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Novela Gráfica – Vol. 4 Foi Assim a Guerra das Trincheiras
Argumento e Desenhos – Jacques Tardi
Quinta, 19 de Março
Por + 9,90€
Mesmo que os leitores portugueses o conheçam principalmente pela série Adèle Blanc-Sec, a obra mais emblemática de Jacques Tardi é indiscutivelmente Foi Assim a Guerra das Trincheiras, a crónica da Primeira Grande Guerra que chega às bancas na próxima quinta-feira.
Nascido em 1946, Tardi tem bem presente desde a infância os horrores da Guerra de 14-18, graças às histórias que a sua avó lhe contava sobre a experiência do marido nas trincheiras, onde foi ferido e gazeado. Histórias dos horrores da guerra, que incendiaram a imaginação de uma criança de seis anos que, sem saber bem o que era uma trincheira, tinha pesadelos em que as descrições da avó ganhavam corpo. E a Guerra tornou-se uma verdadeira obsessão para o jovem autor que, depois de ter tirado Belas Artes em Lyon e Artes Decorativas em Paris, bate à porta da revista Pilote em 1970, procurando fazer a sua estreia na BD com uma história de seis páginas sobre… a Guerra de 14-18. A história foi rejeitada por René Goscinny, o criador de Astérix, que era então director da Pilote, por achar que o retrato sombrio e muito pouco heróico que Tardi traçava dos militares, podia ser desmoralizante para os jovens leitores da Pilote e para os pais que os educavam e lhe compravam a revista…
Naturalmente, o tema da Guerra de 14-18 volta a estar presente em La Veritable Histoire du Soldat Inconnu, de 1974 e aparece de forma ainda mais evidente em La Fleur au Fusil, história protagonizada por Lucien Brindavoine, personagem secundário das aventuras de Adèle Blanc-Sec, que aqui deserta para fugir aos horrores da Guerra.
Mas é em 1982, nas páginas do nº 50 da revista (A Suivre), aproveitando a total liberdade que a revista dava aos seus autores, para criarem verdadeiros romances gráficos, sem quaisquer constrangimentos temáticos, ou de espaço, que nasce Foi Assim a Guerra das Trincheiras. Publicado ao longo de 10 anos, ao mesmo tempo que Tardi prosseguia com outros projectos, como a série Adèle Blanc-Sec e a adaptação, com o escritor Leo Malet, dos romances protagonizados pelo detective Nestor Burma, Foi Assim a Guerra das Trincheiras é mais uma recolha de histórias soltas, marcadas pelo horror da Guerra vista na perspectiva dos poilus, os soldados de Infantaria que tentam sobreviver nas trincheiras, do que uma história única.
Mas a verdade é que, embora esses relatos curtos da Grande Guerra possam ser lidos de forma autónoma, a sua leitura conjunta permite formar um quadro coerente, detalhado e sem concessões da aterradora realidade do mais sangrento conflito da História.
Depois de Foi Assim a Guerra das Trincheiras, Tardi voltaria ao tema da Guerra de 14-18, com Varlot, Soldado, uma história escrita por Didier Daeninckx, que a Polvo publicou em Portugal e, no final da década de 2000, com Putain de Guerre! escrito a meias com o historiador Jean-Pierre Verney, mas nenhum desses trabalhos conseguiu superar o impacto de Foi Assim a Guerra das Trincheiras, muito justamente considerada como a obra-prima de Tardi.
Publicado originalmente no jornal Público de 13/03/2015
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