quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Batman 80 Anos 1 - Jogo Final


O BATMAN DE SNYDER E CAPULLO ABRE COLECÇÃO 
DEDICADA AOS 80 ANOS DO CAVALEIRO DAS TREVAS

80 Anos de Batman Vol 1
Batman: Jogo Final
Argumento – Scott Snyder 
Desenhos – Greg Capullo e Dany Miki
Quinta, 21 de Fevereiro
Por + 11,90 €
Comemorando os 80 anos de aventuras do Batman, que se estreou no nº 27 da revista Detective Comics, que embora com data de Maio na capa, chegou aos quiosques em 30 de Março de 1939, o Homem Morcego regressa ao Público para uma colecção de dez volumes inéditos e em capa dura.
Assim, até 25 de Abril, os leitores poderão acompanhar uma dezena de títulos especialmente seleccionados para esta colecção onde, sem esquecer os clássicos, o Batman da Linha Novos 52 assume destaque, com metade dos títulos. Reformulação do Universo DC para o século XXI, levada a cabo nos E.U.A. em 2011, a Linha Novos 52 teve uma presença central e incontornável na colecção Super-Heróis DC que o Público e a Levoir publicaram em 2016, com ênfase na saga do Batman escrita por Scott Snyder e ilustrada por Greg Capullo, cujos três primeiros volumes foram publicados na colecção de 2016.
E é precisamente o Batman de Snyder e Capullo que abre esta colecção, com Jogo Final, em que Batman volta a enfrentar o seu maior inimigo, depois dos acontecimentos de O Regresso do Joker, o 12º volume da colecção de 2016, que terminava com a (aparente) morte do Joker. Mas a verdade é que o Joker está de volta, mais perigoso do que nunca e com aliados de peso, a própria Liga da Justiça, que foi contaminada por um vírus que os colocou sob o controle do Joker e ameaça as suas vidas. Será necessário ler este volume para perceber como o Batman conseguirá derrotar adversários tão poderosos como o Super-homem, o Flash e Mulher-Maravilha, para além do próprio Joker, num combate sem tréguas, nem regras, que lhe poderá custar a própria vida. Snyder cria aqui uma história épica, que explora de forma espectacular o traço único e cada vez mais depurado de Greg Capullo, que assina algumas páginas absolutamente fabulosas em termos de dinamismo e de planificação.
A colecção prossegue com Peso Pesado e Bloom, os dois volumes finais da etapa de Snyder e Capullo na revista principal do Batman. Uma etapa tão popular como memorável, que teve continuação na mini-série Dark Knights: Metal, que esperamos ver um dia publicada em Portugal.
 Os três volumes seguintes também estão integrados na era Novos 52, mas neste caso recolhem histórias publicadas em outros títulos, como a revista Detective Comics: Gothtopia é, como o próprio título indica, uma utopia imaginada por John Layman, o criador de Tony Chu e ilustrada por Jason Fabok e Aaron Lopresti, enquanto Ícaro é um perfeito exemplo do alto nível atingido pelas colaborações entre Francis Manapul e e Brian Bucellato. Entre estes dois volumes surge Noel: Um conto de Natal, uma novela gráfica autónoma escrita e desenhada por Lee Bermejo (Joker, Lex Luthor: Preconceito e Orgulho), que adapta o clássico de Charles Dickens para o universo do Batman.
Seguem-se dois clássicos. Batman Black & White, uma premiada colectânea de histórias curtas a preto e branco, assinadas por um lote absolutamente estratosférico de grandes autores mundiais e O Cavaleiro das Trevas Volta a Atacar, a tão controversa como criativa sequela de O Regresso do Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller, que será publicada em dois volumes.
A colecção termina com a antologia Batman: 80 Anos de Aventuras, uma viagem pela história do Batman que vai de Bob Kane a Tom King - o actual escritor da revista do Batman, que sucedeu a Snyder, após (mais uma) reformulação do universo DC em Rebirth – que assina duas histórias que ajudam a perceber porque é considerado o mais importante escritor de comics da actualidade.
Apresentados os volumes, fica aqui o convite ao leitor para, guiado por alguns dos melhores autores que já trabalharam com o Batman, se juntar ao Público na comemoração dos 80 anos de aventuras do Cavaleiro das Trevas.
Publicado originalmente no jornal Público de 16/02/2019

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Apresentação da colecção Batman 80 Anos

