Apesar de uma existência já longa de 17 anos, o Festival de Banda Desenhada de Moura, é bastante menos conhecido do grande público do que o seu mais recente vizinho alentejano de Beja. Daí que as edições apoiadas e promovidas pelo Festival de Moura, passem despercebidas da maioria dos leitores que nunca visitaram o Festival, o que é uma pena, pois dentro da filosofia coerente de apostar nos autores nacionais mais clássicos, o Moura BD tem lançado uma série de publicações de interesse de e sobre BD.
Mais uma vez, foi o que aconteceu este ano, com a vantagem adicional para os leitores de Coimbra, de finalmente essas edições estarem à venda na Livraria Dr. Kartoon.
Comecemos pelos Cadernos Moura BD, cujo nº 8, lançado nesta edição de 2011, é dedicado a Victor Mesquita, que sucede aos autores Augusto Trigo, António Barata, Isabel Lobinho, Luís Afonso, José Antunes, José Baptista (Jobat), José Abrantes e Fernando Bento. Seguindo a filosofia habitual nesta colecção, além de uma série de inéditos (que permitem conhecer vários projectos de Mesquita que nunca viram a luz do dia) e de uma entrevista, recupera uma história representativa do autor, neste caso “O Sindroma de Babel”, história publicada em 1996 num álbum colectivo e que faz a ponte entre os dois volumes já publicados de “Eternus 9”
Referência também para “Lince Ibérico: a sua história em Portugal”, um álbum didáctico sobre uma espécie em vias de extinção, em que José Garcês ilustra um argumento do biólogo Bruno Pinto, também editado pela Câmara Municipal de Moura.
Mas, para mim, as publicações mais importantes saídas do Festival de Moura, são as monografias realizadas por Osvaldo Macedo de Sousa e Jorge Magalhães, dois dos nossos maiores especialistas em cartoon, caricatura e Banda Desenhada.
Osvaldo Macedo de Sousa, que este ano assina dois livrinhos, que funcionam como catálogo das exposições dedicadas a Agim Sulaj, um ilustrador e cartoonista albanês de grande qualidade e aos “Viajantes de Papel na Lusofonia Gráfica”, um impressionante levantamento das ligações artísticas entre Portugal e os países lusófonos, de Raphael Bordallo Pinheiro à actualidade, em que o formato reduzido da edição não deixa imaginar a quantidade e a riqueza da informação recolhida.
Quanto a Jorge Magalhães, no 3º volume da colecção JM, volta a um dos seus géneros favoritos, o Western, para analisar a carreira de Vitor Péon nesse registo, no excelente “Vítor Péon e o Western: de Denver Bill a Tomahawk Tom”, uma monografia de 46 páginas a cores em formato A4, muito bem escrita e melhor ilustrada.
Se às edições lançadas em 2011, juntarmos os títulos mais antigos que o Festival foi lançando ao longo dos anos, cujo catálogo de publicações disponível no site do Festival, não faltam propostas interessantes para os fãs da BD clássica nacional.
Versão integral do texto publicado no Diário As Beiras de 9/07/2011
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