COM BRYAN TALBOT NO RASTO DE BEATRIX POTTER
Novela Gráfica II – Vol. 5
A História de um Rato Mau
Argumento e Desenhos –Bryan Talbot
Quinta, 14 de Julho
Por + 9,90€
No seu quinto volume, esta segunda série da colecção Novela Gráfica apresenta aos leitores portugueses, um dos nomes maiores da BD de língua inglesa, o inglês Bryan Talbot, que em A História do Rato Mau, nos apresenta Helen Potter, uma jovem vítima de abuso sexual, que empreende uma viagem de descoberta pela Inglaterra rural, seguindo os passos da célebre autora de livros infantis, Beatrix Potter, na esperança de exorcizar os seus fantasmas e reencontrar a paz.
Bryan Talbot nasceu em Inglaterra em 1952, tendo trabalhado nos comics underground britânicos e na revista 2000 AD, para onde desenhou Nemesis, the Warlock e Judge Dredd, antes de seguir o caminho de diversos compatriotas seus, como Alan Moore, Brian Bolland, Neil Gaiman, Dave McKean e Garth Ennis e começar a trabalhar para o mercado americano e para a DC Comics, sobretudo na linha Vertigo, para onde ilustrou as séries Hellblazer, Fables e o Sandman, de Neil Gaiman. Além de muito trabalho como desenhador para a DC, Talbot tem também bastantes trabalhos a solo, com destaque para as séries The Adventures Of Luther Arkwright e Grandville, mas A História de um Rato Mau, que os leitores portugueses poderão descobrir a partir da próxima quinta-feira, é dos seus trabalhos mais importantes.
Um elemento bem presente na obra de Talbot, é a homenagem aos grandes nomes da ilustração infantil. E, tal como sucede em Grandville com o francês Jean Ignace Isidore Gerard, que assinava os seus trabalhos como J. J. Grandville e que foi dos primeiros ilustradores a usar animais antropomorfizados como personagens. A História de um Rato Mau é também uma bela homenagem à vida e obra de Beatrix Potter, uma das mais importantes escritoras e ilustradoras infantis britânicas, criadora de Pedrito Coellho (Peter Rabitt).
Inicialmente, Talbot queria apenas contar uma história passada no Lake District, uma região no norte de Inglaterra, onde passava férias na adolescência. A figura da escritora e ilustradora Beatrix Potter que aí viveu e ambientou a maioria dos seus livros, pareceu-lhe uma boa porta de entrada. Do mesmo modo, uma adolescente tímida que tinha visto a pedir esmola na estação de Metro de Tottenham Court Road, acabou por inspirar e servir de modelo para Helen, a personagem central do livro que, tal como a própria Beatrix Potter e o filho de Talbot, tem por companheiro um rato de estimação (que, neste caso, até é uma ratazana…). Depois de encontrada uma justificação para Helen fugir de casa e se tornar um sem-abrigo (o abuso por parte do pai), todos estes elementos díspares se encaixaram perfeitamente, numa história coerente e de grande força dramática.
Como o próprio Talbot refere no posfácio do livro: “por vezes, as histórias realmente ganham vida própria. Em vez de criar uma banda desenhada sobre o Lake District, acabei por escrever e desenhar uma história sobre abuso sexual infantil. E fiquei contente por isso ter acontecido. Este foi o livro em que estive envolvido que mais valeu a pena e o melhor – já para não dizer o mais difícil – trabalho de banda desenhada que já fiz.”
Publicado originalmente no jornal Público de 08/07/2016
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