quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Poderosos Heróis Marvel 15: A Despedida da colecção

Com este volume chega ao fim mais uma colecção do Público e da Levoir e, como de costume, deixo-vos com o texto que escrevi para o jornal Público. Fica a faltar apenas o texto sobre o vol 14, dedicado ao Hulk, mas apaguei o ficheiro acidentalmente e, de qualquer maneira, como se tratou do texto mais curto que escrevi para esta colecção, a perda também não é grande...

KURT BUSIEK REGRESSA A MARVELS, 
NO VOLUME FINAL DA COLECÇÃO PODEROSOS HERÓIS MARVEL

Poderosos Heróis Marvel, Vol. 15
Marvels: Através da Objectiva
Argumento – Kurt Busiek
Desenho – Jay Anacleto
Quinta, 29 de Outubro + 8,90 €
Chega ao fim na próxima quinta-feira mais uma colecção que o Público e a Levoir dedicaram à Casa das Ideias e, com a publicação de Marvels: Através da Objectiva, pode dizer-se que fecha com chave de ouro.
Continuação de Marvels, um clássico incontornável, já publicado em Portugal na colecção Universo Marvel, que conquistou três Prémios Eisner e afirmou o desenhador Alex Ross como um dos maiores nomes da BD americana, Através da Objectiva prossegue com a história do Universo Marvel vista na perspectiva de um homem comum, o fotógrafo Phil Sheldon.
Uma continuação tão lógica como natural, pois face ao sucesso do primeiro Marvels, era inevitável que a editora pensasse numa sequela, e que Phil Sheldon, o herói involuntário do livro, que vai assistir ao nascimento do Universo Marvel e das suas primeiras três décadas de existência, acabasse por regressar às páginas dos comics. Logo em 1995 foi lançado Ruins, uma visão alternativa de Marvels, escrita por Warren Ellis, com arte de Therese e Cliff Nielsen, em que Phil Sheldon é um jornalista que investiga os múltiplos eventos e acidentes que criaram os super-heróis da Marvel, mas que neste universo resultaram em deformações e mortes, contrapondo a sensação de deslumbramento de Marvels a um negrume quase total. Mas anos mais tarde, seria o próprio Kurt Busiek a regressar ao universo de Marvels, na sequência de um convite do editor Tom Brevoort que não quis deixar passar em claro o décimo aniversário do livro que se tinha tornado um bestseller e uma obra de culto.
Naturalmente, Busiek não quis perder a oportunidade de voltar a escrever a vida de Phil Sheldon, personagem que lhe é bem caro. Como refere o escritor: “Gosto imenso do Phil como personagem que permite mostrar um ponto de vista; ele é completamente normal, tão pouco super-heróico que se torna na lente perfeita através da qual podemos observar o Universo Marvel - um velhote judeu, que conhece os super-heróis desde as suas origens, e que, por causa disso, me lembra um pouco o Stan Lee ou o Julius Schwartz. Ele é uma ligação aos inícios, mas no meio daqueles acontecimentos todos, a história dele continua a ser profundamente humana.”
Nascia assim Marvels: Através da Objectiva, em que o passado glorioso da Silver Age dá lugar a um presente bem mais sombrio, em que personagens amorais e violentas como o Justiceiro, Wolverine, ou o Motoqueiro Fantasma tornam cada vez mais ténue a fronteira entre os heróis e os vilões.
A ingrata tarefa de substituir Alex Ross, ficou (e bem) nas mãos de Jay Anacleto, um talentoso artista de origem filipina, que os leitores portugueses conhecem da série Aria, uma série de fantasia escrita por Brian Holguin que obteve um êxito imenso e colocou o nome de Anacleto no mapa. Contando com as cores sombrias de Brian Haberlin, Anacleto cria um registo gráfico que, não sendo tão espectacular como o de Alex Ross, se revela perfeitamente adequado para uma história sombria sobre uma era sombria.
Publicado originalmente no jornal Público de 23/10/2015

