terça-feira, 17 de janeiro de 2017

As 10 Melhores BDs que li em 2016 - Parte 2


Como prometido, aqui vos deixo a segunda e última parte das minhas Melhores Leituras de 2016, relativa aos livros que li pela primeira vez no ano passado. A primeira parte da lista pode ser lida aqui


6 - Os Vampiros, de Filipe Melo e Juan Cavia, Tinta da China
Já tive ocasião de escrever sobre os Vampiros aqui, pelo que não há muito mais a acrescentar sobre este ambicioso livro, que revela um dupla de autores em plena sintonia, ao serviço de uma história muito bem contada, a cavalo entre dois géneros (o relato de guerra e o terror) que procura e consegue transcender. Tanto em termos de edição e produção, como de conteúdo, Os Vampiros é um claro passo em frente na produção nacional.



7 - Presas Fáceis, de Miguelanxo Prado, Levoir
O regresso à BD de Miguelanxo Prado com um policial negro (em todos os sentidos) que tem a crise económica e a situação a que chegou a banca, como pano de fundo. Um grito de revolta face a uma realidade que se passa em Espanha, mas que se podia perfeitamente passar em Portugal. Trocando a cor de que é mestre, por um preto e branco tão sombrio como a realidade que descreve, Prado assina mais uma obra incontornável, estranhamente ignorada pelos Prémios Profissionais de BD, atribuídos pela Comic Con...


 8- Spirou: La Lumiére de Borneo, de Frank e Zidrou, Dupuis
A série Spirou vu par... já proporcionou algumas pérolas, como Le Journal d'un Ingenu, de Emile Bravo, ou as colaborações entre Yann e Schwartz e este La Lumière de Borneo, magnificamente ilustrado por um Frank Pé em estado de graça, é uma dessas pérolas. Contando com a colaboração de Zidrou, um versátil argumentista cuja série Les Beaux Etés esteve quase entrar nesta lista, e que constrói uma história à medida do universo estético de Frank Pé, La Lumière de Bornéo é a prova que ainda há histórias para contar usando os heróis clássicos, desde qu ea fidelidade ao cânone não tolha a criatividade, como acontece na série Blake e Mortimer.


9 - The Goddamned, de Jason Aaron e R. M. Guera, Image
Jason Aaron esteve para entrar nesta lista através da série Southern Bastards, mas acabei por escolher outra série para o representar, muito por força do desenho de R.M. Guera, que está num campeonato diferente de Jason Latour, cujo trabalho é, ainda assim bastante eficaz e adequado à história de Southern Bastards. Mas The Goddamned tem um fôlego épico que está naturalmente ausente de Southern Bastards, propondo uma abordagem inesperada da Bíblia, em que se percebe perfeitamente as razões de Deus para destruir a humanidade através do dilúvio. Uma história para estômagos fortes, num universo de total decadência a que Guera transmite credibilidade graças ao seu traço espectacular, que faz uma curiosa síntese de influências tão diversas, como as histórias pós-apocalípticas de Victor De La Fuente, ou o Conan de Barry Windsor-Smith.




10 - The Vision, de Tom King e Gabriel Hernandez Walta, Marvel
Tom King foi para mim o argumentista-revelação de 2016. Este antigo agente da C.I.A. que é actualmente o responsável pela principal revista do Batman, onde consegue estar à altura do pesado legado de Scott Snyder, esteve para entrar nesta lista através The Sheriff of Babylon, uma série da Vertigo inspirada na experiência pessoal de King no Iraque após a queda de Sadam Hussein, mas The Vision está num patamar superior. Pegando num personagem de segundo plano da Marvel, que ganhou outra visibilidade graças ao último filme dos Vingadores, King e Walta constroem uma história profundamente sensível sobre a essência do ser humano, que é, de longe, das melhores coisas que a Marvel publicou nos últimos anos.


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