domingo, 17 de junho de 2012
Spirou: QRN sobre Bretzelburgo
Trinta e cinco anos depois da sua primeira (e única) publicação em Portugal, a Asa recupera “QRN sobre Bretzelburgo”, um dos melhores álbuns de sempre da série Spirou e o álbum de Spirou de cujo argumento Greg tinha mais orgulho. Um dos mais prolíficos argumentistas da BD franco-belga, criador de “Comanche” e “Bernard Prince” (para Hermann), “Bruno Brazil” (para William Vance), entre muitos outros álbuns e séries, Greg colaborou também com Hergé e, o que nos interessa neste caso, com Franquin, O seu encontro com Franquin em 1957, altura em que começou a escrever os argumentos de Spirou, ajudando o desenhador que se sentia com cada vez menor inspiração para contar as aventuras do groom aventureiro, deu a Greg uma sólida reputação e prestígio como argumentista, para além de lhe ter permitido colaborar com um extraordinário desenhador, com quem muito aprendeu. Curiosamente, no caso de “QRN sobre Bretzelburgo”, que é dos pontos mais altos da colaboração entre Franquin e Greg, o desenhador até tinha começado a escrever o álbum sozinho, sendo da sua autoria a hilariante cena inicial em que o Marsupilami engole o pequeno rádio transístor. Mas sem saber como continuar a história, depois do editor Charles Dupuis ter rejeitado a presença de Zorglub como mau da fita, acabou por falar com Greg, que se ocupou do argumento, lembrando-se de pôr o transístor a emitir sinais que foram captados por um radioamador (o QRN do título significa, no código dos radioamadores, perturbação causada por uma tempestade) dando início à aventura que leva os nossos heróis ao pequeno reino de Bretzelburgo, cujo Rei está refém dos seus conselheiros militares. Paródia divertida e acutilante das ditaduras, com uma forte componente antimilitarista, este livro tem algumas ideias brilhantes, como as roupas feitas com jornais, e gags geniais, como o autocarro movido a pedais, ou toda a cena em que Fantásio está a ser torturado. Tudo servido pelo traço maravilhoso de Franquin, pleno de graça, elegância e dinamismo, em perfeita sintonia com os diálogos e a história que Greg escreveu. Publicado pela primeira vez em 1966, este álbum, exemplo máximo da colaboração harmoniosa entre dois génios da BD franco-belga envelheceu muitíssimo bem, e lê-se ainda hoje com prazer renovado. Os verdadeiros clássicos são assim! (“QRN sobre Bretzelburgo”, de Franquin e Greg, Asa, 64 pags, 13,90 €)
Versão integral do texto publicado no Diário As Beiras de 15/06/2012
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2 comentários:
Um dos meus álbuns preferidos!
O que tenho da Arcádia está quase desfeito.
A comprar já! :)
Abs
Tens razão, Paulo! Para mim, todo o Spirou do Franquin é imperdível, mas este é um dos melhores álbuns da série.
Abraço
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