BATMAN, 80 ANOS DE AVENTURAS

Tudo começou há oitenta anos, em 1939, quando Bob Kane e Bill Finger na sequência do sucesso do Super-Homem de Jerry Siegel e Joe Schuster, nascido um ano antes, decidem criar um herói funcionasse quase como um negativo do Super-Homem, com o lado lunar do Cavaleiro das Trevas a surgir como contraponto à dimensão mais solar do Homem de Aço. Uma oposição que está igualmente presente nas duas cidades onde actuam os dois heróis, com a sombria Gotham City a funcionar como negativo da luminosa Metropolis. É essa dimensão mais humana, de um dos super-heróis mais humanos e carismáticos de todos os tempos e um dos raros que não tem qualquer super-poder, que facilitou a identificação dos leitores. Aspecto que ajudou a transformar Batman no mais popular dos super-heróis. Uma popularidade que não dá mostras de abrandar, bem pelo contrário, pois oitenta anos depois, Batman continua a ser no século XXI, o mesmo ícone da cultura pop que foi ao longo do século XX.
O Batman original foi criado como um vigilante próximo de outras personagens da época como o Shadow, enquadrando-se no mesmo registo de policial negro, visível não só no cinema como na literatura da época. Herói sombrio, nascido numa era sombria, com uma espantosa galeria de inimigos - de que o Joker é o mais conseguido - com paralelo apenas na série Dick Tracy, apoiado num engenhoso leque de gadgets - do cinto de utilidades ao Batmóvel -  Batman foi-se gradualmente afastando das suas raízes policiais à medida que a série foi mais dirigida a um público infantil, que se identifica facilmente com Robin, o jovem ajudante de Batman, criado por Jerry Robinson, numa resposta à tendência da época de juntar adolescentes (os sidekicks) aos super-heróis adultos. Nesta fase, Bruce Wayne, o homem por trás da máscara, é apenas um disfarce de milionário fútil e entediado, que Batman usa quando tira a capa.
Quando o descobrimos pela primeira vez, na história The Case of the Chemical Syndicate, publicada em 1939 no nº 27 da revista Detective Comics, Batman, o sombrio super-herói, está já no activo há algum tempo e a sua fama precede-o, enquanto o homem que se esconde por detrás da máscara, o milionário Bruce Wayne, apenas aparece fugazmente na última página da história. E só largos meses depois Bob Kane e Bill Finger nos explicam o que levou Bruce Wayne a transformar-se no vigilante vestido de morcego, que os leitores bem conhecem, mostrando num flashback de duas páginas, publicado no último volume desta colecção, como o assassinato dos pais do jovem Bruce Wayne levou o traumatizado órfão a consagrar a sua vida ao combate do crime, escolhendo a imagem do morcego para infundir terror a essas criaturas “medrosas e supersticiosas” que são os criminosos.
A crescente popularidade do herói fez com que cedo extravasasse as páginas da BD, chegando ao cinema. A primeira incursão do Cavaleiro das Trevas pela 7ª Arte, deu-se na década de 40, através de dois serials (filmes em episódios de meia hora), o primeiro em 1943, em que Batman participava no esforço da guerra então em curso, combatendo espiões japoneses na América e uma segunda, em 1949, onde surge pela primeira vez a repórter Vicky Vale, personagem que será rapidamente aproveitada para as aventuras no papel do Cavaleiro das Trevas. Apesar da debilidade das histórias e da falta de meios, estes dois serials contribuíram para a popularidade de Batman, embora a nível muito menor do que a série de televisão dos anos 60.
Filmada durante o apogeu da Pop Art, a série protagonizada por Adam West e Burt Ward, que esteve em exibição entre 1966 e 1968, era uma comédia de acção dirigida a um público juvenil, com efeitos visuais a reproduzirem os sons da BD, que eram um autêntico prodígio kitsch. Com um visual garrido, a série deu a conhecer ao grande público um Batman com muito poucas semelhanças com o vigilante original de 1939, mas que estava na linha da BD da época, onde a violência das histórias iniciais dera lugar a delirantes aventuras de ficção científica, que não se levavam minimamente a sério.
Na década de 70, Batman voltaria a aproximar-se do violento combatente do crime da fase inicial, trocando o tom de comédia por histórias de acção, centradas nos problemas da época. Surge assim um Batman mais sombrio e realista, na linha da dura realidade que rodeava os leitores, que o traço dinâmico de Neal Adams definiu como ninguém.
Mas a verdadeira revolução chegaria em 1986, com Frank Miller e o seu Regresso do Cavaleiro das Trevas, uma aventura futurista em que um Batman já cinquentenário volta a vestir o uniforme para impor a sua lei numa Gotham City cinzenta e ameaçadora. Um clássico incontornável, cuja surpreendente continuação publicamos nesta colecção.
O fulgurante sucesso do Batman de Frank Miller, abriu não só o caminho a outras visões complexas e adultas do Cavaleiro das Trevas, como Piada Mortal de Alan Moore e Brian Bolland, ou Asilo Arkham, de Grant Morrison e Dave Mckean, mas sobretudo gerou um renovado interesse pelo herói junto do grande público, criando assim as condições ideais para o regresso de Batman ao cinema. Um regresso que se dá pela mão de Tim Burton e que, passa pelos filmes de Joel Schumacher, pela aclamada trilogia de Christopher Nolan, até aos filmes mais recentes de Zack Snyder, sem esquecer a série de animação Batman Adventures, dirigida por Paul Dini e Bruce Timm, que contribuiu para o enriquecer da mitologia de Batman, através de novas personagens, como Harley Quinn, a namorada do Joker, que actualmente é uma das personagens de maior sucesso da DC.
Na BD o herói também se soube renovar, tal como o resto do catálogo da DC, através da Linha Novos 52, que actualizou o universo da editora para o século XXI. É precisamente o Batman da Linha Novos 52 que protagoniza metade dos 10 volumes desta colecção, com destaque para o excelente trabalho de Scott Snyder e Greg Capullo na principal revista do Batman, mas sem esquecer as versões de John Layman e Francis Manapul na revista Detective Comics. Mas a capacidade do Batman atrair os maiores nomes da mundial, está bem patente no volume antológico que encerra esta colecção, mas sobretudo em Batman Black & White, história que recolhe os melhores contos noir do Batman em histórias a preto e branco, assinadas por (muitos) nomes de prestígio da BD europeia e mundial, como Katshuiro Otomo e Richard Corben, dois dos últimos Grandes Prémios de Angoulême, provando que o impacto do Batman, oitenta anos após a sua criação, é verdadeiramente global.

A COLECÇÃO

1 – Batman: Jogo Final
21 de Fevereiro
Argumento – Scott Snyder
Desenhos – Greg Capullo e Dany Miki
O Joker quer pregar uma última partida ao seu adversário de sempre, mas desta vez, ninguém se vai ficar a rir. Depois do Batman se ter recusado a alinhar nos planos maquiavélicos do Príncipe Palhaço do Crime, está na altura de uma vingança que irá colocar à prova não só o Batman, mas todos aqueles que ele ama! A continuação da saga criada por dois dos maiores autores de sempre do Batman, Scott Snyder e Greg Capullo, um dos grandes clássicos modernos da DC. O Joker deixou-se de comédias... e enveredou pela tragédia negra!

2 – Batman: Peso Pesado
28 de Fevereiro
Argumento – Scott Snyder
Desenhos – Greg Capullo e Dany Miki
O Comissário Gordon transformou-se no novo Batman! Depois da desaparição e aparente morte do Cavaleiro das Trevas, o ex-comissário da polícia teve de assumir o seu papel, para patrulhar as ruas de Gotham envergando a nova e poderosa armadura do Cavaleiro das Trevas. Mas serão a alta tecnologia e capacidades de uma Bat-Armadura suficientes para deter o misterioso Sr. Bloom, antes dos seus planos maléficos destruírem a cidade? A continuação de uma das maiores sagas do Batman de sempre, os Novos 52 de Scott Snyder e Greg Capullo, os autores best-seller do New York Times

3 – Batman: Bloom
07 de Março
Argumento – Scott Snyder
Desenhos – Greg Capullo e Dany Miki
Bruce Wayne parece ter uma vida de sonho: está apaixonado por uma mulher extraordinária com quem trabalha num dos centros para jovens de Gotham, onde ajuda as crianças da cidade que ele adora... embora ainda tenha amnésia depois de quase ter sido morto num ataque do Joker. Mas os ecos e as memórias escondidas de um passado que esqueceu, negro e cheio de violência, continuam a puxar por ele...
 mas, se responder ao apelo do Batman, o que acontecerá à vida feliz que entretanto construiu? A conclusão da saga de Scott Snyder do Batman Novos 52, um dos clássicos modernos dos comics americanos.

