quinta-feira, 21 de abril de 2016

Chernobyl: A Zona evoca os 30 anos da tragédia nuclear



30 ANOS DO DESASTRE DE CHERNOBYL EVOCADOS EM NOVELA GRÁFICA 

Chernobyl: A Zona 
Argumento – Francisco Sanchez
Desenho – Natacha Bustos 

Quinta, 21 de Abril 
Por + 11,90 € 

No próximo dia 26 de Abril, completam-se precisamente trinta anos sobre a fusão no reactor IV da Central Nuclear de Chernobyl, que deu origem ao único acidente nuclear de nível 7 ocorrido até então, provocando a maior catástrofe nuclear do século XX. É precisamente para evocar esse acontecimento trágico da história recente da humanidade que o Público e a Levoir lançam já na próxima quinta-feira, dia 21, a novela gráfica Chernobyl: A Zona, de Francisco Sanchez e Natacha Bustos, obra inédita em Portugal, distinguida no Festival de Angoulême de 2012, com o Prémio Tournesol, destinado à melhor BD com preocupações ecológicas, publicada no ano anterior.
O desastre de Chernobyl já tinha sido alvo de diferentes abordagens em BD (basta pensar em O Sarcófago, de Christin e Bilal e Printemps à Tchérnobyl de Emmanuel Lepage), mas na novela gráfica que assinalou a estreia dos seus autores, Sanchez e Bustos exploram, não as razões do acidente, mas as consequências que a catástrofe nuclear teve sobre a vida daqueles que habitavam na zona. O que é feito na perspectiva de três gerações de uma família (fictícia, mas que corresponde a muitas famílias reais) de Pripiat, que se vê obrigada a deixar toda uma vida para trás, quando têm de abandonar a casa e todos os seus pertences, para fugirem da área que a radioactividade tornou inabitável.
Ou, como refere Sanchez: “é uma história de desenraizamento. Expulsaram estas gentes das suas terras e das suas casas, dizendo-lhes que regressariam em três dias e nunca mais puderam voltar.” Obra longamente maturada, a ideia de A Zona surgiu a Sanchez em 2006, depois de ver uma exposição no Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona, sobre os 20 anos da catástrofe e ganharia forma durante uma visita a Chernobyl em 2009, que lhe serviu para recolher documentação fundamental para o trabalho gráfico de Natacha Burgos.
Embora o traço, tão simples como expressivo, de Natacha Bustos, desenhadora espanhola actualmente a desenhar a série Moon Girl and Devil Dinosssaur para a Marvel, revele ainda algumas fragilidades, naturais numa obra de estreia, isso é compensado por um ritmo narrativo muito equilibrado e por uma extremamente eficaz gestão dos silêncios, que dão ao livro um toque hipnótico, que nos remete, por exemplo, para o cinema de Tarkovsky.
Lançada originalmente no Salão do Comic de Barcelona de 2011, para coincidir com o 25º aniversário do desastre, a publicação de Chernobyl: A Zona, acabaria por coincidir com o desastre de Fukushima, o outro único acidente nuclear de proporções semelhantes à da catástrofe de Chernobyl. Daí a importância do mapa com a localização das mais de quatro centenas de centrais nucleares ainda activas em todo o mundo, que encerra o livro, lembrando-nos, que se Chernobyl é História, a ameaça nuclear continua bem presente.
Texto publicado originalmente no jornal Público de 15/04/2016

Sem comentários: