas das pessoas com quem Rustemagic trocou faxes, foi o desenhador americano Joe Kubert (Tarzan, Sgt. Rock), que passou esta história trágica e verídica para a BD, numa novela gráfica que arrebatou os Prémios Harvey e Eisner, para além do Prémio de Angoulême para a Melhor BD Estrangeira.

9 –Valentina
11 de Agosto
Argumento e Desenhos – Guido Crepax
Embora nascida como personagem secundária noutra série de Guido Crepax, Valentina, uma sensual fotógrafa de moda vai tornar-se a mais conhecida personagem do seu autor, graças às suas aventuras surreais, em que o onirismo e o erotismo se fundem.
Este volume recolhe uma selecção das melhores aventuras de Valentina. Clássicos intemporais, marcados pelo traço sensual de Crepax e pelo seu uso inovador da planificação, com destaque para Baba Yaga, história que seria adaptada ao cinema em 1973, e para Valentina no Metro, uma criativa (e emotiva) homenagem de Crepax à Banda Desenhada e aos seus heróis e criadores.

10  –  Daytripper
18 de Agosto
Argumento e Desenhos – Fabio Moon e Gabriel Bá
Os gémeos brasileiros Fabio Moon e Gabriel Bá, chegam à colecção Novela Gráfica, com Daytripper, o seu trabalho mais premiado, feito para a editora americana Vertigo. Definida muito simplesmente pelos seus autores como “uma história sobre a vida”, cada capítulo de Daytripper incide sobre um momento específico da vida de Brás de Oliva Domingos, o filho de um escritor famoso que ser ele próprio também escritor, e sobre a forma como as escolhas que faz podem modificar a sua vida... e a sua morte.
Intimista e surpreendente, Daytripper mostra a dupla ao seu melhor nível, numa história profundamente brasileira nos cenários e nas personagens, mas que lida com questões universais.

11  –  Luna Park
25 de Agosto
Argumento –Kevin Baker
Desenhos – Danijel Zezelj
Alik Strelnikov vive na sombra de Coney Island, um mundo de passeios silenciosos e parques de diversões enferrujados, que ridicularizam os seus sonhos de se tornar um herói. Há dez anos, trocou uma existência brutal no exército Russo pela promessa de se tornar um executor da máfia de Brooklyn, mas as suas noites são atormentadas por pesadelos em que as atrocidades a que assistiu na Chechénia se misturam com visões alternativas do passado, que terminam sempre da mesma forma trágica.
Na sua estreia na BD, o popular escritor Kevin Baker, alia-se ao ilustrador croata Danijel Zezelj, para criar uma novela gráfica perturbadora, que marca o regresso de Baker a Coney Island, cenário da sua aclamada trilogia Dreamland.

12  –  Fogos e Murmúrios
01 de Setembro
Argumento – Mattotti e Kransky  
Desenhos – Lorenzo Mattotti
Um dos mais consagrados ilustradores da actualidade, o italiano Lorenzo Mattotti  tem publicado o seu trabalho em revistas como Cosmopolitan, Vogue, The New Yorker, Le Monde e a Vanity Fair, o que não o impediu de construir uma importante carreira também na BD.
Fogos e Murmúrios, as duas obras que preenchem o volume que a Colecção Novela Gráfica II lhe dedica, representam um momento de charneira na sua carreira, mais evidente em Fogos, normalmente considerado como a sua obra mais importante e um ponto de viragem do autor, que passa de um tipo de trabalho mais narrativo, para um registo mais pictórico, em que a cor é um elemento simbólico e dramático, que condiciona a própria história.

13 – O Inverno do Desenhador
08 de Setembro
Argumento e Desenhos – Paco Roca
Paco Roca, o premiado autor de Rugas, estreia-se na colecção Novela Gráfica com O Inverno do Desenhador. A história verídica de um grupo de cinco dos mais populares desenhadores da Editorial Brugera (uma editora espanhola criada em Barcelona em 1910, que se dedicou sobretudo à produção de literatura popular e tiras de BD) que, desiludidos com as condições de trabalho e com a falta de reconhecimento que tinham, decidem criar a sua própria editora de BD na Espanha nos anos 50.
A história destes pioneiros pelos direitos de autor, chega à colecção Novela gráfica, numa cuidada edição, que inclui uma história de seis páginas feita para o jornal El Pais e nunca antes recolhida em livro.

14  – A Asa Quebrada
 15 de Setembro
Argumento – António Altarriba
Desenho – Kim
Depois do premiado (Prémio de Excelência para a Melhor Banda Desenhada Estrangeira na Comic Con 2016) A Arte de Voar, Altarriba e Kim regressam à colecção Novela Gráfica, com A Asa Quebrada. Um relato em que Altarriba volta às décadas conturbadas da vida do seu país, desta vez através dos olhos da sua mãe. O destino e a vida trágica desta mulher, que viveu as maiores agruras às mãos dos homens que a rodeavam, abusada pelo seu pai e violada, esconderá um segredo e uma esperança que o seu filho, Antonio Altarriba, perseguirá neste livro poderoso e duro, que servirá de chave para ele poder finalmente fazer as pazes com o seu passado.

15 – Os Exércitos do Conquistador
 22 de Setembro
Argumento – Jean-Pierre Dionnet
Desenho – Jean-Claude Gal
Criado por Jean-Pierre Dionnet, um dos fundadores da revista Metal Hurlant, para o traço espectacularmente detalhado de Jean-Claude Gal, Os Exércitos do Conquistador foi um dos títulos mais marcantes da fase inicial da mítica revista, mostrando uma abordagem europeia da Heroic Fantasy que em nada fica atrás dos trabalhos dos melhores autores americanos do género. Este volume recolhe, na sua versão original a preto e branco, todas as colaborações de Dionnet e Gal, em Os Exércitos do Conquistador e nas duas histórias que compõem a saga de Arn, e inclui ainda A Catedral, uma história curta de Bill Mantlo, que Gal ilustrou para a revista norte-americana Epic.
Textos originalmente publicados no destacável distribuído com o jornal Público de 11 e 14/06/2016

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