4 – Batman: Gothopia
14 de Março
Argumento – John Layman
Desenhos – Jason Fabok e Aaron Lopresti
O argumentista John Layman e o artista Jason Fabok assinam uma estranha e inquietante história do Batman. Gotham é uma utopia, livre de crime, e em que os heróis são celebrados por todo o lado. O Batman é um vigilante universalmente adorado, vestido com o seu brilhante fato de Cavaleiro da Luz. E a sua companheira – e amante – não é outra senão Selina Kyle, a Asa Felina. Quem terá criado esta versão alternativa do mundo do Cavaleiro das Trevas? E com que propósito?

5 – Batman: Noel – Um Conto de Natal
21 de Março
Argumento e Desenhos – Lee Bermejo
Enquanto o Cavaleiro das Trevas persegue o seu pior inimigo pelas ruas cobertas de neve de Gotham City, um bizarra sequência de eventos, ameaça roubar a sua alma para sempre. Lee Bermejo, o desenhador de Joker e Lex Luthor estreia-se como autor completo com esta peculiar versão do Conto de Natal de Charles Dickens, onde para além de Batman e de um Scrooge, não faltam aliados como Robin, o Comissário Gordon, Catwoman e o Superman, e inimigos como o Joker.

6 – Batman: Ícaro
28 de Março
Argumento – Francis Manapul e Brian Bucellato
Desenhos – Francis Manapul
O Batman, o Maior Detective do Mundo, tem de investigar um caso que envolve uma nova, letal e misteriosa droga que está a devastar as ruas de Gotham, bem como vários políticos corruptos e grupos criminosos rivais. Conseguirá o Homem-Morcego deter estas ameaças antes que a cidade seja mergulhada numa guerra que não faria quaisquer prisioneiros? O artista Francis Manapul possui um dos mais originais e brilhantes estilos gráficos nos comics da actualidade, que ilustra na perfeição esta história escrita a meias com Brian Buccellato.

7 – Batman: Black & White – Os Melhores Contos Noir
04 de Abril
Argumento – Vários Autores
Desenhos – Vários Autores
Vinte contos noir que exploram as imensas potencialidades do preto e branco, assinados por grandes nomes da BD mundial, numa premiada antologia que fez história. Os melhores desenhadores, como Brian Bolland, Joe Kubert, Ted McKeever, Bruce Timm, Joe Kubert, Howard Chaykin, José Muñoz, Walt Simonson, Richard Corben, Kent Williams, Jorge Zaffino, Klaus Janson, Liberatore, Matt Wagner, Bill Sienkiewicz, Ted Kristiansen, Kevin Nowlan, Gary Gianni, Brian Stelfreeze e Katshuiro Otomo, juntos num volume que inclui ainda ilustrações de Moebius, Frank Miller, Jim Lee, Alex Toth e Barry Windsor-Smith.

8 – O Cavaleiro das Trevas Volta a Atacar Vol 1
11 de Abril
Argumento e Desenhos – Frank Miller
Quinze anos depois da publicação de O Regresso do Cavaleiro das Trevas, Frank Miller retorna ao universo distópico e futurista de um Batman envelhecido, que regressa ao activo para combater o crime. Uma sequela cuja acção decorre três anos depois da aparente morte do Cavaleiro Das Trevas, num mundo aparentemente perfeito, onde reina a paz e a harmonia. Mas esta harmonia é apenas uma fachada que vai ser destruída por um regressado Batman que vai reunir os seus aliados para combater a ameaça do homem que controla todos, até o Presidente dos Estados Unidos da América.

9 – O Cavaleiro das Trevas Volta a Atacar Vol 1
18 de Abril
Argumento e Desenhos – Frank Miller
A conclusão do regresso do Batman crepuscular de Frank Miller, concretiza-se neste segundo volume, em que a complexa intriga que envolve a maioria dos membros da Liga da Justiça se cruza com a dura realidade do ataque às Torres Gémeas em 11 de Setembro de 2001. Um acontecimento real, que Frank Miller acompanhou do seu estúdio em Nova Iorque e que acabou por influenciar decisivamente a evolução desta história, que começou como uma homenagem de Miller aos heróis e vilões do universo DC, para se tornar, tal como aconteceu com O Regresso do Cavaleiro das Trevas, um reflexo da época em que a história foi feita.

