terça-feira, 2 de julho de 2019

Apresentação da colecção Novela Gráfica 2019

CINCO ANOS DA NOVELA GRÁFICA NO PÚBLICO

Tudo começou em 2015, com a publicação pelo Público, em colaboração com a Levoir, da primeira Colecção dedicada à Novela Gráfica. Uma aposta inovadora, num estilo de Banda Desenhada com um pendor mais literário, longe das características bem codificadas das anteriores colecções de BD franco-belga e Comics de super-heróis que o jornal Publico vinha editando desde 2003.
Iniciada, naturalmente, com Um Contrato com Deus, de Will Eisner, título que muitos consideram como o fundador do género, esta colecção podia ser perfeitamente definida por um único termo: liberdade. Liberdade temática, de registo gráfico, de formato, de número de páginas, numa utilização plena das imensas possibilidades da Banda Desenhada para fazer aquilo que os autores melhor sabem e querem fazer: contar histórias. Histórias que podiam ser autobiográficas, adaptações de obras literárias, biografias, de terror, de fantasia, de crítica social, de guerra, poéticas, ou profundamente humanas. Tudo dependia da vontade e do talento dos autores.
Autores vindos dos quatro cantos do Planeta, numa demonstração de diversidade, que ficou bem patente logo na primeira série, que incluía americanos como Eisner e Crumb, franceses como Moebius, Baudoin e Tardi, sul-americanos como Jodorowsky, Oesterheld, Breccia e Danilo Beiruth, espanhóis como Altarriba e Kim, para além do português Miguel Rocha, do suíço Cosey e do japonês Taniguchi, com estes dois últimos a repetirem presença em posteriores colecções, como de resto aconteceu também com Moebius, Tardi, Altarriba e Kim.
O sucesso junto dos leitores – que não se limitou aos coleccionadores habituais de BD, ajudando a criar um novo tipo mais alargado de público com interesses culturais mais abrangentes - e o reconhecimento traduzido pelos prémios atribuídos pelos principais eventos nacionais de BD, como o Festival da Amadora e a Comic Con, mostraram que esta era uma aposta certa e com futuro. Por isso, ao longo das colecções seguintes manteve-se a aposta na diversidade e na qualidade, recuperando clássicos como Mort Cinder, de Orsterheld e Breccia, V de Vingança, de Alan Moore e David Lloyd (que esteve em Lisboa para o lançamento do livro), Ronin, de Frank Miller, Aqui Mesmo, de Tardi e Forrest e O Último Recreio, de Altuna e Trillo, ao mesmo tempo que se mostrava aos leitores a extraordinária pujança da actual Novela Gráfica espanhola, bem representada em autores que se tornaram recorrentes nestas colecções, como Paco Roca, Kim, Miguelanxo Prado e Bartolomé Seguí.
Mas a aposta na Novela Gráfica não se ficou por estas colecções anuais. Está também patente em títulos pontuais, como A Casa, de Paco Roca, ou a biografia de Billie Holliday, de Munõz e Sampayo, entre outros. Além disso, inspirados pelo sucesso das colecções do Público e da Levoir, a maioria das editoras generalistas, incluindo aquelas com pouca ou nenhuma tradição na edição de BD, como a Porto Editora e a Relógio de Água, começaram também a publicar Novelas Gráficas, termo que já está perfeitamente enraizado no vocabulário dos leitores.
Na colecção de 2019, onde os autores em estreia são mais do que os que regressam, mantém-se a aposta na diversidade, bem patente no facto de albergar autores de sete nacionalidades diferentes, dois dos quais são mulheres. Uma presença feminina que acontece pela segunda vez, depois de Zeina Abirached na Colecção de 2016. E se em termos de género há uma evidente melhoria em relação às colecções anteriores, em termos de nacionalidades, para além de diversos autores espanhóis e americanos, temos uma iraniana e uma belga, um francês, um suíço, um belga e dois escoceses.
A abrir a Colecção, temos o regresso de um dos mais populares e prestigiados autores espanhóis da actualidade, que esta colecção ajudou a tornar conhecido dos leitores portugueses, Paco Roca, com o seu mais recente livro, O Tesouro do Cisne Negro, uma história inspirada no caso real da pilhagem dos destroços de um galeão espanhol afundado no século XVIII ao largo do Algarve. Mas Paco Roca não é o único regresso - num alinhamento onde não faltam as estreias, que serão objecto de análise num texto à parte. Também de volta está El Torres, o argumentista de O Fantasma de Gaudí, presente com O Rasto de Garcia Lorca, uma biografia do poeta, visto por aqueles que o conheceram e ilustrada por Carlos Hernandéz.
Outro regresso é o de Bartolomé Seguí, desenhador de Histórias do Bairro e Tatuagem, que agora, ao lado do escritor Felipe Hernandéz Cava assina As Serpentes Cegas, um policial negro passado em Nova Iorque, com a Guerra Civil espanhola como pano de fundo, que valeu à dupla o Prémio Nacional del Comic em 2009. Igualmente de retorno está Kim, o desenhador de A Arte de Voar e A Asa Quebrada, mas que desta vez não conta com a presença de António Altarriba, seu cúmplice habitual, aventurando-se a solo com Neve nos Bolsos, um relato autobiográfico sobre a sua experiência com imigrante na Alemanha durante os anos 60.
Finalmente, Alfonzo Zapico, o autor de Gente de Dublin, a biografia de James Joyce que foi um dos grandes sucessos da colecção de 2018, está de volta com Café Budapeste, uma história tocante sobre a convivência entre árabes e judeus na cidade de Jerusalém, antes e depois do reconhecimento do Estado de Israel.