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Depois de Billie Holiday, Bernard Prince: A BD no Público todas as semanas

Embora só nesta quinta-feira termine a colecção Poderosos Heróis Marvel, com a publicação de Marvels: Por Trás da Objectiva, de Kurt Busiek e Jay Anacleto, já são conhecidas as próximas edições de BD a sair com o jornal Público, que até ao fim do ano,terá  Banda Desenhada todas as semanas.
No dia 5 de Novembro será lançado Billie Holiday, a biografia em BD da cantora de jazz Billie Holiday, cujo centenário de nascimento se comemora em 2015, assinada por dois mestres da BD argentina, José Muñoz e Carlos Sampayo, os criadores de Alack Sinner.
Na quarta-feira, dia 11 de Novembro, arranca mais uma colecção em parceria com a Asa, dedicada ao um dos grandes clássicos da BD franco-belga de aventuras: Bernard Prince, de Hermann e Greg. A série, que revelou o desenhador Hermann, vai ter direito a uma selecção de 12 títulos, que cobrem a maioria das histórias desenhadas por Hermann e ainda tem espaço para A Cilada dos Cem Mil Dardos, desenhada por Dany, o artista que teve a espinhosa missão de suceder a Hermann..

De fora, ara além de A Fortaleza das Brumas e Objectivo Cormoran, já publicados numa anterior colecção Público/Asa ficam Ameaça sobre o Rio, o álbum que assinala o regresso de Hermann a Bernard Prince, mais de trinta anos depois, Bernard Prince d'Hier e d'Aujourd'hui, uma recolha de histórias curtas desenhadas por Hermann, Orage sur le Cormoran, o segundo álbum desenhado por Dany e  La Dinamitera e Poison Vert, os dois álbuns finais desenhada por E. Aidans
Dois grandes lançamentos, que terão o merecido destaque neste blog.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Poderosos Heróis Marvel 13 - Gavião arqueiro. Quem pelo Arco Vive

A ESTREIA DO GAVIÃO ARQUEIRO, 
NA PREMIADA VERSÃO DE FRACTION E AJA

Poderosos Heróis Marvel, Vol. 13
Gavião arqueiro: Quem pelo Arco Vive
Argumento – Matt Fraction
Desenho – David Aja e Javier Pulido
Quinta, 15 de Outubro + 8,90 €

Depois da Viúva Negra, no vol. 4 e do Homem-Formiga, no vol. 8, o último poderoso herói da Marvel a ter honras de estreia nesta colecção, é o Gavião Arqueiro, protagonista do volume que chega às bancas na próxima quinta-feira.
Criado por Stan Lee e Don Heck em 1964, no nº 57 da revista Tales of Suspense, Clint Barton, o Gavião Arqueiro começou por ser um vilão, mas rapidamente se redimiu e tornou-se um dos mais antigos membros dos Vingadores, compensando a sua ausência de superpoderes, com uma pontaria infalível com arco e flecha. Personagem relativamente secundário e algo derivativo, vista por alguns (e com uma certa razão) como uma cópia não muito inspirada do Arqueiro Verde da DC, o Gavião Arqueiro era um personagem quase desconhecido do grande público, que ganhou muito com a sua presença nos filmes dos Vingadores. Um filme de grande sucesso que, tal como aconteceu com a Viúva Negra, contribuiu para aumentar exponencialmente a sua popularidade junto dos leitores da Marvel, para além de lhe garantir um novo uniforme, bastante mais conseguido do que o original, criado por Don Heck…
Mas, no que ao Gavião Arqueiro diz respeito, o maior mérito do filme de Joss Whedon, foi mesmo ter possibilitado o aparecimento da série a solo do arqueiro da Marvel, cujos primeiros seis números poderão ler no volume 13 desta colecção. Escrita por Matt Fraction, autor que assinou também o argumento do volume anterior, dedicado ao Poderoso Thor, e desenhada principalmente pelo espanhol David Aja - que cede o lugar ao também espanhol Javier Pulido durante dois números, para uma história de espionagem na melhor tradição dos filmes de James Bond… ou das aventuras de Nick Fury, enquanto agente da S.H.I.E.L.D. - a série centra-se bem mais no homem, Clint Barton, a braços com os seus problemas como senhorio de um prédio pretendido pela máfia russa, do que no herói, o Gavião Arqueiro, que praticamente não usa o uniforme.
Um aspecto que evoca o clássico Demolidor: Renascido, de Frank Miller e David Mazzucchelli, já publicado numa anterior colecção da Marvel, do mesmo modo que o trabalho gráfico de Aja neste livro, se aproxima do estilo de Mazzucchelli, em Renascido. Embora estejamos perante duas histórias extraordinariamente bem contadas, criadas por duas equipas artísticas que dominam como poucos os mecanismos narrativos da Banda Desenhada, a grande diferença está no tom da narrativa. Uma diferença dada pela leveza e pelo humor dos diálogos de Fraction, que contrasta com o dramatismo e o pathos da escrita de Frank Miller.
Bem desenhado, melhor escrito e narrado de forma tão eficaz como inovadora, o Gavião Arqueiro de Fraction é um dos mais interessantes e premiados títulos da Marvel dos últimos anos e, naturalmente, um livro absolutamente a não perder.
Publicado originalmente no jornal Público de 09/10/2015

domingo, 11 de outubro de 2015

Frank Miller regressa a Batman com Dark Knight III: The Master Race


Quando se aproxima o 30º aniversário da publicação de The Dark Knight Returns, a seminal obra de Frank Miller, recentemente reeditada em Portugal pela Levoir, nos Estados Unidos, a DC Comics prepara-se para lançar no final do ano, Dark Knight III: The Master Race, uma continuação que pretende ser o capítulo final da trilogia iniciada com The Dark Knight Returns em 1986, e prosseguida com o controverso The Dark Knight Strykes Again, de 2001.
Depois da publicação na Net de uma dezena, entre as mais de 30 capas alternativas, assinadas pelos maiores nomes dos comics, específicas para diferentes livrarias, incluindo a capa feita por Frank Miller que abre este post, a New York Comic Con, que decorreu este fim-de-semana, serviu para a DC divulgar mais informação sobre este projecto, incluindo algumas páginas do primeiro volume desta mini-série de 8 números, que chega às livrarias especializadas dos EUA em finais de Novembro, em duas edições. Uma em formato comic, com um mini-comic de 16 páginas em formato mais pequeno, agrafado no interior e, duas semanas depois, uma edição para coleccionador, em formato maior, com ambas as histórias no mesmo tamanho e lombadas, que juntas formarão um desenho.
Escrito por Frank Miller e Brian Azzarello, DKIII assinala o regresso de Miller ao activo depois de alguns anos afastado devido a doença. Um cancro cujos efeitos eram bem visíveis aquando das últimas aparições públicas do autor, em 2013, para promover a estreia do segundo filme da série Sin City. 
Aparentemente, Miller conseguiu superar a doença e, embora não desenhe o capítulo final da trilogia, desenha  uma capa alternativa para cada número e as páginas interiores  do primeiro mini-comic de 16 páginas, dedicado ao Atom, que vai sair no nº 1, como encarte e cuja capa, com um Super-Homem "bem dotado" e desenhado num estilo próximo do usado no segundo Dark Knight, causou controvérsia na Net.
A tarefa de desenhar a série principal, ficou a cabo de Andy Kubert, que desenhou algumas histórias memoráveis do Batman, escritas por Grant Morrison e Neil Gaiman,publicadas em Portugal pela Levoir, e de Klaus Janson, que volta a encarregar-se da arte-final, como tinha feito no primeiro Dark Knight e passa também a tinta os desenhos a lápis de Miller na história do Atom, reatando assim uma das parcerias mais famosas dos comics americanos, primeiro na série Daredevil, e depois no TDKR original.
Com publicação mensal, a série vai sofrer um interregno de um mês ao fim de 3 números, para dar lugar em Fevereiro, mês em que se comemoram os trinta anos da série original, a uma prequela desenhada por John Romita Jr., que volta a trabalhar com Miller, depois do excelente Daredevil: Man Without Fear, que foi uma das influências maiores da fabulosa série do Demolidor da Netflix.
Resta esperar por Novembro, para perceber se o regresso de Miller ao Batman consegue estar à altura das expectativas, sobretudo depois da desilusão que foi Holy Terror, o último trabalho em BD que Miller publicou. 
A famosa frase de Nietzche que diz que "o que não nos mata, torna-nos mais forte" sempre funcionou quase como um mantra na forma como Miller tratava os seus personagens. Esperemos que o próprio criador consiga também fazer jus a essa máxima e surja, neste seu regresso à BD, revigorado e ao seu melhor nível.
Precisamente por o motivo deste post ser o regresso de Frank Miller à BD, optei por ilustrá-lo só com desenhos de Miller (duas capas e uma página da história do Atom, com arte-final de Klaus Janson), mas no interessante video da entrevista com Jim Lee e Dan Didio, que está logo abaixo, poderão ver várias capas alternativas e os desenhos a lápis de Andy Kubert para algumas das páginas do primeiro volume.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Poderosos Heróis Marvel 12 - Thor: O Coração do Mundo

