terça-feira, 26 de abril de 2011
O Museu, 12 anos depois de Abril
Ao contrário do Parlamento português, não quis deixar passar em claro mais um aniversário do 25 de Abril de 1974. E, por isso, lembrei-me de recuperar aqui "O Museu", uma Banda Desenhada ilustrada pelo Miguel Rocha e escrita por mim e pelo João Ramalho Santos e que saiu em 1999 no jornal "Público", no âmbito de um projecto, coordenado pelo Nuno Saraiva, que a propósito dos 25 anos do 25 de Abril, publicou 25 BDs de autores portugueses, posteriormente expostas (de forma bastante discreta) na grande Exposição sobre os 25 anos do 25 de Abril, que esteve na Cordoaria Nacional.
Lembro-me que entrámos neste projecto à última da hora, a substituir o Filipe Abranches, mas foi uma história muito fácil de fazer e o único dos nossos projectos Abrileiros (além desta história, nesse ano de 1999 houve também a exposição "Uma Revolução Desenhada" e respectivo catálogo, feita com o João P. Boléo, para o Centro de Documentação 25 de Abril e a BD, "A Revolução Interior", editada pela Afrontamento, que o José Carlos Fernandes ilustrou) que não foi feito por mail. Neste caso, aproveitando uma curta vinda do João Ramalho, que na altura estava a morar nos EUA, a história foi escrita e planificada (podem ver uma página com a planificação das 3 primeiras tiras, que mostra bem o meu grande talento gráfico) numa noite, em minha casa, depois de um jantar bem regado.
O resto coube ao talento do Miguel Rocha, que desenhou uma bela história, integrando perfeitamente as imagens que lhe fornecemos, com os seus desenhos, a que a reprodução no jornal não faz obviamente justiça. Deixo-vos com a história e com a descrição feita pelo Miguel Rocha ao jornal Público, no dia em que saiu a 1ª tira: "A história desta BD, que nem é bem uma história, mas mais um percurso iconográfico através do fascismo e do periodo pós-revolucionário, foi construída pelos dois Joões. Eu só tive que ilustrar esse texto, criando uma linha narrativa que tem como fio condutor um personagem - o guarda do museu".
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sábado, 23 de abril de 2011
Projecto Zona regressa com Zona Monstra
Aproveitando a “boleia” do Monstra, o Festival de Animação de Lisboa, o projecto “Zona” acaba de lançar mais uma revista, a “Zona Monstra”, a sexta desde a publicação de “Zona Zero”, em 2009.
Se o “Zona Negra 2”, lançado após alguns percalços com a impressão, em finais de 2010, já revelava grandes progressos em relação ao primeiro “Zona Negra”, este “Zona Monstra”, servido por uma excelente capa de Filipe Andrade, que é entrevistado no interior (tal como Joana Afonso) é claramente o título mais consistente saído do projecto “Zona.
Depois de “Zona Zero”, dos dois “Zona Negra”, de “Zona Fantástica” e dos dois “Zona Gráfica”, este “Zona Monstra” mostra que o projecto coordenado por Fil e André Oliveira e publicado pela Associação Tentáculo, tem sabido crescer de forma sustentada, dando oportunidade a um número cada vez mais alargado de autores nacionais (e alguns estrangeiros, como os brasileiros Bruno Bispo e Victor Freund e os argentinos Locato e Rodolfo Buscaglia) de exercitarem as suas capacidades gráficas e narrativas em histórias curtas.
E, mais uma vez, é precisamente a nível das histórias que esta “Zona Monstra” apresenta maiores debilidades, bem visíveis, por exemplo, em “Parasitóide”, em que o excelente trabalho gráfico e de cor de André Lima Araújo e de Daniel “Pez” Lopez está ao serviço de uma história indigente. Se alguns, como André Caetano, que depois de uma história de 2 páginas no "Zona Gráfica" tenta agora uma narrativa de maior Fôlego, conseguem contornar bem o facto de não terem verdadeiramente uma história para contar, a maioria consegue, na melhor das hipóteses, criar argumentos apenas funcionais, que servem de mero pretexto à parte gráfica.