AUTORES EM ESTREIA NESTA QUINTA SÉRIE

Se, com a honrosa excepção de A Febre de Urbicanda todos os restantes títulos desta quinta colecção são inéditos em Portugal, isso não invalida que alguns dos seus autores sejam velhos conhecidos dos leitores portugueses, mesmo que só agora se estreiem na colecção Novela Gráfica.
É o caso da autora e realizadora Marjane Satrapi, bem conhecida por Persépolis, a sua autobiografia em BD e que chega ao catálogo da Levoir com Frango com Ameixas, obra baseada na história de um seu tio-avô e que, tal como Persépolis, também teve direito a uma adaptação cinematográfica, que contou com a portuguesa Maria de Medeiros como protagonista. O mesmo sucede com a dupla Schuiten e Peeters, cuja série As Cidades Obscuras teve a maioria dos seus títulos editados em Portugal, onde os seus autores já estiveram por diversas vezes, mas raros são os que se encontram ainda disponíveis. Não é o caso de A Febre de Urbicanda, um dos títulos mais emblemáticos da série, premiado em Angoulême em 1985, esgotado em Portugal há mais de 20 anos e que agora regressa numa cuidada edição definitiva, com dezoito páginas inéditas.
Bem conhecidos dos leitores e com vasta presença no catálogo da Levoir, são Grant Morrison e Frank Quitely, autores de WE3 e All Star Superman, que se estreiam na colecção de 2019 com Flex Mentallo: Herói do Mistério, uma reflexão sobre os super-heróis com um toque meta narrativo, tão característico de Morrison.
Igualmente com obra publicada em Portugal, estão os americanos Daniel Clowes e Joe Sacco. O primeiro, autor do livro Mundo Fantasma – que deu origem a um filme protagonizado por Scarlett Johansson - apresenta-se nesta colecção com uma das suas obras mais emblemáticas, o surreal e “lynchiano” Como uma Luva de Veludo Forjada em Ferro história pré-publicada em capítulos na revista Eightball, que valeu a Clowes o Eisner de Melhor Escritor/Artista em 200 e 2002. Já o segundo, autor de Palestina, está presente com Goradze: Área de Segurança, mais uma das suas reportagens de guerra, género de que é claramente o nome mais representativo, desta vez sobre o conflito na ex-Jugoslávia.
Resta falar dos autores que têm a sua estreia absoluta em Portugal nesta colecção. Por ordem de entrada em cena na colecção, temos Guillem March, autor espanhol com trabalho publicado no mercado francês e americano, onde trabalhou em vários títulos do universo Batman, que se estreia com Monika, um sensual triller psicológico, escrito pela escritora belga Thilde Baroni, que assim entrou de forma fulgurante na BD.
Estreia absoluta – em todos os sentidos – é a do suíço Thomas Ott com O Número 73304-23-4153-6-96-8, primeiro título completamente sem diálogos nestes cinco anos de história da colecção Novela Gráfica (O Idiota, de André Diniz, esteve lá perto…) e que foi também a primeira novela gráfica de fôlego de um autor especializado em histórias curtas, que é também músico e cineasta e que, utilizando a técnica de grattage – em que o desenho é raspado sobre uma página coberta de tinta negra, criando uma imagem em negativo -  cria páginas únicas e de grande impacto visual e narrativo.
Finalmente, Dias Sombrios assinala a estreia em Portugal de uma figura histórica da BD espanhola do século XX. O veterano Juan Escandell, autor com uma carreira de mais de cinquenta anos, pertencente à mítica escola da editora Bruguera – companhia que esteve em destaque no livro O Inverno do Desenhador, de Paco Roca- e que trabalhou com Victor Mora em Capitan Trueno e que aqui ilustra um romance do seu conterrâneo Lluís Ferrer Ferrer, baseado no caso real de um avião alemão abatido ao largo de Ibiza em 1944.


CINCO TEMAS EM DESTAQUE

Nesta quinta colecção de Novelas Gráficas, são também cinco os temas em que se podem encaixar os títulos que a compoem, mesmo que essas categorias, como veremos, não sejam exactamente estanques.
BIOGRAFIA – Nesta categoria enquadra-se, naturalmente, No rasto de García Lorca, de El Torres e Carlos Hernández, em que momentos-chave da vida do malogrado poeta, são narrados na perspectiva de quem os testemunhou, como peças de um puzzle que juntas, traçam a imagem de um homem singular. Também Frango com Ameixas, de Marjane Satrapi, para além da dimensão autobiográfica, não deixa de ser uma biografia do tio-avô da autora, o músico Nasser Ali, mesmo que se centre mais na sua morte, do que propriamente na sua vida.

CRIAR NOVOS MUNDOS – É o que fazem Grant Morrison e Frank Quitelly em Flex Mentallo, em que heróis e vilões desenhados por uma criança ganham vida num mundo distópico, mas com grandes semelhanças com o que conhecemos. Uma ligeira extrapolação também presente em Monika, de Tilde Barboni e Guillem March, em que problemas bem reais como o terrorismo religioso, convivem com elementos de ficção científica, como um androide que adquire consciência própria. Mas o exemplo mais óbvio dessa criação de novos mundos é A Febre de Urbicanda, de Benoit Peeters e François Schuiten, magnífica porta de entrada para o universo das Cidades Obscuras, mundo utópico com grandes semelhanças e pontos de passagem com o nosso, mas em versão steampunk e com uma série de cidades-estado em que a arquitectura condiciona a todos níveis, a própria cidade, o dia-a-dia dos seus habitantes e a evolução da própria história.

BASEADO EM FACTOS REAIS – O melhor exemplo possível de uma história baseada em factos reais, é O Tesouro do Cisne Negro, de Guillermo Corral e Paco Roca, que parte da pilhagem de um galeão espanhol, naufragado na costa portuguesa, por parte de uma empresa americana de caçadores de tesouros, para, mudando os nomes dos protagonistas e do próprio barco, contar uma  história fascinante, em que, qualquer semelhança com a realidade é bem mais do que uma simples coincidência…   Também Dias Sombrios, de Lluís Ferrer Ferrer e Juan Escandel parte de um facto histórico, o derrube de um avião alemão em frente a Portinatx, perto de Ibiza, nas Ilhas Baleares, para criar uma história de ficção que extrapola sobre o destino do seu piloto.
Obviamente também baseado em factos reais é Neve nos Bolsos o relato autobiográfico de Kim, sobre a sua experiência pessoal como imigrante na Alemanha, que nos conta não só a sua própria vivências, mas as experiências de muitos outros imigrantes com quem se cruzou.

