quarta-feira, 16 de junho de 2010

Com Hellboy, em Terras Estranhas


Hellboy, o popular demónio detective criado por Mike Mignola, regressa às livrarias portuguesas com “Terras Estranhas” o sexto volume da série com que a Editora dinamarquesa G Floy prossegue o trabalho de divulgação da obra de Mignola iniciado pela Devir.
“Terras Estranhas” recolhe duas mini-séries, “O Terceiro Desejo” e “A Ilha”, publicadas originalmente entre 2002 e 2005, desenhadas por Mignola numa fase em que outros factores, como o 2º filme de “Hellboy”, o impediram de desenhar Hellboy com a regularidade que queria e que o obrigou posteriormente a entregar o desenho da série a artistas como Duncan Fegredo e Richard Corben, responsáveis pelos próximos volumes de “Hellboy”, ficando-se Mignola pela ilustração das capas e o desenho de uma ou outra história curta, como “In the Chapel of Moloch”, aventura que leva Hellboy até uma capela assombrada em Tavira, na costa Algarvia.
Aqui já liberto dos seus companheiros do BPRD (Bureau for Paranormal Research and Defense), uma organização governamental tipo X-Files, criada para a investigação de fenómenos paranormais, cujas investigações são relatadas na série paralela, dedicada ao BPRD, entretanto criada sob a supervisão de Mignola, Hellboy parte para África, iniciando uma viagem que o levará primeiro ao fundo dos mares e depois a uma ilha onde o espaço e o tempo se confundem, num périplo mágico que lhe permitirá a descobrir um pouco mais sobre a sua origem e o destino que lhe está reservado.
Apesar de passar o tempo todo ao soco com monstros de grandes dimensões, Hellboy, que se continua em encarar tudo o que lhe acontece com a maior das naturalidades, é aqui mais espectador do que interveniente de uma complexa intriga de dimensão cósmica, cujos desenvolvimentos só conheceremos em futuros livros e que implicam um conhecimento prévio dos acontecimentos dos volumes anteriores. Ou seja, tratando-se de um bom exemplo do alto nível que a série “Hellboy” pode atingir, “Terras Estranhas” está longe de ser o ponto de partida de ideal para quem só agora descobriu as aventuras de Hellboy.
Resta o grafismo inconfundível de Mike Mignola, cada vez mais simples e eficaz, magnífico no uso das sombras e na forma como com simples traços cria ambientes complexos e com uma atmosfera única, no que é muito bem secundado pelas cores discretas, mas tremendamente eficazes de Dave Stewart.
(“Hellboy: Terras Estranhas”, de Mike Mignola, Gfloy Studio, 136 pags, 16.0 €)
Versão integral do texto publicado no Diário As Beiras de 12/06/2010

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