quarta-feira, 12 de março de 2014

As 10 Melhores BDs que li em 2013 - Parte 1




Ao contrário do ano passado, em que consegui colocar a minha lista online logo no início de Janeiro, desta vez foi preciso esperar quase três meses... Mas, mesmo  com grande atraso, pelo qual peço desculpa aos leitores (se os houver...) deste blog, aqui esta ela!.
Como sempre, a lista refere-se a livros que li em 2013, independentemente da data original de publicação. Também como habitualmente, a lista é apresentada por ordem alfabética, não estabelecendo qualquer hierarquia entre os títulos que a integram.
Mantendo a tradição, aqui ficam os cinco primeiros títulos. Os restantes serão postados durante a próxima semana.



















1 - Ardalén, de Miguelanxo Prado, Asa

No regresso à BD após anos de ausência, Miguelanxo Prado assina um dos melhores e mais ambiciosos trabalhos da sua carreira. Complexa e poética reflexão sobre a memória, repleta de imagens belíssimas, como é habitual no autor, Ardalén fecha com chave de ouro a trilogia marítima de Prado, iniciada com Traço de Giz e prosseguida com De Profundis. Imperdível!



















2 - Billy Bat, de Naoki Urasawa e Takashi Nagasaki, Pika

 Decididamente, Naoki Urasawa é um dos mais fascinantes criadores a trabalhar no campo da BD. Seja no Ocidente, ou no Oriente. Desta vez, Urasawa, que volta a contar com Takashi Nagasaki, que já tinha trabalhado com ele em Pluto, como co-argumentista, conta a história de Kevin Yamagata, um desenhador americano de origem japonesa, que descobre que a sua mais popular criação, um morcego detective chamado Billy Bat, pode ter sido inconscientemente copiada de um desenho que viu no Japão, enquanto lá esteve a cumprir o serviço militar. No seu regresso ao Japão, para encontrar o criador original de Billy Bat, Yamagata vê-se envolvido numa complexa conspiração que lhe pode custar a vida e descobre que o símbolo de Billy Bat estava presente em momentos-chave da história da humanidade, marcando a vida de personagens como Judas Iscariotes, São Francisco Xavier, Lee Harvey Oswald e até Neil Amstrong, que ao chegar à Lua descobre traçado numa cratera lunar o símbolo de Billy Bat. Ainda em curso de publicação no Japão, este parece ser o projecto mais ambicioso de Urasawa e, até agora, tão viciante quanto Monster, ou Pluto




















3 - Chew, de John Layman e Rob Guillory, Image 

Apesar dos vários prémios e das excelentes críticas, confesso que só no ano passado, quando Chew já tinha passado os 30 fascículos, dos 60 previstos, é que decidi prestar a devida atenção a esta divertida série da Image. O motivo da demora foi o traço caricatural de Rob Guillory, que devo confessar, não me entusiasmou nada...
Mas a verdade é que o desenho funciona bem no contexto desta história policial, tão divertida como delirante, protagonizada por Tony Chu, o detective cibopata, cuja capacidade de sentir a vida inteira daquilo que ingere, se revela muito útil no seu trabalho. Passada num futuro próximo, em que uma estirpe especialmente potente da gripe das aves provocou milhões de mortes e a proibição da venda e consumo de carne de frango, Chew é uma das séries mais originais em publicação no mercado americano.



















4 - El Heroe, de David Rubin, Astiberri

Depois de obras mais intimistas como El Circo del Desaliento, o autor galego David Rubin lançou-se no ambicioso projecto de transpôr a lenda de Hércules para a BD. Só que conta as façanhas do herói da mitologia grega como se fosse um comic de super-heróis desenhado por Jack Kirby, com resultados tão inesperados como estimulantes, muito por força do grande talento narrativo de Rubin que, terminados os dois volumes de El Héroe, já usou o mesmo processo noutro clássico da mitologia. a saga de Beowulf, desta vez em parceria com Santiago Garcia, que adaptou o poema épico.


















Fatale, de Ed Brubaker e Sean Phillips, Image

Depois de terem revolucionado o policial negro com Criminal, Brubaker e Phillips regressam às histórias policiais num registo bastante menos clássico, em que a intriga policial se articula com o terror, num ambiente inspirado pelos contos de H. P. Lovecraft. A protagonista desta história, inicialmente prevista para 12 episódios, mas que afinal, vai ter 24, é Josephine, ou Jo, a "femme fatale", cuja capacidade de sedução sobrenatural acaba por se revelar uma maldição. O grande truque de Brubaker nesta série consiste em alternar a perspectiva e contar a história do ponto de vista da mulher fatal, que só o é porque precisa de sobreviver. Exemplo perfeito da total empatia de dois grandes criadores no auge das suas capacidades, Fatale tem tudo para agradar aos fãs do policial como do fantástico.   

2 comentários:

Nuno Amado disse...

Cinco boas escolhas, João!
;)

JML disse...

Obrigado, Nuno!

Curiosamente, este é o ano em que tenho menos BD franco-belga no meu Top Ten... e mais títulos da Image (4), o que mostra bem como a editora tem neste momento um catálogo bem interessante e diversificado.