10 –Batman: 80 Anos de Aventuras
25 de Abril
Argumento – Vários Autores
Desenhos – Vários Autores
De Bob Kane a Tom King, 80 anos de aventuras do Cavaleiro das Trevas cobertos numa antologia criada em exclusivo para esta colecção. Desde a origem do Batman pelos seus criadores originais, passando pela fase de Sheldon Moldoff nos anos 50, continuando com o regresso à dimensão mais sombria do Cavaleiro das Trevas nos anos 70, em histórias ilustradas por Neal Adams e Jim Aparo, incluindo ainda o trabalho de Alan Davis e Paul Neary da década de 80 e terminando com dois histórias escritas por Tom King, o actual escritor da principal revista do Cavaleiro das Trevas.

AUTORES EM DESTAQUE

SCOTT SNYDER E GREG CAPULLO
Tendo iniciado a sua carreira como escritor de terror, Scott Snyder tornou-se rapidamente num dos maiores escritores dos comics americanos deste século. Na sua etapa com o Batman, Snyder conta com a arte de Greg Capullo, desenhador, cuja carreira está sobretudo associada à sua colaboração com Todd McFarlane na série Spawn, durante perto de vinte anos. Capullo revelou-se um dos melhores desenhadores do Batman deste século, adaptando o seu estilo às necessidades da personagem e influenciando a própria narração de Snyder. Um escritor que, embora habituado a escrever argumentos extremamente detalhados, em que nada é deixado ao acaso, foi gradualmente dando maior autonomia a Capullo, que ao longo do tempo acabará por assumir a principal responsabilidade pela planificação, colaborando também na própria evolução das histórias.

FRANK MILLER
Um dos mais importantes nomes dos comics americanos das últimas décadas, Frank Miller lançou-se nos inícios dos anos 80 nas páginas da revista Daredevil, da Marvel, reformulando de forma brilhante o super-herói cego em histórias notáveis. Mas seria na DC que Miller iria revolucionar os comics americanos, primeiro com Ronin, e depois com O Regresso do Cavaleiro das Trevas e Batman Ano Um, duas obras-primas já editadas em Portugal pela Levoir, em que Miller redefine o futuro e a origem de Batman. Entre as suas criações mais importantes, destacam-se 300 e a série que redefiniu o policial negro na BD, Sin City, ambas adaptadas ao cinema com sucesso. Depois de um período de afastamento por doença, Miller regressou recentemente à BD com The Master Race, a terceira parte da trilogia do Cavaleiro das Trevas - cuja segunda parte ocupa os volumes 8 e 9 desta colecção  -  e Xerxes, a sequela de 300.

TOM KING
Antes de se tornar um escritor premiado, com romances na lista de best-sellers do New York Times, Tom King trabalhou como agente da CIA, como oficial de operações de contra terrorismo, tendo estado destacado no Iraque após a queda de Saddam Hussein, experiencia que lhe serviu de inspiração para o livro O Xerife da Babilónia, já publicado em Portugal pela Levoir. Tendo tido a ingrata missão de substituir Scott Snyder como escritor da revista principal do Batman, King saiu-se com distinção desse desafio, conquistando tanto o público como a crítica, através de histórias plenas de humanidade, como as duas que podemos ler no último volume desta colecção.


AS SOMBRAS DO CAVALEIRO DAS TREVAS

É ponto mais ou menos assente no mundo da edição de comics que os leitores preferem a cor e o preto e branco não vende. Do mesmo modo, também é ideia assente que as antologias raramente têm sucesso comercial. Daí que, quando o editor Mark Chiarello se lembrou de criar de criar uma antologia de histórias do Batman a preto e branco, a ideia foi recebida com desconfiança. Inspirada em revistas como a Creepy e a Eerie, da editora Warren, que durante a década de 70 publicou alguns dos melhores trabalhos de sempre de autores como Frank Frazetta, Bernie Wrightson, Ricard Corben e Steve Ditko, na sua maioria escritos e editados pelo mítico Archie Goodwin, a antologia editada por Chiarello tinha uma estratégia simples para conquistar os leitores: chamar os maiores nomes da BD de todas as latitudes, muitos dos quais nunca tido qualquer contacto com o Batman, ou com qualquer super-herói, para criarem o seu Batman.
O resultado foi uma mini-série de 4 números, publicados entre Junho e Setembro de 1996, recolhendo vinte contos noir de oito páginas cada, escritas por veteranos como Dennis O’Neil, Archie Goodwin, Jan Strnad, Chuck Dixon e Neil Gaiman, para grandes nomes da BD mundial que exploram aqui, cada um à sua maneira, as imensas potencialidades do preto e branco. Um elenco absolutamente de luxo, que inclui desenhadores como Joe Kubert, Ted McKeever, Bruce Timm, Joe Kubert, Howard Chaykin, José Muñoz, Walt Simonson, Richard Corben, Kent Williams, Jorge Zaffino, Simon Bisley, Klaus Janson, Liberatore, Matt Wagner, Bill Sienkiewicz, Ted Kristiansen, Kevin Nowlan, Gary Gianni, Brian Stelfreeze e Katshuiro Otomo, a ilustrarem histórias curtas, a que se juntam as ilustrações de Moebius – que escreveu e desenhou uma divertidíssima história que a DC não se atreveu a publicar, tendo acabado por só sair anos depois na revista Penthouse Comix - Frank Miller, Neal Adams, P. Craig Russel, Jim Lee, Alex Toth e Barry Windsor-Smith.
E a série acabou por se revelar um sucesso tremendo, ganhando dois prémios Eisner e um prémio Harvey no ano seguinte e dando origem a mais três antologias com o mesmo título, publicadas em 2001, 2004 e 2013 e diversas vezes reeditadas, para além de inspiram colecções como Batman Noir, que publica a preto e branco histórias clássicas do Batman originalmente publicadas a cores, como aconteceu com o volume dedicado a Brian Azzarello e a Eduardo Risso, que a Levoir publicou em Portugal. Mas a verdade é que foi, na mini-série que preenche o volume 7 desta colecção, que tudo começou.