A grande excepção é o delicioso “Animália: Paris Je t’Aime”, de André Oliveira e Pedro Carvalho, uma delirante paródia aos filmes de monstros, em que Amália Rodrigues, transformada numa espécie de King Kong pelo efeito da lua cheia vai destruir a cidade de Paris e combater o Godzavour, o cantor Charles Aznavour transformado em Godzila… Uma história divertidíssima, que não recua perante nenhum cliché (os aviões franceses disparam baguettes…) e que, para mim, fica como o ponto mais alto desta “Zona Monstra”.
(“Zona Monstra”, Vários Autores, Associação Tentáculo, 92 pags, cor, 13,00 €”
Mais informações aqui )
Versão integral do texto publicado no Diário As Beiras de 22/04/2011
Se o “Zona Negra 2”, lançado após alguns percalços com a impressão, em finais de 2010, já revelava grandes progressos em relação ao primeiro “Zona Negra”, este “Zona Monstra”, servido por uma excelente capa de Filipe Andrade, que é entrevistado no interior (tal como Joana Afonso) é claramente o título mais consistente saído do projecto “Zona.
Depois de “Zona Zero”, dos dois “Zona Negra”, de “Zona Fantástica” e dos dois “Zona Gráfica”, este “Zona Monstra” mostra que o projecto coordenado por Fil e André Oliveira e publicado pela Associação Tentáculo, tem sabido crescer de forma sustentada, dando oportunidade a um número cada vez mais alargado de autores nacionais (e alguns estrangeiros, como os brasileiros Bruno Bispo e Victor Freund e os argentinos Locato e Rodolfo Buscaglia) de exercitarem as suas capacidades gráficas e narrativas em histórias curtas.
E, mais uma vez, é precisamente a nível das histórias que esta “Zona Monstra” apresenta maiores debilidades, bem visíveis, por exemplo, em “Parasitóide”, em que o excelente trabalho gráfico e de cor de André Lima Araújo e de Daniel “Pez” Lopez está ao serviço de uma história indigente. Se alguns, como André Caetano, que depois de uma história de 2 páginas no "Zona Gráfica" tenta agora uma narrativa de maior Fôlego, conseguem contornar bem o facto de não terem verdadeiramente uma história para contar, a maioria consegue, na melhor das hipóteses, criar argumentos apenas funcionais, que servem de mero pretexto à parte gráfica.
A grande excepção é o delicioso “Animália: Paris Je t’Aime”, de André Oliveira e Pedro Carvalho, uma delirante paródia aos filmes de monstros, em que Amália Rodrigues, transformada numa espécie de King Kong pelo efeito da lua cheia vai destruir a cidade de Paris e combater o Godzavour, o cantor Charles Aznavour transformado em Godzila… Uma história divertidíssima, que não recua perante nenhum cliché (os aviões franceses disparam baguettes…) e que, para mim, fica como o ponto mais alto desta “Zona Monstra”.
(“Zona Monstra”, Vários Autores, Associação Tentáculo, 92 pags, cor, 13,00 €”
Mais informações aqui )
Versão integral do texto publicado no Diário As Beiras de 22/04/2011
terça-feira, 19 de abril de 2011
Homenagem a Manuel Caldas, a propósito dos 25 anos do fanzine Nemo
Há homenagens a que nunca poderia deixar de me associar e a que Manuel Espírito Santo, promoveu a propósito dos 25 anos do fanzine Nemo, a melhor publicação nacional sobre Banda Desenhada, editada por Manuel Caldas, é uma delas. Tendo descoberto o Nemo já na sua segunda série, que se iniciou em 1989, fui dele leitor fiel desde o nº 1, e colaborador regular, desde o nº 14 até ao último número, o nº 30.
Aqui fica então o texto que escrevi para esta homenagem e que está igualmente disponível aqui, juntamente com os contributos de todos aqueles que Manuel Santo convidou para se associarem a esta homenagem a um editor cuja paixão soube contagiar leitores e colaboradores e que vemos acima retratado numa caricatura publicada no nº 9 da 2ª série do "Nemo".
