quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Universo Marvel 7 - Marvels


MARVELS, A OBRA-PRIMA DE ROSS E BUSIEK 
REGRESSA EM EDIÇÃO DEFINITIVA 

 Universo Marvel – Vol. 7 Marvels 
Argumento – Kurt Busiek Desenho – Alex Ross 
Quinta, 21 de Agosto Por + 8,90 €
O próximo volume da colecção Universo Marvel é o único desta série que não é inédito em Portugal, mas tratando-se de um clássico absolutamente incontornável, que conquistou três Prémios Eisner (os Óscars da BD americana) e afirmou Alex Ross como um dos maiores nomes dos comics, fazia todo o sentido incluí-lo nesta colecção. Até porque a anterior edição teve uma tiragem bastante reduzida e distribuição comercial muito limitada. Por isso, Marvels regressa agora ao mercado nacional numa nova edição, com uma nova e mais cuidada tradução e com uma série de extras, como os esboços de Alex Ross e as fotografias que este usou como modelo para a sua versão hiper-realista dos super-heróis, inexistentes na edição anterior. Escrita por Kurt Busiek e pintada por Alex Ross, Marvels analisa as implicações inerentes à existência dos super-heróis num mundo real.
O tema em si não é inovador. Alan Moore, em Watchmen tinha partido de uma premissa semelhante para concluir da impossibilidade da coexistência entre os super-heróis e o resto da humanidade. Isto é, ao humanizar os super-heróis, pôs em causa a sua própria razão de ser. Busiek opta por uma abordagem diferente e, embora integre os super-heróis na nossa realidade quotidiana de forma realista, não os pretende humanizar. Pelo contrário. Em Marvels, os super-heróis são vistos como deuses que desceram à terra, com os cidadãos de Nova Iorque apenas a assistirem à distância, sem poderem intervir, aos momentos decisivos em que a história do universo Marvel está a ser escrita. Uma história que nos é apresentada do ponto de vista do homem comum, que assiste impotente à chegada dos novos deuses que caminham sobre a Terra. Esse homem é Phil Sheldon, um repórter fotográfico do Daily Bugle, o mesmo jornal onde também trabalha Peter Parker, o Homem-Aranha, que vai ser testemunha da maioria dos acontecimentos que, desde 1939 até aos anos 70, marcaram a vida de milhões de leitores das revistas da Marvel. Um ponto de vista tanto mais curioso quanto é exactamente o inverso do utilizado por Stan Lee no início da década de 60, no que se convencionou chamar a “revolução Marvel”, em que, pela primeira vez, os super-heróis foram apresentados como indivíduos atormentados pelos mesmos problemas do cidadão comum, capazes dos mesmos tipos de sentimentos e emoções.
 Exercício nostálgico de inegável fascínio, principalmente para quem acompanhou mês a mês os acontecimentos retratados, Marvels consegue aliar a dimensão mítica a um grande realismo, o que não é fácil de compatibilizar. Grande parte do mérito vai para Alex Ross, um artista de grande talento, cujas imagens pintadas de forma hiper-realista dão vida e consistência aos heróis da Marvel, sem abdicar da dimensão épica que os caracteriza.
Publicado originalmente no jornal Público de 15/08/2014

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