REPORTAGEM DE GUERRA – Melhor exemplo possível de reportagem de guerra é Goradze: Área de Segurança, assinado por Joe Sacco, o maior nome a nível mundial neste registo. Embora se trate claramente de uma obra de ficção, Café Budapeste, de Alfonzo Zapico, pela forma rigorosa e bem documentada como descreve as tensões étnicas e religiosas que afectaram o dia-a-dia dos habitantes de Jerusalém, após o reconhecimento do estado de Israel, também se pode enquadrar nesta categoria, pois todos sabemos como esses ódios e tensões contribuíram para um estado de guerra que se mantém aceso até hoje, o mesmo sucedendo, de certo modo, com Dias Sombrios, que parte de um acontecimento real da II Guerra Mundial, para construir uma história de ficção.. 

REINVENÇÃO DE GÉNEROS CLÁSSICOS – Nesta colecção não faltam exemplos como um género perfeitamente codificado como o policial negro, pode ser reinventado das mais diversas maneiras. Veja-se As Serpentes Cegas, de Filipe Harnandéz Cava e Bartolomé Seguí, em que uma história de gangsters em Nova Iorque serve para falar da realidade da Guerra Civil espanhola. Também Como Uma Luva de Veludo Forjada em Ferro, parte de uma estrutura vagamente policial, para uma perturbadora e surreal viagem ao lado mais sombrio do ser humano. Finalmente, também O Número 73304-23-4153-6-96-8, de Thomas Ott utiliza o registo policial como ponto de partida de uma história estética e narrativamente inovadora.


A COLECÇÃO

1 – O Tesouro do Cisne Negro
04 de Julho
Argumento – Guillermo Corral Van Damme
Desenhos –Paco Roca
Maio de 2007. A principal empresa de caçadores de tesouros do mundo anuncia a descoberta, em águas do Atlântico, do maior tesouro submarino jamais encontrado. De acordo com a escassa informação difundida o tesouro provêm de um misterioso navio, o Cisne Negro.
No entanto, indícios apontam para que se trate na realidade de uma fragata espanhola afundada. Começa assim uma fascinante trama jurídica e política, cujas origens remontam a acontecimentos ocorridos há muitos séculos, na qual um pequeno grupo de funcionários estatais vai lutar na defesa da história e do património.
Inspirado em factos reais, presenciados pelo argumentista Gullermo Corral, o novo livro de Paco Roca é mais um exemplo do talento e versatilidade deste autor.

2 – Frango com Ameixas

11 de Julho
Argumento e Desenhos – Marjane Satapri
Nasser Ali Khan é um famoso músico que vive no Irão de 1958. Na sequência de uma discussão familiar, o seu tar, o instrumento de que é virtuoso e que é o seu bem mais precioso, é partido. Nenhum outro tar o irá satisfazer e Nasser vai perder o gosto pela música. Tomado de uma melancolia imensa, decide deixar-se morrer, levando-nos numa viagem às suas emoções, aos seus sonhos e à sua história pessoal, que se mistura com a do seu Irão natal num período conturbado da sua história.
Em Frango com Ameixas, livro vencedor do prémio de Melhor Álbum de Angoulême em 2005, Marjane Satrapi parte da história real do seu tio-avô para construir uma ficção fascinante..

3  – A Febre de Urbicanda
18 de Julho
Argumento – Benoit Peeters e François Schuiten
Desenhos – François Schuiten
Eugen Robick, o urbitecto responsável pelo plano de urbanização que pretende restituir a simetria à cidade de Urbicanda, é confrontado com a descoberta de um misterioso cubo, feito de uma matéria desconhecida, cujo crescimento geométrico vem perturbar e transformar profundamente a imagem da própria cidade e a vida dos seus habitantes.
Reflexão fascinante sobre arquitectura e poder e um verdadeiro tratado sobre a narrativa sequencial, as Cidades Obscuras, de Schuiten e Peeters, são uma série incontornável da Banda Desenhada franco- belga, que tem na Febre de Urbicanda um dos seus títulos seminais, vencedor do prémio de Melhor Livro, No Festival de Angoulême de 1985.

4 – O Rasto de García Lorca
25 de Julho
Argumento – El Torres 
Desenhos – Carlos Hernández
Através de histórias reais e testemunhos sobre o genial poeta, nesta novela gráfica descobrimos a marca deixada por Federico Lorca em todos os que com ele conviveram nos locais por onde passou: cidades como Granada, Madrid, Havana ou Nova Iorque. El Torres, o premiado argumentista de O Fantasma de Gaudi, alia-se ao ilustrador Carlos Hernández para reconstruir de forma tão subtil como marcante, a figura de Lorca através do olhar de quem partilhou a vida e a morte do poeta.

5 –Monika
01 de Agosto
Argumento – Thilde Barboni 
Desenho – Guillem March
Monika, uma artista visual e performer, concorda em esconder Theo, um brilhante inventor prestes a construir um cobiçado andróide. Com a ajuda do seu amigo hacker, Monika investiga o desaparecimento da sua irmã. Ela é então arrastada para o submundo das "bailes mascarados", onde conhece e seduz Christian Epson, um carismático político que foi o último homem a ver Erika, a irmã desaparecida, cujo envolvimento com um grupo terrorista vai colocar em perigo a vida de Monika. Um triller movimentado e sensual, magnificamente ilustrado por Guillem March.

6 – Gorazde: Zona de Segurança
08 de Agosto
Argumento e Desenho – Joe Sacco
No final de 1995 e início de 1996, o repórter e autor de BD Joe Sacco viajou quatro vezes para Gorazde, uma área segura designada pela ONU durante a Guerra da Bósnia, que estava à beira da destruição por três anos e meio. Ainda cercados por forças sérvias da Bósnia, o povo maioritariamente muçulmano de Gorazde sofrera pesados ataques e severas privações para manter sua cidade, enquanto o restante do leste da Bósnia era brutalmente "purificado" de sua população não-sérvia. Desde que foi publicado pela primeira vez em 2000, Gorazde: Zona de Segurança foi reconhecido como um dos clássicos absolutos da novela gráfica de reportagem.

07 –Flex Mentallo: Herói do Mistério
15 de Agosto
Argumento – Grant Morrison
Desenhos – Frank Quitely
Antes ele era Herói da Praia ... e da Patrulha do Destino. Agora Flex Mentallo, o Homem do Mistério Muscular, regressa para investigar as relações sinistras de seu ex-companheiro, The Fact, e um misterioso astro do rock cuja conexão com Flex pode ser a chave para salvar os dois. Depois de reformular a Patrulha do Destino, na série da Vertigo que influenciou a actual série televisiva, Morrison junta-se ao seu habitual cúmplice Frank Quitelly, para explorar a história de um dos seus mais carismáticos elementos, Flex Mentallo.

08 – Dias Sombrios
22 de Agosto
Argumento – Lluís Ferrer Ferrer
Desenhos – Juan Escandel
Em 10 de janeiro de 1944, durante uma batalha aérea sobre a ilha de Ibiza, um avião britânico Bristol Beaufighter derrubou uma aeronave alemão Junkers Ju 88 que finalmente caiu na costa ao norte de Portinatx. Com base neste acontecimento real, o escritor Lluís Ferrer Ferrer construiu uma história de ficção, que anos mais tarde o veterano desenhador Juan Escandell, um dos nomes mais importantes da escola Bruguera, adaptou à Banda Desenhada nesta Novela Gráfica.