A minha admiração pelo trabalho de Manuel Caldas já vem de longa data. Primeiro apenas como leitor e, mais tarde, como seu colaborador, pois foi nas páginas do saudoso fanzine" Nemo", dirigido pelo Manuel Caldas, que me estreei em 1993, a escrever com um mínimo de profundidade sobre Banda Desenhada. Para além de editor do melhor fanzine sobre Banda Desenhada alguma vez publicado em Portugal, por cujas páginas passaram também, além do próprio Caldas, João P. Boléo, João Ramalho Santos, Domingos Isabelinho, A. Dias de Deus e Jorge Magalhães, Manuel Caldas já nesse tempo se dedicava à reedição de clássicos da Banda Desenhada, restaurados com imenso rigor e paciência, na colecção “Nemo Booklets of Classic Comics”.
São edições artesanais, impressas em fotocópia, de tiragens mais do que limitadas, lançadas com o selo das edições eMeCê, mas que permitiram a Manuel Caldas divulgar as suas paixões a um pequeno grupo de leitores interessados. E, não por acaso, alguns destes títulos publicados pelas Edições eMeCê, como "Lance", de Warren Tuffs, "Dot & Dash" de Cliff Steret e "Foster e Val", o incontornável estudo de Manuel caldas sobre o criador do Príncipe Valente, tiveram mais tarde direito a novas edições, com distribuição comercial, nas chancelas Livros de Papel, ou Librimpressi.
Escolher as duas edições de Manuel Caldas que prefiro, não é fácil. A escolha é complicada face à excelência do seu "Principe Valente", ou à bela ideia de juntar as ilustrações de Doré, com o texto de Edgar Alan Poe e a tradução de Fernando Pessoa, numa magnífica edição de "O Corvo", mas vou optar por duas edições completamente diferentes.
A primeira é uma edição da eMeCê, datada de 2000, fotocopiada e encadernada de forma artesanal, com uma tiragem de apenas 25 exemplares, que recolhe os dozes episódios do melhor Western da BD europeia (Blueberry e Comanche que me perdoem), o magnífico "Sunday", de Victor Mora e Victor de la Fuente. Uma edição em formato "novela gráfica", enriquecida pelo excelente ensaio de Juan António de Blás, que pessoalmente prefiro à reedição "oficial" da Glenat, feita com meios incomensuravelmente superiores.
A segunda, é o mais recente lançamento da Librimpressi, "O Livro do Buraco", de Peter Newell, autor do inicio do século XX (a edição original é de 1908) que ainda hoje surpreende pela originalidade do seu trabalho e que finalmente está a ser (re)descoberto em Portugal, onde também já saiu outro título seu incontornável, "O Livro Inclinado", que a Editora Orfeu lançou em 2010, coincidindo com o centenário da sua publicação inicial.
Aqui fica então o texto que escrevi para esta homenagem e que está igualmente disponível aqui, juntamente com os contributos de todos aqueles que Manuel Santo convidou para se associarem a esta homenagem a um editor cuja paixão soube contagiar leitores e colaboradores e que vemos acima retratado numa caricatura publicada no nº 9 da 2ª série do "Nemo".
A minha admiração pelo trabalho de Manuel Caldas já vem de longa data. Primeiro apenas como leitor e, mais tarde, como seu colaborador, pois foi nas páginas do saudoso fanzine" Nemo", dirigido pelo Manuel Caldas, que me estreei em 1993, a escrever com um mínimo de profundidade sobre Banda Desenhada. Para além de editor do melhor fanzine sobre Banda Desenhada alguma vez publicado em Portugal, por cujas páginas passaram também, além do próprio Caldas, João P. Boléo, João Ramalho Santos, Domingos Isabelinho, A. Dias de Deus e Jorge Magalhães, Manuel Caldas já nesse tempo se dedicava à reedição de clássicos da Banda Desenhada, restaurados com imenso rigor e paciência, na colecção “Nemo Booklets of Classic Comics”.
