segunda-feira, 2 de maio de 2011
Pop Rock português regressa em BD
Quando decidiu associar a música à Banda Desenhada, numa colecção que juntava em cada volume, um ou dois CDs com uma selecção dos melhores temas de um músico, ou cantor, com a biografia em Banda Desenhada desse mesmo artista, a editora francesa Nocturne teve uma excelente ideia. Um conceito que foi aplicado primeiro ao jazz, mas que, face ao sucesso conseguido, rapidamente se alargou à World Music, à musica dos filmes e ao rock e à música clássica.
Inicialmente disponíveis em Portugal apenas nas lojas da cadeia FNAC, alguns títulos desta colecção tiveram mais tarde direito a uma edição especial com o jornal “Diário de Notícias”, adaptada ao mercado nacional, em que algumas das BDs originais francesas foram substituídas por histórias de autores portugueses, escritas por João Paulo Cotrim e desenhadas por João Fazenda, Pedro Nora, Fernando Martins e João Moreno, para além de Pedro Zamith, o único desenhador português a participar na colecção original, com um volume dedicado a Frank Sinatra.
Em 2008, a editora Tuga Land decidiu ir um pouco mais longe e utilizar o conceito da Nocturne para o Pop/Rock nacional, para o fado e para a música clássica. Se as colecções dedicadas ao fado e à música clássica se ficaram pelo primeiro volume, do Pop-rock saíram quatro volumes entre 2008 e 2009, dedicados aos maiores nomes da moderna música portuguesa.
Com coordenação editorial de João Paulo Cotrim, a colecção abriu com o volume dedicado aos Xutos & Pontapés, que foi apresentado no Festival de Amadora de 2008, antes de chegar às lojas FNAC, em inícios do mês de Dezembro desse ano.
Assinado por Alex Gozblau, este primeiro volume foi também o escolhido para dar início à colecção que vai ser distribuída com o jornal “Diário de Notícias nas próximas 15 semanas e que, além de alguns dos volumes inicialmente, publicados, como o dedicado aos Trovante por Maria João Worm, ou de Jorge Palma, de Susa Monteiro (o volume sobre José Cid, da autoria de Pedro Zamith, ficou de fora deste novo alinhamento), traz mais 12 volumes inéditos dedicados aos nomes mais representativos do pop rock nacional das décadas de 80 e 90 do século XX.
Em relação a este primeiro volume, o resultado é muito interessante, não só pelo excelente trabalho gráfico habitual a Gozblau, mas pela forma como este não se limita a traçar a biografia dos Xutos, mas cria uma história (autobiográfica?), que mostra como a música dos Xutos marcou toda uma geração (que foi também a minha) de adolescentes que descobriu a música no início da década de 80.
Mas se em termos de BD, esta colecção parece estar à altura das expectativas, vamos a ver em termos de música, pois quando foram lançados inicialmente os volumes trazem álbuns isolados que nem sequer são muito representativos da carreira dos autores, como era o caso do disco “Dados Viciados” em relação aos Xutos, desta vez, substituído, e bem, pelo seminal disco “Cerco”.
Depois desta estreia em beleza com os Xutos (embora me pareça que fazia mais sentido começar a colecção com um volume inédito) há que estar atento ao resto da colecção, pois de Nuno Saraiva (já na próxima semana com os GNR) até Rui Lacas (Sétima Legião), passando pelos restantes grupos e autores de BD, o melhor do Pop-Rock e da BD portuguesa passam mesmo por aqui.
(“Xutos & Pontapés”, de Alex Gozblau, Tuga Land/Diário de Notícias, 38 pags + CD, 8,99 €, todas as sextas-feiras com o Diário de Notícias e o Jornal de Notícias)
Versão integral do texto publicado no Diário As Beiras de 30/04/2011
Etiquetas:
Alex Gozblau,
As Beiras,
BD,
Pop Rock português,
Tugaland,
Xutos
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário