Num mercado como o português, em que é bastante frequente as editoras deixarem cair as séries por falta de vendas, é sempre de louvar quando uma editora consegue publicar uma série, ou coleção, na íntegra. Por isso, a Booksmile está de parabéns pela forma como tratou a série “Scott Pilgrim”, título com que se estreou na edição de Banda Desenhada.
Criada pelo canadiano Bryan Lee O’Malley para a editora independente norte-americana Oni Press, que publicou os seis volumes entre 2004 e 2010, “Scott Pligrim” é uma divertida série juvenil, que relata as aventuras pessoais e sentimentais de Scott Pilgrim, um jovem adulto que tem uma Banda Rock e que se apaixona por uma misteriosa rapariga, Ramona Flowers e que, para a conquistar vai ter que enfrentar os seus 7 maléficos ex-namorados. Ou seja, no fundo, “Scott Pilgrim” é uma comédia romântica, mas tratada como um jogo de computador, em que cada antigo namorado de Ramona que Scott tem que vencer, constitui um nível a ultrapassar.
Esta inesperada e divertida fusão de referências Pop, da BD à música, ao cinema e aos jogos de computador, constitui uma das razões do sucesso da série, que tão bem soube captar o “zeitgeist” (espírito do tempo) da juventude ocidental do início do século XXI, num registo gráfico estilizado, de grande sensibilidade e eficácia, que faz uma curiosa fusão entre o mangá japonês e os comics americanos. Se o formato dos livros segue o dos mais populares mangás (livros de pequeno formato, com mais de 100 páginas a preto e branco por volume) o traço de O’Malley vai buscar elementos narrativos e gráficos (como os grandes olhos) ao mangá, mas o seu traço, extremamente sintético e caricatural, tem uma personalidade muito própria.
O sucesso comercial da série de Bryan Lee O’Malley cedo levou a que fosse adaptada aos jogos de computador (o que tem lógica, pois os jogos de computador são uma das influências mais evidentes de “Scott Pilgrim”) e ao cinema, num divertidíssimo filme de Edgar Wright que, embora tendo tudo para se tornar um filme de culto, infelizmente, não teve o sucesso comercial merecido.
O mesmo parece ter acontecido com a edição portuguesa, que rapidamente passou de uma tiragem inicial de 5.000 exemplares, nos dois primeiros números, para 1.500 exemplares nos restantes, com o inevitável aumento de preço de capa que uma tiragem menor implica. Também por isso, é de louvar a persistência da editora, que apesar das vendas abaixo das expectativas, nunca deixou cair a série, que, com a edição do sexto e último volume em finais de 2011, aí está disponível na íntegra para quem a quiser ler em português. Uma leitura muito divertida e altamente aconselhável.
(“Scott Pilgrim”, de Bryan Lee O’Malley, Booksmile, 6 volumes, 8,50 € a 10,99 € por volume)
Versão integral do twxto publicado no Diário As Beiras de 24/02/2012
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário