Um ano depois da publicação do primeiro volume, eis que a Devir lança finalmente o 2º volume de “The Walking Dead”, a popular série de zombies de Robert Kirkman, que está conhecer na TV o mesmo sucesso que tem na BD. Não por acaso, o lançamento deste segundo volume coincidiu com a estreia da segunda temporada da série de TV, actualmente em exibição no canal Fox da TV por cabo, tentando aproveitar o impacto que a série de televisão teve no alargar do público da BD, um pouco por todo o lado onde a série passou.
O protagonista principal desta série de zombies diferente das outras é Rick Grimes, um polícia de uma cidadezinha do Kentucky que, depois de ter sido baleado, entra em coma, despertando algum tempo depois numa cama de hospital, para descobrir que foi abandonado à sua sorte, num hospital pejado de zombies famintos. O ponto de vista do leitor é o mesmo de Rick, que nunca chega a saber o que motivou o aparecimento dos zombies, ou até que ponto se trata de um problema que afecta apenas os Estados Unidos, ou se estamos perante uma pandemia a nível mundial.
A dinâmica do grupo de sobreviventes que Rick acaba por liderar, e a forma como a personalidade dos seus membros vai evoluindo face a uma realidade hostil e dramática, acaba por ser o fulcro da série, que pega num grupo de pessoas normais sujeitas a circunstâncias excepcionais e analisa as suas reacções num mundo em que confortos como a televisão, telemóveis, ou Internet são apenas recordações. Apesar da constante presença ameaçadora dos zombies, que provocam várias baixas no grupo, a que se vão juntando novas personagens que vão encontrando pelo caminho, a maior ameaça acaba sempre por vir do próprio homem, disposto a tudo para sobreviver e liberto de quaisquer restrições legais e morais.
Neste segundo volume, o grupo de sobreviventes parece encontrar um abrigo seguro na quinta de Hersel Greene, um veterinário de província, mas mais uma vez as coisas não correm como o previsto e o que parecia poder ser um porto seguro, acaba por se revelar o palco de conflitos que vão pôr em causa a estabilidade do grupo. Para quem segue a série de televisão, não deixa de ser curioso ver a forma diferente como as coisas vão evoluindo em relação à Banda Desenhada, seja pela criação de novos personagens que não estão na BD original, seja pela decisão de manter Shane (que na BD morre no fim do primeiro volume) vivo na série de televisão, com as alterações que isso provoca na dinâmica do grupo.
Neste 2º volume, o desenho da série passa de Tony Moore para as mãos igualmente competentes de Charlie Adlard, que se ocupa do desenho da série desde então. Com um traço mais realista do que o de Moore, Adlard está igualmente à vontade a desenhar zombies, mas é mais talentoso do que Moore no tratamento das feições das personagens, transmitindo melhor as emoções.
Com 14 volumes já publicados nos EUA, a série prossegue com sucesso crescente. Esperemos que o mesmo suceda em Portugal, embora se apostasse num ritmo de publicação mais sustentado, de 2 a 3 volumes por ano, a Devir teria mais facilidade em manter os leitores presos a este série “viciante”.
(“The Walking Dead Volume 2: Um Longo Caminho”, de Robert Kirkman e Charlie Adlard, Devir, 136 pags, 14,99 €)
Versão integral do texto publicado no "Diário As Beiras" de 17/12/2011
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1 comentário:
Tenho seguido a série original em formato digital à medida que é lançada nos Estados Unidos, e acabei por comprar mesmo assim o primeiro volume em português. Com o passar dos meses achei que os restantes volumes nunca iriam ser publicados. Para quem gosta da série e leu pela primeira vez esta edição portuguesa de certeza que não ficou este ano à espera de outro lançamento e optou por outras alternativas (digital ou importação), e para mim foi uma má aposta da Devir. Espero que este segundo volume faça subir as vendas e que lancem os restantes com intervalos menores.
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