São edições artesanais, impressas em fotocópia, de tiragens mais do que limitadas, lançadas com o selo das edições eMeCê, mas que permitiram a Manuel Caldas divulgar as suas paixões a um pequeno grupo de leitores interessados. E, não por acaso, alguns destes títulos publicados pelas Edições eMeCê, como "Lance", de Warren Tuffs, "Dot & Dash" de Cliff Steret e "Foster e Val", o incontornável estudo de Manuel caldas sobre o criador do Príncipe Valente, tiveram mais tarde direito a novas edições, com distribuição comercial, nas chancelas Livros de Papel, ou Librimpressi.
Escolher as duas edições de Manuel Caldas que prefiro, não é fácil. A escolha é complicada face à excelência do seu "Principe Valente", ou à bela ideia de juntar as ilustrações de Doré, com o texto de Edgar Alan Poe e a tradução de Fernando Pessoa, numa magnífica edição de "O Corvo", mas vou optar por duas edições completamente diferentes.
A primeira é uma edição da eMeCê, datada de 2000, fotocopiada e encadernada de forma artesanal, com uma tiragem de apenas 25 exemplares, que recolhe os dozes episódios do melhor Western da BD europeia (Blueberry e Comanche que me perdoem), o magnífico "Sunday", de Victor Mora e Victor de la Fuente. Uma edição em formato "novela gráfica", enriquecida pelo excelente ensaio de Juan António de Blás, que pessoalmente prefiro à reedição "oficial" da Glenat, feita com meios incomensuravelmente superiores.
A segunda, é o mais recente lançamento da Librimpressi, "O Livro do Buraco", de Peter Newell, autor do inicio do século XX (a edição original é de 1908) que ainda hoje surpreende pela originalidade do seu trabalho e que finalmente está a ser (re)descoberto em Portugal, onde também já saiu outro título seu incontornável, "O Livro Inclinado", que a Editora Orfeu lançou em 2010, coincidindo com o centenário da sua publicação inicial.
domingo, 17 de abril de 2011
À (re)descoberta do Quim e Manecas
Ilustrador, caricaturista e pintor de génio, Stuart Carvalhais é também um nome maior da arte portuguesa da 1ª metade do século XX no que se refere à Banda Desenhada, muito por força da criação da dupla Quim e Manecas, os dois mais populares heróis da história da BD nacional.
É a fase inicial (e a mais interessante) dessa BD mítica, publicada no "Século Cómico", entre 1915 e 1918, que agora se recupera, numa excelente edição da Tinta da China, coordenada por João P. Boléo, tornada possível pelas comemorações do Centenário da Implantação da República, que se cumpriu em 2010.
Quase um século depois da sua criação inicial, as aventuras de Quim e Manecas continuam a surpreender pela sua modernidade e pelo carácter pioneiro do trabalho de Stuart, em termos europeus, utilizando os balões de forma regular, 10 anos antes de Alan Saint-Ogan fazer o mesmo na série “Zig e Puce”. E, se o começo da série mostra apenas dois rapazes traquinas, muito na linha de “Max and Moritz”, de Wilhelm Busch ou dos “Katzenjammer Kids”, de Rudolph Dirks, rapidamente as aventuras do Quim e o Manecas passam a ter uma relação directa com a actualidade do seu tempo, com os dois jovens heróis a terem uma participação activa na I Guerra Mundial, então em curso, ganha pelos aliados muito graças às delirantes invenções do Manecas.
Além disso, Stuart aproveita a série para satirizar artistas e correntes estéticas da época, de Almada Negreiros ao Futurismo, numa série de referências ao seu tempo que a introdução e o útil glossário de João P. Boléo ajuda a descodificar para os leitores do século XXI.
Edição incontornável, que permite ler pela primeira vez na totalidade a fase mais interessante desta pérola da BD nacional, a edição da Tinta da China, servida por um arranjo gráfico superlativo na linha do que Vera Tavares nos habituou, apenas peca pela deficiente reprodução de algumas páginas, que necessitavam de um trabalho de restauro maior do que o efectuado.
