quinta-feira, 15 de agosto de 2019

NovelaGráfica V 7 - Flex Mentallo


OS PRIMEIROS PASSOS DE UMA DUPLA GENIAL

Novela Gráfica V – Vol. 7 
Flex Mentallo
Argumento – Grant Morrison
Desenhos – Frank Quitely
Quinta-feira, 15 de Agosto
Por + 10,90€
Bem conhecidos dos leitores portugueses, graças a títulos como WE3 e All Star Superman, Grant Morrison e Frank Quitely estreiam-se na colecção Novela Gráfica, na próxima quinta-feira, 15 de Agosto, com aquela que foi a sua primeira colaboração, Flex Mentallo, um clássico da Vertigo.
Publicado originalmente como uma mini-série em quatro volumes em 1996 e republicado numa edição de luxo definitiva, recolorida por Peter Doherty, em 2012, que serve de base à versão portuguesa, Flex Mentallo é muito mais do que a primeira colaboração entre Morrison e Quitely. É um exemplo de metaficção e uma reflexão sobre a história e mitologia dos comics de super-heróis e a sua importância para o mundo real. Ou como o próprio criador de Flex Mentallo, que é uma das personagens da história (e um alter ego óbvio do autor) explica aos leitores na página 101: “Criámos os comics porque sabíamos, de alguma forma, sabíamos, que faltava algo e tentámos preencher esse vazio, com histórias acerca de deuses e de super-heróis.”
Flex Mentallo nasceu durante a passagem de Morrison pela série Doom Patrol, um título clássico, criado um 1963 (o mesmo ano em que a Marvel lançou os Fantastic Four) e relançado em 1987, com o subtítulo “Os Mais Estranhos Super-Heróis do Mundo”, o que convinha perfeitamente a Morrison, que tomou conta da série em 1989, no número 19 e criou a sua versão da Doom Patrol. Uma versão incontornável e definitiva, que está na base da actual série televisiva, exibida em Portugal no canal por cabo da HBO, onde Flex Mentallo marca presença, interpretado pelo actor Devan Chandler Long.

Mas se o “quebrar da quarta parede”, colocando os personagens em confronto com o seu criador, é algo que Morrison já tinha feito antes na série Animal Man, aqui vai mais longe, traçando uma verdadeira história dos comics de super-heróis, iniciando uma reflexão sobre o género que irá culminar no seu livro Supergods. Isso é bem visível nas capas originais da mini-série, com cada uma a evocar umas das quatro idades dos Comics. A Idade do Ouro, a Idade da Prata, a Idade Sombria - que resultou do sucesso de Watchmen e de O Regresso do Cavaleiro das Trevas, cuja capa é evocada no nº 3 da mini-série – e a Idade actual, que revisita de forma crítica e nostálgica as origens do género, reinventando-o para os leitores do século XXI.
E falta falar do excelente trabalho de Quitely, que se estreou aqui no mercado americano. Mas deixemos que seja o seu conterrâneo Grant Morrison a fazê-lo: “Graças às suas fantásticas habilidades de desenho, ele é capaz de criar coisas que antes só viviam nos meus sonhos, o que eu acho fascinante. Ele consegue captar no papel a sensação exacta dos meus sonhos. Ele abordou os personagens de uma forma que os fez parecerem bastante bizarros e bastante irrealistas, e acho que isso realmente se adequou ao livro.”
Publicado originalmente no jornal Público de 10/07/2019

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