Nesta altura do ano, é quase inevitável fazer as listas das melhores leituras do ano que terminou, e eu, mais uma vez, não fujo à tradição. Como das outras vezes, o critério de escolha foi os livros que li pela primeira vez em 2011, independentemente do local, ou data de publicação original. Daí que as mais importantes edições nacionais de 2011, Blankets e Emigrantes, não estejam nesta lista, pois já as tinha lido na edição original, há já alguns anos. O mesmo se aplica às excelentes reedições que estão a ser lançadas no mercado francês, de séries como Philemon, de Fred, Jerry Spring, de Jijé, Theodore Poussin, de Frank Le Gal e La Dynastie Donald Duck, de Carl Barks, que teriam certamente entrado nesta lista, caso as tivesse lido em 2011 pela primeira vez. Do mesmo modo, fica fora desta lista o Agência de Viajes Leming de José Carlos Fernandes, pois embora só em 2011 tenha sido publicado em livro pela Astiberri, tive ocasião de o ler pela primeira vez em 2006, ainda em fotocópia e, mais tarde, cheguei a ver provas da edição da Devir que nunca chegou a ser publicada.
Explicados os critérios de escolha, aqui vai a primeira parte da lista, ordenada por ordem alfabética:
1 - 36-39: Malos Tiempos, de Carlos Gimenez, De Bolsillo
Este livro, previamente publicado em 5 volumes pela Glenat España é mais uma viagem de Carlos Giménez ao seu passado, na linha de Paracuellos. Uma ficção autobiográfica, que mistura momentos vividos pelo próprio, com depoimentos recolhidos por Gimenez. O retrato que Giménez traça da vida em Madrid durante a Guerra Civil espanhola, é impressionante e a forma como o conta, mostra todo o talento de um grande autor de BD, que há muito atingiu a maturidade.
2 - Criminal: The Last of the Innocent, de Ed Brubaker e Sean Philips, Marvel/Icon
Com a série Criminal, Ed Brubaker e Sean Philips assinaram alguns dos melhores policiais negros dos últimos anos, com personagens à beira do abismo, diálogos afiados como um bisturi e um desenho de uma eficácia extraordinária, que recria no papel a ambiência do melhor film noir. Neste The Last of the Innocent, Brubaker e Philips arranjaram um processo narrativo tão simples como genial para tratar os flash-backs da adolescência de Riley Richards, apresentando-os num estilo gráfico diferente, que remete para as revistas da Archie Comics, estabelecendo assim um óbvio contraste entre um passado tranquilo e feliz e um presente sombrio. Brubaker diz que este livro é capaz de ser a melhor coisa que ele já fez e não sou eu que o vai desmentir!
3- Dog Mendonça na Dark Horse, de Filipe Melo e juan Cavia, Dark Horse Presents nºs 4 a 7
A estreia de Dog Mendonça no mercado americano deu-se com estas quatro histórias de 8 páginas publicadas na revista Dark Horse Presents com o intuito de apresentar o lobisomem português aos leitores americanos, antes da Dark Horse lançar o primeiro álbum da série. Na realidade, estamos perante uma história em 3 partes, que relata a origem de Dog Mendonça e que termina precisamente onde começa o primeiro livro, e uma 2ª história solta,com os nossos heróis num Festival de BD. Para além do humor e das referências cinematográficas que são habituais na série, estes episódios introduzem uma nova dimensão metalinguística, ao colocar os personagens a falar directamente com os leitores, perfeitamente conscientes de que estão nas páginas da revista. Também em termos gráficos, é evidente o progresso de Juan Cavia, com as cores de Santiago Villa a serem reproduzidas, pela primeira vez, na perfeição. Um óbvio passo em frente para a mais popular BD portuguesa dos últimos anos.
4 - Dylan Dog: La Pequeña Muerte, de Sclavi, Ruju e Roi, Aleta ediciones
Desde que a Mythos deixou de publicar a série Dylan Dog, tenho tido grandes dificuldades em manter o contacto com o peculiar detective criado por Tiziano Sclavi. Até que descobri as edições espanholas da Aleta Ediciones, impressas no formato original e com um papel bastante superior ao usado pela Mythos. Entre as mais de 20 aventuras de Dylan Dog que li em 2011, La Pequeña Muerte, história desenvolvida por Pasquale Ruju a partir de uma ideia de Tiziano Sclavi, foi um dos melhores. O facto da história ser desenhada por Corrado Roi, o meu desenhador favorito de Dylan Dog e um grande desenhador em qualquer parte do mundo, como se pode ver por aqui, claro que também ajudou à escolha...
5 - Habibi, de Craig Thompson, Pantheon
Sete anos depois de Blankets, o tão aguardado novo livro de Craig Thompson aí está. E graficamente, não há qualquer dúvida que valeu a espera, com o magnífico traço de Thompson cada vez mais apurado e com um excelente uso das potencialidades decorativas da caligrafia árabe. Obra monumental e de grande ambição, Habibi acaba por ser um pouco vítima desse excesso de ambição, pois a necessidade de abordar tantos temas (a escravatura, a ecologia, o amor, a religião, etc) acaba por perturbar um pouco o fluir da narrativa. O que não impede que Habibi seja um livro belíssimo e uma leitura altamente recomendável!
Continua...
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
As 10 Melhores BDs que li em 2011 - Parte I
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1 comentário:
O meu Habibi vem a meio do Atlântico, e estou impaciente para o ler!
Tanta gente me disse maravilhas desse livro que decidi encomendá-lo.
;)
Abraço
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