Não existindo um único original, a reprodução teve que ser feita a partir dos jornais existentes, dispersos por diversas bibliotecas e colecções, nem sempre bem impressos e muitas vezes encadernados, o que dificulta a digitalização. Além disso, os timings da edição, que tinha forçosamente que sair durante o centenário da República, não permitiram um trabalho mais extenso de restauro das imagens, pelo que, não sendo a edição ideal, esta é a edição possível, e ainda assim, uma bela edição. Edição mais do que necessária de uma obra indispensável, que graças a esta conjugação de esforços, pode finalmente ser descoberta, ou redescoberta, pelas novas gerações de leitores.
(“Quim e Manecas”, de Stuart Carvalhais (Organização, introdução e notas de João Paulo Paiva Boléo), Tinta da China Edições, 240 pags, 44 €)
Versão integral do texto publicado no Diário As Beiras de 16/04/2011
É a fase inicial (e a mais interessante) dessa BD mítica, publicada no "Século Cómico", entre 1915 e 1918, que agora se recupera, numa excelente edição da Tinta da China, coordenada por João P. Boléo, tornada possível pelas comemorações do Centenário da Implantação da República, que se cumpriu em 2010.
Quase um século depois da sua criação inicial, as aventuras de Quim e Manecas continuam a surpreender pela sua modernidade e pelo carácter pioneiro do trabalho de Stuart, em termos europeus, utilizando os balões de forma regular, 10 anos antes de Alan Saint-Ogan fazer o mesmo na série “Zig e Puce”. E, se o começo da série mostra apenas dois rapazes traquinas, muito na linha de “Max and Moritz”, de Wilhelm Busch ou dos “Katzenjammer Kids”, de Rudolph Dirks, rapidamente as aventuras do Quim e o Manecas passam a ter uma relação directa com a actualidade do seu tempo, com os dois jovens heróis a terem uma participação activa na I Guerra Mundial, então em curso, ganha pelos aliados muito graças às delirantes invenções do Manecas.
Além disso, Stuart aproveita a série para satirizar artistas e correntes estéticas da época, de Almada Negreiros ao Futurismo, numa série de referências ao seu tempo que a introdução e o útil glossário de João P. Boléo ajuda a descodificar para os leitores do século XXI.
Edição incontornável, que permite ler pela primeira vez na totalidade a fase mais interessante desta pérola da BD nacional, a edição da Tinta da China, servida por um arranjo gráfico superlativo na linha do que Vera Tavares nos habituou, apenas peca pela deficiente reprodução de algumas páginas, que necessitavam de um trabalho de restauro maior do que o efectuado.
Não existindo um único original, a reprodução teve que ser feita a partir dos jornais existentes, dispersos por diversas bibliotecas e colecções, nem sempre bem impressos e muitas vezes encadernados, o que dificulta a digitalização. Além disso, os timings da edição, que tinha forçosamente que sair durante o centenário da República, não permitiram um trabalho mais extenso de restauro das imagens, pelo que, não sendo a edição ideal, esta é a edição possível, e ainda assim, uma bela edição. Edição mais do que necessária de uma obra indispensável, que graças a esta conjugação de esforços, pode finalmente ser descoberta, ou redescoberta, pelas novas gerações de leitores.
(“Quim e Manecas”, de Stuart Carvalhais (Organização, introdução e notas de João Paulo Paiva Boléo), Tinta da China Edições, 240 pags, 44 €)
Versão integral do texto publicado no Diário As Beiras de 16/04/2011
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sexta-feira, 8 de abril de 2011
Sean Philips publica BD na LA Times
Colaborador habitual de Ed Brubaker, em séries como "Criminal", "Sleeper" e "Incognito", Sean Philips é um desenhador cujo nome se associa imediatamente ao policial negro, género que a série "Criminal veio renovar. Por isso, não estranha que no seu nº de Abril, dedicado ao "noir" a LA Times Magazine traga uma Banda Desenhada de 8 páginas de Sean Philips, a partir de uma história do escritor de romances policiais Dan Wislow. História essa, de que reproduzo acima a 1ª página e que pode ser lida na integra, aqui
E esta não é a primeira vez que Philips é chamado para emprestar o seu traço a projectos deste género. Já em 2008, a famosa editora Criterion, ao lançar em DVD o filme Blast of Silence, de Allen Baron, um clássico do "film noir" de 1961, recorreu aos serviços de Sean Philips, qua além da ilustração e do arranjo gráfico da capa, adapta o início do filme numa BD de 4 páginas, oferecida com o DVD.