O BATMAN NA ERA NOVOS 52

Um dos destaques desta colecção vai para os títulos englobados na linha Novos 52, que constituem metade da colecção. A Linha Novos 52 - que em 2011 veio transformar o universo DC para o século XXI, relançando a totalidade da sua linha editorial, num total de 52 títulos – que os leitores portugueses já tinham podido descobrir na colecção que o Público e a Levoir dedicaram em 2016 ao maiores heróis da DC, acompanhando as mais recentes fases das aventuras do Batman, do Super-Homem, da Mulher-Maravilha e do Aquaman, está desta vez em destaque graças às aventuras do Batman. Depois dos três volumes iniciais da fase da dupla Scott Snyder e Greg Capullo na revista principal do Batman publicados na colecção de 2016, esta colecção comemorativa dos 80 anos do Cavaleiro das Trevas, prossegue com a edição dos três volumes finais desta etapa que foi um estrondoso sucesso, tanto crítico como comercial.
Mas, se na colecção de 2016 a presença do Batman se tinha limitado às histórias da revista com o seu nome, desta vez há espaço para dois volumes que recolhem histórias publicadas na mais antiga revista da DC, que deu nome à própria editora, a Detective Comics, em cujo nº 27 o Batman surgiu pela primeira vez em 1939. São eles Gothopia, uma versão utópica da cidade e da vida do Batman, boa demais para ser verdade, escrita por John Layman, o argumentista de Tony Chu, com desenhos espectaculares de Jason Fabok e Ícaro, que nos mostra o altíssimo nível que o trabalho da dupla Francis Manapul/Brian Bucellato consegue atingir.
Finalmente, sem ligação directa com a cronologia das revistas mensais, mas publicado também durante a era Novos 52, temos Noel: Um Conto de Natal, que nos traz o nosso conhecido Lee Bermejo (Joker, Lex Luthor) aqui como autor completo, com um versão muito pessoal de A Christmas Carrol, de Charles Dickens, com os personagens do escritor inglês a darem lugar aos nossos conhecidos heróis e vilões do universo de Batman.
Textos publicados originalmente no jornal Público de 16/12/2019

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Geraldes Lino (1936-2019)