09 – Como uma Luva de Veludo Forjada em Ferro
29 de Agosto
Argumento e Desenhos – Daniel Clowes
Clay, o protagonista de Como uma Luva de Veludo moldada em Ferro parte em busca de produtores de um filme pornográfico em que pensou reconhecer a sua esposa, desaparecida alguns anos antes.
Com esta simples premissa como ponto de partida, Daniel Clowes constrói um road movie cerebral, que elimina qualquer fronteira entre o pesadelo e a realidade.
Nesse caos nocturno, Clowes leva o leitor a vislumbrar a sombra fugidia e arrepiante de um horror íntimo e universalmente compartilhado. Um dos mais importantes e perturbadores livros de um dos nomes maiores dos comics alternativos americanos.

10– As Serpentes Cegas
29 de Agosto
Argumento -  Filipe Harnandéz Cava
Desenho – Bartolomé Segui
Nova Iorque, 1939. Um homem misterioso instala-se num pequeno hotel à procura de um certo Ben Koch, um espanhol que não respeitou um pacto. O dono da pensão, Red, diz que não tem notícias de Ben, o que o homem não acredita. Decide esperar por ele, acabando por descobrir que Koch foi visto  a destruir um túmulo com um martelo. Qual terá sido o motivo da fúria de Koch e onde se esconde ele? Duas perguntas para as quais o FBI também procura respostas...
Uma história de vingança com a Guerra Civil espanhola e a Grande Depressão em Nova Iorque como pano de fundo, vencedora do Prémio Nacional del Comic em 2009.

11 – O Número 73304-23-4153-6-96-8
12 de Setembro
Argumento e Desenho – Thomas Ott
Ao limpar a cela de um prisioneiro que foi condenado à morte e posteriormente executado, um guarda da prisão encontra um pequeno pedaço de papel com uma combinação de números. No calor do momento, ele guarda-o no bolso. Como o guarda vive uma vida solitária e monótona, os números no papel despertam sua curiosidade.
 Mas esses números, que primeiro lhe vão garantir uma sorte inesperada, acabam por se revelar uma maldição que o leva à loucura e à morte. Um triller surpreendente contado apenas pelo recurso às imagens, sem uma única linha de diálogo, por um dos mais singulares criadores da BD europeia, o suíço Thomas Ott.

12 – Neve nos Bolsos
19 de Setembro
Argumento e Desenhos – Kim
Em outubro de 1963, o jovem Joaquim Aubert, ainda não conhecido como Kim, pede boleia numa estrada no sul de França. Ele deixou seus estudos em Belas Artes e tem um ano para começar o serviço militar, tempo que vai aproveitar para ganhar a vida na Alemanha. Joaquim chega a terras germânicas como tantos outros espanhóis que atravessaram a Europa à procura de trabalho. Através dos seus olhos e das suas memórias, vamos descobrir a vida desses expatriados da Espanha franquista.
Kim, o desenhador de A Arte de Voar e A Asa Rasgada, traça-nos este retrato autobiográfico da sua ida para a Alemanha e das vivências de outros espanhóis que emigraram com o mesmo objectivo, ganhar a vida.

13 – Café Budapeste
26 de Setembro
Argumento e Desenhos – Alfonso Zapico
Yechezkel Damjanich é um jovem violinista judeu que abandona uma Budapeste devastada pela II Guerra Mundial para ir viver para Jerusalém, onde vive o seu tio Yossef. Fugindo da miséria, ambos chegam à Palestina num momento político convulsivo, pouco antes de os ingleses deixarem a região. O Tio Yosef dirige o Café Budapeste, um lugar pitoresco perto da Cidade Velha, onde judeus, árabes, ocidentais coexistem... Um oásis efémero de harmonia onde as notas do violino de Yechezkel vão dar lugar ao estrondo dos obuses de Davidka, bombas árabes, ódio e destruição.
Publicado originalmente no jornal Público de 29/06/2019

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