quarta-feira, 20 de maio de 2015

Ric Hochet na nova colecção do Público: Capas, títulos e algumas considerações


Depois das Novelas Gráficas, a próxima colecção de BD a distribuir com o jornal Público, desta vez em parceria com a editora Asa, é um clássico da BD franco-belga, a série Ric Hochet, criada por Tibet e A P Duchateau  em 1955. A primeira aparição de Ric Hochet dá-se no nº 242 da edição belga da revista Tintin com a história curta Ric Hochet méne le Jeu,  em que o futuro jornalista é ainda um simples ardina de treze anos que se deslocava numa scooter, em vez do vistoso Porsche laranja que bem conhecemos. Só em 1963, um Ric Hochet entretanto tornado adulto se estreia numa história longa, com Traquenard au Havre, primeiro título de uma colecção que compreende 78 volumes, publicados a um ritmo, muito pouco habitual na BD franco-belga, de um novo álbum de oito em oito meses.
Com a morte de Tibet, a 3 de Janeiro de 2010, numa altura em que apenas tinha desenhado 28 páginas de À La Porsuite du Griffon D'Or, o 78º álbum da série que, à semelhança de Tintin et L'Alph Art, de Hergé, seria publicado exactamente como o desenhador o deixou, a série entrou num hiato, até a editora, aproveitando o 60ª aniversário da criação de Ric Hochet, decidir reviver o jornalista detective, através de uma nova equipa, constituída pelo argumentista Zidrou e pelo desenhador Simon Van Leimt, responsáveis pelo novo álbum, R.I.P. Ric, a lançar em França no fim deste mês e que, poucos dias depois, a 3 de Junho, abre esta colecção de 12 volumes dedicados aos Piores Inimigos de Ric Hochet.  Uma colecção composta por volumes de 48 páginas, em capa mole, com badanas e um preço de venda ao público de 5,40 €.
Não tendo tido ainda oportunidade de ler o livro e verificar se Zidrou soube ou não agarrar a personagem, já o traço de Vam Leimt, pelas páginas que vi,  parece-me algo apressado e bem longe da elegância "Linha Clara" tão característica de Tibet, mas será necessário ler o livro para emitir um juízo mais fundamentado.
Desta vez, o lançamento de o último álbum da série quase em simultâneo com a versão original francesa, parece-me uma muito boa ideia, ao contrário do que aconteceu com a série XIII, a anterior colecção Público/Asa, onde a novidade que abriu a colecção era a segunda parte de uma história, cuja primeira parte os leitores apenas puderam ler 11 semanas depois, no fim da colecção e a cuja conclusão, ainda por publicar em França, provavelmente nunca terão acesso em português...
O que já não me parece tão boa ideia, é repetir o álbum Ric Hochet contra o Serpente, já publicado numa anterior colecção Público/Asa, dedicada aos Clássicos da revista Tintin, até porque, numa série que conta com 78 títulos, não faltavam histórias inéditas em Portugal, que pudessem substituir com vantagem este segundo álbum da colecção.
 Com uma boa percentagem de álbuns inéditos em Portugal (como podem ver pela lista aqui ao lado, em que os títulos inéditos no nooso país estão assinalados a amarelo, são 8 em 12), a maior parte pertencentes à fase mais recente da série, esta nova colecção agradará certamente aos leitores que cresceram com a edição portuguesa da revista Tintin, de que Ric Hochet era um dos títulos mais populares.
Resta é saber se esses leitores nostálgicos serão em número suficiente para assegurar o sucesso da colecção que, tendo em conta o classicismo do traço e das histórias,em que a intriga policial ligeira mas bem escrita contrasta com algum maniqueísmo e ingenuidade no tratamento das personagens, com a excepção de Richard, o pai de Ric Hochet, em que a fronteira entre o bem e o mal está mais diluída, terá maiores dificuldades  em cativar um público mais novo. Um público que está habituado a outra dinâmica na narrativa, e que não acompanhou as aventuras do repórter detective desde a infância...













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