sábado, 24 de setembro de 2016

Novela Gráfica II 15 - Os Exércitos do Conquistador



E com este clássico, maravilhosamente desenhado por Jean-Claude Gal, chega ao fim a série II da Colecção Novela Gráfica. Deixo-vos com os meus últimos textos para esta colecção.

FANTASIA HERÓICA DE DIONNET E GAL 
ENCERRA COLECÇÃO NOVELA GRÁFICA II

Novela Gráfica II – Vol. 15
Os Exércitos do Conquistador
22 de Setembro
Argumento – Jean-Pierre Dionnet
Desenho – Jean-Claude Gal
Por + 9,90€
Na próxima quinta-feira, com a publicação de Os Exércitos do Conquistador, de Dionnet e Gal chega ao fim esta segunda série de Novelas Gráficas, com um dos títulos mais emblemáticos da fase inicial da revista Metal Hurlant.
Estando presente logo desde o primeiro número da revista, em Janeiro de 1975, Os Exércitos do Conquistador surpreenderam os leitores, por mostrarem uma abordagem europeia da Heroic Fantasy, com um toque existencialista inesperado no argumento, servido por um grafismo sumptuoso que em nada fica atrás dos trabalhos de Barry Windsor-Smith, ou John Buscema, os dois grandes desenhadores de Conan, o herói bárbaro criado por Robert E. Howard nas revistas Pulp e que ganhou uma segunda vida na Banda Desenhada a partir de meados da década de 60.
Os responsáveis por esta pedrada no charco de um género muito codificado, eram o crítico, jornalista e redactor-chefe da revista, Jean-Pierre Dionnet, e um jovem artista, cujo talento, sentido de planificação, arrojo na composição da página e atenção ao detalhe conquistou os leitores, Jean-Claude Gal. Amigos de longa data, foi Dionnet que apresentou Gal a Goscinny (o criador de Astérix e director da revista Pilote) permitindo-lhe estrear-se profissionalmente na Pilote em 1972, com Le Chatiment, uma história curta escrita por Dionnet. Quando Dionnet deixou a Pilote para criar, com Moebius, Druillet e Farkas, a Metal Hurlant, Gal acompanhou-o e a saga dos Exércitos do Conquistador, pensada originalmente para a Pilote, acabaria por ser dada à estampa na nova revista, com o sucesso que se conhece.
Para além das histórias que compõem Os Exércitos do Conquistador, a colaboração de Dionnet e Gal prolongou-se noutro relato épico, a saga de Arn, composta por dois volumes, A Vingança de Arn e O Triunfo de Arn, que levaram sete anos a ser concluídos, não só pela lentidão de Gal, cujas pranchas monumentais exigiam muito tempo, roubado à sua actividade principal de professor de desenho, mas principalmente, devido ao atraso de Dionnet na entrega do argumento que, no segundo volume, teve de ser terminado por Picaret, que soube conservar o fôlego épico da história, dando a Gal ocasião para brilhar na representação da natureza revolta e das arquitecturas fantásticas das civilizações decadentes.
Este volume inclui ainda A Catedral, uma história escrita pelo argumentista e editor americano Bill Mantlo que, tendo descoberto o espectacular trabalho gráfico de Gal na Heavy Metal, a edição americana da Metal Hurlant, viu nele o artista perfeito para substituir John Buscema como desenhador das aventuras de Conan. Infelizmente, a colaboração entre o escritor americano e o desenhador francês ficou-se por esta história curta, em que Gal assina páginas de cortar o fôlego, tão espectaculares no detalhe como na composição arrojada.
Gal assinaria ainda uma colaboração com Jodorowsky, que ficaria incompleta devido ao falecimento prematuro do desenhador em 1994, mas o melhor de uma obra tão curta como fulgurante, está indiscutivelmente nas espectaculares páginas que este livro recolhe.
Textos publicados originalmente no jornal Público de 16/09/2016 e no Ipsílon de 23/09/2016

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