THOR E O SURFISTA PRATEADO 
LUTAM PELA SEMENTE DA ÁRVORE DO MUNDO

Poderosos Heróis Marvel, Vol. 12Thor: O Coração do Mundo
Argumento – Matt Fraction
Desenho – Olivier Coipel
Quinta, 08 de Outubro + 8,90 €

A estreia do poderoso Thor nesta colecção, faz-se com uma história em que o Deus do Trovão tem que enfrentar um adversário bem conhecido dos leitores, que também é um poderoso herói da Marvel: o Surfista Prateado. Um confronto que tem por objectivo impedir que Galactus, o Devorador de Mundos, de quem o Surfista é o arauto, destrua Asgard, e por acréscimo, a América, pois após a destruição da ponte do Arco-íris, a pátria dos Deuses Vikings continua a flutuar sobre o Estado de Oklahoma.
Sendo dois dos mais ilustres representantes da dimensão cósmica do universo Marvel, que Jack Kirby tão bem soube cultivar, os confrontos entre Thor e o Surfista Prateado são uma constante ao longo da história da Casa das Ideias, com o arauto de Galactus a enfrentar o Deus do Trovão logo no quarto número da revista do Surfista, numa história de Stan Lee e John Buscema, publicada em 1968.
Na origem deste novo confronto está a Yggdrasil, a Árvore do Mundo, que serve de elo de ligação entre Asgard e os restantes oito Reinos, árvore que foi rasgada ao meio, e verte o líquido do espaço-tempo, pondo em risco o equilíbrio do universo. É bem no fundo das raízes dessa árvore, no Coração do Mundo, que Thor, Sif e Loki, vão recuperar a semente da Árvore do Mundo. Um objecto de tal forma poderoso que pode assegurar a imortalidade a Odin, ou saciar a eterna fome de energia de Galactus. Mas não as duas coisas em simultâneo. O que leva a um combate sem tréguas entre as duas divindades, tendo os aterrorizados habitantes de Broxton, Oklahoma, como testemunha.
Matt Fraction, o autor desta história, é um dos mais populares e premiados argumentistas do momento, graças ao seu trabalho nas séries Hawkeye (o Gavião Arqueiro, que protagoniza o próximo volume desta colecção, precisamente com a aclamada fase de Fraction e Aja) e Sex Criminals, Neste caso, Fraction revela-se um digno sucessor de J. M Straczinsky, o anterior argumentista de Thor, construindo uma história épica, repleta de momentos de aventura à escala cósmica e pequenos, mas certeiros, apontamentos de humor, dados pela ligação entre o volumoso Volstagg e os habitantes de Broxton.
Publicado originalmente no jornal Público de 02/10/2015