quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Geraldes Lino (1936-2019)

Morreu Geraldes Lino. "Militante da BD e dos fanzines", como se auto intitulava Geraldes Lino era, sobretudo uma pessoa boa, de sorriso largo e um entusiasmo contagiante no que à Banda Desenhada dizia respeito. Conhecia-o há seguramente mais de 30 anos, e sempre me impressionou pela sua disponibilidade e simpatia e pela maneira desinteressada como fazia a ponte entre as diversas gerações de autores, sobretudo através e iniciativas como a Tertúlia BD de Lisboa, que criou e organizou até há bem pouco tempo. Lembro-me que, sempre que precisava do contacto de algum autor, era ao Geraldes que telefonava primeiro, pois as probabilidades de ele ter esses contacto eram elevadíssimas, pois Geraldes Lino conhecia e dava-se bem com TODA a gente e fazia questão de ser útil a quem dele precisava.
Ao longo dos anos fomos construindo uma sólida amizade, periodicamente reforçada nos encontros em Festivais - como a Amadora, Angoulême, Salão do Porto, Beja e no Coimbra BD, onde ele só esteve na primeira edição - e nos almoços que combinávamos quase sempre que eu ia a Lisboa.
Nos livros que escrevi com o João Ramalho, sempre que possível, escrevíamos sempre um personagem inspirado nele. Foi o caso do Eden 2.0, desenhado pelo Luís Louro, onde aparece como um repórter de nome Onyl Sedlareg (óbvio anagrama de Geraldes Lino) e, mais recentemente, em Os Segredos de Loulé, desenhado pelo André Caetano, onde é ele quem apresenta o vídeo que conta a Lenda da Moura Cássima.
Mas a esse nível, não se pode dizer que tenhamos inventado nada, pois as BDs em que Geraldes Lino aparece como personagem, ou figurante,  são inúmeras e bem mereciam ser recolhidas numa exposição que homenageasse o seu papel incontornável na Banda Desenhada portuguesa.
Pouco antes de receber a mensagem que me alertou para a triste notícia, tinha pensado ligar-lhe para combinarmos um almoço de arroz de lampreia, prato que ambos adorávamos e que tínhamos por tradição comer juntos nesta época do ano. Infelizmente,  em 2019 já não vamos poder cumprir essa tradição, mas a próxima lampreia que comer, será à tua saúde, Lino!

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