Morreu Geraldes Lino. "Militante da BD e dos fanzines", como se auto intitulava Geraldes Lino era, sobretudo uma pessoa boa, de sorriso largo e um entusiasmo contagiante no que à Banda Desenhada dizia respeito. Conhecia-o há seguramente mais de 30 anos, e sempre me impressionou pela sua disponibilidade e simpatia e pela maneira desinteressada como fazia a ponte entre as diversas gerações de autores, sobretudo através e iniciativas como a Tertúlia BD de Lisboa, que criou e organizou até há bem pouco tempo. Lembro-me que, sempre que precisava do contacto de algum autor, era ao Geraldes que telefonava primeiro, pois as probabilidades de ele ter esses contacto eram elevadíssimas, pois Geraldes Lino conhecia e dava-se bem com TODA a gente e fazia questão de ser útil a quem dele precisava.
Ao longo dos anos fomos construindo uma sólida amizade, periodicamente reforçada nos encontros em Festivais - como a Amadora, Angoulême, Salão do Porto, Beja e no Coimbra BD, onde ele só esteve na primeira edição - e nos almoços que combinávamos quase sempre que eu ia a Lisboa.
Nos livros que escrevi com o João Ramalho, sempre que possível, escrevíamos sempre um personagem inspirado nele. Foi o caso do Eden 2.0, desenhado pelo Luís Louro, onde aparece como um repórter de nome Onyl Sedlareg (óbvio anagrama de Geraldes Lino) e, mais recentemente, em Os Segredos de Loulé, desenhado pelo André Caetano, onde é ele quem apresenta o vídeo que conta a Lenda da Moura Cássima.
Mas a esse nível, não se pode dizer que tenhamos inventado nada, pois as BDs em que Geraldes Lino aparece como personagem, ou figurante,  são inúmeras e bem mereciam ser recolhidas numa exposição que homenageasse o seu papel incontornável na Banda Desenhada portuguesa.
Pouco antes de receber a mensagem que me alertou para a triste notícia, tinha pensado ligar-lhe para combinarmos um almoço de arroz de lampreia, prato que ambos adorávamos e que tínhamos por tradição comer juntos nesta época do ano. Infelizmente,  em 2019 já não vamos poder cumprir essa tradição, mas a próxima lampreia que comer, será à tua saúde, Lino!

sábado, 16 de fevereiro de 2019

Y o Último Homem 8 - Dragões de Kimono

NO JAPÃO, À PROCURA DE AMPERSAND

Y, O último Homem
Vol. 8: Dragões de Kimono
Quinta-feira, 14 de Fevereiro
Argumento – Brian K. Vaughan
Desenhos – Goran Sudzuka e José Marzan, Jr.
Por + 12,90€
A publicação da série Y, o último Homem prossegue na próxima quinta-feira com o oitavo dos dez volumes que contam a história de Yorick Brown, o último homem sobre a Terra e do seu macaco Ampersand.
No volume anterior vimos como Hero, a irmã de Yorick entrou em contacto com Beth,  acabando por descobrir que esta estava grávida do seu irmão. Mas como o potencial filho do último homem, ao nascer acabou por  se revelar uma filha, ficamos ainda sem saber se os efeitos da epidemia que matou todos os machos portadores do cromossoma Y se mantém ou não activos.
Revelando-se um exímio gestor do suspense da intriga, Brian K Vaugham vai introduzindo pequenas revelações, ao mesmo tempo que cria novos mistérios, fazendo progredir a intriga do mesmo modo que deixa o leitor cada vez mais preso a uma história absolutamente viciante. Mesmo que a tentativa de Yorick encontrar a sua namorada - que entretanto tinha abandonado a Austrália e partido para Paris - em Sidney não tenha tido qualquer resultado prático em termos do evoluir da história principal, há outros elementos que vão adquirir uma importância fundamental em termos da história que Vaugham quer contar. Nesta fase quase final, em que a intriga se aproxima a passos largos de um desenlace, bem mais do que Yorick, é precisamente Ampersand que se revelar principal motor da história. Depois de, no final do volume anterior, ter conseguido escapar da guarda da misteriosa Ninja que o raptou, Ampersand o macaco que representa a última esperança de uma cura para a humanidade, está desaparecido no Japão, sendo procurado pelos principais intervenientes desta história que convergiram todos para o país do sol nascente onde Yorick e a agente 355 vão tentar resgatar Ampersand das mãos de uma antiga cantora de J Pop transformada em dona de um bordel controlado pela Yakuza, a Máfia japonesa.
É precisamente no Japão que se dá o encontro entre a Dra. Mann e a sua mãe, uma cientista cujas experiências estão na origem da epidemia. Um bom pretexto para Vaugham explorar as ligações entre Alison Mann e a sua mãe, através de uma série de flashbacks que dão a conhecer um pouco do passado da cientista e da forma como esse passado marcou a sua maneira de ser. Uma forma encontrada pelo Argumentista para humanizar ainda mais as personagens, ao mesmo tempo que cria uma motivação para o seu comportamento e aumenta a empatia do leitor com essa personagem.
Tal como já aconteceu com outras séries de culto da Vertigo, como Preacher, de Garth Ennis e Steve Dillon, também Y, o Último Homem vai ser transformada numa série de televisão, com uma primeira temporada já confirmada, depois do episódio piloto ter sido aprovado pelo canal de televisão FX, culminando assim um longo processo feito de avanços e recuos, que começou com um projecto de um filme protagonizado por Shia LaBeouf, até chegar ao formato - bastante mais adequado a uma história com o tamanho e a complexidade de Y o Último Homem - da série televisiva.
Se a primeira temporada da série da FX só tem estreia marcada para 2020, os leitores portugueses não terão de esperar tanto para conhecer o final das aventuras de Yorick, pois o Público e a Levoir vão editar ainda durante este ano de 2019, os dois volumes que faltam desta série espectacular.
Publicado originalmente no jornal Público de 09/0272019

