Precisamente dez anos depois dos atentados ao World Trade Center de 11 de Setembro de 2001, chegou às livrarias americanas, "Holy Terror", uma novela gráfica de Frank Miller, em que o criador de "Sin City" aborda a problemática do terrorismo islâmico. Reacção visceral de um novaiorquino aos atentados que mutilaram a sua cidade, Holy Terror foi inicialmente pensada como uma história de Batman, mas que surge agora protagonizado por "The Fixer", um novo herói mascarado, cujas semelhanças com o Batman são mais do que mera coincidência...
Segundo declarou em várias entrevistas, Miller decidiu retirar Batman da história, pois a evolução da personagem levou-a a um tipo de comportamento de tal modo violento, que era difícil de encaixar na imagem de Batman, mas quanto a mim, a saída de Bob Schreck da DC Comics, também teve um papel importante e talvez até decisivo. Schreck, que foi editor de Frank Miller na Dark Horse, é um dos seus melhores amigos e foi ele, enquanto editor das revistas do Batman, o responsável pelo regresso de Miller às histórias de Batman, com os polémicos "Dark Knight Strikes Again" e "All Star Batman & Robin". O anúncio de que Holy Terror já não seria uma história de Batman, surgiu quando Bob Schreck já não estava na DC e, não por acaso, a história acaba por ser publicada, não pela Dark horse, editora habitual dos projectos mais autorais de Miller, mas sim pela Legendary Comics, que tem como editor-chefe, adivinharam, Bob Schreck. E "Holy Terror" é o título de estreia de uma nova editora, criada pela produtora cinematográfica que esteve ligada a vários filmes inspirados em BDs, como o "300" de Zack Snyder, a a partir da BD de Frank Miller, ou os Batmans de Cristopher Nolan.
Falando do livro, propriamente dito, Miller continua igual a si próprio e trata a questão do terrorismo islâmico com a subtileza de um elefante numa loja de porcelanas e aqueles que acharam que o Batman de "The Dark Knight Returns" era fascista, vão espumar com este "Holy Terror".
Graficamente, "Holy Terror" é um Batman em Sin City, publicado no mesmo formato italiano (na horizontal) de "300". Usando um preto e branco contrastado, com pequenos apontamentos de cor (as sapatilhas e os olhos de Cat Burgler, por exemplo) Miller alterna as páginas memoráveis, com outras mais "a despachar", mas não faltam imagens espectaculares e sequências muito bem conseguidas, como as cenas no meio da tempestade, ou as caras das vítimas dos atentados que vão gradualmente desaparecendo até dar lugar a páginas cheias de pequenos quadrados brancos.
Pensada como uma história de Batman (Cat Bulgral era obviamente a Catwoman, Dan Donegal era o Comissário Gordon, com cabelo preto e o Robinson Park faz parte da toponimia de Gotham City, aqui transformada em Empire City), parece-me que "Holy Terror" funcionaria melhor como uma história de Batman, do que como uma aventura deste novo herói que Miller nem se deu ao trabalho de desenvolver minmamente.
Embora "Holy Terror", com todos os seus defeitos, virtudes e desiquilibrios, não seja o regresso de Frank Miller aos seus tempos de glória, ainda assim não deixa de ser um prazer ver Miller fazer aquilo que faz melhor, escrever e desenhar Banda Desenhada. Sobretudo depois do verdadeiro desastre que foi a sua estreia a solo no cinema, como realizador de "The Spirit"...
Frank Miller's Holy Terror, Legendary Comics, 120 páginas a 2 cores, 29,95 €
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
Frank Miller regressa com Holly Terror
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