segunda-feira, 4 de abril de 2011
Bórgia: o fim de um Império
Com a publicação de “Tudo é Vaidade”, 4º volume da série “Bórgia”, chega ao fim a viagem de Jodorowsky pela história de uma das mais importantes famílias do Renascimento Italiano, os Bórgia, cujos métodos de actuação fizeram dela uma Máfia “avant la lettre”. Resta agora esperar que a Asa, que editou estes dois últimos álbuns numa boa cadência, reedite agora o 1º volume, entretanto esgotado.
Depois da ascensão, narrada nos três álbuns anteriores, Este "Tudo é Vaidade" incide mais na queda da família Bórgia, cujo poder passará para as mãos do Cardeal Giulliano Della Rovere, futuro Papa Júlio II, cujo papado está a ser objecto de outra série de Jodorowsky, “Le Pape Terrible”, com desenhos de Theo.
Com Lucrécia mais em segundo plano, este último álbum centra-se sobretudo nas relações conturbadas entre Rodrigo, o papa Alexandre VI e o seu filho César, que serviu de modelo a Maquiavel para o famoso tratado “O Príncipe”. Misturando História e lenda, numa intriga com uma base histórica, mas muito ficcionada, protagonizada por personagens reais, como os Bórgia, Maquiavel, Savonarola e Leonardo Da Vinci, Jodorowsky cria um conto moral sobre a corrupção do poder e os meandros da religião e da política na Itália do século XVI, em que tudo era permitido.
A morte de Lucrécia, quase no início do livro, devido a problemas durante uma gravidez, é um de vários exemplos em como Jodorowsky manipula a cronologia e a realidade histórica por necessidades da intriga, pois na realidade Lucrécia morreu em 1519, enquanto o seu pai, Rodrigo Bórgia, tinha falecido em 1503.
Não poupando detalhes em termos de violência e devassidão, a história escrita por Jodorowsky não é, decididamente, para estômagos delicados, mas a elegância e o rigor do traço sensual de Manara, que não se poupa a pormenores nas cenas de conjunto e consegue equilibrar bem o erotismo e o “gore”, ajudam a tornar não só suportável, mas até atraente uma história que, vista friamente, é de puro horror.
Lidos em sequência, estes quatro álbuns formam um políptico fascinante da ascensão e queda da família Bórgia, embora se note um nítido acelerar da narrativa na parte final da história, contada através de um longo flash-back. Apesar dos seus excessos e desequilíbrios, a série “Bórgia” está entre os melhores trabalhos dos seus autores, muito por via do trabalho superlativo de Milo Manara, que não esconde o grande prazer que sente ao desenhar a Itália do Renascimento.
(“Bórgia Vol 4: Tudo é Vaidade”, de Manara e Jodorowsky, Edições Asa, 48 pags, 16,20 €)
Versão integral do texto publicado no Diário As Beiras de 2 de Abril de 2011
sexta-feira, 1 de abril de 2011
Os Lost Buildings de Chris Ware
A partir de uma entrevista feita por Ira Glass a Chris Ware para o programa "This American Life", e de uma centena de desenhos de Ware, foi feita esta história sobre um rapazinho que gostava de prédios antigos e que eu descobri no altamente recomendável blog do Monsieur Bandit e que aqui vos deixo.
PS - Não se assustem se o ecrã aparecer negro no início. As primeiras imagens demoram algum tempo a aparecer
PS - Não se assustem se o ecrã aparecer negro no início. As primeiras imagens demoram algum tempo a aparecer
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