sábado, 9 de fevereiro de 2019

Y o Último Homem 7: Bonecas de Papel

(DES)ENCONTROS NA AUSTRÁLIA

Y, O último Homem
Vol. 7: Bonecas de Papel
Quinta-feira, 7 de Fevereiro
Argumento – Brian K. Vaughan
Desenhos – Pia Guerra, Goran Sudzuka e José Marzan, Jr.
Por + 12,90€
Depois de dois volumes publicados em 2017, a que se seguiram mais quatro volumes em 2018, a publicação da série Y, o Último Homem vai finalmente ficar concluída neste ano de 2019, com o lançamento dos quatro últimos volumes dedicados às aventuras de Yorick Brown, o último homem num mundo em todos os mamíferos portadores do cromossoma Y foram aniquilados por uma misteriosa praga. Este último ciclo de publicação inicia-se já na próxima quinta-feira, dia 7, com a publicação precisamente do volume 7, a que seguirá, uma semana depois, o volume 8, ficando a publicação dos dois volumes finais agendada lá mais para o final de 2019.
Como vimos nos volumes anteriores, depois de uma arriscada travessia do Pacífico, primeiro no The Whale, um navio cargueiro convertido para o tráfico de heroína, e depois num submarino na marinha australiana comandado pela Capitã Belleville, os nossos heróis prossegue a sua viagem em direcção ao Japão, na peugada da misteriosa mercenária japonesa que raptou Ampersand, o macaco-capuchinho de Yorick, cujo sangue pode conter o segredo para a cura da epidemia que apagou o género masculino da face da Terra.
Para além do núcleo duro da série, o grupo constituído por Yorick, pela agente secreta 355 e pela especialista em genética Dra. Allison Mann, a que se juntou Rose Copen, uma agente secreta da marinha australiana, infiltrada no The Whale, este volume assinala o regresso de velhas conhecidas dos leitores, como é o caso de Hero Brown, a irmã de Yorick, que se conseguiu libertar da influência nefasta das Filhas da Amazona, e de Beth, a única mulher a quem Yorick se entregou desde o começo da praga e que, não por acaso, tem o mesmo nome da namorada de Yorick, que estava na Austrália quando a pandemia começou.
E é precisamente, em Sidney, na Austrália, que o submarino da marinha australiana que vai levar o grupo para Yokogata, a terra natal da Dra. Mann, faz uma escala técnica. Uma paragem que se revela um pretexto irrecusável para Yorick, desafiando todas as regras de segurança e do bom senso, procurar a mulher da sua vida, mesmo que isso coloque em sério risco o segredo da existência do último homem.
Se o facto de se descobrir que existe um homem que sobreviveu à pandemia é um furo jornalístico sensacional, pelo qual muitos jornalistas seriam capazes de dar - ou tirar – a vida, a pressão da imprensa sensacionalista não é o único problema que aflige Yorick, como veremos neste volume. Um volume em que voltam os flash-backs, que dão a descobrir aos leitores aspectos importantes do passado da agente 355 e a forma como Ampersand entrou na vida de Yorick.
Em termos gráficos, o desenhos a lápis desde volume alterna entre Pia Guerra - a desenhadora principal e co-criadora, com Brian K. Vaugham, da série - e o croata Goran Sudzuka, que já tinha assegurado o desenho a lápis do volume anterior. Mas graças à mestria da passagem a tinta do veterano José Marzan, Jr., que assegurou a arte-final de toda a série, as mudanças de desenhador principal entre dois números, são apenas perceptíveis ao olhar dos leitores mais atentos.
Tal como Ampersand, também os restantes protagonistas desta série completamente viciante, chegam ao Japão. E é o país do sol nascente que vai servir de cenário ao próximo acto daquela que é uma das mais populares e mais prestigiadas séries incluídas no riquíssimo catálogo da editora Vertigo, que o Público e a Levoir têm vindo a dar a descobrir aos leitores portugueses.
Publicado originalmente no jornal Público de 02/02/2019